Edifício Cruzeiro, a nova Academia de Artes do Estoril
Foi o primeiro centro comercial do país, ditou modas e tradição e agora está a ser transformado num pólo cultural, centro de formação de artes performativas e sala de espectáculos. Depois dos atrasos, o “novo” Edifício Cruzeiro – Academia de Artes do Estoril deverá inaugurar em Junho de 2022
Manuela Sousa Guerreiro
AMP: Porto, Gaia e Matosinhos são os concelhos mais procurados por estrangeiros
Turismo nacional deverá manter tendência de crescimento em 2025
Matilde Mendes assume a direcção de Desenvolvimento da MAP Real Estate
Signify mantém-se pelo oitavo ano consecutivo no Índice Mundial de Sustentabilidade Dow Jones
Porta da Frente Christie’s adquire participação na mediadora Piquet Realty Portugal
Obras da nova residência de estudantes da Univ. de Aveiro arrancam segunda-feira
Worx: Optimismo para 2025
SE celebra a inovação centenária dos TeSys e dos disjuntores miniatura
União Internacional dos Arquitectos lança concurso de ideias destinado a jovens arquitectos
Filipa Vozone e Luís Alves reforçam área BPC & Architecture da Savills
A nova Academia de Artes do Estoril que irá substituir o espaço comercial do Edifício Cruzeiro deverá inaugurar em Junho do próximo ano. A obra de reconstrução do icónico edifício localizado no Monte do Estoril, em Cascais, chegou a ser anunciada para 2017, mas só em 2019 finalmente avançou, depois do visto do tribunal de contas.
O edifício foi comprado pela autarquia ao Fundo Pensões do BPI pelo valor simbólico de 100 mil euros, estando as obras de reconstrução avaliadas em sete milhões de euros (acrescido de iva). O projecto de requalificação do edifício que nasceu na década de 40 do século passado pela mão do arquitecto Filipe Nobre de Figueiredo, tem a assinatura do arquitecto Miguel Arruda e compreende a manutenção e preservação da fachada do edifício e a total demolição e posterior construção do interior. Uma opção que contraria a ideia inicial do município de preservar a identidade do edifício, mas que se tornou inevitável depois da análise do Laboratório Nacional de Engenharia sublinhar a “incompatibilidade do estado de conservação e resistência da estrutura, com as exigências de segurança actuais”.
A memória do edifício, que foi o primeiro centro comercial da época moderna no país, será assegurada através da reconversão das características da construção existente, nomeadamente a implantação, a volumetria e a cércea, bem como a conservação do seu aspecto exterior com recuperação integral da fachada principal, da fachada poente e do torreão sul.
No seu interior o projecto engloba a construção de uma praça e de uma galeria exterior no piso térreo bem como uma sala de espectáculos, com capacidade para 294 lugares. Nos pisos dois e três ficaram localizados a escola de teatro, um centro de formação de artes performativas e audiovisuais e uma biblioteca e arquivos. A Academia de Artes do Estoril vai ainda receber todo o vasto e rico espólio do Teatro Experimental de Cascais e a formação de actores fica a cargo da Escola de Teatro do TEC, que vai trabalhar em estreita colaboração com a autarquia.
Uma história onde se cruzam espiões e realeza
Muito antes do Apolo 70 abrir portas em Lisboa, já o Edifício Cruzeiro fervilhava de actividade. Inaugurado em 1951, o projecto nasceu, contudo, uma década antes, quando a Europa estava mergulhada ainda na segunda guerra mundial. Alias, a posição neutra, fez do país, e em especial da capital, um centro de passagem de personagens de vulto e endinheiradas e com elas a necessidade de modernização comercial. O promotor e construtor Manuel António da Cruz pegou na oportunidade e a primeira pedra foi lançada já em 1947.
Na altura, o arquitecto Filipe Nobre de Figueiredo projectou um edifício cuja “traça Modernista, tal com a volumetria, foram pensadas em grande. O chão dos corredores largos era revestido a calçada portuguesa, com setas a indicar a obrigação de circular pela direita e, além das 40 lojas previstas, onde não faltaria uma casa de fados, restaurante panorâmico, salão de festas, dancing, salas de jogos e mirante, tinha ainda um ringue de patinagem onde chegou a acontecer um combate de boxe”.
De edifício referência arquitectónica, o Cruzeiro tornou-se, nos últimos anos, um edifício devoluto e esteve para ser demolido. O projecto actual restitui-o ao concelho e dá-lhe uma nova vida.