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    Eduardo Souto de Moura, Sergio Fernandez, Teresa Calix, Ana Sofia Silva e Carlos Machado juntos em apresentação de livro na FAUP

    “Anonimato e Banalidade, Arquitectura Popular e Arquitectura Erudita na Segunda Metade do Século XX em Portugal”, corresponde à tese de Doutoramento de Carlos Machado, apresentado esta 4ª feira, às 18h30, no Auditório Fernando Távora

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    Eduardo Souto de Moura, Sergio Fernandez, Teresa Calix, Ana Sofia Silva e Carlos Machado juntos em apresentação de livro na FAUP

    “Anonimato e Banalidade, Arquitectura Popular e Arquitectura Erudita na Segunda Metade do Século XX em Portugal”, corresponde à tese de Doutoramento de Carlos Machado, apresentado esta 4ª feira, às 18h30, no Auditório Fernando Távora

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    Eduardo Souto de Moura, Sergio Fernandez, Teresa Calix, Ana Sofia Silva e Carlos Machado são os convidados para apresentar o novo livro ‘Anonimato e Banalidade, Arquitectura Popular e Arquitectura Erudita na Segunda Metade do Século XX em Portugal’.  Da autoria de Carlos Machado, arquitecto, professor e investigador da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), o evento terá lugar esta quarta-feira, dia 30 de Março, às 18h30, no Auditório Fernando Távora.

    Editado pela FAUPpublicações, o livro corresponde, no essencial, à Tese de Doutoramento de Carlos Machado apresentada na FAUP, com o mesmo título, orientada pelos professores Carlos Martí Arís (1948-2020) e Sergio Fernandez.

    Nas palavras de Carlos Martí Arís, o autor aborda “um tema complexo e essencial”, ainda que “hoje bastante desconsiderado, inclusive ignorado, a saber: o estudo daqueles elementos que fazem da arquitectura uma arte colectiva que, para lá da sua dimensão pessoal, se transmite no decorrer do tempo e se desenvolve segundo uma tradição viva e continuamente renovada”.

    Através do livro, o autor aplica este conceito de tradição à arquitectura portuguesa da segunda metade do século XX e analisa como casos exemplares o Mercado Municipal de Vila da Feira (1953-59), de Fernando Távora; Conjunto Habitacional da Bouça, SAAL (1973-77), de Álvaro Siza; Pólo da Mitra – Universidade de Évora (1990-96), de Vítor Figueiredo; e Casas-pátio em Matosinhos e na Senhora da Hora (1993-98 e 1995), de Eduardo Souto de Moura.

    Carlos Machado concluiu o curso de Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes do Porto em 1987 e o Doutoramento em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em 2006, com uma tese dedicada à Arquitectura Portuguesa Contemporânea. É docente da FAUP desde 1988. Desenvolve projectos de arquitectura como profissional liberal a partir de 1983 e foi colaborador no escritório do arquitecto Eduardo Souto de Moura em 1990/91.

    Participou em congressos e ciclos de conferências sobre arquitectura e fotografia de arquitectura. Foi um dos organizadores do Ciclo de Conferências Discursos de Arquitectura realizado na ESPAP em 1990/1. Publicou artigos sobre arquitectura e ensino da arquitectura em revistas, catálogos e monografias nacionais e internacionais. Enquanto Professor Auxiliar lecciona as Unidades Curriculares “História da Arquitectura Contemporânea” (MIArq) e “Teoria da Arquitectura Contemporânea” (PDA) na FAUP, instituição na qual desenvolve actividade como investigador.

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    Os desafios da reabilitação urbana

    É na reabilitação urbana que assenta muito do trabalho desenvolvido pelo atelier Posto 9, fundado pelos arquitectos Joana Castanheira e André Ferreira há já duas décadas. Em conversa com o CONSTRUIR, passaram em revista alguns dos projectos em curso e reflectiram sobre os desafios que os mesmos colocam, sobre o conhecimento profundo da legislação urbanística que quem se aventura na reabilitação urbana em Lisboa precisa ter e sobre os indícios históricos que é preciso preservar

    O atelier Posto 9 nasceu em 2002. Actualmente o gabinete fundado pelos arquitectos Joana Castanheiro e André Ferreira tem em mãos mais de duas dezenas de projectos, a maioria de reabilitação, uma área que apaixona os arquitectos pelos desafios intricados que coloca. Numa conversa franca com o CONSTRUIR falaram da dedicação com que abordam cada trabalha. “Acreditamos numa arquitectura simples e intemporal, capaz de adicional valor e qualidade de vida aos seus utilizadores. Ao projectar procuramos soluções que correspondam aos objectivos dos nossos clientes, sem comprometer a natureza de cada espaço”.

    Fundaram este atelier em 2002. Mais de duas décadas, depois este ainda é um desafio?
    Joana Castanheira (JC): É um desafio, em Lisboa, em Portugal, gerir e manter um atelier
    Uma das grandes dificuldades reside no facto de não haver um vínculo definitivo com os promotores, o que faz com que a determinada altura do processo este possa desistir e avançar ou ficar por ali, ou porque vendeu, ou por uma razão qualquer. E isso em termos de planeamento no atelier, em termos de equipa, é bastante difícil de gerir. Creio que este é um dos desafios principais. E depois há a questão de termos apoio da Ordem dos Arquitectos, da Câmara… A nossa disciplina acaba por ter muito pouco apoio, muito pouco sustento.

    André Ferreira (AF): Sentimos isso na pele, ao longo destes anos. Diria que só quando começamos a acumular alguma experiência e a ter alguns clientes continuados, é que essas oscilações do mercado deixaram de ter menos impacto

    JC: Uma grandes apostas do atelier foi essa fidelização com os clientes. Para a qual foi decisiva o conhecimento que temos sobre a legislação, uma área em que a nossa disciplina é mesmo exigente. Temos uma legislação urbanística bastante extensa e, dependente da zona da cidade, bastante complexa. Depois, a forma como acompanhamos de uma forma muito pessoal os processos nas câmaras, especialmente a Câmara de Lisboa, que é extremamente difícil, transmitiu confiança e os clientes foram-se mantendo connosco. Eles sabem que quando nos entregam os projectos não os largamos até as coisas irem a bom porto.

