“Gostamos de explorar materiais e de uma arquitectura depurada”
Pedro Ferreira e Helena Vieira fundaram o Plano Humano há quase uma década. Em entrevista ao CONSTRUIR falam sobre o percurso do gabinete, os projectos mais emblemáticos e as ideias que norteiam o futuro
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Os rostos de “jovens arquitectos” podem não deixar antever um percurso que se trilha vai para dez anos e que se iniciou em plena crise financeira. Recentemente distinguidos nos American Architecture Prize, querem crescer, mas de forma moderada.
Em que circunstâncias decidiram fundar a Plano Humano?
Pedro Ferreira e Helena Vieira: O atelier oficialmente começou em 2008, como empresa, mas já em 2007 nos juntávamos para trabalhar e fazer arquitectura. Portanto estamos quase a celebrar os 10 anos de atelier. Começámos precisamente na altura em que estava instalada a crise, tínhamos acabado de sair da faculdade e trabalhávamos em vários gabinetes ao mesmo tempo e de repente começou a deixar de haver trabalho…mas a aparecerem outros mais a título pessoal. E na altura, decidimos que poderia ser interessante começarmos a fazer trabalhos em conjunto e não desistir.
Parto do princípio que o balanço destes 10 anos é positivo…
É muito positivo. O período de crise foi muito conturbado e nós sentimos muito nos dois primeiros anos, foi difícil, mas superado.
E que grandes lições retiraram desse período?
Nós sempre tivemos uma estrutura pequena – na altura eramos só os dois -, por isso também não precisávamos de muito trabalho para conseguir vingar. Por isso, mesmo no período de crise, nós conseguimos ter um desenvolvimento linear e no momento em deixámos de ter mais trabalho em Lisboa também tivemos a oportunidade de ir a Angola e conseguimos internacionalizar o gabinete. Nesse período foi um mercado muito importante, ao contrário dos dias de hoje em que não nos está a dar muito trabalho, temos algumas coisas em desenvolvimento, mas é em Portugal que estamos a trabalhar mais.
Mas vocês têm escritório em Angola?
Nós temos um sócio de capital e um escritório que partilhamos com outras empresas do grupo. A nossa presença em Angola é de angariação de trabalho, mas o mesmo é desenvolvido sobretudo aqui em Lisboa.
Durante esse período, para além da crise, que outros grandes desafios se colocaram na prática do dia-a-dia?
Um dos grandes desafios está no lidar com as entidades licenciadoras e no facto de não existir uma uniformização do procedimento. Outra dificuldade diária prende-se com a execução de obra, interpretação de desenhos, desconhecimento de soluções que propomos e outra grande dificuldade está relacionada com o facto de sermos considerados “jovens arquitectos” até aos 40 anos e por isso existe por vezes alguma descredibilização, sobretudo em Portugal. Em Angola acontece o oposto, conseguimos fazer trabalhos numa escala que seria impensável em Portugal, e as pessoas confiam e acreditam porque associam a uma visão mais moderna.
Ao longo destes anos têm desenvolvido trabalho em vários programas, contudo, existe alguma linha condutora ou linguagem própria?
Gostamos muito de explorar materiais e de uma arquitectura simples, depurada, mas que tenha alguma coisa que a caracterize ou a identifique. A madeira é um dos nossos materiais de eleição, tanto que, desde os nossos primeiros trabalhos está quase sempre presente. No entanto, é um desafio por ser um material algo controverso na aceitação.
Quais são as vossas grandes inspirações?
Nacionais, temos de referir Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto Moura, o atelier RUA Arquitectos, os ARX Portugal. E depois, a dupla Herzog & de Meuron…
Para além do mercado nacional e de Angola, que outros vos parecem apetecíveis?
Por exemplo, o francês, que foi um mercado que começámos a explorar com um conjunto de empresas e gabinetes ligados à arquitectura, mas depois acabou por não se concretizar nada. O mercado do Norte da Europeu de uma forma geral achamos interessante, porque identificamos com a nossa abordagem, com o uso da materialidade – em especial da madeira -, pelas nossas linhas.
E Concursos de ideias? Têm interesse?
É muito dispendioso e nós temos uma estrutura que embora pequena, tem de produzir para sobreviver. Já fizemos alguns, avaliamos sempre muito bem antes de entrarmos em algum, porque já tivemos alguns dissabores.
Venceram recentemente um Prémio nos “The American Architecture Prize 2017”, na categoria de Design Arquitetónic / Arquitectura institucional. Como receberam a distinção?
Para nós, foi uma alegria a Plano Humano ter recebido este prémio, com o Centro Pastoral de Moscavide.
Fizemos a candidatura e estávamos ansiosos por saber os resultados, mas tratando-se de um prémio internacional, em que a probabilidade de sermos premiados é menor, não tínhamos a fasquia muito alta. Estávamos conscientes do potencial do edifício, que poderíamos eventualmente ganhar, mas tínhamos sempre algumas reservas… Por isso a alegria foi ainda maior quando recebemos um email a congratular-nos, pois tínhamos um edifício vencedor!
Sentimos que é o resultado do trabalho de vários anos, (2011-2017), com algumas dificuldades, bastantes versões, e várias alterações. Foi um trabalho desafiante, exigente e foi sobretudo uma grande aprendizagem, o que faz deste um projecto muito especial para nós. Sentimos que também um reconhecimento adicional por todo o esforço e dedicação que sempre colocámos neste projecto.
Para continuar com essa maré de boas noticias, logo na semana a seguir ficámos a saber que fomos também nomeados para os Prémios Construir 2017, na categoria, Arquitectura: Melhor Projecto Privado.
Estávamos completamente distantes da possibilidade de sermos nomeados, e foi mais uma enorme alegria.
Já conhecíamos o Prémio e hà uns anos tínhamos estado numa das cerimónias de entrega de prémios, e agora o atelier vai estar presente como nomeado, o que para nós é extraordinário.
O projecto da nova capela do Campo Nacional de Actividades Escutistas (CNAE) em Idanha-a-Nova, é um dos vossos mais recentes trabalhos. Como é que se consegue inovar num programa que à partida será mais conservador?
É de facto um programa com muitas regras e muito simbolismo. A palavra-chave foi simplificar e o que fizemos foi aliar a nossa experiência como escuteiros a todo o cerimonial de um programa daqueles.
Também ajudou o facto de já termos feito outros trabalhos para o mesmo território e de conhecermos bem o campus – já tínhamos construído uns abrigos em madeira, já tínhamos um projecto feito para uma capela, embora numa outra localização e com outro conceito.
Na primeira abordagem pensámos que fosse uma estrutura efémera, mas depois percebemos que era uma construção para ficar. Depois disseram-nos qual era o lugar e achámos extraordinário – tinha uma orientação perfeita, alinhada com o pôr-do-sol. E foi a partir de todos estes factores que começámos a discutir ideias e correu muito bem.
Conseguem destacar alguns projectos do vosso portfólio?
Destacaríamos o Centro Pastoral de Moscavide, a Sala Polivalente perto da Capela do Campus – que passou um pouco ao lado por causa da capela -, e a Casa Cubo, que foi a primeira moradia que fizemos, em 2008.
Quais os grandes desafios de futuro?
Numa altura em que estamos prestes a fazer 10 anos, somos uma equipa com 5 arquitectos. Para os próximos 10 anos gostávamos que fossemos mais alguns, mas também não ambicionamos ser um atelier muito grande. Gostávamos de ser mais para podermos abraçar outras escalas. Gostávamos também de conseguir trabalhar mais Habitação.
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