Open House Porto chama à responsabilidade os “novíssimos” da arquitectura
A Casa da Arquitectura recebe, nos dias 1 e 2 de Julho, mais uma edição da Open House Porto. Ao recordar um antigo texto que o arquitecto Nuno Portas escreveu nos anos 50, a curadoria de Pedro Baía e Magda Seifert remete para os “Novíssimos na Arquitectura”, propondo “o interrogar de uma novíssima geração, não só nas suas ideias e intenções, mas sobretudo nas suas obras”
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Aquela que é a única Open House a nível mundial em que quatro cidades se unem para o evento “enquanto um só território” volta a abrir portas. Maia, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia integram, assim, um conjunto de roteiros de espaços a visitar durante os dias 1 e 2 de Julho.
Sob o tema os “Novíssimos na Arquitectura”, o formato do Open House Porto, oferece, segundo os curadores Pedro Baía e Magda Seifert, a oportunidade para “uma possível leitura das várias novíssimas gerações de arquitectos que foram projectando e construindo ao longo do tempo”.
Uma leitura de várias gerações que teve como inspiração um texto escrito pelo arquitecto Nuno Portas, em 1959, no qual se dirige aos “arquitectos recém-chegados à actividade profissional”. Intitulado ‘A responsabilidade de uma novíssima geração no movimento moderno em Portugal”, o texto é agora recuperado pelos curadores da oitava edição da Open House Porto (OHP). E se à data Nuno Portas pretendia “interrogar uma novíssima geração, não só nas suas ideias e intenções, mas sobretudo nas suas obras”, Pedro Baía e Magda Seifert acreditam que a actualidade desta proposta serve o propósito das actuais gerações.
Interpretada enquanto “uma lente através da qual serão escolhidas obras realizadas por jovens arquitectos nos anos 1930, 1950, 1970, 1990 ou 2010”, o termo “novíssimos” remete para “algo novo, emergente, inédito e recente”, referem os curadores.
Roteiro atravessa gerações
A abordagem curatorial e a selecção das obras a visitar teve como orientação três subtemas: “novíssimos”, “novos novíssimos” e “novíssimas obras”.
Hoje reconhecidas e celebradas, os “novíssimos” são revisitados a partir de uma selecção de obras que foram na sua época projectadas por arquitectos que estavam no início do seu percurso. A Casa de Chá em Matosinhos pelo então “novíssimo” Álvaro Siza, a Escola do Cedro em Vila Nova de Gaia pelo jovem arquitecto Fernando Távora, a Garagem do Comércio no Porto por Rogério de Azevedo, com 32 anos, ou ainda a Casa Ângelo de Sousa no Porto por José Pulido Valente, com apenas 26 anos, são alguns destes exemplos.
Os “novos novíssimos” são revelados através de uma selecção das mais recentes obras da autoria de uma “novíssima geração de arquitectos nascidos após 1983”, hoje com menos de 40 anos de idade, como o Atelier Local, os Depa Architects, o Fala Atelier ou os Fahr 021.3.
Obras concluídas nos últimos cinco anos, ou como lhes chamam, as “novíssimas obras” completam, ainda, o ciclo curatorial desta edição. A reabilitação do Mercado do Bolhão por Nuno Valentim e Rita Machado Lima, o projecto para o Terminal Intermodal de Campanhã de Nuno Brandão Costa, as novas instalações da ESAP por Fátima Fernandes e Michele Cannatà ou o projecto da Casa Submarino de Ivo Poças Martins são algumas das escolhas.
O roteiro é, ainda, acompanhado pelos Programas Caleidoscópio e Plus, que propõem um conjunto de actividades abertas e destinadas a todos os públicos.
O Open House Porto é organizado pela Casa da Arquitectura (CA) – Centro Português de Arquitectura e está integrado no Open House Worldwide, um evento internacional de promoção da arquitectura e património edificado, criado em Londres em 1992 por Victoria Thornton.
Veja aqui o roteiro completo
“Reflectir sobre a evolução da arquitectura”
Enquanto directores de uma editora, livraria e galeria de arquitectura com sede no Porto, a Circo de Ideias, Pedro Baía e Magda Seifert estão “particularmente atentos à arquitectura que se vai produzindo”.
“Nos vários projectos em que trabalhamos, temos oportunidade para investigar e reflectir sobre a evolução da arquitectura nas suas mais variadas práticas e nos seus diferentes períodos históricos, desde as obras mais contemporâneas até às dos séculos passados”, afirmam.
Além de professor na FAUP e Departamento de Arquitectura da UAL, Pedro Baía, é também autor de vários artigos e entrevistas em publicações especializadas.
Por seu lado, Magda Seifert é, também, directora executiva da Porto Design Biennale, facto que considera “ter contribuído para a escolha do tema para a edição deste ano”. Entre 2015 e 2015, foi uma das curadoras da 5ª edição do projecto Habitar Portugal, com Luís Tavares Pereira e Bruno Baldaia e integrou o colectivo que organizou em 2012 o CPAM, que decorreu em Mação, com o objectivo de debater os problemas que então se colocavam na prática da arquitectura.