João Figueiredo, administrador e COO da Carmo Wood
CLT dá origem a duas novas áreas de negócio da Carmo Wood
Mais do que a designação, a Carmo Wood tem na madeira o seu ADN. Da agricultura ao mobiliário de exterior, às grandes obras de engenharia e arquitectura em madeira, o grupo não deixa muitas áreas que envolvem este material por cobrir. A entrada no mercada da construção de habitação em madeira, mais concretamente em CLT, não é, por isso, uma surpresa para quem segue com atenção o percurso do grupo. As Nature Homes e as BlockHouses são a estreia do grupo na produção em larga escala de habitações
Manuela Sousa Guerreiro
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A primeira das duas novas gamas de produtos em madeira já foi recentemente apresentada ao mercado da construção: as BlockHouses Carmo Wood. Disponíveis nas tipologias T0, T1, T2 e Stand, as novas BlockHouses Carmo Wood são construídas em CLT (Cross-Laminated Timber), 100% produzidas em Portugal. Uma nova gama de produtos prima pela rapidez de construção, pelo custo acessível, pela facilidade de licenciamento, pelo design nórdico e pela sustentabilidade, características que fazem desta uma opção duradoura e fiável para uma nova casa de férias, anexos, projectos para turismo ou até para empresas.
“Em Portugal, a construção em madeira era, até agora, um nicho. Até há bem pouco tempo era uma construção mais cara que a tradicional, porque a madeira vinha de muito longe e havia poucas linhas comerciais para a fazer chegar ao mercado a um preço competitivo. E era um nicho para aqueles que conheciam bem as vantagens da construção em madeira, normalmente promotores imobiliários, redes internacionais de turismo, etc. Agora, o cenário é completamente diferente. Há todo um conjunto de factores novos que invertem esse cenário. A começar, desde logo, pela disponibilidade. Há muito mais fábricas de produção de madeira, para construção, o que significa que há mais oferta no mercado e isso leva a um ajustamento dos preços. A segunda situação tem a ver com a sustentabilidade e a preocupação ecológica e a necessidade do Sector da Construção reduzir o seu impacto ambiental”, justifica João Figueiredo, administrador e Chief Operating Officer (COO) da Carmo Wood.
Considerado “o novo betão sustentável”, o CLT começou a ser fabricado originalmente na Áustria, com o objectivo de reutilizar as madeiras de menor valor, sendo actualmente um recurso bastante relevante na indústria da construção devido ao seu menor impacto ambiental, comparativamente a materiais como o betão ou o aço, e qualidades intrínsecas. O CLT é composto por painéis de madeira maciça colados e prensados em camadas cruzadas. Esta técnica proporciona uma resistência óptima e uma flexibilidade estrutural surpreendente. Para além da sua resistência, este material sustentável permite ainda um excelente isolamento térmico, que garante o conforto durante todas as estações do ano, e isolamento acústico.
“Na Carmo Wood temos a inovação e a qualidade no centro de tudo o que fazemos pelo que no último ano temos estado a desenvolver esta nova área de negócio que vem suprimir uma lacuna no mercado. Apresentar uma solução duradoura, resistente, sustentável e que pudesse ser entregue de forma rápida foi a nossa grande preocupação”, acrescenta o responsável.
A produtividade da construção em Portugal é baixíssima. Uma moradia, a correr bem, demora em média dois anos a construir. Uma mesma moradia em CLT irá demorar em média cinco a seis meses. Estes factores: preço, velocidade e sustentabilidade são os três key points que fazem com que a construção em madeira deixe de ser um nicho, mas algo que, em Portugal, tende a começar a ser normalizado (João Figueiredo)
A solução Carmo Wood para a crise na habitação
Os mesmos factores, de mercado e de produto, são responsáveis também pelo lançamento de uma segunda gama de produtos: as Nature Houses, estas destinadas a suprimir a falta de generalizada de habitação no país. “A produtividade da construção em Portugal é baixíssima. Uma moradia, a correr bem, demora em média dois anos a construir. Uma mesma moradia em CLT irá demorar em média cinco a seis meses. Estes factores: preço, velocidade e sustentabilidade são os três key points que fazem com que a construção em madeira deixe de ser um nicho, mas algo que, em Portugal, tende a começar a ser normalizado”, sustenta João Figueiredo. O responsável da Carmo Wood sublinha ainda que “não estamos a inventar nada, nós estamos é atrasados face ao que se faz nos países do norte da Europa ou da América do Norte ou do Japão”, países onde a construção em madeira domina e onde os níveis de qualidade de habitação são superiores.
Aliás, estas novas áreas de negócio começaram a ser montadas precisamente quando a empresa percepcionou uma procura e um interesse no mercado e a falta de resposta a essa mesma procura.
O processo de produção dos dois produtos é semelhante “na agilidade e eficiência”. Cada unidade é produzida (em fábrica) com os prazos máximos de entrega ao cliente final é de dois meses, para as BlockHouses, e seis meses para as Nature Homes, garantindo assim um serviço chave-na-mão.
Com um design minimalista, inspirado no estilo nórdico e feitas com madeira de elevada qualidade proveniente de florestas sustentáveis, as soluções de habitação são entregues ao cliente prontas a habitar incluindo todas as instalações sanitárias, instalação de sistema de redes (electricidade, águas, esgotos, entre outras) e acabamentos. A pensar nas diversas necessidades dos clientes, a Carmo Wood oferece ainda um leque de equipamentos extra opcionais, que permitem personalizar cada casa ao seu gosto, bem como a possibilidade de incluir projecto de licenciamento, topografia ou fundações.
Enquanto as BlockHouses variam entre os 24 m2 e os 40 m2, com os preços a começarem nos 45 mil euros até aos 70 mil euros, as Nature Homes começam nos 160 mil euros, para tipologia T1, até aos 270 mil euros, que pode custar um T4, com as áreas a variar entre os 80 m2 a 160 m2. As áreas são fixas, mas ao cliente é dada a possibilidade de customizar a localização e altura das paredes, acabamentos e revestimentos.
Em ambos os casos, a produção é feita em Portugal, nas quatro unidades fabris do grupo. “Desde 2017 que temos vindo a investir na nossa capacidade de produção, hoje a nossa maior unidade está localizada em Oliveira de Frades e conta com uma área industrial de 220 mil m2, que equivale a 22 campos de futebol”.
Para já João Figueiredo não arrisca avançar com o valor que esta área de negócio pode valer para o grupo. Contudo, “acreditamos que no próximo ano já valham alguns milhões, mas para já os dados que temos precisam de ser validados pelo mercado e ainda é cedo para falar de metas”, sublinha. Não obstante, o responsável afirma que estão preparados para avançar com o investimento numa 5ª unidade industrial para dar resposta à procura.