Investimento em imobiliário de rendimento excedeu os 3MM€ em 2022
Mercado imobiliário de rendimento recupera o dinamismo verificado antes da pandemia com o terceiro melhor ano de sempre e país mantém fundamentos robustos. Sectores hoteleiro e logístico com as melhores performances ao registar as maiores operações alguma vez concretizadas no mercado nacional

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O investimento em imobiliário de rendimento ultrapassou os três mil milhões de euros em 2022, de acordo com o balanço divulgado pela CBRE. A consultora fechou o ano com uma quota de participação de 48% em transacções intermediadas.
Do lado da ocupação, os escritórios em Lisboa já haviam ultrapassado, no final do terceiro trimestre, qualquer valor histórico em termos de absorção. O ano de 2022 é um marco neste segmento cuja actividade contribuiu para a ocupação de cerca 270 mil metros quadrados em espaços de escritórios.
No Porto, o desempenho foi igualmente muito positivo, a absorção de escritórios voltou a exceder os 60 mil metros quadrados (patamar onde estava em 2019) ficando no Top 3 dos anos com maior ocupação de sempre.
O sector de logística, apesar de manter uma dinâmica interessante e uma elevada procura, continuou muito condicionado pela falta de produto para arrendamento, mantendo-se assim a oferta limitada face à procura latente. Deste modo, irá registar um valor de absorção inferior a 2021, prevendo-se que se aproxime dos 300 mil metros quadrados.
No que diz respeito ao investimento, o mesmo foi muito elevado no segundo semestre e em particular no final do ano, devido à transacção de um portefólio predominantemente composto por hotéis. Será o terceiro melhor ano de sempre em termos de volume de investimento em imobiliário comercial em Portugal, o qual irá registar um valor acima dos 3 mil milhões de euros, um patamar verificado antes da pandemia.
O sector logístico destacou-se em 2022, com aproximadamente 700 milhões de euros alocados a esta classe de activos de rendimento, duplicando o valor do anterior máximo registado em 2017. Também o sector de hotéis, com o negócio do portefólio atrás referido, ultrapassou o anterior recorde verificado em 2019, ao atingir aproximadamente mil milhões de euros de investimento e representando assim aproximadamente um terço do volume total transaccionado no país.
“Verificámos um elevado interesse nas operações que lançámos em 2022 e sentimos que os fundamentos do nosso mercado permanecem sólidos. A actividade imobiliária manteve-se muito dinâmica e registaram-se alguns dos negócios mais significativos alguma vez concretizados em Portugal, nomeadamente a primeira transacção de uma plataforma de co-living e student housing com a venda da Smart Studios à Round Hill Capital e a maior transacção de imobiliário agrícola de sempre no país, tendo ambas as operações sido assessoradas pela CBRE”, afirma Francisco Horta e Costa, director-geral da CBRE Portugal.
Em linha com o dinamismo do sector, a consultora regista um crescimento no seu volume de negócios de cerca de 30%, atingindo um recorde em Portugal no ano em que foi também galardoada com o prémio Euromoney para melhor consultora imobiliária em Portugal.
“Várias linhas de negócio registaram crescimentos acentuados, como a nossa área dedicada à promoção imobiliária, onde assessorámos, por exemplo, a venda do emblemático CascaisVilla, numa operação que promete dar uma nova vida à vila de Cascais. A nossa área de investimento também se destacou e participou nas mais relevantes operações do sector, como a venda de um portefólio de 20 naves logísticas à Blackstone”, acrescenta Francisco Horta e Costa.
Por outro lado, além das linhas de negócio mais tradicionais, a CBRE Portugal tem apostado numa estratégia de diversificação, tendo desenvolvido áreas como Agribusiness – dedicada à avaliação, e transacção de activos agrícolas, com resultados excepcionais em 2022. A consultora apostou também em áreas como Capital Advisors, tendo ao longo deste ano apoiado clientes em operações de financiamento e M&A, nomeadamente no processo de Debt Advisory para o novo Hilton Hotel & Residences Cascais.
Para 2023, Francisco Horta e Costa antecipa que“o mercado atravessará um período de maior instabilidade, principalmente devido à subida dos juros que já se reflecte nos preços de venda, transversalmente a todos os sectores. Em virtude dos juros mais altos, o financiamento fica mais caro e os preços tenderão a ajustar em baixa. Esta situação poderá impactar também alguns promotores imobiliários com excesso de dívida em terrenos, podendo vir a acelerar a venda dos mesmos. Nos imóveis de rendimento, as ‘yields’ já estão a ser corrigidas em alta e é possível que ainda sofram um ligeiro aumento adicional se a tendência de subida dos juros se mantiver. Por outro lado, é possível que haja uma subida das rendas prime de escritórios e logística, devido à escassez de produto e também tendo em conta a localização e diferenciação de alguns projectos”, refere.