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    Curadores Open House Lisboa 2024 (Sandra Marques Pereira e Alexandre Marques Pereira ©Hugo David)

    Arquitectura

    “A participação da sociologia na arquitectura não se esgota na ‘humanização’ desta última”

    Arranca este fim-de-semana, 11 e 12 de Maio, a 13ª edição do Open House Lisboa. Perceber as transições do edificado e a forma como se interligam com o espaço urbano é o tema deste ano que, através de 74 espaços, percursos por diferentes bairros e passeios sonoros convidam a conhecer a cidade

    Cidália Lopes

    Curadores Open House Lisboa 2024 (Sandra Marques Pereira e Alexandre Marques Pereira ©Hugo David)

    Arquitectura

    “A participação da sociologia na arquitectura não se esgota na ‘humanização’ desta última”

    Arranca este fim-de-semana, 11 e 12 de Maio, a 13ª edição do Open House Lisboa. Perceber as transições do edificado e a forma como se interligam com o espaço urbano é o tema deste ano que, através de 74 espaços, percursos por diferentes bairros e passeios sonoros convidam a conhecer a cidade

    Cidália Lopes
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    Sandra e Alexandre, irmãos, socióloga e arquitecto, são os curadores desta edição. A partir dos ‘Híbridos das Transições’ propõem-se a evidenciar esta dinâmica quanto à arquitectura dos edifícios, dos seus materiais, estilos, modos de construção, da organização e tipo de espaços, como das pessoas que os ocupam e que percorre diferentes épocas e correntes

    O programa deste Open House é eclético e também abrange diferentes épocas e correntes, da arquitectura barroca, ilustrada pela imponente igreja conventual de Santa Catarina implantada na calçada do Combro, a exemplos neo-clássicos como o Palácio do Grilo, ao contemporâneo, que é um dos pratos fortes desta iniciativa anual.

    Em suma, é a oportunidade de explorar desde reabilitações a construções novas como é o caso do edifício The One do Eduardo Souto Moura, entre muitas outras estreias.

    Como comissários do Open House Lisboa como surgiu o tema deste ano?
    Os Híbridos das Transições é o conceito que dá a conhecer uma característica das transformações – sociais, urbanas, arquitectónicas, entre outras – que não é facilmente percebida, ou valorizada pelas pessoas. Normalmente pensamos nas transformações como cortes entre um antes e um depois, entre uma coisa e outra, e não é bem assim.

    A mudança faz-se de misturas múltiplas de elementos novos e de outros que lhe são anteriores e portanto, o objectivo é despertar a sensibilidade das pessoas para perceber a complexidade das mudanças, contextualizar e pensar sociologicamente as mudanças na arquitectura e na cidade e vice-versa.

    A participação da sociologia na arquitectura não se esgota na “humanização” desta última, prende-se com o entendimento das condições sociais de produção, humanização e consumo/apropriação da arquitectura e do urbanismo.

    De certa forma, este tema é um olhar complementar e mais abrangente ao tema da Revolução que seria o tema mais óbvio em 2024. A Revolução mudou o regime político de um dia para o outro, trouxe a liberdade e um conjunto de debates e questões até então silenciados. Mas, a generalidade das mudanças, dos valores às condições de vida, demoraram outro tempo e portanto houve um longo período de maturação e, claro, de transições, intrinsecamente híbridas.

    “O objectivo é despertar a sensibilidade das pessoas para perceber a complexidade das mudanças, contextualizar e pensar sociologicamente as mudanças na arquitectura e na cidade e vice-versa”

    Enquanto dupla relacionada com a Sociologia e Arquitectura consideram que conseguem dotar a iniciativa de uma perspectiva mais humanizada?

    Na realidade a arquitectura, apenas existe, enquanto obra para abrir diversas possibilidades, para tentar melhorar a vida dos homens e mulheres, seja nos seus sonhos, vidas e aspirações, seja enquanto seres únicos e individuais, ou seja enquanto comunidades de pequena e grande escala, num qualquer espaço e território.

    A arquitectura sempre funcionou como uma resposta às mudanças do tempo e da sociedade, e por vezes, dentro da sua natureza e limitações, abriu outras possibilidades, para a vida colectiva e privada, sempre foi assim, com diversos tempos e modos e, sempre haverá de ser algo assim.

    De que forma estas ‘transições’ são uma forma de expressão das próprias cidades? De que ‘transições’ falamos?

    Nesta 13ª edição do Open House, propomos evidenciar as transições em múltiplas dimensões: primeiro na dimensão física, ao nível da arquitectura dos edifícios, dos seus materiais, estilos, modos de construção, da organização e tipo de espaços/compartimentos, em segundo nas suas funções e apropriações; ao nível dos espaços públicos e das ruas, das actividades económicas (comércio, serviços, etc.), dos seus pavimentos, da vegetação ou da sua ausência, do equipamento, das formas de mobilidade; e, por fim, ao nível das vivências de ambos, do tipo de pessoas que os ocupam, usam, habitam, frequentam, como e quando o fazem.

    De que período retrata a Open House e que edifícios são mais exemplificativos desta transição?
    O programa deste Open House é eclético e também abrange diferentes épocas e correntes, da arquitectura barroca, ilustrada pela imponente igreja conventual de Santa Catarina implantada na calçada do Combro, a exemplos neo-clássicos como o Palácio do Grilo, ao contemporâneo, que é um dos pratos fortes desta iniciativa anual.

