Worx: “Investimento no imobiliário comercial não parou, nem vai parar”
Segundo a consultora, dos cerca de 2,8 MM€ em transacções, cerca de 75% do volume foi proveniente de investimento estrangeiro

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Pedro valente, Head of Capital Markets da Worx
Com a pandemia surgiram incertezas, alongaram-se os processos de decisão e destacaram-se áreas com maiores penalizações. Porém, a enorme vontade de investimento em Portugal e a elevada liquidez dos players nacionais e internacionais tem superado o que era esperado.
Segundo o WMarket Review, da Worx, em Portugal, ao longo de 2020, registou-se cerca de 2,8 mil milhões de euros em transacções no mercado imobiliário, marcando-se o terceiro máximo histórico, e com cerca de 75% do volume proveniente de investimento estrangeiro.
Segundo Pedro Valente, “continuam a existir transações, necessitando de um período de tempo mais alargado para a sua conclusão. Existem sectores mais penalizadas como o Retalho (exceção feita ao Retalho Alimentar) e a Hotelaria, tendo em conta o número de unidades que se encontram encerrados, que estando sob grande pressão levam a que os investidores exijam descontos maiores, gerando um grande Gap em relação aos valores pedidos pelos proprietários”.
Ainda segundo Pedro Valente, head of capital markets, “os escritórios são um sector resiliente que até agora atravessou bem a crise. As grandes tendências actuais, com grande parte dos investidores a querer investir, são a logística e “Build to Rent” ou PRS, sendo que até ao momento ainda não existe muita oferta de qualidade disponível. Existe no entanto pipeline para este tipo de produto para os próximos 2/3 anos”.
Os sectores do retalho e de escritórios em Portugal voltaram a captar a maior expressão do volume anual, com cerca de 37% e 35%, respectivamente. Ambos os sectores marcaram um volume muito semelhante ao ano anterior, apenas com uma variação residual. O segmento industrial e logístico revelou uma variação positiva, face a 2019, na ordem dos +22pp; contribuindo com cerca de 4% para o volume total.
Entre as principais classes de ativos, a hotelaria foi a que mais contraiu em 2020, marcando uma variação aproximada de -10pp, mas com a terceira maior expressão (cerca de 16%).
As maiores operações deste ano foram, sobretudo, negócios iniciados em pré-covid, como foi o caso da joint venture entre as seguradoras Allianz e Elo, numa aquisição à Sonae Sierra e ao fundo de pensões APG, envolvendo seis activos (quatro dos quais em território nacional e outros dois em Espanha); a aquisição do Lagoas Park por parte da Henderson Park; um conjunto de unidades hoteleiras integradas no portefólio de hotéis Real pela Palminvest; e a aquisição do portefólio PREOF pela Cerberus. O que indica que a maioria do volume de investimento realizado em 2020 concentrou-se em tickets superiores a 100 milhões de euros. A segunda maior expressão situou-se no intervalo de 20-100 milhões de euros. O intervalo de transacções inferiores a 20 milhões de euros registou metade do número total de operações registadas em 2020.
Portugal continua a atrair capital estrangeiro no mercado imobiliário comercial, representando cerca de 75% do volume investido no último ano, face aos restantes 25% de origem nacional. A origem do capital investido em Portugal foi essencialmente proveniente da Alemanha e da Finlândia, enquanto que em 2019 prevaleceu o capital americano, que este ano ocupou o quinto lugar. A Suíça apresentou uma subida significativa (com uma variação de cerca de +95pp face a 2019). Em sentido contrário, o capital proveniente da Ásia e do Médio Oriente marcou uma descida de aproximadamente -98pp, seguido da Bélgica com a segunda maior contração (-85pp).
“Estão em curso algumas negociações, que transitaram do ano passado, e que poderão contribuir para um nível de investimento elevado, mas existe uma natural cautela, face à incerteza atual do mercado, que pode levar a um nível total de investimento mais baixo do que em 2020, porém longe de uma estagnação do mercado”, conclui Pedro Valente.