Habitação unifamiliar
AT Solar lança módulos para fachada solar com características “inovadoras”
A nova solução de solar térmico para fachadas e telhados – o Senergy Force – recebeu uma Menção Honrosa nos Prémios Inovação da Tektónica 2019. Desenvolvido em conjunto com a […]
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A nova solução de solar térmico para fachadas e telhados – o Senergy Force – recebeu uma Menção Honrosa nos Prémios Inovação da Tektónica 2019. Desenvolvido em conjunto com a Universidade de Aveiro, permite maior autonomia e uma poupança energética na ordem dos 90%. Augusto Teixeira, COO da AT Solar, falou ao CONSTRUIR sobre as potencialidades do sistema, numa altura em que se avança para a obrigatoriedade dos novos edifícios terem um balanço Zero a nível energético
Texto: Cidália Lopes
O segredo está na forma como foi construído. Partindo da lacuna que os sistemas convencionais têm em libertar o excesso de calor acumulado, a AT Solar desenvolveu um modelo que permite libertar de forma automática a energia quando todas as necessidades do edifício já foram garantidas, ao mesmo tempo que permite uma ventilação natural do espaço. Actualmente, a primeira casa onde está a ser aplicada a fachada solar está já em fase final de conclusão, além de um edifício de serviços, com 200 m2. Em fase de projecto está um hotel em Lisboa.
Foram nomeados para o Prémio Inovação da Tektónica dado as características inovadoras e quem permitem uma maior eficácia do sistema. Quais são essas características?
O principal problema dos painéis solares convencionais, e o porquê de não serem mais utilizados, é exactamente por acumularem excesso de calor e não tem forma de controlar esse calor. Quando normalmente temos calor mas não precisamos o que se faz nas instalações convencionais é a colocação de termoventiladores enormes que estão a consumir uma quantidade absurda de energia para deitar fora aquilo que não se quer. Ou seja, estamos a ter o efeito contrário ao que se pretende já que vai contribuir negativamente para o balanço energético. A base de partida desta investigação foi conseguirmos resolver, de uma forma completamente passiva o excesso de calor, e depois de ter resolvido esse problema então temos a forma de dimensionar os painéis ou as fachadas para as necessidades de Inverno.
Em termos técnicos como é que se consegue resolver essa questão com estes novos painéis?
A forma como nós conseguimos resolver esse problema é através do efeito chaminé, que é um efeito físico do ar de convexão natural, ou seja, o ar quente sobe e ao subir provoca uma corrente de ar ordenada que faz com que ele saia para o exterior dos painéis. Os nossos painéis, em vez de serem fechados como os convencionais, têm uma abertura na parte de baixo, tem um modulo de ligação no meio de cada uma dessas colunas e no cimo têm a saída. Ora, se nós abrirmos este painel aqui em baixo quando estamos no Verão e abrimos lá em cima, o ar quente é libertado. Atenção que todo este processo é feito automaticamente, nada disto é manual, todo o sistema é completamente autónomo e é ele que gere quando há temperatura a mais ou a menos.
Quais são as prioridades em termos das necessidades que deve cumprir uma fachada energética?
Primeiro que tudo águas quentes sanitárias, depois climatização da casa, depois piscina, se houver, depois pequenos electrodomésticos como secagem da roupa ou de mãos. Depois, se não houver mais nenhuma necessidade e ainda exista energia essa é libertada através da abertura automática dos painéis.
E em termos de redução do consumo energético e da dependência de outras fontes fósseis é possível calcular esses ganhos?
Sim, é possível atingir até aos 90% de autonomia. Ou seja, se tivermos uma casa que gasta 1000 euros nós iremos passar a gastar 100 euros/mês.
Outro aspecto inovador e interessante é a componente estética, principalmente quando aplicado enquanto fachada?
E a ideia disto e a minha visão do futuro é converter o envelope das casas, a parte exterior, não numa parede que apenas tem como função superar o interior do exterior, mas ser também, simultaneamente, o próprio sistema de climatização. Ser o angariador de energia que a natureza nos dá gratuitamente. Acredito que todas as casas no futuro vão ter fachadas energéticas em vez de paredes ou telhados.
E também possível colocar no telhado…
Sim, até 25º graus de inclinação a partir da horizontal. Ou seja, no telhado já não consegue ter essa função de fachada porque não é possível estar totalmente deitada porque senão perde este efeito chaminé que é o que permite a ventilação e a libertação do excesso de calor.
É possível indicar qual o investimento num sistema deste género e qual o retorno?