    Em suma, é a oportunidade de explorar desde reabilitações a construções novas como é o caso do edifício The One do Eduardo Souto Moura, entre muitas outras estreias.

    A nossa selecção mostra diferentes abordagens nesta transição, desde habitações reabilitadas ou construídas em espaços que já foram outra coisa, a edifícios obsoletos com múltiplos destinos possíveis, a novos conjuntos habitacionais construídos em vazios urbanos centrais, a edifícios e equipamentos públicos reabilitados para novas actividades, a conventos, mosteiros e palácios que ao longo da sua existência tiveram inúmeras utilizações, mostrando a plasticidade funcional destas construções e a sua adaptabilidade às necessidades, mais ou menos espontâneas, do tempo e por fim percursos por zonas escondidas e expectantes que mantêm vestígios de uma Lisboa muito pouco urbana ou pelas “traseiras” de bairros que concentravam manufacturas e pequena indústria e que hoje compatibilizam habitação, ateliers, galerias, espaços de culto, entre outros.

    “A selecção mostra diferentes abordagens nesta transição (…) mostrando a plasticidade funcional das construções e a sua adaptabilidade às necessidades, mais ou menos espontâneas (…) de uma Lisboa muito pouco urbana ou pelas “traseiras” de bairros que concentravam manufacturas e pequena indústria e que hoje compatibilizam habitação, ateliers, galerias, espaços de culto, entre outros”

    Continuamos a assistir todos os dias a estas mudanças. De que forma  podemos enquanto sociedade aprender com essas transições que já aconteceram?
    Desde que a Humanidade e as diversas comunidades, deixaram a sua condição nómada, e começaram a fixar-se  num qualquer lugar, criando as suas raízes, misturando-se com outros povos e culturas. Com o passar do tempo a sociedade, as suas aspirações, desejos e motivações se foram alterando e se modificando, também de vários modos e tempos os seus habitats e cidades, refletiram essas transformações e transições, cada uma à sua própria maneira, no seu tempo e espaço.

    Mas o nosso foco é sobretudo as transições em curso ou em potencial, o que já está em processo de mudança ou que está na iminência de mudar e que estimula sentimentos variados, por vezes mistos: da antecipação da nostalgia à antevisão de cenários futuros face aos quais podemos sentir apreensão, entusiasmo, curiosidade.

    Além da componente do edificado, de que forma o conceito apresentado se relaciona com os espaços públicos?
    Na realidade, os factos arquitectónicos estão sempre relacionados directa, ou indirectamente com os factos urbanos, na medida em que, mesmo uma pequena obra particular, afecta o espaço público onde está inserida e vice-versa, seja uma rua, uma praça, um jardim ou um largo,  formando uma identidade própria, nem que seja pelo conjunto do seu impacto visual, estético, funcional, e aberto a diversas formas e possibilidades de relacionamentos, económicos, sociais e outros, ao serviço de uma qualquer comunidade.

    O conceito do Open House Lisboa 2024 é muito visível no edificado, nos conjuntos urbanos e espaços públicos, como ilustrado nos percursos urbanos e no percurso sonoro em que a Filomena Silvano nos guia por ruas e praças de uma das zonas mais cosmopolitas da cidade. Não escolhemos espaços públicos específicos, mas o conceito é ainda mais aplicável a esses contextos: um exemplo muito bom é a Alameda, um espaço lúdico para os mais diversos tipos de pessoas (nacionais e estrangeiras) como actividades (espectáculos, piqueniques, jogos, etc.) e um espaço político, por excelência, onde ocorrem inúmeras manifestações.

    De que forma vai ser estruturada a iniciativa em termos de percursos e quantos edifícios vão constar na iniciativa?

    Participam generosamente 74 espaços, das quais 39 são estreias, o que é uma percentagem elevada. No festival, mantém-se três tipos de visitas: livres em que as pessoas descobrem os espaços à sua maneira, sem um percurso delineado; as visitas acompanhadas pelo voluntariado formado para esta missão, tendo uma forte participação de estudantes de arquitectura e as visitas por especialistas que se convidam dado a sua afinidade com o lugar.

    Adicionalmente, temos cinco percursos pela cidade, feitos ao ar livre. A pé, convidamos a explorar Alvalade, Telheiras, Arroios, Beato e Marvila tendo diversas distâncias. Criou-se também um passeio sonoro que as pessoas podem fazer quando bem entenderem, e que enriquece a colecção de 11 episódios.

    Depois há, ainda, o programa paralelo que inclui actividades ludico-pedagógicas para as famílias, visitas sensoriais apoiadas por maquetas 3D, entre outros eventos.

    Destaca-se, também, a call de visual stories que pretende reunir uma diversidade de olhares sobre a acessibilidade e a inclusividade dos exemplos de arquitectura que se incluíram. Podem ser fotografias, desenhos, vídeos, ilustrações, animações. As candidaturas estão abertas até 11 de Junho e das propostas seleccionadas nascerá uma exposição e uma publicação que revela um conjunto de visões de quem visita os Open House pela Europa fora.

