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    Os “millennials” vão mudar os espaços laborais até 2020

    Em entrevista ao CONSTRUIR, Pedro Branco Ló, presidente da APFM e, também ele, um Facility Manager, dá-nos conta dos principais desafios: uma gestão inteligente e sustentável através do recurso à Internet of Things, mas também mais humanizada. 2018 deverá trazer também a primeira certificação profissional de FM

    Cidália Lopes
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    Os “millennials” vão mudar os espaços laborais até 2020

    Em entrevista ao CONSTRUIR, Pedro Branco Ló, presidente da APFM e, também ele, um Facility Manager, dá-nos conta dos principais desafios: uma gestão inteligente e sustentável através do recurso à Internet of Things, mas também mais humanizada. 2018 deverá trazer também a primeira certificação profissional de FM

    Cidália Lopes
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    Criada em 2006, a Associação Portuguesa de Facility Management (APFM) surgiu com o objectivo de divulgar as melhores práticas ao nível da gestão integrada de edifícios e das organizações. Até 2020 mais de 50% da força de trabalho deverão ser “millennials”, ou seja, nativos do digital, o que irá implicar grandes mudanças em termos dos espaços laborais. Neste sentido, o Facility Management terá uma grande responsabilidade na optimização destes espaços.

    O que é o Facility Management?

    A função do Facility Management (FM) tem como propósito servir as pessoas e os processos de negócio (core business) nas organizações. O FM tem a sua ação centrada na gestão de edifícios e instalações, na sua condução e exploração, enquanto suporte das atividades “core”, em condições funcionais e sustentáveis, surgindo assim como uma disciplina importantíssima no âmbito da gestão empresarial e uma área estratégica no seio das organizações.

    A evolução dos negócios a nível internacional e a emergência das novas formas de trabalho, vai no sentido de organizar o espaço e ambientes de trabalho tendo em vista a optimização do uso, a racionalização de custos associados e o aumento da produtividade dos colaboradores.

    As organizações devem, hoje mais do que nunca, questionar onde podem ser aplicadas melhorias e procurar os profissionais certos para as ajudar nesse diagnóstico. Este profissional tem de ser um bom “ouvinte” e um bom comunicador, ou seja, “a people ´s person”.

    Os espaços e ambientes de trabalho estão a mudar e os colaboradores estão cada vez mais exigentes. Neste cenário, os empregadores não podem descurar a ocupação do espaço e devem procurar ajuda profissional para corresponder aos requisitos da força de trabalho.

    Os Facility Managers (FMers) têm ainda de ter a sensibilidade para as questões tecnológicas e procurar as soluções que lhes permitam implementar processos de controlo, medir variáveis e criar indicadores de performance para monitorar e avaliar níveis de serviço contratados para a garantir a funcionalidade do espaço e das instalações.

    Há quantos anos existe a Associação?

    A APFM foi fundada em 2006, por um pequeno grupo de FMers, do qual me orgulho de fazer parte, que sentiu a necessidade de tornar a profissão reconhecida de divulgar as melhores práticas da actividade em articulação com a Euro FM a organização europeia que congrega as associações nacionais, as instituições académicas e os profissionais de FM. A Associação, por sua vez, integra empresas e profissionais de diferentes áreas, desde fabricantes de elevadores, a empresas de telecomunicações e de energia, passando pelo mobiliário de escritórios e pela gestão de serviços, por exemplo.

    Sendo todas tão diversas, pode-se perguntar o que as une sob a “umbrela” do Facility Management e como é que a associação as ajuda na criação de sinergias?

    Exactamente pela diversidade dentro da associação é que há muito a ganhar e muitas sinergias a serem feitas. O que une os profissionais é o facto de todos serem Facility Managers, uns trabalham para organizações ocupantes, outros para prestadores, outros são consultores, uns têm funções mais executivas outros funções mais operativas. Todos têm experiências e desafios diferentes e a Associação procura colocá-los o máximo possível em contacto entre si, seja em “workshops”, seja em conferências, seja em momentos de “networking”.

    Mas é também onde ainda sentimos que temos muito por fazer, na criação de redes de profissionais que possam colaborar por projectos. Mesmo as grandes empresas prestadoras de serviços por vezes sentem a necessidade de colaborar com um profissional especializado na medida em que existem domínios de conhecimento muito específicos e valorosos.

    Também na criação de sinergias entre o mundo académico e as empresas é uma área onde estamos a dedicar um grande esforço para que haja mais investigação aplicada no FM e se converta mais conhecimento em oportunidades e em riqueza para a economia, em geral.

    Sendo um pouco mais objectivo direi que as vantagens em reunir todos os agentes no mesmo Fórum do FM se justifica por várias vertentes: pela contratação de serviços com base em níveis de serviço acordados, SLA’s, controlados por meio de indicadores, KPI’s, melhorados continuamente; pela integração de serviços de “Facilities”, garantindo o funcionamento, conforto e segurança no trabalho; pela conjugação do processo de contratação com o processo de avaliação de desempenho dos prestadores; e pela garantia de conformidade com referenciais de qualidade, níveis de serviço e racionalização de custos – “benchmarking”.

    Para gerir a contratação de todos os serviços e monitorar o desempenho dos prestadores, é assim indispensável a figura do FMer que assegura o adequado controlo dos serviços e a funcionalidade das instalações. É também o FMer que tem a responsabilidade de traduzir a estratégia de FM das organizações em KPI’s.

    Estão também presentes no Brasil e em Angola. De que forma?

    Nos anos mais recentes temos desenvolvido laços no sentido de criar pontes intercontinentais, para o Brasil e Angola, através de actividades partilhadas de informação e divulgação do FM, A APFM tem desenvolvido parcerias com as congéneres de países de língua portuguesa, de Angola, AAMGA (Associação Angolana de Manutenção e Gestão de Activos), promovendo a divulgação e a formação em FM, com a ABRAFAC (Associação Brasileira de Facilities), usando as plataformas digitais para distribuição de conteúdo e de formação através de “webinares” que atravessam o Atlântico e são transmitidos simultaneamente em Portugal e no Brasil. Relativamente a Angola já firmámos um Acordo de Cooperação com a AAMGA para a divulgação da Gestão da Manutenção e do FM, como fatores decisivos para o aumento da produtividade e competitividade das empresas, promovendo a partilha de conhecimento e de boas práticas entre os respectivos associados, profissionais e empresas. Temos planeado também a realização de eventos de organização conjunta e a formação profissional, em parceria com estas organizações congéneres, em Angola e no Brasil.

    Apostam na formação e conferências o que acaba também por ser uma forma de “educar” as empresas. O que mudou nos últimos anos?

    O que está em mudança? Muita coisa. Primeiro: as mentalidades. Acreditamos que finalmente existe um movimento global que coloca as pessoas no centro da questão, o que faz ‘nascer’ espaços mais humanizados e eficientes, onde os colaboradores podem ser mais felizes, mais produtivos e mais “engaged”. O foco passa a estar na experiência do utilizador (trabalhador) e o impacto do espaço nas actividades, e não apenas na qualidade da solução, ou mesmo no seu custo. Essas são questões que só devem ser endereçadas no momento seguinte de execução.

    Segundo: a tecnologia. Não só o “Space Planning” passa a estar integrado na cadeia de valor de gestão do edifício, como é agora simulado logo no momento em que se está a conceber e desenhar, ou a reabilitar o espaço. Isto permite identificar e eliminar anomalias que antes apenas eram detectadas quando o edifício era ocupado e começava a ser utilizado, sendo depois já tarde demais e/ou demasiado caro se corrigir.

    Ainda relativamente à tecnologia, importa também referir que hoje é possível comunicar com os edifícios em tempo real, retirar de vários sistemas e sensores imensos dados que, quando bem tratados, permitem informar tanto os gestores dos edifícios como os seus utilizadores. Dando aos primeiros a capacidade de tomar decisões mais fundamentadas em benefício do conforto dos segundos e, ao mesmo tempo, identificar desperdícios e ineficiências que apenas provocam gastos desnecessários.

    Quais os atuais desafios?

    A Associação tem um percurso de dez anos ao longo dos quais ultrapassou muitas barreiras para divulgar a atividade e promover o reconhecimento dos seus profissionais. Neste caminho podemos focar a área da Formação, que é já uma realidade com cursos de formação de nível académico e de especialização profissional, com destaque para a 3.ª edição da Pós-graduação no ISEL.

    Numa visão que pretende abranger não só a dinamização, como também a uniformização do conhecimento do FM em Portugal, em 2017, a Associação orgulha-se de ter lançado a Academia FM, uma “escola” para profissionais do Facility Management. Além dos cursos que já estão em actividade, a APFM aproveita desta forma para lançar um curso modular específico, abordando cada área/disciplina do corpo de conhecimento comum da formação em FM.

    Na área dos serviços de valor acrescentado aos associados, publicou-se a segunda edição do estudo sobre o mercado do FM em Portugal – FM Intelligence 2017 – no qual se divulgam os custos das maiores empresas consumidoras de “Fornecimentos e Serviços Externos” e o valor do mercado de FM em Portugal, estando em preparação o FM Intelligence 2018.

    Em Outubro de 2017 concluímos um protocolo com o IPQ, assumindo a responsabilidade de organismo de normalização sectorial. Estamos também representados nas comissões técnicas de normalização Europeia e Internacional que elaboram as normas da actividade. As EN 15.221 são a referência do FM, e a partir deste ano contamos com as ISO 41.0xx, que nos guiam na contratação estratégica de serviços, estando em fase de conclusão o FM System Standard, que irá projetar o FM para o reconhecimento internacional da atividade.

    “Facility Management – Facilities Management – FM – organizational function which integrates people, place and process within the built environment with the purpose of improving the quality of life of people and the productivity of the core business (ISO41011:2017)”

    É certo que o Facility Management dá um salto qualitativo na percepção dos intervenientes no FM ao passar a ter uma norma ISO e onde – inequivocamente – se coloca a tónica na sua vertente estratégica.

    Mas mais importante, é colocar-se a “quality of life” e a “productivity of the core business” como o propósito do FM, aumentando assim o valor acrescentado da profissão de Facility Manager.