    E isso não sempre é certo. O que pode dificultar o processo de aprovação de um projecto?
    JC: A abordagem ao projecto pode ser feita de várias formas. Mais fácil para ser mais rapidamente realizado. Ou mais difícil, mas que nos permite ganhar mais em termos de áreas, em termos de soluções, e é uma luta muito maior com a Câmara. E nós normalmente vamos sempre para a segunda opção, que é a mais difícil. Traz mais desafios, mas resulta num melhor projecto.

    Não existe aqui um compromisso entre o que a legislação permite e o que é possível?
    JC: O que acontece é que a legislação muitas vezes, não sendo muito complexa, não é absolutamente clara para todos os exemplos, para todos os projectos. Isso obriga-nos a fazer uma pesquisa exaustiva nos arquivos municipais da Câmara, fazemos quase que um histórico todo, bem consolidado, e depois reforçamos com muitos exemplos, para conseguir provar à Câmara que a nossa abordagem está certa.
    Mas isto exige um trabalho no terreno bastante exigente. Às vezes, com maior sucesso do que outras vezes. Isto para responder à sua pergunta: não, muitas vezes, em quase nenhum projecto destes nas zonas históricas, temos uma resposta clara da legislação que sim ou não. Não existe isto. Há formas de interpretar. Até a própria Câmara, diz sistematicamente “a nossa interpretação interna”, que é uma frase típica deles, “não está vinculada a nenhum regulamento, a nenhuma lei em específico”. Precisamente porque há essas lacunas, há essas situações não previstas na legislação. Nós escodamo-nos na legislação, mas tentamos sempre fazer uma interpretação que melhora consideravelmente o projecto e que também sirva aos interesses do promotor.

    AF: É algo que gostamos de fazer, que beneficia o promotor e tem contribuído para o crescimento exponencial do atelier e do trabalho que desenvolvemos.

    Que projectos passam habitualmente pelo atelier?
    JC: Habitação e educação, diria que são duas componentes fortes do atelier. Projectos privados de reabilitação urbana.

    E, por certo, muito investimento estrangeiro. Esta procura internacional foi essencial para a recuperação de Lisboa?
    JC: Sim, a maior parte dos nossos clientes são estrangeiros. Franceses, ingleses, e, lá está, outra característica que nos fez também destacar um bocadinho em relação aos clientes estrangeiros, é o facto de conseguimos sempre cumprir prazos. Nisso somos muito rigorosos, porque acho que é fundamental os arquitectos serem vistos também com esse rigor, porque a nossa profissão é muitíssimo exigente. E não faz sentido falharmos no cumprimento de um prazo.

    Prazos que agora o Simplex veio acelerar. Que impacto terá esta nova legislação nos projectos, do vosso ponto de vista?
    AF: O Simplex traz inúmeros desafios, desde logo a questão da responsabilidade sobre o projectista, Mas acho que ainda é cedo para percebermos o que daqui vai resultar. Existem sempre as dores de crescimento há ajustes que naturalmente terão que ser feitos mas
    a nossa expectativa é que haja uma melhoria gradual e que os processos sejam acelerados. A nossa impressão é, por isso, positiva.

    A revolução do sector chegou ao atelier

    Todo o sector AEC está a passar por uma ‘revolução’ seja por força da digitalização seja impulsionada pela sustentabilidade e pelo surgimento de novos produtos e soluções. Como é que esta realidade impacta a reabilitação e o vosso trabalho aqui no atelier?
    JC: Acompanhamos fóruns, feiras, etc.. para conseguirmos estar actualizados. E depois temos parceiros, engenheiros e equipas com quem trabalhamos.
    AF: E, internamente, também nos estamos a adaptar. Ainda não trabalhamos em BIM, temos nos apoiado nos nossos parceiros, mas vamos fazer também esta transição ainda este ano. Tem de ser feito e faz todo o sentido.
    Ao nível dos projectos estamos sempre a testar soluções, diferentes sistemas construtivos. Mas sim isto é tudo muito recente. Tentamos perceber as potencialidades e as vantagens dos diferentes materiais e de que forma podemos tirar partido disso. Por exemplo, estamos agora com um projecto que é a reabilitação campus da Universidade Lusófona, no Campo Grande. É uma área bastante grande, que envolve uma série de diferentes edifícios e é um projecto de transformação bastante grande que pretende construir uma imagem nova do Campus a nível urbanístico o que irá envolver a demolição de alguns edifícios existentes e a sua substituição por construção nova, nuns casos. Outros serão reabilitados… é de facto um projecto muito grande.

    Qual o valor do investimento neste projecto? Haverá um aumento da capacidade da Universidade?
    AF: São mais de 50M€ de investimento. O Campus da Lusófona será sede da FilmEU, [Universidade Europeia de Cinema e Artes dos Media que reúne quatro instituições de ensino superior: Universidade Lusófona (Lisboa, Portugal); Baltic Film, Media and Arts School (Tallinn, Estonia); LUCA School of Arts (Bruxelas, Bélgica); e IADT Dún Laoghaire Institute of Art Design and Technology (Dublin, Irlanda)], mais do que aumentar a capacidade o objectivo é o de transformar os vários para receber as novas valências, melhores equipamentos, melhores salas de aula…

    JC: O edifício principal era originalmente uma fábrica de lanifícios no século XIX, que depois foi adaptado para o quartel e depois para universidade e, por isso, precisa também de uma intervenção.

    AF: Ainda estamos em fase de projecto, o objectivo é que a intervenção seja feita ao longo dos próximos cinco anos. Para isso, os novos edifícios serão em construção modular, à partida com base no sistema CREE. Um sistema pré-fabricado, mas que ainda nos dá alguma margem para o podermos “moldar” e adaptar à nova imagem.

    A paixão pela reabilitação urbana

    O que é que vos apaixona por esta área da reabilitação?
    JC: Também fazemos construção nova, mas creio que a reabilitação representa um desafio muito maior. E posso dar-lhe como exemplo o projecto do Terreiro do Trigo (ver caixa), que na realidade são dois edifícios em Alfama que na sua origem estiveram unidos de forma quase que orgânica e o exercício que se teve de fazer para conseguir cumprir a legislação em vigor e, ao mesmo tempo, manter essa orgânica que foi estabelecida ao longo destes últimos séculos. É quase um jogo, não é? Como é que vamos conseguir dar resposta a uma coisa tão complexa, ainda por cima nesta área da reabilitação? E depois temos a reinterpretação das coisas, por exemplo, nesse edifício do Terreiro do Trigo, encontrámos umas pinturas existentes que, por acaso, estavam tapadas com tinta, conseguimos recuperá-las, eram uns desenhos bucólicos lindíssimos. E o que fizemos foi recolocá-las, mas dar-lhes uma atmosfera um bocadinho mais contemporânea. Porque também não ficamos agarrados só ao histórico. Assim, como com os azulejos que encontrámos, vamos recolocá-los, embora não tendo composição completa. Vamos colocá-los com umas propostas que não são as mesmas.
    As coisas que vamos encontrando dão-nos as pistas para o que fazer a seguir, o que difere da obra nova, que é mais uma folha em branco, completamente livre, não tenho nenhum pressuposto. Na reabilitação estamos sempre a tropeçar nos pressupostos.