    Bio

    Sandra Marques Pereira é doutorada em Sociologia pelo ISCTE (2010) com a tese “Casa e mudança social: uma leitura das transformações da sociedade portuguesa a partir da casa” que teve dois prémios de melhor tese de doutoramento (IHRU 2011 e André Jordan 2012) e foi publicada pela Caleidoscópio (2012, 2016). Também o livro “Visite o andar modelo. 30 anos de publicidade de imobiliário” resultou da tese. Investigadora do ISCTE, DINÂMIA’CET, no grupo de pesquisa Cidades e Territórios. Entre 2013 e 2023 foi Professora convidada do Mestrado Integrado de Arquitectura (disciplina Sociedade e Arquitetura) do ISCTE. Colaborou como docente no Doutoramento Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos (ISCTE-IUL). Entre 2013 e 2019 foi oradora convidada do Master in Collective Housing da Universidad Politecnica de Madrid – Escuela Tecnica Superior de Arquitectura. É co-coordenadora do WG Southern European Housing do European Network for Housing Research. Participou em vários projectos FCT sobre habitação. Actualmente é investigadora responsável do projecto “SIZA_3CITY – A habitação colectiva de Álvaro Siza: projetos, contextos e vivências (Porto-Lisboa-Nova Iorque)” financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

    Alexandre Marques Pereira, entra em 1981 para a ESBAP (Escola Superior de Belas Artes do Porto), licenciado em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa em 1986. Trabalhou no atelier do arquitecto Manuel Tainha de 1986 até 1996, altura em que abre um atelier próprio, sendo que em 2009 abre a empresa Alexandre Marques Pereira – Arquitectura, que entre 2017 e 2022 esteve associada ao gabinete Saraiva + Associados, com diversos projectos e obras construídas e em construção como arquitecto responsável e coordenador, nas áreas da habitação individual e colectiva, dos equipamentos públicos, bibliotecas, escolas, galerias de arte, ou da reabilitação em geral.

    Participou desde 1998 até 2002 como representante da O.A. na organização Europan Europe para concursos de Arquitectura para jovens arquitectos europeus.

    É docente na Universidade Lusíada de Lisboa, desde 1993, como Professor de Projecto. Foi Visiting Professor em 2006 na Universidade de Auburn, Alabama, nos EUA. Em Julho de 2012 termina o Doutoramento em Arquitectura (na área de Projecto) na Universidade Lusíada de Lisboa, sobre “As relações e contaminações, entre a Arquitectura Moderna do Norte e do Sul da Europa”. Desde 2012 é o representante da Universidade Lusíada no Concurso Pladur, concurso internacional para estudantes universitários de Arquitectura da Península Ibérica.

    Sobre o autorCidália Lopes

    Cidália Lopes

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    Palácio Ducal, crédito Câmara Municipal de Trancoso

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    Trancoso lança concurso para Museu da Cidade por 3,4 M€

    Dez anos depois de ter adquirido o imóvel a Câmara Municipal de Trancoso vai avançar com a reabilitação do antigo Palácio Ducal para acolher o futuro Museu da Cidade. A obra está orçada em mais de 3,4 milhões de euros

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    Em 2015 a Câmara Municipal de Trancoso adquiriu, por 350 mil euros antigo Palácio Ducal, um edifício do século XVIII, situado no interior das muralhas, considerado um ex-líbris de Trancoso. Agora foi lançado o concurso público com vista à reabilitação do activo que irá acolher o futuro Museu da Cidade. De acordo com o anúncio do procedimento publicado no Diário da República, o prazo de execução dos trabalhos é de três anos. A obra tem financiamento assegurando no âmbito do pacto da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE).

    O projecto foi elaborado pelo Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura da Universidade da Beira Interior, sediada na Covilhã, no âmbito de um protocolo de colaboração assinado, em 2019, com a Câmara de Trancoso, distrito da Guarda.

    Segundo a notícia publicada pelo jornal “Beira”, que cita notícia da Lusa o futuro Museu da Cidade vai ter uma área para exposições temporárias e permanentes, uma sala polivalente com capacidade para 250 lugares, áreas de apoio e uma zona de trabalho para o arquivo municipal e o serviço de arqueologia.

    O Museu da Cidade vai também acolher o espólio que a pintora Eduarda Lapa, que era natural de Trancoso, doou ao município, bem como “muitos ateliers e exposições temáticas”, refere a mesma notícia.

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    AML tem luz verde para construir 10.500 casas

    Deste número, cerca 4.700 casas já foram entregues às famílias, o que corresponde a cerca de 19% das casas candidatadas. De acordo com a mesma nota, até Janeiro deste ano, os 18 municípios da área metropolitana de Lisboa submeteram cerca de 25.000 casas à componente habitação do PRR

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    “O Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), que está a conduzir o processo no país, já validou mais de 42% das candidaturas apresentadas pelos municípios da área metropolitana de Lisboa (dados de Janeiro de 2025)”, adianta nota da AML (Área Metropolitana de Lisboa).

    “Assim, os municípios têm luz verde para construir ou reabilitar cerca de 10.500 casas. Deste número, cerca de 4.700 casas já foram entregues às famílias, o que corresponde a cerca de 19% das casas candidatadas”, pode ler-se.

    De acordo com a mesma nota, até Janeiro deste ano, os 18 municípios da área metropolitana de Lisboa submeteram cerca de 25.000 casas à componente habitação do PRR, que, por sua vez, tinha estipulado a aprovação de 26.000 habitações para todo o país.