    Deste modo podemos olhar para 2018 como um novo ano de iniciativas e dar o próximo passo, na criação da primeira certificação profissional de FM, ainda para o primeiro semestre de 2018, para que os profissionais formados obtenham um reconhecimento válido a nível nacional e internacional. Este é o caminho do FM em Portugal!

    De que forma a “Internet of Things” (IoT) pode ajudar?

    Num mundo altamente tecnológico, espera-se, acima de tudo, maior simplicidade, eficácia e automatismos. Neste sentido, espera-se que o FM integre em si próprio uma série de serviços que permita a utilização adequada e optimizada do espaço e instalações. O FM ainda está numa fase onde os processos não são integrados, muitas das informações ainda estão em papel e as equipas ainda são pouco qualificadas. O caminho, num futuro próximo, passa pela integração de processos otimizados, “sensorização/IoT”, “smart tagging” e ainda utilização da inteligência artificial em benefício dos utilizadores finais dos serviços. Assim, serão necessários profissionais mais qualificados para executar tarefas de elevado valor acrescentado, por sua vez, mais disponíveis para a gestão e optimização de recursos e activos, estando menos preocupados com a justificação da falha e mais com a produção de informação de qualidade. A verdadeira humanização do FM passa por decisores que potenciem o conhecimento e a inteligência que têm, colocando-as ao serviço das organizações com vista à gestão inteligente do espaço, instalações e recursos.

    Principais tendências para os próximos anos?

    Como já referi atrás, o FM caminha no sentido da focalização no serviço ao utilizador/ ocupante do Espaço – “Employee Centered” -, que se traduz na experiência total do cliente e na satisfação das condições necessárias em cada momento, no seu dia-a-dia.

    Continuamos a ver as Organizações, públicas e privadas, a tomar decisões de mudança e de centralização de serviços, em regime de emergência, sem o fundamental planeamento, com prazos risíveis, que conduzem à construção de espaços “bonitos” mas inadequados para as atividades e disfuncionais, que contrariam os princípios da produtividade e de eficiência de exploração.

    As Organizações que estão a pensar o Espaço para a próxima década têm em linha de conta que 50% dos seus colaboradores serão “millennials”, ou seja, nativos digitais. Em 2020 estes representarão 50% da força de trabalho no mundo inteiro, e os nativos digitais povoarão o mercado de forma incontestável. Este desafio que tem as pessoas como principal catalisador será um dos principais agentes transformadores dos espaços laborais.

    Pode-se assim dizer que há uma nova cultura organizacional que está a emergir.

    Em particular para o sector da construção e do imobiliário como pode aplicar-se?

    Da necessidade de eficiência das organizações surge a procura de informação clara e concisa sobre os custos de exploração dos edifícios e de indicadores de referência da performance das instalações e dos serviços associados.

    Começaria por dizer que estamos a viver um período de grande mudança no setor imobiliário de escritórios, sendo difícil de prever a sua evolução nos anos mais próximos, em Portugal. Os gestores de ativos, na determinação das rendas em função das variáveis de mercado, olham para a componente da avaliação imobiliária mas não devem esquecer-se de que o custo dos serviços associados aos edifícios são decisivos para se conseguir arrendar, ou não, um determinado Espaço.

    Também por esta razão a APFM promoveu a tradução do guia de referência do mercado internacional para a contabilização dos Custos de Ocupação das empresas – Global Estate Measurement Code for Occupiers, conhecido como GEM Code – Código Global de Medição do Desempenho de Imóveis, para ocupantes. Esta ferramenta permite a otimização dos indicadores de uma Organização, que assim se pode comparar com as organizações congéneres, nacionais e internacionais, e fazer o adequado Benchmarking.

    Que ganhos pode uma empresa ter com uma melhor gestão do seu edifício?

    Em termos de contexto na realidade do país, verifica-se que no atual período recessivo que se iniciou em 2009, os empresários procuraram melhorias efetivas e rápidas nos resultados operacionais. Isto levou a que as práticas de contratação de serviços de Facilities fossem normalmente lideradas pelo critério preço e todos os outros fatores de âmbito e qualidade fossem completamente secundarizados. Isto foi prejudicial tanto para quem presta serviços como para o Cliente. Em relação aos prestadores coloca-os a todos no mesmo “cesto”, independentemente da eficiência ou qualidade do serviço entregue, e em particular quando não há indicadores que evidenciem as diferenças de desempenho entre si. As análises são feitas de forma pontual no momento da compra, esquecendo-se o impacto nas instalações, bem como, nos ocupantes. Em consequência da falta de critérios, a deterioração acelerada dos ativos ou a fuga de colaboradores-chave é algo frequente, quando o Espaço, o conforto e segurança dos utilizadores não recebem a atenção devida e se coloca o foco em aparentes reduções de curto prazo.

    É da análise dos interesses combinados do binómio Ocupante-Proprietário, que se potencia a gestão de edifícios de forma profissionalizada, na procura de resultados operacionais e de poupanças duradouras nos custos de exploração dos imóveis – custos com rendas e serviços associados à ocupação.

    Podemos dar o exemplo da área utilizável por colaborador – m2 por colaborador – quanto maior é este rácio, mais cara se torna a operação. Se lhe disser que o custo de um posto de trabalho pode variar entre os 3.000 e mais de 6.000 euros anuais, tem-se uma ideia do nível de poupança que é possível alcançar com a função de FM bem organizada, medida e controlada continuamente.

    Quais os sectores que mais recorrem a este tipo de serviços?

    Os FMers são normalmente contratados pelas entidades que utilizam os espaços para fazer desenvolver o seu negócio: as empresas de serviços, os bancos, as empresas de telecomunicações, os hotéis, os hospitais, os aeroportos, etc. Mas a forma como as empresas gerem os seus ativos faz como que possam existir outros modelos: desde a subcontratação do FMer ao nível da gestão até empresas que autonomizam os seus departamentos de FM e lhes criam contas de resultados.

    No primeiro caso, é normal um único colaborador gerir ativos em dezenas de países, com equipas e gestores de FM subcontratados em cada geografia. No segundo caso, esses departamentos são inclusivamente responsáveis por cobrar rendas às diversas unidades de negócio do próprio grupo, ou mesmo a empresas externas que eventualmente ocupem espaços ou edifícios do portfolio dessa empresa. Ou seja, o modelo de contratação pode variar muito em função das políticas de subcontratação e de gestão dos ativo que um determinado conselho de administração.

    Hoje a gestão de topo está sensibilizada para os Custos de Ocupação e para a eficiência do uso dos espaços, fator que tem contribuído para reconhecer o valor que o FM pode acrescentar às Organizações, a nível técnico, económico e estratégico, na definição das políticas de FM.

    O que o FM trouxe de novo foi a consciência de que o Espaço e ambientes de trabalho tinham de ser vistos de forma integrada entre as pessoas e os processos, e não como silos onde os vários serviços são geridos de forma estanque. Aliás, esta visão holística de integração é como que uma filosofia de vida para o FMer, assegurando a ligação entre os edifícios e os seus ocupantes.

    Sobre o autorCidália Lopes

    Cidália Lopes

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    Engenharia

    Um teste à renovação de edifícios

    Durante os últimos quatro anos um projecto piloto europeu procurou abrir caminho e comprovar que a renovação rápida de edifícios domésticos existentes, integrando tecnologias pré-fabricadas inovadoras, económicas e sustentáveis é possível. O resultado é um roteiro valioso para o futuro das renovações de edifícios na Europa

    O SUREFIT arrancou no segundo semestre de 2020 e tem a sua conclusão neste mês Fevereiro. Com um financiamento de quatro milhões de euros, o projecto piloto, coordenado pelo Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), juntou onze parceiros, entre universidades, empresas e instituições, de oito países europeus, que desenvolveram tecnologias e soluções, que visam atingir a meta de energia quase nula reduzindo as perdas de calor da envolvente do edifício e do seu consumo de energia através do aquecimento, arrefecimento, ventilação e iluminação, que depois foram testadas em diferentes edifícios já existentes, localizados em vários países europeus e, por isso, sujeitos a diferentes climas e temperaturas.

    Para compreender a importância e o impacto do projecto importa relembrar que a União Europeia tem como meta ser o primeiro continente com impacto neutro no clima até 2050. Este objectivo levou a um aumento de iniciativas de construção ecológica e de incentivos à modernização do parque habitacional. A modernização dos edifícios é, aliás, fundamental para este objectivo. O sector da construção na UE é responsável por cerca de 36% das emissões de dióxido de carbono. A maioria dos edifícios da EU, cerca de 66%, foi construída antes da década de 1970, pelo que a sua modernização e a sua transformação em edifícios eficientes são um factor crucial para atingir as metas traçadas. Os números são conhecidos da indústria: cerca de ¾ dos edifícios residenciais europeus tem um mau desempenho energético, e a taxa de renovação é baixa. Um cenário que não é estranho a Portugal.

    Neste contexto percebe-se a urgência de programas e iniciativas que acelerem e incentivem a modernização dos edifícios e imprimam maior sustentabilidade ao sector da construção, como o SUREFIT que agora termina e está pronto para lançar no mercado novos produtos que ajudam a tornar as nossas velhas casas em casas eficientes, com maior conforto e segurança para quem nelas habitam, porque a par das metas europeias, nunca é demais recordar, que em Portugal ainda se morre por causa do frio e do calor.

    Tecnologia de ponta para edifícios antigos
    “O programa SUREFIT realizou com sucesso uma série de modernizações energéticas em vários edifícios na Europa, mostrando o potencial dos sistemas inteligentes de edifícios, a integração de energias renováveis e as soluções avançadas de isolamento. Estes projectos piloto estabeleceram um novo padrão para a habitação sustentável e forneceram insights valiosos sobre como edifícios mais antigos podem ser modernizados para atender às exigências de um futuro mais verde”, referem as conclusões do SUREFIT.
    A tecnologia foi instalada em edifícios em Portugal (o município de Mafra associou-se ao projecto), Espanha, Grécia e Finlândia. Os diferentes projectos piloto registaram uma significativa redução no consumo de energia e nas emissões de CO2, devido à integração de tecnologias de ponta, como sejam vidros a vácuo fotovoltaicos, sistemas solares térmicos, bombas de calor, acoplados a sistemas de controlo inteligente. O seu impacto permitiu a uma redução entre os 54 e 61% no uso de energia e nas emissões de CO2 em todas as instalações. “Esta redução não só melhora a sustentabilidade ambiental, como proporciona economias significativas aos seus proprietários, ao reduzir as contas de energia”.