    AF: Estou a lembrar-me também de um outro projecto que temos, que foi agora aprovado na arquitectura, está na fase das especialidades, que é a adaptação do Palácio do Vimioso, no Campo Grande para o Instituto Politécnico da Lusofonia (IPLUSO). O edifício estava muito alterado, muito (mal) adaptado e subaproveitado. O nosso objectivo foi, no fundo, “limpar” e tentar perceber a parte mais original. E então, vamos começando a “descascar”. O edifício já era um edifício escolar a intenção é a de passar de uma escala mais doméstica, para uma escala mais institucional.

    As décadas de construção ilegal é um problema comum na reabilitação em Lisboa?
    JC: Sim, e depois há esse trabalho junto com a Câmara de perceber essas sobreposições todas. Acontece-nos imenso. Todos estes edifícios históricos onde intervimos nenhum estava igual ao que tinha sido originalmente aprovado na Câmara. É como que um quebra-cabeças. Esse deslindar do que é que é legal, do que é que é original, de origem, do que é que a Câmara aprova, essa sobreposição é bastante difícil, mas faz-se

    Que materiais são privilegiados numa reabilitação?
    JC: As soluções podem ser muito diversificadas e estamos sempre à procura de novidades, projecto a projecto. Mas há algumas repetições, como o reboco à base de cal, as argamassas que têm uma aparência mais manchada, o uso de materiais mais ‘puros” como madeiras e pedras, para manter esta relação histórica com o edifício. Mas depende muito de projecto para projecto. Há aqueles em que não nos sentimos tão condicionais pelo valor histórico e nos permitimos introduzir outro tipo de materiais.

    Têm em mãos a intervenção no complexo as antigas piscinas do Belenenses que será transformado numa escola, o Discovery Center, da British School of Lisbon. Este é um projecto sem essa componente histórica, mas que reabilita o complexo existente. É assim?
    AF: O antigo conjunto olímpico de piscinas é uma construção dos anos 80, em betão armado, que funcionou até há 10 ou 15 anos atrás e que está devoluto. O complexo é composto por um edifício semicircular de três pisos à frente, onde ainda funcionavam até recentemente alguns gabinetes, e depois o edifício das piscinas que está completamente devoluto. A opção de reabilitar esteve sempre em cima da mesa pela velocidade de construção e também pela contenção de custos. A adaptação do edifício das piscinas foi o mais desafiante, pelo novo uso e dada a existência dos tanques. Houve uma ideia inicial de baixar a cota da piscina para servir para nivelar cotas com o edifício, o que acabou por não acontecer porque o terreno é muito rochoso e os custos de escavação eram altíssimos. Acabou por ficar um bocadinho a meio termo. O tanque da grande piscina vai ser um espaço de recreio, com uma bancada grande que será um espaço exterior para os grandes eventos da escola. Uma parte do edifício terá que ser demolida porque a estrutura está em colapso, mas a ideia é precisamente essa: adaptar o que existe e transformá-lo para o novo uso.

    JC: O grande desafio foi não só funcional, mas também o de construir uma imagem global, porque é um edifício muito pós-moderno, com uns vãos muito característicos exteriores. Mesmo a sua posição no terreno, não estava paralela a nada… Foi um projecto que teve também participação do Património, porque o edifício, não sendo classificado, está em zona de protecção da Capela dos Jerónimos, e das duas capelas que ali estão, e por isso houve, muito debate com a equipa do Património.

    Quando é que as obras irão arrancar?
    O projecto está em fase final de aprovação na Câmara e a intenção é arrancar com as obras em Junho.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Porto abre concurso para obra da Biblioteca Municipal

    Com um preço base de 26,5 M€, as propostas devem ser apresentadas até ao dia 28 de Junho. Prevê-se que a obra esteja concluída em Dezembro de 2027

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    A Câmara do Porto já abriu o concurso limitado por prévia qualificação, com publicidade internacional, para a empreitada que vai concretizar a requalificação e ampliação da Biblioteca Pública Municipal (BPMP). Com um preço base de 26,5 milhões de euros, as propostas devem ser apresentadas até ao dia 28 de Junho.

    A área total de intervenção ultrapassa os 15 mil metros quadrados, com 7.700 referentes às novas construções e 7.680 à requalificação do edifício existente.

    O concurso fixa um prazo máximo de 1.095 dias para execução da obra, com previsão de conclusão em Dezembro de 2027.

    Com gestão a cargo da empresa municipal GO Porto, a intervenção irá assegurar a manutenção da identidade de um edifício e de uma instituição com um elevado interesse arquitectónico e cujo projecto tem a assinatura de Souto Moura

    O edifício centenário, datado do século XVIII, será requalificado para resolver o “défice de espaço” para o arquivo de livros e de outros espólios.

    Entre as novas valências que as obras na BPMP possibilitarão, destaca-se a criação de uma Biblioteca Sonora, de novos espaços de vertente cultural de carácter expositivo e de espaços exteriores ajardinados.

    A intervenção visa, também, criar o circuito do livro e o circuito do leitor, a fim de melhor atender o público que têm crescido ao longo dos anos.

    Quanto à ampliação, serão construídos um novo edifício e uma cave logística, o que resultará num aumento da actual dimensão da Biblioteca.

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    Vila Galé Isla Canela pretende “contrariar sazonalidade” e atrair novos mercados

    Para diversificar, o Vila Galé pretende tirar partido dos seus variados espaços para famílias, eventos e conferências, mas também tirar partido dos campos de golfe existentes na zona para reforçar este mercado em Isla Canela

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    É na Costa de la Luz, em Huelva, que o Grupo Vila Galé acaba de inaugurar o seu primeiro hotel em Espanha, numa cerimónia que contou com mais de 400 convidados. Com acesso directo à praia, o Vila Galé Isla Canela instalou-se num edifício com arquitectura e decoração de influência árabe, que conta com 300 quartos com varanda, duas piscinas, dois restaurantes, três bares, um Satsanga Spa & Wellness com piscina interior, Clube Nep para crianças, salas de eventos e lojas.