    “Este elevado volume de candidaturas ilustra as carências habitacionais sentidas na região, como constatado pelo “Diagnóstico das Condições Habitacionais Indignas da Área Metropolitana de Lisboa”, apresentado em Novembro de 2022, que identificou a existência de cerca de 50.000 agregados familiares vivendo nessas condições na área metropolitana de Lisboa (cerca de 4% do total de agregados da região, num número estimado de 134.000 pessoas)”.

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    AICCOPN: Valores em concursos públicos atingem em 2024 máximos históricos

    Os números agora apurados revelam valores máximos desde que começou a ser feita a contabilização destes indicadores, em 2011

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    O valor dos concursos de empreitadas de obras públicas cresceu de 6.048 milhões de euros em 2023 para 8.376 milhões de euros em 2024, um salto de 39% que estabelece um novo recorde desde o início da série em 2011.

    Segundo o “Barómetro das Obras Públicas” da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), os contratos de empreitada celebrados e registados no Portal Base, no âmbito de concursos públicos, totalizaram 4.059 milhões de euros, traduzindo um crescimento de 40%(3) em termos homólogos. Note-se que este valor revela um diferencial de 4.317 milhões de euros entre o montante dos concursos de empreitadas lançados e os contratos efetivamente celebrados desde janeiro.

    No que concerne aos contratos de empreitada de obras públicas celebrados através de Ajustes Diretos e Consultas Prévias, apura-se um crescimento de 15% em termos homólogos, para 639 milhões de euros.

    Em termos gerais, o montante dos contratos de empreitadas de obras públicas celebrados e registados no portal Base, atingiram 4.891 milhões de euros, representando um acréscimo de 32% em termos homólogos e estabelecendo, igualmente, um novo máximo histórico da série iniciada em 2011.

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    The Social Hub Porto

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    ‘The Social Hub’ chega ao Porto com novo conceito de hotelaria híbrida

    Espaço destinado à crescente comunidade de nómadas digitais e jovens profissionais abre portas a 1 de Março no Porto. Em desenvolvimento está já outra unidade em Lisboa

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    No seguimento da expansão europeia, o grupo The Social Hub prepara-se para inaugurar a sua primeira unidade hoteleira em Portugal, de quatro estrelas na cidade do Porto, no próximo dia 1 de Março, num espaço destinado à crescente comunidade de nómadas digitais e jovens profissionais, mas também aos viajantes e os locais.

    Situado no Bonjardim, a poucos metros da Avenida dos Aliados e do Mercado do Bolhão, no coração da vida cultural do Porto, o The Social Hub conta com um rooftop icónico, uma vasta oferta de serviços e um compromisso de colaboração com a comunidade onde se insere.

    Esta nova unidade inclui 310 quartos, dos quais 271 são quartos de hotel de quatro estrelas e 39 são apartamentos residenciais com um máximo de dois quartos. Oferece, ainda, mais de 580 metros quadrados (m2) de espaço de coworking para até quase 100 pessoas e quase 450 m2 de espaços flexíveis para reuniões, incluindo um auditório para eventos.

    Os visitantes podem escolher entre estadias curtas ou prolongadas, alojamento para estudantes e até usufruir de um espaço de coworking através de uma série de opções de adesão, os quais incluem 10 espaços para escritórios privados.

    Além do primeiro hotel no Porto, a marca tem outro projecto em desenvolvimento em Lisboa, que se irão juntar às 19 outras unidades em funcionamento em cidades europeias como Amesterdão, Barcelona, Berlim, Florença, Madrid, Paris, San Sebastian ou Viena.

    Recentemente certificado pela B Corp, o The Social Hub reúne os seus diversos hóspedes através de um modelo único criado para gerar um impacto social positivo. Com viajantes, estudantes, empresários e habitantes locais sob o mesmo tecto, o Grupo desenvolve mais de 5500 experiências comunitárias por ano, impactando mais de 100 mil pessoas, que passarão agora a incluir também a cidade do Porto, concebidas para promover conexões, integrando desde cursos de línguas e de culinária, até à formação de competências. Este hub também acolherá bolseiros da sua TSH Talent Foundation, destinada a capacitar os agentes de mudança que enfrentam barreiras às oportunidades.

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    Município de Arganil investe 5M€ na requalificação de Escola Secundária

    “Esta intervenção, que reflete o compromisso da autarquia em investir no futuro da educação no concelho”, assegura o autarca64

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    A Câmara de Arganil vai investir cinco milhões de euros nos trabalhos de requalificação, modernização e ampliação da Escola Secundária de Arganil, sendo que os trabalhos estão já no terreno.

    Os primeiros trabalhos da empreitada consistem na preparação do terreno para a construção de um novo bloco de aulas, que será edificado de raiz e que vai complementar os quatro edifícios já existentes. Este novo espaço irá dispor de infraestruturas modernas e funcionais, incluindo uma sala de robótica, uma área formativa de saúde, uma sala de professores e uma sala para os assistentes operacionais.

    Financiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), o projeto envolve um investimento superior a 5 milhões de euros e pretende melhorar significativamente as condições educativas e as infraestruturas escolares.

    Luís Paulo Costa, presidente da Câmara Municipal de Arganil, sublinha a importância desta obra para o território. “É um projeto muito esperado e necessário, pelo qual lutámos ao longo de vários anos. A ambição do Município era tal que avançámos com o projeto de execução antes mesmo da validação do financiamento, por isso é com enorme satisfação que testemunhamos o início das obras, especialmente por coincidir com os 55 anos da nossa Escola Secundária.”