    As medidas avançadas de isolamento, incluindo a instalação de painéis térmicos, persianas de luz natural e melhorias nas fachadas, ajudaram a melhorar o desempenho térmico dos edifícios, criando ambientes de vida mais confortáveis e, simultaneamente, reduzindo a necessidade de aquecimento e arrefecimento. A introdução de sistemas inteligentes de edifícios garantiu que o uso de energia fosse optimizado em tempo real, tornando o aquecimento, o arrefecimento e o consumo de electricidade mais eficientes.

    Outro dos objectivos dos projectos SUREFIT era melhorar o conforto térmico dos residentes. Nessa perspectiva, os edifícios intervencionados “registaram uma redução notável nas variações de temperatura ao longo das estações. Os residentes relataram uma mudança de Invernos frios e Verões excessivamente quentes para condições interiores mais estáveis e confortáveis. O desempenho do aquecimento e do arrefecimento melhorou significativamente, com os tempos de aquecimento a tornarem-se mais rápidos e mais eficientes”, referem as conclusões.

    Além do controlo de temperatura, a qualidade do ar interior também registou melhorias consideráveis graças à “instalação de sistemas de recuperação de calor nas janelas e as capacidades melhoradas de ventilação ajudaram a criar ambientes interiores mais frescos e saudáveis, melhorando o bem-estar geral dos residentes”.
    O SUREFIT também se concentrou na integração de soluções de energias renováveis no design dos edifícios. “A instalação de sistemas solares térmicos ajudou a gerar electricidade e água quente doméstica, reduzindo a dependência de fontes de energia convencionais. Em alguns casos, também foram introduzidos painéis fotovoltaicos, contribuindo ainda mais para as economias de energia. A combinação de geração de energia solar e sistemas térmicos não só reduziu a pegada de carbono dos edifícios, como também tornou essas casas auto-suficientes e resilientes às oscilações dos preços da energia”.

    Oportunidades para a indústria
    Uma das preocupações do programa, a par da sustentabilidade ambiental, é o impacto económico que toda esta nova tecnologia terá. Algo que não pode ser medido a curto prazo. “Embora algumas das tecnologias, como o vidro a vácuo PV e os painéis de isolamento prefabricados, tenham custos iniciais mais elevados, evidenciou-se que, a longo prazo, são financeiramente vantajosas, com um período de retorno de cerca de cinco a dez anos. Para sistemas mais convencionais, como membranas respiráveis e soluções solares térmicas, o período de retorno foi ainda mais curto. Uma análise de custos ao longo do ciclo de vida demonstrou que, com o tempo, estas tecnologias de eficiência energética são altamente competitivas com os sistemas de construção tradicionais”.

    O impacto económico será a médio/longo prazo, à medida que haja também um maior envolvimento da indústria que garanta uma maior disseminação das soluções, mas os seus impactos medem-se no imediato para os residentes das habitações que fizeram parte do projecto: “Muitos relataram que as suas casas se tornaram significativamente mais confortáveis, com melhor regulação térmica, eficiência optimizada de aquecimento e arrefecimento e redução do ruído externo. Ao longo da renovação, os residentes também notaram uma melhoria substancial na sua qualidade de vida, já que as casas modernizadas proporcionaram não apenas economias de energia, mas também um ambiente mais saudável e confortável”.

    Para os responsáveis pelo SUREFIT, este é “uma demonstração clara de como as tecnologias modernas e as estratégias de modernização podem dar nova vida a edifícios mais antigos, tornando-os eficientes em termos energéticos, confortáveis e sustentáveis. Estes projectos fornecem um roteiro valioso para o futuro das renovações de edifícios, oferecendo uma solução adaptável para as comunidades que procuram alcançar as metas de eficiência energética e reduzir as suas pegadas de carbono”, atestam.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Pedro Cabral, director negócio PRO na Leroy Merlin (créditos: Frederico Weinholtz)

    Empresas

    Negócio PRO da Leroy Merlin ultrapassou 200 M€ de facturação

    Pedro Cabral, director negócio PRO na Leroy Merlin, falou com o CONSTRUIR sobre o crescimento “consolidado e extremamente positivo” deste segmento em Portugal, que já ultrapassou os 45.000 clientes activos, presentes nas suas 49 lojas físicas e online, traduzindo-se numa facturação que excede largamente os 200 milhões de euros

    Lançado no final de 2022, a área de negócio PRO da Leroy Merlin tem ganho um peso crescente nos resultados do grupo em Portugal. Pedro Cabral é o director negócio desta área e confirma ao CONSTRUIR o crescimento “consolidado e extremamente positivo”, desta vertente de negócio do grupo. “Temos registado progressos significativos, acima da média, tanto em número de clientes como em volume de vendas. A nossa estratégia baseia-se num suporte robusto ao cliente profissional, o que nos permitiu expandir as nossas equipas. Contamos actualmente com mais de 500 colaboradores dedicados a este segmento”, justifica o director. Contas feitas, “ultrapassámos os 45.000 clientes activos, presentes nas nossas 49 lojas físicas e online. Este crescimento traduziu-se numa facturação que excede largamente os 200 milhões de euros, plenamente alinhada com os objectivos traçados. Acreditamos que o sucesso do segmento PRO assenta, acima de tudo, na escuta activa das necessidades do cliente profissional e na nossa capacidade de oferecer soluções que vão ao encontro dessas expectativas, seja através da diversificação da gama de produtos, da oferta de serviços específicos ou da disponibilização de formação”, afirma Pedro Cabral.

    A expansão do segmento PRO continua de forma consistente no contexto internacional, alinhada com a estratégia global do grupo. Em países como Espanha e Polónia, o serviço já está amplamente consolidado, enquanto outros mercados, como França, Brasil, Itália e Roménia, têm apresentado um crescimento expressivo

    Vasta gama é valorizada

    O responsável resume a três os factores que mais têm contribuído para esta área de negócio “atendimento personalizado, por equipas dedicadas, com formação especializada, que garantem um suporte próximo e eficaz. A disponibilidade de uma vasta gama de produtos é também muito valorizada, permitindo que os profissionais encontrem tudo o que precisam num único local, o que facilita a gestão dos seus projectos. Adicionalmente, a agilidade no processo de compra e a possibilidade de realizar devoluções de forma rápida e simples tornam a experiência mais prática e eficiente”, refere Pedro Cabral.

    O portfólio de clientes integra micro, pequenas e, na sua maioria, médias empresas, tirando partido do facto do sector em Portugal ser constituído 98% por empresas de menor dimensão. Mas entre os seus clientes estão também “grandes organizações”, sublinha o director de negócio. “Conseguimos atender tanto a pedidos de pequenas quantidades, frequentemente requisitados por micro e pequenas empresas, como a encomendas de grandes volumes, típicas de empresas de maior dimensão ou de projectos de maior escala. Esta flexibilidade e versatilidade garante que conseguimos dar resposta e satisfazer as exigências de todos os nossos clientes e acaba por nos beneficiar nos processos de selecção de um parceiro para diferentes projectos”, garante.  “Ao mesmo tempo, não excluímos outros segmentos de clientes, que valorizam factores como a disponibilidade de produtos, preços competitivos e serviços associados, elementos em que também nos destacamos. A fragmentação do mercado em Portugal, com a predominância de pequenas empresas, é um cenário onde a capilaridade nacional da Leroy Merlin, aliada à capacidade de oferecer soluções integradas, nos permite ser uma referência. É exactamente esta abordagem que tem contribuído para o nosso sucesso”, sustenta Pedro Cabral.

    A expansão do segmento PRO continua de forma consistente no contexto internacional, alinhada com a estratégia global do grupo. Em países como Espanha e Polónia, o serviço já está amplamente consolidado, enquanto outros mercados, como França, Brasil, Itália e Roménia, têm apresentado um crescimento expressivo. Embora o nível de maturidade deste negócio varie de acordo com o mercado e o contexto de cada país, os resultados são encorajadores e a Leroy Merlin continua confiante no futuro deste segmento e na sua capacidade de criar valor em todos os mercados onde opera.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    IA é janela aberta para a sustentabilidade e eficiência

    A digerir o fim do programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis, a Associação Nacional dos Fabricantes de Janelas Eficientes (ANFAJE) reuniu, no Porto, especialistas nacionais e internacionais em torno do futuro deste segmento. O papel da Inteligência Artificial foi uma das tónicas do encontro

    Ricardo Batista

    A digerir ainda o fim do programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis, que dava financiamento do Fundo Ambiental para a instalação de painéis solares e substituição de janela, a fileira das janelas e fachadas eficientes procura caminhos para manter a sua relevância no contexto global da construção. As palavras proferidas no final de 2024 pela ministra do Ambiente e Energia, Maria Graça de Carvalho, ainda causam desconforto, desde logo porque partem do pressuposto que a pobreza energética se combate, exclusivamente, com o apoio financeiro a famílias carenciadas e não com medidas mais abrangentes.

    Segundo a titular da pasta do Ambiente, a reformulação das políticas vai dar uma “grande prioridade” no combate à pobreza energética e vai lançar dois novos programas de apoio, destinados a pessoas e regiões mais vulneráveis. No combate à pobreza energética será criado o programa E-Lar, de apoio aos consumidores, “centrado na eficiência energética e na aquisição de equipamentos eficientes, promovendo a electrificação dos consumos, com ênfase nas famílias vulneráveis”, disse a ministra.

    IA com papel transformador
    Neste contexto, a Associação Nacional dos Fabricantes de Janelas Eficientes (ANFAJE) promoveu, na última edição da Concreta, o oitavo Encontro Nacional do Sector das Janelas e Fachadas, onde especialistas, nacionais e internacionais, discutiram tendências, oportunidades e desafios. Do encontro resultaram um conjunto de ideias chave sobre as quais assentará a evolução deste sector, nomeadamente a consolidação do papel da Inteligência Artificial como ferramenta para uma melhor gestão de recursos, redução de desperdício e aperfeiçoamento da experiência do cliente tanto na fase da venda como do pós-venda.

