“O PROMONTORIO é um ateliê muito focado na hotelaria”
“Recentemente, ganhámos um concurso para um hotel de 80 quartos na Avenida 24 de Julho, ao lado da sede da EDP”
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Ana Rita Sevilha
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Lisboa, Porto, Riade, Qatar, Vietnam e Boston são alguns dos locais em que o PROMONTORIO está actualmente a desenvolver programas de hotelaria. Com um conhecimento profundo sobre o tema e as questões a ele associadas, Paulo Martins Barata aponta os desafios inerentes a este tipo de projectos, que vão além da arquitectura.
Quais os grandes desafios de um programa de Hotelaria?
Como era já de alguma forma expectável desde a crise de 2008, existe um processo em curso de “uberização” da hotelaria, que é no fundo o modelo Airbnb a por em causa o modelo infraestrutural do hotel e da ideia central ao negócio que é o “serviço”. Até que ponto o consumidor valoriza o serviço hoteleiro e/ou em que circunstâncias está disponível para pagar um prémio vis-à-vis sistemas sem serviço? Até agora os hotéis têm-se financiado com apoios e isenções fiscais na base da criação de emprego. E na verdade, o serviço Airbnb é muito limitado e legitimamente questionável em matéria de criação de emprego. Dito isto, e apesar de todos os apoios, um promotor pode hoje legitimamente questionar-se se valerá a pena construir um projecto com a rigidez estrutural de um hotel em termos de negócio, ou será mais interessante fazer um edifício de apartamentos T0 e T1 que possa alugar como Airbnb ou vender à unidade? Mas a pergunta fundamental é o que é que as cidades, os cidadãos e os seus decisores, pensam disto…
Como olha para o boom de unidades hoteleiras e de alojamento local no País?
É um fenómeno internacional que resulta da busca de destinos alternativos, obviamente ampliado pela primavera árabe, pela erosão da oferta em todo o Magrebe e a falta de segurança desses destinos. Portugal beneficia também de uma certa saturação da capacidade nos destinos tradicionais Europeus, como o Sul de França e a própria Espanha. Existe também erosão no binómio preço/qualidade em destinos como Itália que tem uma hotelaria péssima e caríssima, mas que, dada a singularidade do destino, permite-se fazer o preço.
A possibilidade de, no futuro, transformar alguns destes projetos em habitação é um cenário possível? Que desafios podem encerrar?
A conversão de hotéis em habitação é possível, mas é rara. Em quase 30 anos de prática profissional nunca fomos confrontados com esse programa. Normalmente as cidades saem a perder com este tipo de transformações; veja-se por exemplo o caso do Estoril-Sol. Um hotel é um equipamento da cidade, é um exportador e um gerador de emprego. O imobiliário habitacional é muito mais estático, sem prejuízo de novos formatos capazes de gerar algum serviço e emprego como o Airbnb, os serviced apartments, etc.
Do vosso portfólio, qual projecto neste âmbito destacaria e porquê?
Não há um único, mas penso que o L’And Hotel, apesar de todas as vicissitudes associadas à crise de 2008, é um projecto de sucesso. O conceito das valências agregadas de um club-house, adega, restaurante e Spa num único edifício é relativamente inovador, mesmo em termos internacionais.
Estão neste momento a trabalhar em algum projecto de Hotelaria? O que nos pode contar sobre o mesmo?
O PROMONTORIO é um ateliê muito focado na hotelaria por isso temos frequentemente diversos projectos nessa área; estamos a desenvolver master plans de resorts em Alcácer, Vilamoura XXI e na Quinta da Ombria, esta última inclui um hotel Viceroy; estamos a finalizar a torre Kempinski Rafal com 70 pisos em Riade, um hotel Grand Majlis Accor de 300 chaves em Jeddah, vários projectos de interiores no Qatar, uma remodelação de fachada e lobby de um hotel urbano em Ho Chi Minh City, no Vietnam, um hotel boutique com 50 chaves no centro de Boston, até projectos de pequenos hotéis urbanos em Lisboa e Porto. Recentemente, ganhámos um concurso para um hotel de 80 quartos na Avenida 24 de Julho, ao lado da sede da EDP.