    Construída nos anos 80, a ESA apresentava problemas significativos de acessibilidade, organização e degradação dos materiais, bem como patologias em estruturas e coberturas. Esta intervenção visa criar uma imagem contemporânea do edifício, reorganizando as zonas de circulação e os espaços de convívio, de forma a promover um ambiente educacional mais funcional, eficiente e cómodo.

    Eficiência energética e conforto
    A intervenção contempla a requalificação dos espaços educativos, administrativos e de lazer, aliada à introdução de novos equipamentos que visam melhorar o desempenho energético. A escola será dotada de soluções mais eficientes, como isolamento térmico reforçado, através da substituição de caixilharia e da instalação de vidros duplos, sistemas de climatização de baixo consumo e equipamentos que promovem a utilização racional de energia, tornando-a mais acessível, funcional e confortável.

    Além disso, serão introduzidos equipamentos mais sustentáveis, incluindo a instalação de uma central térmica a pellets de madeira, substituindo o atual sistema a gás. Está ainda prevista a instalação de um sistema solar fotovoltaico para autoconsumo, reforçando o compromisso com a eficiência energética e a utilização de fontes renováveis.
    “Esta intervenção, que reflete o compromisso da autarquia em investir no futuro da educação no concelho, assegura a modernização das infraestruturas escolares, promovendo um ambiente de ensino mais acessível, sustentável e alinhado com as necessidades das atuais e futuras gerações de alunos”.

    Transformação dos espaços escolares
    Além da construção do novo bloco de aulas, a empreitada inclui intervenções no bloco de receção e convívio, que será reorganizado para melhorar a acessibilidade e as áreas de gestão, como a secretaria e a biblioteca.

    No bloco de salas de aula, serão realizados melhoramentos nas salas para disciplinas práticas e nos sanitários, garantindo acessibilidade adequada. Já no pavilhão gimnodesportivo, a intervenção abrange a renovação dos balneários e a substituição do pavimento da área de jogo, assegurando maior segurança e conforto para os alunos.

    O projeto traduz uma visão centrada na acessibilidade e na sustentabilidade, promovendo a modernização da rede escolar do concelho e assegurando um ambiente educativo de excelência, ajustado às necessidades da comunidade escolar.

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    Engie investe e implementa centrais fotovoltaicas em 21 lojas Pingo Doce

    O projecto que visa incidir nas regiões Centro, Alentejo e Algarve, arrancou na loja de Castelo Branco. No total, esta iniciativa vai permitir a estas lojas produzirem anualmente cerca de 10 mil MWh de energia própria, evitando a emissão de cerca de 2.150 toneladas de CO2

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    Entrou em operação a central fotovoltaica da loja do Pingo Doce de Castelo Branco. Esta é a primeira loja de um projecto com a Engie para a instalação de centrais fotovoltaicas em 21 lojas Pingo Doce, distribuídas pela região Centro, Alentejo e Algarve.

    No total, esta iniciativa vai permitir a estas lojas produzirem anualmente cerca de 10 mil MWh de energia própria, evitando a emissão de cerca de 2.150 toneladas de CO2. Este projecto, num total de cerca de 7,5 MWp, inclui ainda a criação de quatro comunidades de energia renovável em quatro lojas, num investimento 100% realizado pela Engie.

    No total, a Engie Soluções de Energia vai instalar quase 13 mil painéis solares nas coberturas das instalações destas 21 lojas Pingo Doce, que irão resultar em poupanças energéticas anuais de 33% da energia consumida nestas lojas.

    Este projecto segue-se a outros, realizados em 2021, e que permitiu instalar centrais fotovoltaicas em outras quatro lojas Pingo Doce no concelho de Lisboa e que já se encontram em operação desde então.

    “Esta intervenção reforça a parceria e o trabalho realizado para a Jerónimo Martins nos últimos anos e é o primeiro a ser realizado com investimento 100% Engie Soluções de Energia com esta empresa. É entusiasmante poder trabalhar com esta empresa nacional de referência e com uma marca tão familiar de todos os portugueses, e contribuir activamente para a sua jornada de descarbonização e para as suas metas ESG”, afirma Duarte Caro de Sousa, director geral do Solar, distribuído pela Engie

    De referir, que a parceria entre estas duas empresas é de 15 anos, com vista à descarbonização da actividade do Grupo Jerónimo Martins e ao reforço do seu compromisso com a transição energética.

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    Ed Oriente 343 @Telmo Miller

    Imobiliário

    C&W e Worx assessoram arrendamento para novo laboratório da Affidea

    A área arrendada tem um total de 2.868 metros quadrados (m2) e vai receber um laboratório da Affidea. Renovado em 2021, o imóvel combina “modernidade e funcionalidade”, oferecendo espaços de trabalho “versáteis e de alta qualidade”

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    A Cushman & Wakefield (C&W), foi responsável por assessorar a Affidea no arrendamento de um espaço no edifício Oriente 343, perto da Gare do Oriente, em Lisboa. A área arrendada tem um total de 2.868 metros quadrados (m2) e vai receber um laboratório da Affidea.

    O edifício Oriente 343, localizado na Avenida Infante D. Henrique, em Lisboa, é propriedade do Fundo de Pensões do Novo Banco, que foi representado nesta transação pela Worx Real Estate Consultants, a única das grandes consultoras de capital 100% nacional e aliance member do BNP Paribas Real Estate.