    Ao CONSTRUIR, o presidente da ANFAJE explica que “a Inteligência Artificial (IA) pode desempenhar um papel transformador no desenvolvimento do sector das janelas, portas e fachadas, trazendo inovação, eficiência e maior competitividade”. João Gomes Ferreira explica que “a IA poderá vir a ajudar desde a fase de design e prescrição, para ajudar a criar soluções personalizadas e adaptadas às necessidades específicas de cada edifício ou cliente, como na fase de produção, optimizando recursos e processos e reduzindo desperdícios, enquanto nas fases de venda e pós-venda, pode melhorar todo o tipo de instruções e/ou recomendações de utilização e manutenção”. “Através da análise de dados e padrões, a IA poderá ainda apoiar o sector, na análise de tendências ao nível do tipo de produtos mais procurados para como isso, desenvolver estratégias comerciais, alicerçadas nas ferramentas de marketing digital. Este papel multifacetado da IA tem o potencial de modernizar ainda mais o sector, torná-lo mais competitivo, sustentável e orientado para os desafios do futuro”, conclui.

    No mesmo sentido, o gestor técnico da OTIIMA acredita que “a integração da IA não só irá transformar os processos internos, mas também elevar o padrão de qualidade e inovação no sector da caixilharia minimalista”. No entender de Mário Molho, “a adopção destas tecnologias é um passo necessário para assegurar competitividade e criar soluções que façam a diferença no mercado”. Para Mário Molho, a IA permitirá “criar soluções de design mais eficientes e personalizadas”, recorrendo a bases de dados de preferências dos clientes e tendências do mercado que acabam por gerar soluções que atendam a requisitos específicos, combinando estética minimalista com funcionalidades avançadas, do mesmo modo que “pode analisar dados em tempo real para identificar falhas, melhorar a eficiência produtiva e reduzir desperdícios de materiais” logo no processo de fabrico.

    Importância das empresas
    Seja como for, com recurso à Inteligência Artificial ou à inteligência de quem tem sustentado o crescimento deste sector ao longo das últimas décadas, o caminho passará, invariavelmente, pela oferta de soluções inovadoras que melhoram o conforto térmico e acústico, reduzem o consumo de energia e aumentam a segurança, atendendo a que a substituição de janelas antigas contribui para metas de sustentabilidade e eficiência energética. “As empresas do sector das janelas têm um papel fundamental na melhoria do conforto e da eficiência energética das habitações, pois oferecem produtos tecnologicamente avançados e inovadores que ajudam a reduzir as s térmicas, a melhorar o conforto térmico e acústico dos edifícios e a reforçar a segurança anti-roubo”, diz ao CONSTRUIR João Ferreira Gomes, para quem o sector das janelas, portas e fachadas eficientes terá, em 2025, novos desafios e oportunidades que advêm da necessidade de continuar a promover a melhoria da qualidade da construção, da eficiência energética e da sustentabilidade do parque edificado português”. O presidente da ANFAJE defende “a aplicação da taxa de IVA reduzido de 6% para as janelas eficientes (tal como para os painéis solares e aparelhos de ar condicionado), bem como de benefícios fiscais, em sede de IRS, para quem aposta na melhoria do desempenho energético da sua casa”.

    Consciencialização impulsiona procura
    No entender de Mário Molho, a crescente consciencialização ambiental está a impulsionar a procura por soluções que reduzam a pegada ecológica. Para o gestor técnico da OTIIMA, antiga Ecosteel que faz agora parte do universo da Vanguard Properties, “o sucesso do sector da caixilharia minimalista em 2025 estará intimamente ligado à capacidade de equilibrar estas tendências, sem perder a essência que define este mercado: simplicidade, sofisticação e funcionalidade”. O gestor identifica uma maior aposta em materiais recicláveis, sistemas mais eficientes no isolamento térmico e acústico, e uma forte adaptação às regulamentações energéticas como direcções por onde passará a evolução do sector. “Na OTIIMA, estamos empenhados em desenvolver produtos que maximizem a eficiência energética sem comprometer a estética minimalista”, garante Molho.

    Sobre o autorRicardo Batista

    Ricardo Batista

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    Concluída em 2023, a obra da Mexto executada pela Baltor em Lisboa é um dos exemplos da flexibilidade e inovação da actividade da empresa

    Construção

    Baltor “mais elástica” e inovadora tem carteira de 132M€

    Em primeira mão, os responsáveis da Baltor explicam ao CONSTRUIR que o percurso da construtora passa pelo reforço da estratégia no mercado nacional, uma estratégia que passa, também, pela inovação e optimização dos processos de gestão. A companhia liderada por Cláudio Costa espera alcançar uma facturação em torno dos 80M€ em 2025, dos quais mais de dois terços assentam na encomenda privada

    Ricardo Batista
    tagsBaltor

    A Baltor entra no ano de 2025 com uma carteira de encomendas estimada em 132 milhões de euros, valores que reflectem a clara aposta que a empresa de Viana do Castelo tem feito na consolidação no mercado nacional.

    Ao CONSTRUIR, a administração da empresa explica que os números revelam que a “Baltor se posiciona, cada vez mais, como uma referência no sector da construção a nível nacional”.
    “Este crescimento resulta de um processo muito estudado e preparado, de aumento da capacidade de produção, de gestão financeira e comercial, por via da contratação e formação de jovens técnicos e respectiva retenção de talento”, explica a mesma fonte.

    Elasticidade também geográfica

    “A actual elasticidade da Baltor veio permitir a aposta em novos sectores da construção, assim como estender a nossa área de actuação geográfica que é, mais que nunca, nacional”, asseguram os responsáveis da empresa que tem Cláudio Costa como CEO. A mesma fonte explica que “hoje, cerca de 78% da facturação provém de clientes privados, enquanto, os restantes 22% advêm de projectos públicos. Esta diversificação não só demonstra versatilidade, como também evidencia a nossa capacidade de adaptação aos vários tipos de desafio e escalas de cada sector, desde grandes obras industriais e infraestruturais, até projectos residenciais e de serviços”. Ao CONSTRUIR, fonte da administração da empresa assegura que “a Baltor pretende consolidar o seu crescimento, definir e atingir objectivos ambiciosos, com uma estratégia assente na inovação, no fortalecimento das equipas e no desenvolvimento de parcerias estratégicas, reforçando assim, cada vez mais, a sua presença no mercado de um modo sólido”. Questionada sobre esta estratégia tecnológica, fonte da empresa sublinha que “sem inovação não há desenvolvimento. A inovação é um pilar em qualquer economia. Actualmente, de entre todas possibilidades de inovação que quase diariamente nos vão surgindo, a muitos níveis, a nossa maior atenção têm-se voltado em especial, para processos de inovação na gestão. O business intelligence é para nós fundamental para a leitura e gestão de todos os processos inclusive para a gestão humana, principalmente, detecção e retenção de talento”, conclui. “Temos também conseguido criar novas oportunidades de carreira, especialmente através de novas camadas de gestão, desenvolvidas dentro dos vários departamentos, e até mesmo, gerar novos departamentos. Neste processo, tem-se revelado também, estrategicamente importante, as diversas parcerias e protocolos, com instituições de ensino e parceiros que temos desenvolvido”, acrescenta.

    “Espera-se que as construtoras que se mantêm no mercado, consigam, por experiência, ser cada vez mais eficientes, em especial, no controlo de processos, de modo a limitar anomalias durante e apôs as empreitadas, e no que toca a prazos e controlo de custos”

    Foco no mercado nacional

    “A nossa estratégia continua a ser mesma dos últimos anos. Foco no mercado nacional e diversificação nas áreas de actuação, como Habitação, Hotelaria, Serviços, Retalho, indústria e infraestruturas”, asseguram os responsáveis da Baltor. Questionada sobre o papel das empresas – e da Baltor em particular – no que se espera que seja a resposta do sector empresarial à crise na habitação, fonte da construtora de Viana explica que esse papel é “fundamental”. “A experiência e a necessidade conduzem à perfeição. Apesar de continuar a haver falta de habitação, foi significativa a quantidade de habitações (de todo o tipo ) que se construíram nos últimos tempos e na verdade, nunca se construiu tão rápido e com tanta preocupação na optimização de processos”, revelam fonte da construtora, que espera “que as construtoras que se mantêm no mercado, consigam, por experiência, ser cada vez mais eficientes, em especial, no controlo de processos, de modo a limitar anomalias durante e apôs as empreitadas, e no que toca a prazos e controlo de custos”.

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    Empresas

    Dificuldades da economia alemã são “caso para os agentes económicos estarem mais alerta”

    Em 2025 haverá novos países no plano de internacionalização da Associação Empresarial de Portugal, mas mantém-se, sobretudo, a aposta nos mercados tradicionais. O ano começou com uma ida à BAU, na Alemanha, um pretexto para falar com Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP, também sobre este importante mercado e os seus impactos nas empresas portuguesas

    Em 2024 a Associação Empresarial de Portugal promoveu a participação de 180 empresas portuguesas em feiras e missões internacionais a mais de 20 mercados. Luís Miguel Ribeiro, presidente do conselho de administração da associação empresarial, dá em 2025 continuidade ao programa de internacionalização defendendo que as feiras e certames internacionais são “plataformas globais de negócios”. Em conversa com o CONSTRUIR falou sobre os mercados estratégicos para o sector da construção, a emergência de alguns mercados já tradicionais nas relações com Portugal e sobre a Alemanha e os problemas que a primeira economia europeia, Alemanha, atravessa

    Agora em 2025 que mudanças significativas surgem na estratégia de internacionalização do BOW? Este modelo continua a fazer sentido?
    As feiras e certames internacionais continuam a ser “plataformas globais de negócios” por excelência e continuarão a ser canais promissores para o futuro, não obstante poderem evoluir de forma a agregar o elemento digital. As feiras manterão a sua relevância devido à importância da presença física e do contacto directo nos negócios internacionais. Estes certames destacam-se por serem eventos essenciais para a entrada em mercados onde a confiança, construída através do contacto presencial, é crucial para o sucesso. Apesar das alternativas digitais, a participação em feiras continua a ser considerada indispensável para a promoção de empresas e produtos. Permite a presença física, mas também apresentar as inovações e soluções, o que pode ser decisivo em sectores de alta competitividade.