    Enquanto destino de Verão, Isla Canela tem uma sazonalidade muito marcada, com as unidades hoteleiras a funcionarem apenas seis meses no ano. Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo Vila Galé, avança que pretende “encontrar formas de contrariar essa sazonalidade e atrair novos públicos que não venham apenas para a praia”.

    Foi a pensar nisso que a aposta recaiu na reformulação de vários espaços adequados a eventos, conferências e actividades para crianças. Há, ainda, uma intenção de reforçar a aposta cultural e o destino de golfe em parceria com outras unidades hoteleiras já instaladas na mesma zona e as autoridades municipais.

    “Há semelhança do que se faz no Algarve que tem turistas o ano todo, também queremos fazer algo semelhante aqui. Existem dois campos de golfe relativamente perto, pelo que gostaria de promover o destino junto desse nicho. Esta é uma das ideias. Mas também fomentar parcerias com entidades culturais para que consigamos criar uma dinâmica para grupos ou eventos. E depois temos a componente de saúde e beleza também”, reforça.

    A renovação total das áreas públicas, a cargo do proprietário do imóvel, manteve as referências árabes que caracterizam o hotel, numa homenagem à Andaluzia, ainda que com caracteristicas “menos pesadas” e mais “clean”. O Grupo vai ainda investir cerca de sete milhões de euros na renovação dos quartos e da piscina exterior.

    Espanha era um “sonho antigo”, mas que nunca tinham conseguido concretizar. “Agora que o concretizámos, e que está dado o primeiro passo, o objectivo é continuar a crescer aqui”, sublinha o presidente da Vila Galé.

    Não só Espanha é um destino muito importante do turismo mundial, mas também para a Vila Galé porque nos vai permitir “reforçar a captação de turistas neste novo mercado e também levar mais turismo espanhol para Portugal”.

    Ainda sem projectos em concreto, a intenção passa chegar até Sevilha e, depois, entrar em Madrid.

    Entretanto, Ribeiro de Almeida confirmou cinco novas aberturas em Portugal (Miranda do Douro, Penacova, Golegã, Ponte de Lima e mais um em Elvas) e mais dois no Brasil, em Ouro Preto e Ceará.

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    Fercopor arranca com Serenity e anuncia novo projecto para Vilamoura

    Está lançada a primeira pedra do projecto que fará surgir um condomínio privado com 53 habitações de luxo, junto à Marina de Vilamoura. A construção do Serenity inicia no momento em que a promotora imobiliária Fercopor se prepara para lançar um novo projecto nesta localização

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    Um projecto em início de construção e, em Julho, um segundo a iniciar a comercialização. Os avanços da Fercopor em Vilamoura comprovam a aposta da promotora imobiliária nesta localização, onde será feito um investimento global de 100 milhões de euros, no conjunto dos dois empreendimentos.

    “Tendo já um histórico e experiência consolidados no segmento da habitação de luxo a Norte, foi natural para a Fercopor querer investir também no Algarve. Ambicionávamos chegar a novas geografias e alcançar novos mercados, nomeadamente, internacionais. Esses objectivos não só estão a ser concretizados como vão sair reforçados com o novo projecto”, explica Mário Almeida, administrador da Fercopor.

    Para já, a começar o processo de construção está o projecto Serenity. Localizado na Rua das Pimenteiras, próximo da Marina de Vilamoura e de campos de golfe, este condomínio privado de luxo conta com dois edifícios, num total de 53 apartamentos que vão de T0 a T4 Penthouse.

    Assinado pelo Atelier Saraiva + Associados, o Serenity tem áreas acima da média, com interiores até 246 m2 e exteriores até 306 m2. O empreendimento conta ainda com piscina e jardim exterior, piscina interior aquecida, ginásio, sala de massagem e sala de convívio para usufruto de todos os futuros moradores.

    A construção do projecto está a cargo da TPS – Teixeira, Pinto & Soares, empresa de engenharia e construção civil que conta com mais de 27 anos de experiência e um vasto portfólio de obras públicas e privadas.

    “Tanto junto do público nacional como internacional, sentimos um grande interesse no Algarve e, em particular, em Vilamoura. A localização privilegiada e o estilo de vida muito dinâmico, mas também muito próximo da natureza são fatores distintivos”, avança o administrador da Fercopor.

    “O prestígio da localização faz-nos avançar com confiança para o novo projecto em Vilamoura, que irá igualmente representar o que, para nós, melhor distingue os projectos da Fercopor: uma localização de excelência, com uma entrega irrepreensível, desde a arquitectura à construção e acabamentos”, acrescenta Mário Almeida.

    Com mais de 40 anos de experiência, a Fercopor está ainda a preparar novos lançamentos noutras regiões do país: Porto e Vila do Conde, onde conta já com vários projectos concluídos e em construção, e ainda Lisboa.

     

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    Preços no mercado residencial de luxo tem crescimento médio de 4.1%

    De acordo com o Knight Frank Prime Global Cities Index, que analisou um total de 44 mercados, Lisboa incluída, esta é a taxa de crescimento mais forte desde o terceiro trimestre de 2022

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    O crescimento médio anual dos preços da habitação no segmento de luxo aumentou 4,1% nos 12 meses até Março de 2024, um valor acima do aumento de 3,2% registado no último trimestre de 2023. De acordo com o Knight Frank Prime Global Cities Index, que analisou um total de 44 mercados, Lisboa incluída, esta é a taxa de crescimento mais forte desde o terceiro trimestre de 2022.

    Numa base trimestral, o crescimento dos preços também mostrou sinais de fortalecimento, com um aumento de 1,1% no primeiro trimestre de 2024, acima do crescimento de 0,3% no último trimestre do ano passado.

    Considerando os 44 mercados analisados a propósito deste relatório, a equipa de research da Knight Frank destaca que 78% estão a registar um crescimento anual dos preços, enquanto 19% assinalam descidas. Assim, o ritmo de descida de preços abrandou: se há um ano, no primeiro trimestre de 2023, nove mercados registavam quedas anuais de preços de mais de 5%, no primeiro trimestre deste ano apenas um mercado, Frankfurt, mostra um comportamento semelhante (-6,9%).