    Renovado em 2021, o imóvel combina “modernidade e funcionalidade”, oferecendo espaços de trabalho “versáteis e de alta qualidade”.

    Com sede no Edifício Adamastor, também no Parque das Nações, em Lisboa, a Affidea é prestador de diagnóstico por imagem, tratamento oncológico e serviços de ambulatório na Europa, operando 380 centros em 15 países.

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    Ambiente 2024 / Messe Frankfurt / 26. – 30.01.2024 / Frankfurt, Germany

    Empresas

    Fileira Casa leva perto de uma centena de empresas nacionais a Frankfurt

    São perto de uma centena de empresas portuguesas que estarão presentes na Feira Ambiente que arranca no final desta semana em Frankfurt, na Alemanha. Destas, 65 integram a Mostra de Produtos Portugueses, organizada pela NERLEI

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    Com início agendado para 7 de Fevereiro, a Feira Ambiente, em Frankfurt (Alemanha), verá receber perto de uma centena de empresas portuguesas. Destas 65 empresas nacionais da Fileira Casa estarão reunidas na Mostra de Produtos Portugueses para apresentar o que de melhor se faz no país. Num espaço conjunto sob a insígnia “Made In Portugal Naturally”, organizado pela NERLEI CCI com apoio da AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), a exposição conta com a curadoria do designer Miguel Costa Cabral e pretende criar uma experiência imersiva a todos os visitantes, envolvendo-os, através dos cinco sentidos, na tradição portuguesa.

    Localizado no Hall 12.0 C50, o “Made In Portugal Naturally” apresenta cerca de 300 peças destas 65 empresas. Através das peças em exposição, pela diversidade de designs e texturas, são oferecidos aos visitantes dois dos primeiros sentidos: a visão e o tacto. A experiência será complementada pela melodia do fado, aromas e paladares portugueses, como os internacionalmente reconhecidos pastéis de nata, assim como os queijos e vinhos da região de Leiria, apelando à audição, paladar e olfacto.

    Os visitantes da Ambiente, provenientes de quase 200 países, têm assim a oportunidade de se envolver numa atmosfera onde tudo remete para a essência que faz de Portugal um país único, como a tradição, os costumes, a aposta no futuro pela sustentabilidade e a inovação em processos produtivos que permite oferecer ao mundo peças únicas. Outra das presenças nacionais de destaque no certame é a Vista Alegre que após o sucesso na Ambiente 2024, ampliará sua presença em 2025. A marca portuguesa terá quatro stands, exibindo seu portfólio diversificado nos Pavilhões 12.0, 12.1 e 11.0.

    Feira Ambiente 2024 recebeu 96 mil visitantes
    Desde 1990 que a Feira Ambiente tem lugar, anualmente, na Messe Frankfurt, realizando-se em conjunto com as feiras Christmasworld e Creativeworld desde 2023. Dedicado exclusivamente aos bens de consumo – mobiliário, têxteis-lar, iluminação, utilidades domésticas (cerâmica, vidros, louça, cutelaria), entre outros –, o evento reúne alguns dos mais importantes líderes e “decision makers” do sector, que procuram conhecer as tendências da próxima estação e estabelecer contactos com potenciais parceiros.

    A Mostra de Produtos Portugueses é organizada pela NERLEI CCI há quatro anos, na Feira Ambiente, em parceria com a AICEP.

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    Porto: Antigo Mercado de S. Sebastião dá lugar a novo espaço público

    O betão da actual infraestrutura vai dar lugar a um “novo jardim e que vai transformar o espaço numa zona verde pública, polivalente e descontraída, propícia ao convívio”. As propostas para a intervenção podem ser apresentadas até dia 18 de Fevereiro

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    Já foi lançado o concurso público para a empreitada de demolição do Mercado de S. Sebastião, junto à Sé do Porto. A intervenção tem um prazo de execução previsto de 120 dias, com data-limite para a apresentação de propostas até dia 18 de Fevereiro de 2025, em formato eletrónico, na plataforma AcinGov.

    No âmbito da revitalização do Mercado de S. Sebastião, a demolição, aprovada em reunião de Executivo, incluindo as plataformas de pavimentos, envolventes e fundações, será realizada de forma sustentável, com o reaproveitamento de materiais como os muros e muretes de cantaria de granito, que serão reutilizados na própria obra.

    O betão da actual infraestrutura vai dar lugar a um “novo jardim e que vai transformar o espaço numa zona verde pública, polivalente e descontraída, propícia ao convívio”.

    Para promover a acessibilidade, serão criados dois percursos pedonais de atravessamento: um na direcção Norte/Sul, entre o Largo da Travessa de S. Sebastião e a Rua Tareija Vaz de Altano, e outro na direcção Poente/Nascente, garantindo a ligação da zona alta ao acesso à estação de Metro do Porto, na Avenida Dom Afonso Henriques.

    O percurso longitudinal será feito em saibro, com um traçado sinuoso e suave declive, enquanto o percurso transversal será inspirado no projecto do arquitecto Álvaro Siza Vieira, de 2000, e contará com escadas suaves, constituídas por peças de granito reaproveitadas.