    Para as empresas do sector da construção, arquitectura, materiais de construção que mercados surgem em destaque este ano?
    Com um cenário global em constante evolução, em 2025 o sector da construção será impulsionado por tendências como a sustentabilidade, a digitalização e o crescimento urbano acelerado. Nesse contexto, alguns mercados estratégicos ganham destaque, oferecendo oportunidades para essas empresas. Países como Angola, Moçambique e Argélia continuam a investir no desenvolvimento de infraestruturas, com foco em projectos de reconstrução, urbanização e diversificação económica. No Médio Oriente, regiões como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos apresentam forte investimento em mega infraestruturas e construção sustentável.
    Na Europa Central e do Norte, a renovação de infraestruturas e a construção sustentável continuam a ser prioridades. Já no próximo ano, pretendemos voltar a realizar a participação portuguesa na BATIMAT Paris, uma feira bienal.
    Seja em África, no Médio Oriente ou na Europa, a participação nos certames pode ser determinante para as empresas do sector, ajudando a posicioná-las como líderes num mercado em rápida transformação.

    Angola no passado não muito distante teve um peso relevante para as empresas do sector, sente que tem havido maior dinâmica?
    Podemos afirmar que o mercado angolano continua a ter interesse para muitas empresas portuguesas, inclusive do sector da construção. Nos últimos anos, Angola passou por desafios económicos, como a queda nos preços do petróleo, que afectaram o ritmo de crescimento, no entanto, a recuperação económica e os esforços do governo angolano para diversificar a economia e melhorar o ambiente de negócios podem ter contribuído para um aumento na dinâmica do sector. A AEP, que tem como missão apoiar as empresas no seu processo de diversificação de mercados, observa com muita atenção a evolução do mercado angolano, especialmente no que toca a oportunidades em infraestruturas e projectos de construção.
    Apesar do desafiante momento que Angola vive, confiamos que a resiliência da economia angolana a coloca no caminho da recuperação, o que impactará positivamente as quase 5 mil empresas portuguesas que exportam para o país. Pode-se considerar que a dinâmica do mercado angolano tem aumentado, embora ainda com desafios como a instabilidade cambial e as dificuldades no acesso ao crédito. Porém, o sector da construção continua a ser uma área de interesse estratégico para a AEP, dado o potencial de negócios a longo prazo.

    A economia alemã e os seus impactos

    A contracção da economia alemã, e em particular, as dificuldades vividas pelo seu sector da construção, são um sinal de alerta?
    A economia alemã é a terceira maior economia mundial e a primeira da União Europeia, representando cerca de um quarto do PIB da União Europeia. A par disso, o sector da construção é muitas vezes considerado como um barómetro da economia. Posto isto, se um mercado e um sector com esta relevância se encontram em dificuldades é caso para os agentes económicos estarem mais alerta.
    Porém, importa também referir que, segundo as projecções económicas de várias instituições mundiais, a economia alemã encontra-se numa fase de recuperação, prevendo-se um ciclo de aceleração em 2025 (ainda assim, para apenas 0,7%, segundo as projecções de Novembro da Comissão Europeia) e 2026 (1,3%), após duas retracções de 0,3% em 2023 e de 0,2% em 2024. Face a esta recuperação projectada da economia alemã é previsível que a confiança dos agentes económicos melhore e o sector da construção seja beneficiado.

    De que forma impacta as empresas nacionais, dado a nossa exposição ao mercado?
    De acordo com os últimos dados do INE relativos às exportações de bens, em Novembro, apesar de estas estarem a registar quedas no global, para o mercado alemão ainda mantêm uma trajectória muito positiva.
    Não deixa, no entanto, de ser importante tomar uma posição preventiva face aos eventuais impactos da situação económica desfavorável sentida pelo terceiro maior cliente português. Além de se tratar de um país com um peso significativo no nosso comércio internacional, nas exportações estão sobretudo bens de indústrias com um elevado efeito de arrastamento na economia, como se trata do sector automóvel, por exemplo.
    Nos resultados do mais recente inquérito que a AEP realizou junto dos seus associados, sobre as perspectivas da actividade económica para 2025, as empresas manifestaram forte preocupação quanto aos impactos negativos na sua actividade, decorrentes das dificuldades neste importante mercado para Portugal.

    Quais são as prioridades da AEP para este ano? Que novidades em termos de programas e acções estão a preparar?
    A AEP continuará a apoiar a internacionalização das empresas portuguesas, promovendo eventos, missões empresariais e parcerias internacionais. Esse apoio visa ajudar as empresas a expandir para mercados internacionais, especialmente em economias emergentes e áreas de elevado potencial.
    Manteremos o foco nas fileiras estratégicas: Alimentação & Bebidas, Construção & Materiais de Construção, Casa & Decoração, Energia & Ambiente, Equipamentos Hoteleiros & Restauração (Horeca), Saúde e Equipamentos Médico-Hospitalares, Novas Tecnologias, Componentes Automóveis, Náutica, entre outras.
    Além disso, reforçaremos a nossa aposta em missões empresariais para mercados emergentes e não tradicionais, como Japão, Coreia do Sul, Vietname, Filipinas, Uzbequistão, Cazaquistão, Croácia e Sérvia. A grande novidade para 2025 será a nossa incursão no mercado da Mongólia.
    Adicionalmente, o nosso plano de acções anual inclui iniciativas de mentoring de capacitação, abordando temas como e-commerce, transformação digital, inteligência artificial, ESG, dossiers de mercado, entre outras acções estratégicas.

    Feiras a ter atenção em 2025
    • 24 a 27 de Fevereiro, Big 5 Construct Saudi, Riade
    • 07 a 13 de Abril Bauma, Munique
    • 4 a 8 de Maio, BATIMATEC, Argel
    • 22 a 27 de Julho, Filda, Luanda
    • Novembro, Big 5 Global, Dubai

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Dossier “Máquinas e Equipamentos”: Num mercado em transformação, aluguer domina e ‘pequenas’ crescem

    O mercado é uma sombra de outrora, em que dominavam as retroescavadoras. Hoje, o segmento das Máquinas e Equipamentos é já dominado pelos pequenos equipamentos, versáteis, e pelo aluguer, que reduz custos operacionais e parques sobredimensionados na folha de património das construtoras. Esta transformação, mais do que representar um novo rumo ao qual as fabricantes e distribuidoras têm de responder, tem a particularidade de poder introduzir distorções no mercado. Equipamentos mais sustentáveis são desejados, mas os preços ainda são um entrave

    Ricardo Batista

    O mercado está em franca transformação. Essa é uma evidência, pelo menos a atestar pelas opiniões recolhidas pelo CONSTRUIR junto de alguns dos principais fabricantes, distribuidores ou representantes de algumas das principais marcas de maquinaria pesada usada na indústria da Construção. Claro está que, regra geral, estas evidências são atestadas por indicadores estatísticos que reforçam a percepção, mas esse levantamento deixou de ser feito pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP), pelo menos de forma pública.

    Não havendo, portanto, indicadores fiáveis, resta a opinião de quem está, diariamente, no terreno. E não é pouco. Igual a si próprio, José Gameiro não deixou nada por dizer. Ao CONSTRUIR, o administrador da Motivo, importadora da britânica JCB para o mercado nacional, reconhece que o mercado português é, hoje em dia, “uma sombra do que foi no início do século”. “Desde logo porque não é expectável que, nos próximos anos, surja uma verdadeira inovação revolucionária. Eu estive na última BAUMA, tenho acompanhado o que se tem dito sobre a próxima edição da feira e chegamos à conclusão de que a roda está inventada. Nada de novo é capaz de acontecer”, assegura aquele responsável que admite que o abandono da Toyota do desenvolvimento do motor a hidrogénio foi uma machadada forte nas expectativas de quem acreditava que este pudesse ser um verdadeiro salto. “Mesmo os equipamentos eléctricos tardam a ser aceites”, reforça. Mas José Gameiro é mais contundente a apontar as distorções existentes no mercado, provocadas em grande parte pela entrada no País de gigantes na área do aluguer de equipamentos. “Aquilo que se vendia em máquinas pesadas passou a vender-se mais em máquinas ligeiras. Ou seja, 50% do mercado português são mini-escavadoras, skid steers e mini retroescavadoras. Há uma completa inversão do mercado e isso em grande medida é por causa do aluguer”, explica José Gameiro, que recorda, por exemplo, a operação de aquisição da Vendap por parte do grupo Kiloutou. “A Vendap facturava qualquer coisa como 50 milhões de euros. A casa mãe da Vendap factura em torno de 1,5 mil milhões de euros.

    “Existe uma série de produtos que já não se vendem, alugam-se. Veja-se por exemplo o caso das plataformas elevatórias. Hoje em dia já praticamente ninguém compra. Há dois ou três fornecedores que vendem a um ou outro cliente, mas é um produto de quase 90% de aluguer”. Mas o administrador da Motivo identifica dois outros fenómenos, com implicações no mercado. Em primeiro lugar, as empresas grandes de aluguer compram no estrangeiro. Por exemplo, uma Kiloutou tem braços em Espanha, França e Inglaterra, são multinacionais, e compram às 500 ou 800 máquinas. Com isso, é claro que os preços sofreram uma distorção total. Quem compra 500 máquinas compra muito mais barato que ao distribuidor português”, diz, acrescentando que se assiste a uma outra evidência: as frotas próprias para aluguer. “As próprias marcas começaram a ter as suas frotas de aluguer. A Caterpillar está a investir fortemente no aluguer, a Case está a investir fortemente no aluguer, a JCB está a investir no aluguer. Ou seja, nas nossas próprias frotas, o que originará o aparecimento de um mercado secundário. Um cliente que quer uma máquina. Quanto é que custa uma máquina? 100 mil euros. Então, e uma máquina com dois anos? 80 mil. Isto vai acarretar uma distorção evidente”, diz, afiançando que “o aluguer é a nova realidade do mercado”.

