Arquitectura que “transforma” localidades remotas
A proposta de Tiago do Vale Arquitectos para o Centro Comunitário de Kodidoddi, na Índia, foi distinguida com a ‘Menção Honrosa Especial’ pela sua solução de “baixo custo, técnicas construtivas e materiais locais, modularidade e experiência arquitectónica”. Uma proposta, cuja solução dinâmica, pode ser adaptável a outros locais com requisitos, restrições e contextos diferentes
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A proposta de Tiago do Vale Arquitectos para o Centro Comunitário de Kodidoddi, na Índia, foi distinguida, entre 50 finalistas, com a ‘Menção Honrosa Especial’ pela sua solução de “baixo custo, técnicas construtivas e materiais locais, modularidade e experiência arquitectónica”.
O concurso, que teve como objectivo promover uma arquitectura “transformadora” para as localidades de Andhra Pradesh e Telangana, na Índia, foi promovido pela Rural Development Trust, em colaboração com a Vicent Ferrer Foundation, mas que pode ser adaptável a outros locais com diferentes contextos.
“Através de um desenho como este, esperamos criar oportunidades para a Fundação Vicente Ferrer, o Trust de Desenvolvimento Rural e as próprias Comunidades alcançarem um impacto positivo duradouro em cada indivíduo tocado e favorecer o desenvolvimento das regiões rurais mais empobrecidas da Índia”, afirmou Tiago do Vale.
A “estrutura compacta” e a “excelente” selecção de materiais, assim como o uso “corajoso” das cores foram destacados pelo júri do concurso que elogiou, ainda, a estratégia “inovadora” de refrigeração do ar, a opção pela construção modular e a estrutura de circulação em forma de H.
Embora esta proposta se foque em Kodidoddi e nas necessidades de seu povo, a estratégia subjacente é a de uma solução “dinâmica, adaptável a outros locais com diferentes conjuntos de requisitos, restrições e contextos.
Modular e passivo
Temperaturas muito altas (que ocasionalmente chegam a 48ºC) e a falta de um fornecimento regular de água (apesar das chuvas intensas durante a estação das monções) foram os principais desafios.
Optou-se, então, por um sistema modular elevado do chão, isolando os edifícios de possíveis águas subterrâneas excessivas durante a estação das monções, proporcionando melhor protecção contra pequenos animais e expondo toda a superfície do edifício ao ar em movimento, permitindo um melhor controlo da temperatura.
Cada módulo contém os seus próprios controles térmicos e de ventilação passivos, com tectos altos e um telhado de dupla camada, providenciando um efeito de chaminé térmica pelo aquecimento solar de uma superfície de chapa metálica.
Combinadas com a chaminé térmica, há aberturas cuidadosamente posicionadas que, através da sua abertura e fecho selectivos, aproveitam os ventos dominantes de cada estação para expulsar o ar quente do interior da construção enquanto, através da ventilação cruzada, admitem ar inferior mais fresco. As janelas de cada módulo são filtradas por um “Jali” de tijolo que permite ventilação permanente, limitando os ganhos solares.
Todos os módulos são organizados por uma estrutura de circulação em forma de “H” que, com seu sistema de cobertura, é capaz de recolher e distribuir água da chuva por todo o Centro Comunitário, proporcionando sombra em todo o Complexo e criando pátios semi-privados que abrem a porta a outros usos potenciais no Centro.
Módulos com diferentes funções podem ser anexados em vários pontos deste “H”, tanto interna quanto externamente, criando pátios interiores de diferentes formas e Centros de capacidades e morfologias diversas, respondendo às necessidades individuais de cada aldeia.
Módulos de água fornecem depósitos de água da chuva (ou água de furo) e instalações de chuveiro, enquanto que as latrinas também contam com um sistema de ventilação passiva, suportado por uma chaminé térmica que simultaneamente desidrata os resíduos, tornando-os úteis para fertilização, e remove odores desagradáveis e moscas.
Todas as construções são executadas de forma simples, com materiais locais e técnicas construtivas de baixo custo, recorrendo principalmente a betão, blocos de cimento, tijolos cerâmicos e chapas de metal onduladas, e são organizadas por uma grelha simples de implementar, de 5m x 4m, e ligadas por duas varandas sombreadas de 2m de largura.
Adaptável e partilhado
À entrada do Centro, a árvore de Neem define um espaço público partilhado, em forma de praça, que permite reuniões comunitárias, quer de forma independente do Centro, quer associadas à sala Polivalente com que confronta, mediada por uma varanda que fornece um espaço sombreado para a comunidade.
Os dois módulos que constituem a sala Polivalente permitem que esta possa ser facilmente utilizada como sala de aula (as portas dos armários de armazenamento funcionam também como quadros negros), para reuniões, apresentações ou quaisquer outras necessidades comunitárias. Este espaço pode ser expandido em direcção ao espaço público do Centro, aumentando os seus usos potenciais.
O complexo é encerrado por um Muro Perimetral permeável que modula momentos de transparência e opacidade, dependendo do programa por ele filtrado, e pretende definir os limites do Centro sem que se afirme como uma barreira.
Embora a praça pública que ele desenha seja aberta e acolhedora, o Centro Comunitário pode ser totalmente contido fechando duas portas no topo de cada galeria.
Um módulo duplo é dedicado a receber Anganwadis (um género de creche rural), compreendendo uma sala de aula e um espaço privado de alimentação para mães e os seus bebés. Este módulo liga-se a um pequeno pátio interior com uma Horta, que apoia o Anganwadi com provisões de vegetais. Ambas as construções de módulo duplo desenham um pátio entre elas que pode ser usado como Parque Infantil.
Também se providencia um módulo para um escritório onde consultas médicas, funções administrativas ou outros usos, que requerem um espaço mais privado, podem ser realizados.
Há um módulo sanitário (com três latrinas separadas, para mulheres, homens e crianças, com três lavatórios e armazenamento), assim como cinco módulos de depósito de água (três deles fornecendo seis plataformas de chuveiro) e que podem ser utilizados com o Sistema de Captação de Água da Chuva ou em conjunto com um Furo.