    No top da tabela, que tem em conta os 44 mercados já mencionados, está Manila, com 26,2% de crescimento anual. Segue-se Tóquio com 12,5% e Mumbai com 11,5% na segunda e terceira posição, respetivamente. A completar o top 5: Perth (11,1%) e Deli (10,5%).  As cidades indianas estão com um forte crescimento, com os dados do relatório a confirmarem também a resiliência dos principais mercados australianos.

    A capital portuguesa figura na 28ª posição dos 44 mercados analisados pela Knight Frank através do seu Prime Global Cities Index. Lisboa regista um crescimento anual de 1,8%, de 0,9% a seis meses e de 0,4% a três meses, à frente de cidades como Paris, Viena, Genebra, Londres ou o principado do Mónaco.

    Francisco Quintela, CEO da Quintela e Penalva, parceira em Portugal da Knight Frank, desde 2021, afirma que “estes dados mostram que o mercado nacional tem sido muito resiliente e continua a estar na mira dos investidores internacionais, o que é muito positivo para o setor e para a dinâmica da economia nacional”.

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    AEP e ACP apelam para que Aeroporto Francisco Sá Carneiro não fique esquecido

    Em comunicado conjunto as duas associações “congratulam a decisão do Governo” sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, mas apelam para a realização de obras de ampliação e melhoramento do Aeroporto Francisco Sá Carneiro

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    A Associação Empresarial de Portugal e a Associação Comercial do Porto consideram que as infraestruturas de conectividade com o exterior, como os aeroportos, as ligações ferroviárias e rodoferroviárias, assumem um papel fundamental para o processo de internacionalização da economia portuguesa (por forma a atingir a meta da intensidade exportadora para, pelo menos, 60% do PIB até 2030, aproximando Portugal de países europeus de dimensão semelhante) e, consequentemente, para o crescimento e desenvolvimento económico do país.

    As duas associações congratulam o Governo português pela decisão de avançar com uma solução para ultrapassar os constrangimentos da infraestrutura aeroportuária da capital, mas apelam ao Governo “para não ignorar a importância estratégica que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro tem para o país, servindo em particular as regiões portuguesas mais industrializadas, fortemente exportadoras e que geram excedentes na sua balança comercial, bem como a euro-região do Norte de Portugal e Galiza”.

    Em comunicado conjunto, a AEP e a ACP defendem que “o Governo deve reavaliar, em termos estratégicos, o importante papel do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que tem ainda um potencial de crescimento por custos mínimos, e avançar de imediato com os investimentos que, por diversas vezes, a AEP e a ACP sinalizaram, juntamente com outras entidades, públicas e privadas, nomeadamente no âmbito do Grupo de Trabalho para a Conectividade Aérea da Região Norte”.

    “O investimento em obras de ajustamento necessário, ampliação e melhoramento desta importante infraestrutura aeroportuária, que é o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, é fundamental, por forma a desempenhar um papel mais relevante nas ligações de Portugal com o mundo.

    Este é um investimento claramente reprodutivo e multiplicador do crescimento económico, assumindo um caráter ainda mais premente e de complementaridade, ao permitir aumentar a capacidade de resposta do país durante o período de construção do novo aeroporto, que o Aeroporto Humberto Delgado não permite assegurar, tendo em conta a saturação da sua capacidade de resposta à crescente procura.”

    Assim, “para a AEP e a ACP, está na altura de se avançar com uma reavaliação do potencial de complementaridade do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, tendo em conta a sua disponibilidade, com alguns ajustamentos já equacionados e projectados”.

     

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    NBS Summit com descarbonização do sector imobiliário na agenda

    O tema servirá de mote à intervenção de Francisco Rocha Antunes, presidente da gestora de cooperativas de habitação, MOME, que irá abordar nature-based solutions no modelo cooperativo

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    A MOME, a empresa gestora de cooperativas de habitação vai marcar presença na NBS Summit para dar a conhecer a importância da descarbonização do sector imobiliário. O evento, que decorre nos dias 23 e 24 de maio, na Super Bock Arena, no Porto, irá reunir especialistas, investigadores e profissionais de diversos sectores com o objectivo de debater o papel das nature-based solutions (soluções baseadas na natureza) no desenvolvimento urbano sustentável.
    Francisco Rocha Antunes, fundador e presidente da MOME participa no painel “Building Sustainable Cities”. O especialista dará a conhecer a gestora profissional de cooperativas de habitação, assim como os eixos de sustentabilidade, intrinsecamente ligados aos projectos da empresa.

    Francisco Rocha Antunes

    Actualmente, a MOME conta com dois empreendimentos de habitação de carácter cooperativo, Pedras.coop, em Lavadores, Vila Nova de Gaia, e o Hera.coop, no Carvalhido, Porto, que representam um investimento cooperativo conjunto de cerca de 40 milhões de euros. Num horizonte de cinco anos, a MOME pretende construir cerca de 1.500 novas casas, dinamizando entre quatro e cinco novas cooperativas por ano a partir de 2024, num total de investimento cooperativo de 700 milhões de euros.

    A sustentabilidade assume um estatuto imperativo nos projectos da MOME, os quais privilegiam a utilização de métodos modernos de construção, como a construção off-site e o uso de materiais sustentáveis, e a implementação de práticas e princípios ESG em todas as fases do processo. Na sua intervenção Francisco Rocha Antunes abordará o modelo cooperativo e a construção sustentável de habitação a preço de custo. O foco estará na implementação de nature based solutions (soluções com base na natureza) capaz de materializar benefícios na eficiência dos imóveis e no bem-estar da comunidade a quem servem, gerando um impacto positivo na comunidade e no planeta.

    A MOME é membro do Urban Land Institute Portugal, do BCSD, Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, e subscreveu o Pacto do Porto para o Clima. É igualmente membro da ANCV (Associação Nacional das Coberturas Verdes) e da APEE (Associação Portuguesa de Ética Empresarial).

