Data Centres: “Um mercado ainda com surpresas”
Os Data Centres são um sector emergente no imobiliário português, à boleia de uma sociedade cada vez mais digitalizada, que torna a oferta insuficiente para as necessidades de consumo e armazenamento de dados, e da baixa disponibilidade verificada nos mercados principais, designadamente Frankfurt, Londres, Amesterdão ou Paris. Em conjunto, estes factores estão a desviar a procura para mercados como o português. A Worx Real Estate Consultants analisou as vicissitudes do potencial nacional
Manuela Sousa Guerreiro
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A consultora acaba de apresentar um estudo sobre Data Centres, um sector emergente em Portugal e que tem vindo a destacar-se pelos diversos projectos em pipeline anunciados para os próximos tempos. Actualmente, à data do estudo, Junho, contavam-se 38 os data centres existentes em Portugal, localizados principalmente na região do Porto (Porto, Matosinhos, Maia, Ermesinde, Vila Nova de Famalicão) e de Lisboa (Lisboa e Barreiro). Viseu, Covilhã, Évora, Faro, Açores e Madeira surgem no radar, ainda, como localizações pontuais para este tipo de infraestruturas. “Estes são maioritariamente de Tier I e II [menor nível de segurança que pode ir até Tier IV, o nível mais elevado de redundância e tolerância a falhas], havendo apenas 2 data centres identificados até ao momento de Tier III, que reflectem menor ou maior capacidade de redundância e tolerância a falhas quando há interrupção, intervenções ou manutenção nos mesmos”, explica a consultora Worx na sua análise.
Mas este número poderá crescer em breve. O Departamento de Research da Worx Real Estate Consultants “identifica projectos em pipeline que irão acrescentar ao mercado uma capacidade superior a 600 MW”. Entre este conjunto de infraestruturas, o destaque vai para Sines que irá receber um dos “maiores hyperscale data centres europeus”. O projecto já arrancou e o primeiro edifício de 5000m2 e 15 MW deverá estar concluído no último trimestre de 2023. No total, o projecto alberga 9 edifícios com mais de 60MW cada. Quando estiver concluído, 2027, o projecto da Smart Campus terá 495 MW de capacidade total. Um segundo “Hyperscale”, o maior de todos os data centres, será construído em Vila Franca de Xira, promovido pela Merlin Properties e explorado por uma joint venture com a Edged Energy terá, para já, 33 000 m2 com 20 MW previstos para 2025, com a possibilidade de chegar aos 73000 m2 com capacidade até 100 MW. Os restantes cinco projectos são de menor dimensão ou ainda não foi dada a conhecer.
O que Portugal tem para oferecer a este mercado?
A resposta é prontamente respondida por Silvia Dragomir, responsável pelo Departamento de Research da Worx. Segundo a especialista, “Portugal tem-se destacado positivamente por apresentar uma reduzida oferta e poucos players ainda presentes no mercado, enquanto apresenta todos os fundamentos de mercado para absorver novos investimentos”. No conjunto de características elencadas surge a sua posição estratégica face a cabos submarinos de transmissão de dados que ligam Portugal a cinco continentes através de 11 cabos, mais cinco dentro de Portugal Continental e ilhas. Acrescem, ainda, factores como a segurança, mão de obra qualificada, acesso a energia renovável e barata, baixa probabilidade de riscos físicos, boa rede de fibra-óptica e águas profundas com extensa protecção marítima pela NATO, para atrair estas infraestruturas que privilegiam ainda uma localização fora dos grandes centros e aglomerados populacionais, solos não contaminados, locais com pouca probabilidade de ocorrência de desastres naturais, os quais são sujeitos ainda a testes de capacidade de carga dos terrenos e de adsorção dos solos (capacidade de drenar a chuva).
“Apresentados os fundamentos de desenvolvimento deste sector e a falta de oferta, há uma tendência para aumentar a oferta e estabelecer novos projectos em zonas onde haja as tais ligações aos cabos submarinos, nomeadamente cidades como Lisboa e Sines, mas também há outras com potencial inexplorado pela mesma razão sendo elas Cascais, Seixal, Sesimbra, Açores e Madeira”, refere o estudo.
A questão da sustentabilidade
Como qualquer sector, também aqui os requisitos de sustentabilidade não podem ser descurados, já que os mesmos “são responsáveis por cerca de 2% das emissões de gases com efeito de estufa e 3% do consumo global de energia, pela necessidade de arrefecimento dos servidores que sobreaquecem com facilidade”, sublinha a Worx, que sublinha ainda que em 2021 a UE publicou um relatório de directrizes de Melhores Práticas para o Código de Conduta da UE sobre Eficiência Energética nos Centros de Dados que aponta indicadores de desempenho ambiental a monitorizar e indicadores para atingir a excelência em aspectos críticos. Entre as várias medidas encontram-se preocupações com a e ciência energética, a implementação de energias renováveis para produção de electricidade, a utilização das águas pluviais para refrigeração ou, alternativamente, a refrigeração líquida.
Construção diferenciada
• Visibilidade de 360º do edifício
• Resistente ai fogo, chuvas intensas e ventos muito fortes;
• Sistema de climatização (temperatura e humidade)
• Arrefecimento através do ar natural externo (controlado e filtrado)
• Pé direito de 6 metros
• Geradores
• Sistema UPS
• Controlo de acessos, videovigilância e central de segurança
• Ligação a rede eléctrica e instalação de energias renováveis alternativas