Seixal inaugura museu de Siza para Cargaleiro
“A condição mais necessária num museu contemporâneo é a ruptura às múltiplas actividades que virão. Portanto, dentro deste programa não cabiam azulejos fixos”

Ana Rita Sevilha
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A margem sul do Tejo tem agora uma peça de arquitectura assinada por um Prémio Pritzker. Trata-se da Oficina de Artes Manuel Cargaleiro que Álvaro Siza desenhou nos jardins da Quinta da Fidalga, no Seixal.
Com 500 m2 o maior desafio, confidenciou ao CONSTRUIR Siza Vieira, foi mesmo o de encontrar o lugar ideal dentro da Quinta para o edifício, uma vez que a ideia era a de que pudesse ser incluído no percurso do jardim.
O edifício “enquadra-se bem” na sua envolvente, refere Siza, assumindo contudo que possam existir opiniões contrárias. Álvaro Siza explicou que as salas expositivas se desenvolvem em torno de um pátio e que o facto de o Museu não ter grande profundidade faz com que seja possível ser iluminado de uma forma natural através desse mesmo pátio.
O projecto expositivo, também é da autoria do arquitecto, que não quis expor os azulejos nas paredes como pinturas, tendo por isso criando umas estruturas em madeira que pontuam as salas.
Antecipando a pergunta, “como é que se desenha um museu para o Mestre Manuel Cargaleiro e no edifício não aparecem azulejos?”, Álvaro Siza explicou que “a condição mais necessária num museu contemporâneo é a ruptura às múltiplas actividades que virão. Portanto, dentro deste programa não cabiam azulejos fixos”.
Amigos de longa data, Siza Vieira e Manuel Cargaleiro mostraram-se satisfeitos e orgulhosos desta “parceria” que ambiciona ser a sede de um centro de formação profissional, principalmente dedicado à cerâmica, ao projecto de azulejos para arquitectura e à marcenaria.
Manuel Cargaleiro classificou o edifício de “monumental”, ainda que pequeno em metros quadrados e deixou o desejo de que “as pessoas que o visitarem saibam compreender a sua beleza”.
Segundo explicou o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos, ao CONSTRUIR, a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro é o ponto de partida e a montra principal de um projecto pensado para toda a Quinta que inclui a criação de ateliers e espaços oficinais. De acordo com Joaquim Santos, este é também o momento de colocar o Seixal na rota do Turismo Cultural e de Arquitectura.
A Oficina de Artes Manuel Cargaleiro abre com a exposição “A Essência da Forma”, que reúne trabalhos de Manuel Cargaleiro e trabalhos em azulejo de Siza Vieira, revelando um lado menos conhecido do arquitecto e que terão neste espaço um lugar de destaque.
O projecto
A obra “caracteriza-se por uma articulação harmoniosa entre os diferentes elementos arquitectónicos e os espaços envolventes”, diz a Câmara Municipal do Seixal. Desenvolvendo-se numa única planta, a volumetria quebrada do edifício pretende criar uma sequência de espaços interiores e exteriores que caracterizam a Oficina de Artes. A articulação dos espaços expositivos em “S” permite a eventual subdivisão por painéis desmontáveis. A iluminação natural e controlável destes espaços é garantida por envidraçados sobre o jardim. A iluminação artificial é feita por sancas ou tectos luminosos, de modo a permitir as condições ideais para cada tipo de utilização.
A Oficina
A Oficina assumirá uma vertente pedagógica, através de exposições temáticas, de conferências e de publicações. E terá também assegurada a componente de divulgação, com loja para venda de produtos associados às temáticas das exposições e de investigação, que serão também funções deste equipamento. Também a componente experimental ocupará uma função fundamental na Oficina, através da instalação de oficinas de cerâmica e marcenaria, que se constituirão como espaços de formação e aprendizagem, de criatividade e de restauro.