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    APIMA Internacionaliza “Portugal Home Week” para a Coreia do Sul

    Em 2023, as exportações do cluster do mobiliário e afins cresceram 10%, atingindo o melhor resultado de sempre, superando a fasquia dos dois mil milhões de euros em vendas ao exterior. Os números traduzem uma estratégia de aposta na qualidade e no design da indústria portuguesa e de conquista de mercados exteriores. A Europa ainda concentra o grosso das vendas, mas a indústria pisca os olhos aos EUA e à Ásia. Em entrevista ao CONSTRUIR Gualter Morgado, director executivo da APIMA fala sobre o percurso do sector e as apostas que foram sendo feitas 

    A indústria portuguesa do mobiliário e afins vai bem e recomenda-se. A aposta na qualidade e no design português tem conquistado mercados e colocado as marcas portugueses em concorrência directa com as principais marcas europeias. “Os italianos levam-nos um avanço de mais de 30 anos, mas nós não vamos precisar de 30 anos para estar ao lado deles, certamente, porque estamos a evoluir muito mais rapidamente. O caminho está a ser feito”, considera Gualter Morgado, director executivo da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA). Com 90% das vendas concentradas no mercado exterior, a indústria pauta-se por estar presente nas principais feiras internacionais, que ainda são o principal veículo de entrada em novos mercados. Para além das marcas, a APIMA prepara-se para internacionalizar o conceito “Portugal Home Week”. Já com três edições, o evento internacional, exclusivo para profissionais e abrangendo todas as indústrias de mobiliário e afins ligadas à Fileira Casa Portuguesa, irá realizar-se na Coreia do Sul em 2025

    As vendas da indústria do mobiliário portuguesa voltaram a bater recordes em 2023. Foi assim?

    Em 2023 atingimos os 2,2 mil milhões de euros de exportações, valor que foi, até ao momento, um recorde absoluto, com um crescimento de 10% relativamente ao ano anterior. Sendo que corresponde praticamente ao mesmo crescimento registado no, até agora, melhor ano de sempre, que foi em 2019, pré-pandemia. Além de uma recuperação, foi uma superação relativamente aos números anteriores.

    Este crescimento foi em linha em todos os mercados?

    Não. Houve mercados que tiveram um crescimento adicional. Por exemplo, o mercado francês, que atravessa uma recessão, mesmo assim, crescemos quase 8%. No mercado espanhol, que atravessa também um período conturbado, crescemos 14% e na Alemanha, tivemos um crescimento extraordinário de 26%, sendo o nosso terceiro melhor mercado.

    O que ditou este crescimento?

    Diferentes razões. Por exemplo, França vai receber este ano os Jogos Olímpicos, o que fez com que a quebra do mercado doméstico fosse compensada, em parte, com o crescimento dos contratos para o sector da hotelaria e restauração, que aproveitando o evento, entrou numa onda de renovações e remodelações. Mas é verdade estamos em contraciclo em alguns mercados que vivem algumas dificuldades económicas. Contudo, não vendemos um produto de baixa qualidade, mas sim de média e alta qualidade e, como tal, quem compra o nosso produto são pessoas com poder de compra e, por isso, menos afectadas pela crise.

    Por outro lado, o facto de se baixarem os volumes de encomendas, alguns mercados internacionais deixam de ser competitivos e a procura é canalizada para mercados onde é possível encomendar séries mais pequenas, como é o caso do mercado nacional.

    No geral diria que, tirando o mercado norte americano, continua a haver uma concentração muito grande das vendas do sector na Europa, e esse facto deve-se à qualidade do nosso produto e ao

    desenvolvimento das marcas portuguesas. O “made in Portugal”, gera um valor acrescentado que, antes, não tínhamos. Até há seis ou sete anos atrás o “made in Portugal” tirava valor, neste momento acrescenta valor.

    Este crescimento no volume de negócio tem sido acompanhado pelo surgimento de novas empresas, novos players? Ou pelo reforço das marcas já existentes?

    Temos as várias situações. Temo micro e pequenas empresas com projectos novos que se estão a lançar com ideias originais, com muito trabalho ligado ao design, por um lado, e outras empresas muito ligadas ao aproveitamento das artes tradicionais portuguesas que, devido àquilo que temos de exclusivo e único enquanto país, são integrados no mobiliário. Como por exemplo, técnicas do azulejo ou técnicas de vidro, ou seja, vários componentes. Também o têxtil, onde somos fortes há muitos anos, começa a ter esta integração principalmente na área do estofo. O estofo tem crescido de uma forma extraordinária ao longo dos anos, acompanhando as alterações na forma como vivemos e o que privilegiamos nas nossas casas. E a indústria tem que se adaptar àquilo que as pessoas necessitam e àquilo que elas procuram.

    Este tecido empresarial é composto por quantas empresas?

    Nós estamos a falar, no mobiliário são cerca de 1800 empresas, desde a mais pequenina às maiores. Grandes empresas só temos 5 empresas, mas voltando um bocadinho atrás, este crescimento tem a ver com as novas empresas, que mal contam para os números, mas aquilo que está a acontecer é que as pequenas empresas estão a passar a médias, e algumas médias caminham para se tornarem grandes. Mas este é um caminho que tem vindo a ser percorrido nas últimas décadas. Nos últimos 12 anos, duplicamos as exportações do sector. Isso é efectivo!

    A mobilidade do tecido empresarial português

    Voltando aos mercados. França lidera o ranking?

    A França, a seguida da Espanha e da Alemanha. Mas Alemanha, os Estados Unidos e o Reino Unido vão trocando posições segundo a conjuntura de cada ano. O sistema de compras da Alemanha é feito por centrais de compras. Ora, se as centrais de compras se viram para um mercado nacional, naquele ano temos um boom, mas no ano a seguir podemos cair consideravelmente. Ou seja, estas variações de 15% a 20% para cima e para baixo, acontecem. O que significa que temos de ter uma capacidade extraordinária para estar em diferentes mercados, para quando quebra num lado, compensarmos imediatamente no outro.

    E tudo isto tem acontecido num período em que houve guerra em mercados que eram importantes para as empresas portuguesas: o mercado russo e o mercado ucraniano ficaram indisponíveis para podermos continuar a vender, o que obrigou as empresas a reagir e reinventar. Temos agora uma situação no Médio Oriente, que obrigou a que as empresas que tinham uma grande aposta naquela área geográfica se tivessem que adaptar rapidamente.

    O tamanho aí é uma vantagem?

    O facto do nosso tecido empresarial ser constituído fundamentalmente por PME facilita esta nossa mobilidade, somos mais adaptáveis, conseguimos responder rapidamente às crises e isto tem demonstrado um nível extraordinária de resiliência da nossa indústria. Repare que apenas há uns anos o mercado angolano era quase o nosso primeiro mercado. Agora desapareceu. Perdemos o mercado angolano, surge agora no oitavo lugar das nossas exportações, mas houve anos em que nem aparecia no top 10. E claro, teve que haver essa adaptação e investimento noutras áreas. Só que o mundo está a mudar tão rapidamente… e a esta conjuntura acrescem ainda as restrições de acesso a mercados, como o da América do Sul…

    Na América Sul estamos a falar de que mercados? Brasil?