    STET
    Pela mesma lógica alinha Paulo Ribeiro. O director comercial de máquinas da Stet, que acredita que é notório um crescimento significativo no sector dos equipamentos para a construção essencialmente à conta do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em vigor e pelo programa Portugal 2030. O responsável comercial da importadora da Caterpillar salienta que “este crescimento é alimentado por vários projectos, tanto públicos como privados, que têm vindo a estimular a procura por este tipo de equipamentos”, acrescentando que “o actual período de transição energética, orientado para a redução da pegada carbónica por parte das empresas, está a gerar uma necessidade crescente de substituição de equipamentos menos eficientes por tecnologias mais modernas e sustentáveis”. Paulo Ribeiro também concorda que o mercado de aluguer está a crescer, especialmente em construção e obras públicas, onde é vantajoso para controlar custos e garantir flexibilidade. Embora ainda não seja amplamente utilizado, é uma solução prática que tem grande potencial para quem busca reduzir riscos. “É uma solução que faz todo o sentido para empresas que querem controlar custos e evitar desvios, permitindo-lhes ajustar-se mais facilmente às exigências de cada obra ou projeto. Com os projectos que estão a surgir, impulsionados pelo PRR e pelo Portugal 2030, o aluguer está a tornar-se cada vez mais apelativo”, acrescenta. “A STET, em parceria com as suas marcas representadas, está a apostar em várias novidades que acompanham as tendências mais recentes do mercado e respondem aos principais desafios globais do sector. Estas iniciativas destacam-se por serem inovadoras e verdadeiramente diferenciadoras: Sustentabilidade e Transição Energética: Equipamentos mais eficientes, soluções de gestão energética inteligente e tecnologias dedicadas à reciclagem, promovendo uma operação mais ecológica e sustentável”.

    EPIROC
    Para João Resende, responsável da EPIROC para o mercado português dos acessórios/implementos hidráulicos, salienta que o sector de máquinas e equipamentos para construção em Portugal está em crescimento, especialmente no segmento de obras públicas e infraestruturas. “Contudo, existem nuvens no horizonte, como as incertezas económicas globais, aumento dos custos de materiais e logísticas, e desafios associados à escassez de componentes. As perspectivas de médio e longo prazo são optimistas, mas com atenção às flutuações da economia e às exigências tanto de sustentabilidade como ambientais”, sublinha. Em relação ao mercado do aluguer, João Resende concorda que é uma prática que tem vindo a crescer em Portugal, “mas ainda não é uma prática tão expressiva quanto em outros mercados mais maduros, na Europa Ocidental. No entanto, tem aumentado a sua adopção, particularmente para grandes projectos, dado que permite maior flexibilidade e optimização de custos. O mercado de aluguer é relevante, mas a expressão ainda é relativamente residual comparada ao volume de vendas directas de equipamentos”. O responsável da Epiroc explica, por isso, que “a expectativa é que cresça cada vez mais” e que, nessa óptica, as empresas possam aproveitar esta dinâmica para se posicionarem face ao aumento dos custos operacionais, escassez de materiais e componentes, cumprimento de prazos num mercado competitivo, e a pressão para adoptar práticas mais sustentáveis e reduzir as emissões. Além disso, a inovação tecnológica e a digitalização são essenciais para se manterem competitivas, asseguram os responsáveis da empresa.

    ALMOVI
    Pela mesma tónica alinham os responsáveis da Almovi, uma das empresas de referência no domínio da elevação de cargas. Ao CONSTRUIR, Joana Lança Coelho considera que “embora o panorama seja positivo, as incertezas globais, como alterações político-económicas, podem afectar o futuro do sector. A questão da segurança tem aumentado a procura pelo aluguer de equipamentos especializados, como mini-gruas, que são mais eficientes e práticas”. “Nos últimos anos temos assistido a um aumento das restrições do levantamento de cargas permitidas por humanos. Isso por si só fez aumentar a sensibilização e a procura pelo aluguer de equipamentos adequados a este tipo de serviço, principalmente as mini-gruas ou gruas aranha, equipamentos pequenos, práticos com enorme destreza e precisão, que têm a capacidade de chegar onde a mão-humana não pode”. Nesse domínio, a marketing manager da Almovi salienta que “este tipo de equipamento tem um valor elevado” e que “nem todas as empresas do sector têm a capacidade de os adquirir, e com as diferentes necessidades de cada projeto torna-se difícil ter mais do que um tipo de equipamento para poder cobrir todas as exigências. Alugar estas máquinas permite maior flexibilidade e acesso a tecnologias actualizadas sem grandes investimentos de capital”. “Torna-se assim mais sustentável e eficiente alugar um equipamento específico de acordo com a necessidade e durante o tempo indispensável”, refere. Segundo Joana Coelho, tem havido também uma evolução das máquinas-ferramenta com a integração de computadores e motores eléctricos que permitem um aumento da precisão da operação. “O que no caso das fachadas de vidro é uma mais-valia pela preocupação com soluções que reduzem os custos devido a quebra ou perda de material e aumentam a produtividade”, garante. A responsável de Marketing da Almovi aborda, de uma forma mais incisiva a questão do aluguer, salientando que este tipo de solução “tem encontrado alguns desafios, nomeadamente o ‘set-up cost’. O valor do transporte destes equipamentos de pequena dimensão é por vezes mais caro do que o próprio aluguer, o que implica investir em ‘hubs’ estrategicamente colocados para dar melhor resposta ao cliente”.

    Going Up
    Mais cauteloso parece ser o gerente da Going Up. Ao CONSTRUIR, Luís Leal antecipa que “o sector das máquinas é, agora, um sector muito imprevisível. Já foi um sector com mais estabilidade. Houve um grande crescimento do mesmo, que acompanhou os melhores momentos da construção, mas agora sente-se que está a ficar sobrelotado de máquinas e equipamentos”. “Existe, este ano mais que nos últimos dois, uma incerteza sobre se o mesmo será de crescimento ou se já se fará sentir um ligeiro abrandamento neste sector, motivado por um abrandamento da economia em geral”, refere aquele responsável, para quem “já estamos num ponto em que o aluguer de equipamentos é muito vantajoso na quase maioria dos trabalhos e em algumas, até mesmo imprescindível. Diria que já é significativo, mas ainda longe da utilização que é feita nos países do Norte da Europa”. Questionado sobre os desafios que se colocam às empresas, o gerente da Going Up aponta dois: “o primeiro passa por conseguir não baixar os preços praticados para ganhar um negócio e que depois serão a regra para todos os negócios feitos para esses clientes; o segundo é saber avaliar quando é o melhor momento para parar de comprar mais máquinas”.

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    Bruno Amaro, responsável pelo Departamento de Rural da Savills

    Imobiliário

    “Terrenos agrícolas destacam-se pela valorização sustentável e maior resiliência em períodos de crise económica”

    Em Portugal, os terrenos agrícolas e florestais têm sido cada vez mais procurados, com uma rentabilidade média anual que varia entre 3% e 8%, dependendo da localização, do tipo de cultura e da gestão implementada. Espanha, França, Reino Unido e Países Baixos são os principais investidores, mas tem-se registado um maior interesse de países do Golfe Pérsico e dos Estados Unidos

    Cidália Lopes

    Herdade Vale Mouro

    A Savills Portugal acaba de lançar o seu novo Departamento de Rural criado para responder à necessidade de acompanhar e assessorar a nível profissional o crescente número de investidores, nacionais e internacionais, com interesse em terrenos agrícolas e florestais em Portugal. Seja para fins agrícolas, florestais ou de desenvolvimento, os proprietários e investidores são acompanhados ao longo de todo o processo de compra e venda de propriedades rurais, desde a avaliação inicial até à transacção final.

    Liderada por Bruno Amaro, que conta com mais de 15 anos de experiência internacional em gestão e transacção de activos agrícolas, esta nova área de negócio integra o departamento de Investimento da Savills e oferece soluções de investimento personalizadas.

    A abertura do sistema de irrigação do Alqueva foi o catalisador para o aumento do interesse dos investidores estrangeiros em Portugal. Inicialmente, espanhóis, mas mais recentemente, de países como o Reino Unido, EUA, Suíça, Canadá e Chile.

    Os principais investidores vêm de países como Espanha, França, Reino Unido e Países Baixos, mas tem-se registado um crescente interesse de nações fora da Europa, incluindo os Estados Unidos e países do Golfo Pérsico

    Além do Alqueva, também outras regiões, como Castelo Branco, a bacia do Tejo e o nordeste do concelho de Évora, têm-se sido mais procuradas.

    A nível internacional, a Savills conta, também, com um grande histórico no que respeita à gestão e venda de terrenos agrícolas e florestais em várias geografias. Anualmente, a empresa avalia mais de 1,4 milhões de hectares e, nos últimos cinco anos, intermediou a venda de mais de 3,5 mil milhões de euros em terrenos em nove países. Este conhecimento e experiência internacional são agora aplicados ao mercado português.

    Embora activos tradicionais como escritórios ou espaços comerciais possam oferecer retornos semelhantes, os terrenos agrícolas destacam-se pela valorização sustentável a longo prazo e pela sua maior resiliência em períodos de crise económica

    Ao CONSTRUIR, Bruno Amaro, explica como funciona este departamento, quais os desafios e tendências e de que forma este investimento é encarado, cada vez mais, como uma diversificação de portefólio. Cada vez mais profissionalizado, os terrenos agrícolas destacam-se, também, pela valorização sustentável a longo prazo e pela sua maior resiliência em períodos de crise económica.

    Soria (Espanha)

    O que leva ao crescente interesse por este segmento em Portugal e quem são os principais investidores?

    Portugal oferece condições climáticas únicas, com um elevado número de horas de sol e um clima mediterrânico ameno ao longo de todo o ano, características que representam vantagens competitivas face a outras regiões. Estas condições agrícolas excepcionais fazem de Portugal um destino de excelência para investimentos em terrenos agrícolas. O país é amplamente reconhecido pela produção de amêndoas, azeite, tomate e mirtilos, ocupando lugares de destaque nos rankings globais de exportação. Actualmente, Portugal é o terceiro maior exportador mundial de azeite, o sexto de tomate processado e o sétimo de mirtilos.