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    Dossier “Máquinas e Equipamentos”: Num mercado em transformação, aluguer domina e ‘pequenas’ crescem

    O mercado é uma sombra de outrora, em que dominavam as retroescavadoras. Hoje, o segmento das Máquinas e Equipamentos é já dominado pelos pequenos equipamentos, versáteis, e pelo aluguer, que reduz custos operacionais e parques sobredimensionados na folha de património das construtoras. Esta transformação, mais do que representar um novo rumo ao qual as fabricantes e distribuidoras têm de responder, tem a particularidade de poder introduzir distorções no mercado. Equipamentos mais sustentáveis são desejados, mas os preços ainda são um entrave

    Ricardo Batista

    O mercado está em franca transformação. Essa é uma evidência, pelo menos a atestar pelas opiniões recolhidas pelo CONSTRUIR junto de alguns dos principais fabricantes, distribuidores ou representantes de algumas das principais marcas de maquinaria pesada usada na indústria da Construção. Claro está que, regra geral, estas evidências são atestadas por indicadores estatísticos que reforçam a percepção, mas esse levantamento deixou de ser feito pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP), pelo menos de forma pública.

    Não havendo, portanto, indicadores fiáveis, resta a opinião de quem está, diariamente, no terreno. E não é pouco. Igual a si próprio, José Gameiro não deixou nada por dizer. Ao CONSTRUIR, o administrador da Motivo, importadora da britânica JCB para o mercado nacional, reconhece que o mercado português é, hoje em dia, “uma sombra do que foi no início do século”. “Desde logo porque não é expectável que, nos próximos anos, surja uma verdadeira inovação revolucionária. Eu estive na última BAUMA, tenho acompanhado o que se tem dito sobre a próxima edição da feira e chegamos à conclusão de que a roda está inventada. Nada de novo é capaz de acontecer”, assegura aquele responsável que admite que o abandono da Toyota do desenvolvimento do motor a hidrogénio foi uma machadada forte nas expectativas de quem acreditava que este pudesse ser um verdadeiro salto. “Mesmo os equipamentos eléctricos tardam a ser aceites”, reforça. Mas José Gameiro é mais contundente a apontar as distorções existentes no mercado, provocadas em grande parte pela entrada no País de gigantes na área do aluguer de equipamentos. “Aquilo que se vendia em máquinas pesadas passou a vender-se mais em máquinas ligeiras. Ou seja, 50% do mercado português são mini-escavadoras, skid steers e mini retroescavadoras. Há uma completa inversão do mercado e isso em grande medida é por causa do aluguer”, explica José Gameiro, que recorda, por exemplo, a operação de aquisição da Vendap por parte do grupo Kiloutou. “A Vendap facturava qualquer coisa como 50 milhões de euros. A casa mãe da Vendap factura em torno de 1,5 mil milhões de euros.

    “Existe uma série de produtos que já não se vendem, alugam-se. Veja-se por exemplo o caso das plataformas elevatórias. Hoje em dia já praticamente ninguém compra. Há dois ou três fornecedores que vendem a um ou outro cliente, mas é um produto de quase 90% de aluguer”. Mas o administrador da Motivo identifica dois outros fenómenos, com implicações no mercado. Em primeiro lugar, as empresas grandes de aluguer compram no estrangeiro. Por exemplo, uma Kiloutou tem braços em Espanha, França e Inglaterra, são multinacionais, e compram às 500 ou 800 máquinas. Com isso, é claro que os preços sofreram uma distorção total. Quem compra 500 máquinas compra muito mais barato que ao distribuidor português”, diz, acrescentando que se assiste a uma outra evidência: as frotas próprias para aluguer. “As próprias marcas começaram a ter as suas frotas de aluguer. A Caterpillar está a investir fortemente no aluguer, a Case está a investir fortemente no aluguer, a JCB está a investir no aluguer. Ou seja, nas nossas próprias frotas, o que originará o aparecimento de um mercado secundário. Um cliente que quer uma máquina. Quanto é que custa uma máquina? 100 mil euros. Então, e uma máquina com dois anos? 80 mil. Isto vai acarretar uma distorção evidente”, diz, afiançando que “o aluguer é a nova realidade do mercado”.

    STET
    Pela mesma lógica alinha Paulo Ribeiro. O director comercial de máquinas da Stet, que acredita que é notório um crescimento significativo no sector dos equipamentos para a construção essencialmente à conta do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em vigor e pelo programa Portugal 2030. O responsável comercial da importadora da Caterpillar salienta que “este crescimento é alimentado por vários projectos, tanto públicos como privados, que têm vindo a estimular a procura por este tipo de equipamentos”, acrescentando que “o actual período de transição energética, orientado para a redução da pegada carbónica por parte das empresas, está a gerar uma necessidade crescente de substituição de equipamentos menos eficientes por tecnologias mais modernas e sustentáveis”. Paulo Ribeiro também concorda que o mercado de aluguer está a crescer, especialmente em construção e obras públicas, onde é vantajoso para controlar custos e garantir flexibilidade. Embora ainda não seja amplamente utilizado, é uma solução prática que tem grande potencial para quem busca reduzir riscos. “É uma solução que faz todo o sentido para empresas que querem controlar custos e evitar desvios, permitindo-lhes ajustar-se mais facilmente às exigências de cada obra ou projeto. Com os projectos que estão a surgir, impulsionados pelo PRR e pelo Portugal 2030, o aluguer está a tornar-se cada vez mais apelativo”, acrescenta. “A STET, em parceria com as suas marcas representadas, está a apostar em várias novidades que acompanham as tendências mais recentes do mercado e respondem aos principais desafios globais do sector. Estas iniciativas destacam-se por serem inovadoras e verdadeiramente diferenciadoras: Sustentabilidade e Transição Energética: Equipamentos mais eficientes, soluções de gestão energética inteligente e tecnologias dedicadas à reciclagem, promovendo uma operação mais ecológica e sustentável”.