    O Brasil, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Chile, são mercados em que as taxas à entrada mais que duplicam o valor do produto, o que torna muito difícil a entrada do produto português

    Como é que abordam estes mercados então?

    Via Miami. Porque Miami é a cidade mais latina dos Estados Unidos. É onde estão quase todas as grandes famílias, ou as famílias com grandes posses que acabam por ter uma casa de férias ou onde têm uma residência temporária. E acabam por comprar lá. E depois, a partir daí, já não é uma exportação nossa.

    O mercado americano tem despertado o interesse das empresas, apesar de ser conhecido como um mercado de difícil acesso. Este é um dos argumentos?

    Na nossa abordagem olhamos para cada cidade, cada estado, como olhamos para um país diferente.

    O gosto de Nova York não é o gosto de Miami. O gosto de Miami ou de Nova York não é o mesmo de Boston, ou de Chicago, ou de Los Angeles. Cada uma destas cidades tem praticamente a dimensão do nosso mercado nacional. E com o poder de compra muito mais elevado.

    O que o torna atractivo, apesar das dificuldades…

    Se fosse fácil já lá estávamos todos. Agora, tem sido um mercado com um grande crescimento. É o primeiro mercado mundial em termos de destino. Toda a gente lá quer estar. Mas também é um mercado maduro e é preciso tempo. Enquanto na Europa somos portugueses, enquanto na Ásia somos portugueses, nos Estados Unidos somos europeus. Só agora nos estão a descobrir, muito fruto também do aumento do turismo. Mas o nosso trabalho tem de ser feito cidade a cidade, estado a estado. Já temos algumas empresas com presença directa e outras que, inclusive, já estão a expandir a sua presença.

    Falou da instabilidade dos mercados. De que forma essa instabilidade afecta as perspectivas do negócio para 2024?

    O mercado já tem estado instável há algum tempo, a única questão é que de um momento para o outro andamos aqui com instabilidades contínuas ainda não terminou uma e já estamos com outra questão. O que adicionalmente cria condicionantes nos transportes internacionais. Os transportes ficam mais caros e condiciona a nossa presença principalmente nos mercados asiáticos, mas, por outro lado, também torna o produto que vem de lá menos competitivo, o que é uma vantagem para nós.

    É um sector sustentável?

    Somos um sector que teve um cuidado extraordinário nos últimos anos em ser um sector não poluente. Há um estudo europeu que foi encomendado também pela Direcção-Geral do Ambiente, pensando que o nosso sector era um sector muito poluente, mas que revelou afinal que o sector do mobiliário em Portugal não só é um dos menos poluentes, como tem a maior taxa de aproveitamento dos recursos que utiliza, onde a taxa de desperdício é inferior a 7%. É a menor taxa de desperdício da Europa dentro da indústria imobiliária.

    Agora, acontece outra coisa, é que a legislação europeia trata todos por igual, os bons e os maus, e o que acontece é que por culpa dos maus criam-se legislações que são autênticas aberrações.

    Uma delas, estamos agora, mais uma vez, a prestar a informação aos nossos associados, que tem a ver com a origem da madeira. Só usamos madeira certificada e controlada, só que a comunidade europeia agora quer uma georreferenciação da madeira, ou seja, querem saber de onde é que vem cada tábua, onde é que ela nasceu, onde é que ela foi cortada. O problema é que essa georreferenciação é uma carga burocrática muito grande, que alguns fornecedores poderão não estar dispostos a fazer, e depois deixam de nos vender a nós e vão vender aos países asiáticos e a outros mercados que não têm este nível de exigência.  Quando exportamos para esses países, ou estamos num segmento de luxo, ou estamos num segmento de reconhecimento de marca, ou de design, ou então dificilmente conseguimos concorrer porque não estamos a concorrer em pé de igualdade.

    “Nenhuma feira se pode fazer uma vez isoladamente”

    Terminámos agora um ciclo de feiras, França, Espanha e Itália. Qual é a importância desta presença internacional? O que podemos esperar até ao final do ano?

    Começámos em Janeiro com a Maison&Objet, levámos 50 empresas e correu muito bem, melhor que as expectativas. Depois estivemos em Espanha e Itália, em Abril com 40 marcas nacionais na feira de referência Salone del Mobile, em Milão, onde em termos de área devemos ser ou a segunda ou a terceira nacionalidade. Já em Maio vamos estar ICFF [The International Contemporary Furniture Fair] em Nova Iorque. Uma feira muito focada naquela região apesar de contar com visitantes também da Flórida e do Canadá. E depois a partir de Setembro vamos ter uma série de feiras: as segundas edições da Maison&Objet, em Paris, e da Intergift, em Madrid. Estaremos também numa feira dirigida para o sector da hotelaria em Miami. Depois em Outubro vamos a Singapura, no regresso à Ásia com uma feira na que é considerada um dos principais hubs para a Ásia. E esta feira tem a curiosidade de ser organizada por italianos que nos convidaram a estar com eles e que contará com as principais marcas internacionais. Então vamos estar neste posicionamento.

    Em Novembro temos um certame no Dubai, de nicho, de alta decoração, onde são as principais marcas internacionais. E terminamos o ano novamente em Paris com a Equiphotel, que é a principal feira a nível europeu da área de hotelaria.

    Este roteiro de feiras é pensado para cada ano?

    Nenhuma feira se pode fazer uma vez isoladamente. Temos que ter uma estratégia no mínimo de três anos consecutivos num determinado mercado. Depois temos as feiras plataforma, o caso da Maison&objet, o Salão de Milão, ou mesmo o Dubai, que servem também a abordagem e os contactos para outros mercados. Tal como Miami é influência para outros países da América do Sul e Singapura para os mercados da Malásia, de Tailândia, ou Vietnam.

    Que novidades se perspectivam neste domínio?

    O próximo ano vamos começar o ano em Fevereiro com a Coreia do Sul. Onde teremos uma presença muito forte. Vamos internacionalizar o conceito Portugal Home Week, que este não se realiza exactamente para concentrar estas fichas de investimento na internacionalização do evento e fazê-lo fora de portas.

    Como surgiu esta oportunidade?