De várias simulações que temos já feito situa-se mais ou menos nos seis anos, sete anos. Nas casas particulares, ou seja, onde não há um consumo muito intensivo de energia. No caso de ser aplicado em espaços de maiores dimensões, em edifícios de serviços ou industriais, o retorno é de cerca de dois anos. Um dos edifícios onde se pode utilizar muito esta solução e ter resultados excepcionais, por exemplo, é em tudo que sejam hotéis, que gastam uma grande quantidade de energia térmica durante todo o ano.
Que projectos têm neste momento a decorrer?
A nível doméstico temos uma habitação unifamiliar que se encontra em fase final de conclusão. Temos também dois projectos de caracter municipal, ou seja, a sede do departamento de sustentabilidade da Câmara de Lagos onde a autarquia pretende aplicação de uma fachada energética e o edifício modelo de sustentabilidade da Câmara de Arouca. Além disso estamos também envolvidos num hotel de uma cadeia internacional em Lisboa, no qual estamos a trabalhar a parte ainda de projecto com o promotor.
E o fotovoltaico faz parte da vossa estratégia?
É algo em que também já pensamos e talvez consigamos começar a produzir fotovoltaico dentro de algum tempo, isto porque agora já existem uns vidros que têm uma mistura, ou seja, um género de tinta que permite produzir energia, embora em quantidades baixas, mais para uso doméstico. Por outro lado, também pode tornar a própria fachada energética menos dependente da energia eléctrica, já que permitiria produzir pequenas quantidades de energia. O Senergy Force enquanto fachada energética apenas depende inteiramente da energia eléctrica.
O que vai mudar com a transição da directiva europeia 31/2010?
Neste momento já devíamos ter transitado para a legislação nacional a directiva europeia 31/2010. Esta directiva veio alterar completamente o paradigma da construção e da climatização e obriga a que todos os edifícios novos ou reconstruções profundas a partir de 2021 tenha que ter balanço zero, são os edifícios NZEB. Esta directiva vai entrar em discussão pública agora e deve ser promulgada a lei ainda no final deste ano ou início de 2020. Entretanto entrou um reforço desta directiva, a 844/2018, que veio aperfeiçoar e melhorar muito as coisas nomeadamente com a introdução da Gestão Técnica Centralizada (GTC) dos edifícios e que obriga a tê-los. Ou seja, eu posso ter um edifício altamente eficaz, mas se não houver uma boa gestão ele não vai funcionar. Portanto, o que esta nova directiva veio dizer, entre muitas outras coisas, é que temos de nos preocupar com o sistema de gestão e define regras de manutenção, quem supervisiona e a quem se reporta os dados. Inclusive os grandes edifícios nacionais vão ser obrigados a reportar os dados para a Direcção Geral de Energia. É uma alteração muito interessante.
Embora seja positiva estas medidas para novos edifícios e reconstruções profundas (mais de 50% do valor do imóvel), o nosso parque habitacional apresenta muitas carências a este nível…
É verdade. O nosso parque habitacional está a anos-luz. Como eu costumo dizer são caixotes de tijolo, não em termos estruturais, porque em termos de engenharia Portugal é dos melhores, mas em termos térmicos. Enquanto for obrigatório apenas para os novos edifícios ou aqueles em que o valor da renovação é mais de 50% do valor do imóvel, o parque habitacional de forma geral mais continuar a não corresponder a estas exigências. Poderá haver alguns casos em que as pessoas estejam mais atentas e queiram realmente investir nestas soluções, que não ficam assim tão dispendiosas, mas enquanto não for obrigatório não deverá haver grandes mudanças.
Outra das possibilidades do Senergy Force é ventilação natural. Como é que isto acontece?
É preciso perceber que Portugal é o único país da Europa cuja legislação não obriga à ventilação das casas particulares. O decreto lei 79/2006 aplica-se apenas aos grandes edifícios. Mas esta é uma questão muito importante porque para a saúde e bem-estar das pessoas. Por isso também conseguimos encontrar uma solução ao nível da ventilação do espaço, ou seja, aproveitando o tal efeito chaminé é possível retirar o ar de dentro da casa, abrir por cima e o ar sai para o exterior criando uma depressão dentro da casa, que é depois compensada por uma captação geotérmica, por exemplo, ou por uma parede virada a Norte onde a temperatura está mais fresca. Ou seja, arrefeço o interior do edifício sem gastar nenhuma energia e de forma completamente passiva e estou a arrefecer a fachada simultaneamente.