    EPIROC
    Para João Resende, responsável da EPIROC para o mercado português dos acessórios/implementos hidráulicos, salienta que o sector de máquinas e equipamentos para construção em Portugal está em crescimento, especialmente no segmento de obras públicas e infraestruturas. “Contudo, existem nuvens no horizonte, como as incertezas económicas globais, aumento dos custos de materiais e logísticas, e desafios associados à escassez de componentes. As perspectivas de médio e longo prazo são optimistas, mas com atenção às flutuações da economia e às exigências tanto de sustentabilidade como ambientais”, sublinha. Em relação ao mercado do aluguer, João Resende concorda que é uma prática que tem vindo a crescer em Portugal, “mas ainda não é uma prática tão expressiva quanto em outros mercados mais maduros, na Europa Ocidental. No entanto, tem aumentado a sua adopção, particularmente para grandes projectos, dado que permite maior flexibilidade e optimização de custos. O mercado de aluguer é relevante, mas a expressão ainda é relativamente residual comparada ao volume de vendas directas de equipamentos”. O responsável da Epiroc explica, por isso, que “a expectativa é que cresça cada vez mais” e que, nessa óptica, as empresas possam aproveitar esta dinâmica para se posicionarem face ao aumento dos custos operacionais, escassez de materiais e componentes, cumprimento de prazos num mercado competitivo, e a pressão para adoptar práticas mais sustentáveis e reduzir as emissões. Além disso, a inovação tecnológica e a digitalização são essenciais para se manterem competitivas, asseguram os responsáveis da empresa.

    ALMOVI
    Pela mesma tónica alinham os responsáveis da Almovi, uma das empresas de referência no domínio da elevação de cargas. Ao CONSTRUIR, Joana Lança Coelho considera que “embora o panorama seja positivo, as incertezas globais, como alterações político-económicas, podem afectar o futuro do sector. A questão da segurança tem aumentado a procura pelo aluguer de equipamentos especializados, como mini-gruas, que são mais eficientes e práticas”. “Nos últimos anos temos assistido a um aumento das restrições do levantamento de cargas permitidas por humanos. Isso por si só fez aumentar a sensibilização e a procura pelo aluguer de equipamentos adequados a este tipo de serviço, principalmente as mini-gruas ou gruas aranha, equipamentos pequenos, práticos com enorme destreza e precisão, que têm a capacidade de chegar onde a mão-humana não pode”. Nesse domínio, a marketing manager da Almovi salienta que “este tipo de equipamento tem um valor elevado” e que “nem todas as empresas do sector têm a capacidade de os adquirir, e com as diferentes necessidades de cada projeto torna-se difícil ter mais do que um tipo de equipamento para poder cobrir todas as exigências. Alugar estas máquinas permite maior flexibilidade e acesso a tecnologias actualizadas sem grandes investimentos de capital”. “Torna-se assim mais sustentável e eficiente alugar um equipamento específico de acordo com a necessidade e durante o tempo indispensável”, refere. Segundo Joana Coelho, tem havido também uma evolução das máquinas-ferramenta com a integração de computadores e motores eléctricos que permitem um aumento da precisão da operação. “O que no caso das fachadas de vidro é uma mais-valia pela preocupação com soluções que reduzem os custos devido a quebra ou perda de material e aumentam a produtividade”, garante. A responsável de Marketing da Almovi aborda, de uma forma mais incisiva a questão do aluguer, salientando que este tipo de solução “tem encontrado alguns desafios, nomeadamente o ‘set-up cost’. O valor do transporte destes equipamentos de pequena dimensão é por vezes mais caro do que o próprio aluguer, o que implica investir em ‘hubs’ estrategicamente colocados para dar melhor resposta ao cliente”.

    Going Up
    Mais cauteloso parece ser o gerente da Going Up. Ao CONSTRUIR, Luís Leal antecipa que “o sector das máquinas é, agora, um sector muito imprevisível. Já foi um sector com mais estabilidade. Houve um grande crescimento do mesmo, que acompanhou os melhores momentos da construção, mas agora sente-se que está a ficar sobrelotado de máquinas e equipamentos”. “Existe, este ano mais que nos últimos dois, uma incerteza sobre se o mesmo será de crescimento ou se já se fará sentir um ligeiro abrandamento neste sector, motivado por um abrandamento da economia em geral”, refere aquele responsável, para quem “já estamos num ponto em que o aluguer de equipamentos é muito vantajoso na quase maioria dos trabalhos e em algumas, até mesmo imprescindível. Diria que já é significativo, mas ainda longe da utilização que é feita nos países do Norte da Europa”. Questionado sobre os desafios que se colocam às empresas, o gerente da Going Up aponta dois: “o primeiro passa por conseguir não baixar os preços praticados para ganhar um negócio e que depois serão a regra para todos os negócios feitos para esses clientes; o segundo é saber avaliar quando é o melhor momento para parar de comprar mais máquinas”.

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    Ricardo Batista

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