    Além disso, o País destaca-se pelo uso de técnicas agrícolas avançadas, particularmente na gestão eficiente da água, consolidando a sua posição como líder na produção agrícola de alta qualidade. Culturas como o olival e o amendoal têm registado um crescimento exponencial, com um aumento de 20% no último ano, tendência que deverá continuar graças às novas plantações ainda em fase de maturação.

    A implementação de perímetros de rega em regiões como Mira, Castelo Branco e, sobretudo, o Alqueva, também tem atraído grande interesse, pois a irrigação é essencial para culturas perenes e frutos silvestres. No Algarve, as condições são ideais para o cultivo de frutas exóticas, como manga e abacate, além dos tradicionais citrinos. Outro factor atractivo é o preço da terra, que se mantém mais baixo em comparação com Espanha.

    Os principais investidores vêm de países como Espanha, França, Reino Unido e Países Baixos, mas tem-se registado um crescente interesse de nações fora da Europa, incluindo os Estados Unidos e países do Golfo Pérsico.

    Qual é o retorno esperado? São contratos de aquisição ou exploração?

    Em Portugal, a rentabilidade média anual dos terrenos agrícolas e florestais varia entre 3% e 8%, dependendo da localização, do tipo de cultura e da gestão implementada. O investidor pode optar pelo modelo de retorno que melhor se adequa aos seus objectivos e ao nível de risco que está disposto a assumir. A aquisição e posterior arrendamento da terra a terceiros que a exploram é uma opção que oferece um rendimento mais estável e com menor risco, graças à disponibilidade de mecanismos para garantir a renda.

    Outra alternativa consiste na aquisição de uma propriedade com partilha de risco com um operador, o que permite aumentar o retorno, embora implique maior exposição ao risco associado à exploração. Por fim, o investidor pode optar por adquirir e operar directamente a propriedade, o que pode proporcionar o maior retorno, mas também implica uma maior vulnerabilidade às flutuações do mercado e às condições climatéricas.

    Além dos rendimentos provenientes da exploração agrícola, há ainda o benefício da valorização do imóvel, que tem sido expressiva em Portugal nos últimos anos. Embora activos tradicionais como escritórios ou espaços comerciais possam oferecer retornos semelhantes, os terrenos agrícolas destacam-se pela valorização sustentável a longo prazo e pela sua maior resiliência em períodos de crise económica.

    Colocaram recentemente à venda o Portfólio Lynx. Estamos aqui a falar de um conjunto com uma maior dimensão. O que diferencia este de outros activos?

    O projecto Lynx, sendo composto por um portfólio diversificado de culturas, permite interagir com mercados distintos no sector florestal, ajudando a mitigar riscos. Além disso, o oferece a possibilidade de ajustar o retorno financeiro com base no grau de envolvimento na operação, permitindo aumentar ou reduzir a exposição ao risco.

    Outro factor inovador é o crescente desenvolvimento do mercado de créditos de carbono, que proporciona novas oportunidades para a gestão eficiente das propriedades e dos seus recursos, acrescentando uma dimensão sustentável e lucrativa ao investimento.

    Sobre o autorCidália Lopes

    Cidália Lopes

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    Construção

    “Resposta às exigências ambientais dá competitividade às empresas nacionais”

    A presidente da Plataforma Tecnológica Portuguesa da Construção, Rita Moura, explica o que motiva o lançamento do projecto “C2Ø – Construction to Zero”, a necessidade de definir um Roteiro da Descarbonização e o seu impacto na competitividade das PME do sector

    2030 e 2050 estão à porta e os desafios que acarretam trazem urgência e desafios acrescidos à adaptação do sector da construção às novas exigências regulamentares ambientais. Mas essa resposta, global e conjunta, “pode posicionar o sector como competitivo no mercado global”, defende Rita Moura, presidente da Plataforma Tecnológica Portuguesa da Construção. Um contexto que justifica o lançamento, que talvez só peque por tardio, do projecto C2Ø – Construction to Zero que junta a PTPC e a Associação Técnica da Indústria do Cimento (ATIC)

    Quais são os objectivos desta iniciativa?
    O objectivo principal do projecto C2Ø – Construction to Zero (uma iniciativa conjunta com a ATIC) é desenvolver um Roteiro de Descarbonização para a fileira da construção e actividades industriais associadas. O C2Ø tem como ambição ser um projecto estratégico para Portugal atingir as metas traçadas para 2050, recorrendo a sinergias dentro do sector da construção entre indústrias específicas, integrando a inovação tecnológica dos processos e contribuindo para a redução das emissões de GEE.
    Este projecto abrange o sector a construção e o ambiente construído como um todo, mas visa especificamente cinco CAE da indústria da construção – CAE 23610 Fabricação de produtos de betão para a construção; CAE 23630 Fabricação de betão pronto; CAE 23991 Fabricação de misturas betuminosas; CAE 23640 Fabricação de argamassas; CAE 16230 Fabricação de outras obras de carpintaria para a construção – e pretende apoiar a implementação de estratégias de descarbonização e a avaliação do seu potencial de redução de impacte e custos.

    Que acções concretas serão lançadas?
    A concretização do C2Ø contempla quatro fases sequenciais, sendo a primeira a elaboração de narrativas macroeconómicas e cenários de modelação sectorial, seguida pela modelação de emissões e a identificação e avaliação das principais tecnologias e vectores de descarbonização para o sector, adicionalmente a integração medidas de economia circular, melhoria da qualidade do ar e a utilização sustentável e protecção dos recursos hídricos. Por fim, o envolvimento da sociedade, de uma forma transversal, durante todas as fases integrando no processo de decisão os principais stakeholders da cadeia de valor da fileira da construção e actividades industriais associadas.
    Neste último ponto, destaca-se a realização de 12 acções de capacitação, integradas no Acelerador C2Ø, que tem como objectivo preparar as empresas para a adopção das estratégias de descarbonização preconizadas no Roteiro. Essas acções vão abordar os temas: Concepção Ecológica, Buildings post end-of-life, Métricas de Avaliação de Ciclo de vida, e Fábricas Digitais. No âmbito deste Acelerador será ainda dinamizado um Selo de Excelência para premiar as empresas pela implementação de medidas de descarbonização. No final serão ainda publicados 5 manuais sectoriais e o documento final do Roteiro C2Ø – Construction to Zero.

    De que forma este projecto faz a ligação com as estratégias em curso em matéria de transição climática, designadamente PNEC2030 e RNC2050 e outros roteiros já lançados pela indústria?
    Alinhado com estratégias nacionais, como o PNEC2030 e o RNC2050, e articulando-se com outros roteiros sectoriais e iniciativas nacionais e europeias, o C2Ø – Construction to Zero procura identificar soluções em cinco grandes eixos: Energias Renováveis e Combustíveis alternativos; Eficiência Energética; Recurso/incorporação de materiais alternativos; Indústria 4.0 / Digitalização; e Novos métodos construtivos.

    Do que a PTPC tem observado a indústria portuguesa não parte do zero, neste momento, mas quão longe ou perto está da meta?
    Algumas iniciativas internacionais, como o European Green Deal, ou nacionais, como o Plano de Acção para a Circularidade da Construção em Portugal (PACCO), identificam obstáculos à integração da economia circular no sector AEC e apontam algumas das medidas que podem apoiar esta transição. O sector da construção tem já percorrido algum caminho rumo à sustentabilidade, principalmente nas maiores empresas portuguesas que repercutem essas preocupações em toda a sua cadeia de valor.

    No seu entender por onde passa a estratégia da descarbonização e que responsabilidades terão as entidades públicas e os agentes privados, nomeadamente as empresas?
    Os principais desafios que terão de ser ultrapassados pelas entidades públicas e os agentes privados incluem o cumprimento da legislação (ex.: edifícios nZEB até 2030), a capacidade de adaptar processos produtivos para reduzir impactos, e atender ao reporte de sustentabilidade exigido pela CSRD, com efeitos em cascata sobre as PME.

    A PTPC tem estado envolvida com uma série de actividades associadas à descarbonização, como a circularidade na construção ou a qualificação do sector para o desenvolvimento de “eco-inovações”. Aproveitando que estamos na recta final do ano, que balanço faz do trabalho desenvolvido e o que podemos antecipar para 2025?
    A sustentabilidade requer equilibrar as dimensões ambiental, económica e social, assegurando a viabilidade das empresas e o bem-estar da população. O calendário da nova EPBD, com metas ambiciosas para edifícios de emissões nulas (nZEB) a partir de 2028 para edifícios públicos e 2030 para privados e renovados, traz urgência à adaptação do sector da construção. Este prazo reduzido, agravado pelo atraso na transposição da directiva, desafia especialmente as PME, predominantes no sector. Apesar das dificuldades, estas exigências reflectem uma necessidade ambiental inadiável e podem posicionar o sector como competitivo no mercado global. A PTPC tem-se posicionado como um parceiro estratégico, apoiando empresas e governo na transição com a realização de projectos, definição de planos e estratégias de capacitação.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Construção

    Expectativas entre a dúvida e a incerteza

    No ano em que (finalmente) arrancam os projectos de alta-velocidade, do novo hospital de referência em Lisboa e que parece ter sido dado um passo gigante no Novo Aeroporto, a crise na mão-de-obra e uma política fiscal desajustada são sombras no expectável entusiasmo sobre o que poderá ser o próximo ano

    Ricardo Batista

    A expectativa era grande. À entrada do ano de 2024, que agora está em vias de ficar concluído, as associações empresariais estimavam um “crescimento sustentável” este ano, nomeadamente a AICCOPN a antecipar uma variação real do valor bruto de produção entre 2% e 4%, para mais de 20.000 milhões de euros. Os números estão longe de estar fechados, mas é notório que há entusiasmo em torno dos principais indicadores de actividade, pese a persistência num conjunto de medidas entendidas como entraves às reais necessidades da própria economia.