    Houve um convite que nos deu imensas condições para que o evento pudesse ser feito lá. Então vamos internacionalizar, vamos levar lá as empresas e não só. Vamos levar também decoradores, arquitectos de interiores, porque eles querem saber como é que fazemos a decoração, como é que pensamos a casa, porque o coreano não tinha este conceito de casa. Devido às dificuldades de habitação várias famílias viviam em pequenos apartamentos, não se cozinhava em casa e come-se na rua. Ou seja, o conceito de vida deles era completamente diferente, só que o poder de compra foi aumentando e mudou os hábitos e a forma de viver, sobretudo nas cidades.

     

     

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Incus Capital e Colares Capital anunciam joint venture para liderar área do self-storage em Portugal

    Albano Costa Lobo, co-fundador da Control Space, explica que a estratégia agora assumida vai permitir que a Control Space continue a cumprir o propósito de “desempenhar um papel ativo na mitigação da crise habitacional em Portugal, disponibilizando uma opção para aqueles que enfrentam desafios de espaço nas suas residências”

    CONSTRUIR

    Assumir a liderança na área de self-storage em Portugal, por via de novas aquisições de imóveis e as respectivas reconversões. Estas são as metas definidas pelos responsáveis da Incus Capital, consultora de gestão de activos sediada em Madrid, e a Colares Capital, detentora da plataforma de self-storage Control Space, que acabam de anunciar uma joint venture que vai permitir o desenvolvimento da plataforma.

    Em comunicado, os responsáveis de ambas as empresas explicam que a primeira medida passou pela aquisição de um conjunto de imóveis que já estavam sob gestão da Control Space e que eram detidos por um fundo português gerido pela Insula Capital, uma sociedade gestora de organismos de investimento coletivo. Os imóveis estão localizados em Lisboa (Alcântara e Alfragide) e também na Zona Industrial do Porto.

    Albano Costa Lobo, co-fundador da Control Space, afirma que “estamos muito satisfeitos com a concretização desta operação numa altura em que os setores de imobiliário alternativo, como o do self-storage, continuam a crescer de forma acelerada”. Lobo acrescenta que a estratégia agora assumida vai permitir que a Control Space continue a cumprir o propósito de “desempenhar um papel ativo na mitigação da crise habitacional em Portugal, disponibilizando uma opção para aqueles que enfrentam desafios de espaço nas suas residências”.

    Self Storage procura maturidade em Portugal

    “O self-storage já está bastante mais maduro noutros países e a Control Space está agora ainda melhor posicionada para liderar o mercado em Portugal. As tendências demográficas e do mercado imobiliário são claras, e de facto cada vez mais pessoas e empresas vão necessitar deste tipo de soluções”, refere Tiago Brandão, Managing Director da Incus Capital em Portugal.

    Fundada em 2021 por Albano Costa Lobo e Vasco Fino, e pouco mais tarde tendo Francisco Parreira do Amaral integrado como sócio, a Control Space, desafia o cenário competitivo do mercado de self-storage, com uma abordagem que integra tecnologia de ponta. A empresa gere atualmente uma área bruta de cerca de 13.000m2, que representam aproximadamente 2.000 unidades de self-storage, com dimensões entre os 1m2 e os 20m2.

    Além da segurança como pilar, os seus espaços são 100% automatizados e sustentáveis, proporcionando uma experiência simples ao utilizador. A estratégia da Control Space concentra-se na digitalização do serviço através da solução de reservas online e também do acesso às unidades a qualquer momento via app, sendo a primeira empresa do sector em Portugal a implementar este tipo de sistema integrado.

    Em comunicado, os responsáveis da Control Space asseguram que a empresa está comprometida com os critérios ESG e procura ativamente diminuir a sua pegada de carbono, através de diversas iniciativas nos seus espaços, como a utilização de luzes LED ativadas por sensores de movimento, a disponibilização de postos de carregamento para veículos elétricos para os clientes e o consumo de energia produzida através de painéis solares. A Control Space está igualmente muito desperta para os materiais utilizados na construção das suas unidades, e utiliza apenas materiais certificados ambientalmente.

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    Jorge Bota, presidente da Associação de Empresas de Consultoria e Avaliação Imobiliária (ACAI)

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    B.Prime antecipa com “expectativa” crescimento do investimento no 3º trimestre

    Jorge Bota, managing partner da consultora, considera que a confirmação de corte de juros do BCE, assim como a “estabilização de medidas” do novo Governo poderão resulta numa “maior dinâmica de crescimento” deste sector

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    De acordo com a B.Prime, o primeiro trimestre do ano revela um “forte” arranque no sector dos escritórios. Mais “hesitante” tem estado o investimento, ainda que Jorge Bota, managing partner da consultora, veja com “expectativa” a confirmação de corte de juros do BCE, o que pode resultar numa “maior dinâmica de crescimento” deste sector a partir do terceiro trimestre.

    Ainda que os níveis de transacções esperados não sejam suficientes para ter mais um “grande ano de investimento no mercado imobiliário comercial em Portugal”, como foi 2023, Jorge Bota considera que “alguma definição” e “estabilização de medidas” do novo Governo serão factores que contribuirão para esse retomar de actividade.

    Neste sentido, segundo o Market Profile trimestral indica que o regime de pré-arrendamento dos escritórios “continua a ditar o ritmo da conclusão dos negócios”, sendo que, já é possível afirmar, que no decorrer do ano de 2024, 42% da nova oferta já se encontra arrendada, apesar de ainda estar em construção.

    Também o indicador do take up reflecte um crescimento “vertiginoso” que ascendeu a 64% na Região de Lisboa e de 44% no Porto, com a zona 5, no Parque das Nações, em Lisboa e a Boavista, no Porto, a serem as mais procuradas pelas empresas.

    No segmento de logística verificou-se uma maior diversificação da procura em diferentes regiões de Portugal, nomeadamente em Lisboa, Porto, zonas do Centro e Norte. Os projectos que estão em pipeline e que deverão estar concluídos até 2026 trarão um “grande dinamismo” a este sector, considera Jorge Bota, na medida em que a “qualidade construtiva” corresponde aos mais elevados padrões que os operadores procuram, tanto na abertura de novas unidades de negócio, como nos planos de expansão dos seus respectivos negócios.

    No retalho, o comércio de rua foi o elemento mais forte e responsável por 47% das aberturas de portas, com o retalho alimentar a liderar as inaugurações. Este segmento registou, ainda, 42% do volume do investimento comercial total que ascende a 278 milhões de euros, ainda assim, 15% abaixo do investimento verificado no período homologo.

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