Herdade Vale Mouro
A Savills Portugal acaba de lançar o seu novo Departamento de Rural criado para responder à necessidade de acompanhar e assessorar a nível profissional o crescente número de investidores, nacionais e internacionais, com interesse em terrenos agrícolas e florestais em Portugal. Seja para fins agrícolas, florestais ou de desenvolvimento, os proprietários e investidores são acompanhados ao longo de todo o processo de compra e venda de propriedades rurais, desde a avaliação inicial até à transacção final.
Liderada por Bruno Amaro, que conta com mais de 15 anos de experiência internacional em gestão e transacção de activos agrícolas, esta nova área de negócio integra o departamento de Investimento da Savills e oferece soluções de investimento personalizadas.
A abertura do sistema de irrigação do Alqueva foi o catalisador para o aumento do interesse dos investidores estrangeiros em Portugal. Inicialmente, espanhóis, mas mais recentemente, de países como o Reino Unido, EUA, Suíça, Canadá e Chile.
Os principais investidores vêm de países como Espanha, França, Reino Unido e Países Baixos, mas tem-se registado um crescente interesse de nações fora da Europa, incluindo os Estados Unidos e países do Golfo Pérsico
Além do Alqueva, também outras regiões, como Castelo Branco, a bacia do Tejo e o nordeste do concelho de Évora, têm-se sido mais procuradas.
A nível internacional, a Savills conta, também, com um grande histórico no que respeita à gestão e venda de terrenos agrícolas e florestais em várias geografias. Anualmente, a empresa avalia mais de 1,4 milhões de hectares e, nos últimos cinco anos, intermediou a venda de mais de 3,5 mil milhões de euros em terrenos em nove países. Este conhecimento e experiência internacional são agora aplicados ao mercado português.
Embora activos tradicionais como escritórios ou espaços comerciais possam oferecer retornos semelhantes, os terrenos agrícolas destacam-se pela valorização sustentável a longo prazo e pela sua maior resiliência em períodos de crise económica
Ao CONSTRUIR, Bruno Amaro, explica como funciona este departamento, quais os desafios e tendências e de que forma este investimento é encarado, cada vez mais, como uma diversificação de portefólio. Cada vez mais profissionalizado, os terrenos agrícolas destacam-se, também, pela valorização sustentável a longo prazo e pela sua maior resiliência em períodos de crise económica.
Soria (Espanha)
O que leva ao crescente interesse por este segmento em Portugal e quem são os principais investidores?
Portugal oferece condições climáticas únicas, com um elevado número de horas de sol e um clima mediterrânico ameno ao longo de todo o ano, características que representam vantagens competitivas face a outras regiões. Estas condições agrícolas excepcionais fazem de Portugal um destino de excelência para investimentos em terrenos agrícolas. O país é amplamente reconhecido pela produção de amêndoas, azeite, tomate e mirtilos, ocupando lugares de destaque nos rankings globais de exportação. Actualmente, Portugal é o terceiro maior exportador mundial de azeite, o sexto de tomate processado e o sétimo de mirtilos.
Além disso, o País destaca-se pelo uso de técnicas agrícolas avançadas, particularmente na gestão eficiente da água, consolidando a sua posição como líder na produção agrícola de alta qualidade. Culturas como o olival e o amendoal têm registado um crescimento exponencial, com um aumento de 20% no último ano, tendência que deverá continuar graças às novas plantações ainda em fase de maturação.
A implementação de perímetros de rega em regiões como Mira, Castelo Branco e, sobretudo, o Alqueva, também tem atraído grande interesse, pois a irrigação é essencial para culturas perenes e frutos silvestres. No Algarve, as condições são ideais para o cultivo de frutas exóticas, como manga e abacate, além dos tradicionais citrinos. Outro factor atractivo é o preço da terra, que se mantém mais baixo em comparação com Espanha.
Os principais investidores vêm de países como Espanha, França, Reino Unido e Países Baixos, mas tem-se registado um crescente interesse de nações fora da Europa, incluindo os Estados Unidos e países do Golfo Pérsico.
Qual é o retorno esperado? São contratos de aquisição ou exploração?
Em Portugal, a rentabilidade média anual dos terrenos agrícolas e florestais varia entre 3% e 8%, dependendo da localização, do tipo de cultura e da gestão implementada. O investidor pode optar pelo modelo de retorno que melhor se adequa aos seus objectivos e ao nível de risco que está disposto a assumir. A aquisição e posterior arrendamento da terra a terceiros que a exploram é uma opção que oferece um rendimento mais estável e com menor risco, graças à disponibilidade de mecanismos para garantir a renda.
Outra alternativa consiste na aquisição de uma propriedade com partilha de risco com um operador, o que permite aumentar o retorno, embora implique maior exposição ao risco associado à exploração. Por fim, o investidor pode optar por adquirir e operar directamente a propriedade, o que pode proporcionar o maior retorno, mas também implica uma maior vulnerabilidade às flutuações do mercado e às condições climatéricas.
Além dos rendimentos provenientes da exploração agrícola, há ainda o benefício da valorização do imóvel, que tem sido expressiva em Portugal nos últimos anos. Embora activos tradicionais como escritórios ou espaços comerciais possam oferecer retornos semelhantes, os terrenos agrícolas destacam-se pela valorização sustentável a longo prazo e pela sua maior resiliência em períodos de crise económica.
Colocaram recentemente à venda o Portfólio Lynx. Estamos aqui a falar de um conjunto com uma maior dimensão. O que diferencia este de outros activos?
O projecto Lynx, sendo composto por um portfólio diversificado de culturas, permite interagir com mercados distintos no sector florestal, ajudando a mitigar riscos. Além disso, o oferece a possibilidade de ajustar o retorno financeiro com base no grau de envolvimento na operação, permitindo aumentar ou reduzir a exposição ao risco.
Outro factor inovador é o crescente desenvolvimento do mercado de créditos de carbono, que proporciona novas oportunidades para a gestão eficiente das propriedades e dos seus recursos, acrescentando uma dimensão sustentável e lucrativa ao investimento.