    Nas páginas do CONSTRUIR, convidámos um conjunto de personalidades, de cariz institucional, a olhar para o que foi o ano e, de algum modo, que olhassem para o que temos pela frente no 2025 que entrará dentro de poucos dias. Há, desde logo, a evidência de um fio condutor nas análises feitas. As empresas de construção previam um acesso mais restrito ao crédito em 2024, devido aos elevados juros e a uma menor necessidade de financiamento, o que poderia impactar a capacidade de investimento e expansão no sector. Os empresários portugueses, incluindo os do sector da construção, mostravam-se moderadamente optimistas quanto ao crescimento económico e às oportunidades de negócio, embora conscientes dos desafios financeiros e económicos que poderiam influenciar o desempenho ao longo do ano. De acordo com os dados mais recentes revelados pelo Eurostat, e que datam de Novembro, a produção na construção recuou 1,6% na zona euro e 2,0% União Europeia (UE) em Setembro, face ao mês homólogo, com Portugal, em contraciclo, a registar a terceira maior subida, de 3,3%. Para a organização, na comparação com Agosto, segundo os dados divulgados pelo serviço estatístico europeu, a produção na construção recuou 0,1% tanto na área do euro como no conjunto dos 27 Estados-membros. Na comparação com Setembro de 2023, os maiores recuos no indicador foram observados na Eslováquia (-19,1%), na Eslovénia (-17,6%) e na Polónia (-9,0%), e os avanços na Bulgária (5,2%), em Itália (3,9%) e Portugal (3,3%).

    Sombras que pairam
    Mas pese o entusiasmo perante a evidência destes dados, persistem alguns indicadores que vão continuar a ser, em 2025, uma sombra para o expectável desenvolvimento, nomeadamente ao nível da mão-de-obra. As alterações à lei de estrangeiros, ao imporem restrições à imigração e à concessão de vistos, tem dificultado de sobremaneira a entrada de novos trabalhadores no mercado e acrescenta complexidade a um problema que necessita de respostas urgentes. Mais: o aumento das dificuldades de contratação de trabalhadores qualificados poderá colocar em causa a capacidade do sector de dar resposta aos projectos de grande escala que estão em curso ou já planeados, como as obras constantes no Plano Nacional de Investimentos 2030.

    Medidas fiscais defraudadas
    A juntar a isso, e numa altura em que se esperaria que as respostas à crise da habitação pudessem entrar em velocidade cruzeiro, a votação final do Orçamento de Estado para o próximo ano representou uma forte machadada nas aspirações da fileira, que viram defraudada a expectativa de ver reduzida a taxa de IVA na Construção. A proposta de redução do IVA na construção para a habitação, de 23% para 6%, foi chumbada no Parlamento com os votos contra do PS, PCP, BE e Livre e abstenção do Chega e PAN. Em concreto o pedido visava autorizar o Governo a legislar sobre a lista dos produtos e serviços sujeitos a taxa reduzida do IVA relativamente às empreitadas de construção ou reabilitação de imóveis de habitação. A autorização previa ainda que fossem excluídos da aplicação da taxa reduzida do IVA as obras de construção ou reabilitação, total ou parcialmente, de imóveis de habitação cujo valor exceda o “limite compatível com a prossecução das políticas sociais de habitação do Governo”. A decisão é vista como fortemente penalizadora na ambição de colocar no mercado mais casas, sobretudo para a classe média. Pelo meio, o novo Aeroporto de Lisboa e o projecto de Alta-Velocidade parecem (será?) ter efectivamente saído do papel.

     

    Sobre o autorRicardo Batista

    Ricardo Batista

    Director Editorial
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    Construção

    Grupo Arliz: Imobiliário, construção e hotelaria geram crescimento em 2024

    O último projecto imobiliário do grupo, um investimento de 60 milhões de euros em Espinho, é fruto de uma parceria, mas o grupo continua apostado no lançamento de projectos próprios, e não só no imobiliário. O crescimento do volume de negócios em 2024, mais 65% face a 2023, revela o dinamismo das várias área de interesse do grupo gerido por Domingos Correia

    O investimento de 60 milhões de euros na reconversão do antigo campo de futebol do Sporting Clube de Espinho num complexo habitacional, o “Espinho Beach Residences”, é a mais recente aposta do Grupo Arliz. O grupo de braga não está sozinho no projecto já que o investimento será realizado pela DTCN Business, veículo que nasce de uma parceria, 50/50, com a Mojidad, do empresário António Nathooram, que assume a administração da empresa.
    O empreendimento vai lançar no mercado 240 novos apartamentos, divididos por cinco blocos residenciais. A primeira fase do projecto irá resultar de um investimento de de 16,8 milhões de euros e abrange a construção dos dois primeiros edifícios (lote 4 e 5), entretanto já em curso pela Arlo, a empresa de construção do universo Arliz.
    Esta não é a primeira parceria entre o grupo dirigido por Domingos Correia e o empresário António Nathrooram, que em Agosto anunciou o lançamento do condomínio São Francisco em Setúbal, um investimento de 45 milhões de euros, que totalizará 135 fracções habitacionais.

    “O São Francisco Condominium e o Espinho Beach Residences estão a atrair um perfil de comprador semelhante: locais, portugueses oriundos de outras cidades, cidadãos estrangeiros e investidores nacionais e internacionais. Na verdade, as cidades de Setúbal e Espinho e a localização dos dois empreendimentos acabam por ter alguns pontos comuns entre si, como a localização a dois passos do mar e os serviços oferecidos pelos respectivos municípios”, sublinha Domingos Correia, CEO do grupo português.

    “O Grande Porto, a Grande Lisboa e Ponta Delgada são mercados onde o Grupo Arliz investe continuamente há vários anos. No entanto, estamos sempre disponíveis para analisar propostas e estudar a potencialidade de projectos em novos mercados, como aconteceu, aliás, com o São Francisco Condominium e o Espinho Beach Residences”, avança ao CONSTRUIR o responsável.

    Domingos Correia reitera que, não obstante as parcerias pontuais, “o Grupo Arliz sempre teve os seus próprios projectos, com 100% de capital. Pontualmente, estabelecemos algumas parcerias estratégicas em projectos onde optamos por dividir o risco”, justifica.

    Entre o universo de projectos imobiliários do grupo actualmente em curso constam o Platinum Terrace Apartments, em Leça do Balio, e o Conde Redondo Residences, em Lisboa, ambos em fase de conclusão. Acresce à lista o condomínio Casal de Passos, na Foz do Douro, actualmente em fase de acabamentos, o Oporto Luxury Residences, no Porto, e o empreendimento VerdoMar, em Ponta Delgada, que está já em fase de especialidades. Em Outubro o grupo anunciou ainda o lançamento do projecto residencial Golden Hill, em Santo António dos Cavaleiros, Loures.

    Crescimento com forte ritmo
    A promoção imobiliária é uma das três áreas chave de Grupo Arliz, sendo a hotelaria e a construção os dois outros alicerces da actividade. O grupo vai fechar 2024 com um forte crescimento em todas as suas áreas de actuação. Um crescimento influenciado por diferentes factores. “O crescimento das áreas de hotelaria e construção está directamente ligado às conjunturas do mercado vs. aposta de investimento do Grupo. Já a promoção imobiliária é influenciada pelo tempo de produção dos imóveis e a sua venda”, considera Domingos Correia. “Na área imobiliária, os picos de produção de venda estão desencontrados em termos de anos civis, o que se reflecte em crescimento de rendimentos e decréscimo dos mesmo de acordo com os ciclos de produção”. Assim, “neste ano, em comparabilidade com o ano de 2023, tivemos um aumento superior a 30 milhões de euros em investimentos produtivo. No que concerne a venda relacionada com ciclos produtivos de anos anteriores, verifica-se um aumento de aproximadamente 70%, com rentabilidades líquidas na ordem dos 30%”, avança o CEO do grupo.

    No caso da indústria da construção, entre 2023 e 2024 o grupo registou um crescimento de rendimentos na ordem dos 60%, o que, em termos absolutos, se reflecte num aumento de 28 milhões de euros. “No que toca a resultados líquidos do negócio, o crescimento foi superior a 35%, uma subida influenciada pelo aumento dos rendimentos, mas, acima de tudo, pelo aumento da margem bruta de lucro, por sua vez directamente relacionada com o crescimento da estrutura produtiva, que se traduz numa eficiência de escala, aliado a um processo de gestão Toyotita, também chamado de sistema de produção flexível”, explica o CEO do grupo.

    Hotelaria é para reforçar em 2025
    2024 foi também um ano de crescimento na área da hotelaria. São marcos da actividade a aquisição do Ecork Hotel, em Évora, e a abertura do The Lince Santa Clara, em Vila do Conde. “No caso da indústria hoteleira, o crescimento é superior a 58% em termos de rendimentos, o que, em termos absolutos se reflecte num aumento de 4,3 milhões de euros. Este valor está relacionado com duas razões: primeiro, o crescimento do turismo em Portugal continental e ilhas e o aumento do preço médio por pessoa; segundo, um grande investimento do Grupo Arliz com a abertura de duas novas unidades hoteleiras”, confirma Domingos Correia.

    Para 2025 está prevista a cadência de aberturas deverá manter-se, com o The Lince Braga, Falperra, a fazer as honras já nos primeiros meses do próximo ano. “O The Lince Santa Clara tem-se revelado um sucesso, sobretudo ao nível da restauração. O Oculto, um restaurante inserido num piso descoberto durante as obras de reabilitação do Mosteiro de Santa Clara, acabou de se destacar entre os 10 melhores restaurantes, na 19 edição dos TheFork Awards, apenas 6 meses após a sua abertura. Estamos convictos de que o The Lince Braga será outra aposta de sucesso, que vai rejuvenescer a zona da Falperra e acrescentar valor à oferta hoteleira da cidade”, considera.

    Os votos para 2025 assentam na “consolidação da nossa presença em cada uma das áreas em que estamos presentes, mas, também, expandir-nos para novas áreas de negócio, para que possamos ter mais controlo sobre as diferentes fases de construção dos nossos projectos e, assim, oferecer uma melhor qualidade”. “A título de exemplo”, continua Domingos Correia, “além de determos, há sensivelmente quatro anos, uma empresa de metalomecânica, a Beetsteel, acabamos de adquirir participação numa empresa de climatização e hidráulica, a NDR”.

    Ao nível do Grupo este irá fechar 2024 com um volume de negócios de 70 milhões de euros, que compara com os 42 milhões de euros, registados em 2023, um crescimento superior a 65%.

     

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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