“Com um pequeno gesto, dar um toque especial”
Em entrevista ao CONSTRUIR, João Tiago Aguiar fala sobre os mais recentes prémios e projectos e como muitas vezes é de pequenos grandes gestos e da relação entre o antigo e o contemporâneo que é feita arquitectura no seu escritório
Ana Rita Sevilha
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Foi fundamentalmente a necessidade de maior espaço que ditou a mudança no escritório de João Tiago Aguiar. Com uma carteira de projectos actualmente em mãos que se destaca pela diversidade programática, o olhar para o futuro é positivo e a promessa a de continuar a “dar o melhor em cada um dos projectos, independentemente da dimensão”
O que motivou a mudança de escritório?
João Tiago Aguiar: Fundamentalmente, a necessidade de mais espaço.
Fala-se hoje muito no desenho dos novos espaços de trabalho e de como influenciam a produtividade. No vosso caso, quais as mais-valias deste novo espaço?
Melhores e maiores áreas, pé-direito mais alto, tectos trabalhados em madeira, muito maior luminosidade natural e maior centralidade.
O Restaurante Loco é um dos mais recentes trabalhos do gabinete. Quais foram os principais desafios desta transformação?
Foi conseguir transformar um espaço de apenas 150m2 em algo que desse condições adequadas ao funcionamento dum restaurante que se pretendia exclusivo e de cozinha de autor, que tivesse um ambiente em open-space mas ao mesmo tempo intimista, tendo sido necessário controlar bem diversos factores como a intensidade de luz, o ruído, entre outros. Desafiante foi também criar algo que fosse subtil mas que tivesse um ou dois apontamentos que marcassem o espaço e o tornassem em algo único e que no fundo complementassem a experiência gastronómica ali vivida.
A Moradia no Restelo tem uma “fachada” muito característica que se inspira nos azulejos tradicionais portugueses. De que forma, neste projecto, o contemporâneo e o tradicional se cruzam e coabitam?
Bem, acho que a resposta está na própria pergunta… na fachada tardoz que refere por exemplo, ao pegarmos nos motivos azulejares tradicionais, mas reinventando-os e utilizando-os em painéis que servem não só para sombreamento, mas também como segurança extra contra intrusos, no fundo estamos a conciliar o tradicional com o contemporâneo. Acaba por ser um dos desafios mais interessantes senão o mais interessante na reabilitação: seleccionar e preservar do existente o que tem qualidade adicionando as coisas novas com um desenho assumidamente contemporâneo (e não como um pastiche), mas em perfeita harmonia, de forma que a casa se destaque como um todo.
Que comentários tiveram quando a obra integrou os finalistas da Obra do Ano 2017, pelo portal ArchDaily e também a Building of The Year?
Foi óptimo em termos de exposição, já que terá ajudado com certeza a termos sido solicitados para publicar esse mesmo projecto um pouco por todo o Mundo, literalmente pelos cinco Continentes e em variadíssimos países de cada um desses Continentes. É sempre bom ter exposição, fala-se de nós e acabamos por receber novos clientes que viram este ou outro projecto, nesta ou naquela publicação.
O projecto Loft nos Anjos, partiu de uma fábrica e tornou-se num lugar de criação artística, espaço expositivo e residência temporária. Quais as principais linhas e metodologia de intervenção, na criação e transformação deste espaço?
A principal linha orientadora passou por descascar tudo até ao osso, deixando tudo o mais “nu” possível. A partir daí, foi colocar o programa pretendido assumindo alguns elementos na cor preto como contraponto ao branco de fundo. Com um pequeno gesto, dar um toque especial mas sem tirar força a todo o espaço.
A Casa em Oeiras foi distinguida na 8ªedição do Prémio RENOV – Prémio de Recuperação Arquitectónica de Nova Oeiras. No que consistiu este projecto?
O projecto consistiu na reabilitação e ampliação de uma moradia existente no Bairro de Nova Oeiras. Mais uma vez, pegámos numa forma existente na casa, neste caso o hexágono presente no muro lateral de apoio à entrada, e utilizámo-la não só no revestimento do corpo ampliado (azulejo hexagonal de fabrico artesanal nas cores preto e branco) mas também no desenho das grades das janelas.
A habitação é um programa que se repete no portfólio do gabinete. É também considerado por muitos arquitectos um dos programas mais difíceis. Como tem sido a experiência?
A experiência tem sido fantástica, embora por vezes difícil, com momentos angustiantes e desafiantes, mas no final gratificante. As diferenças e os modos de vivência entre os diferentes clientes que nos têm aparecido são tão distintas, quer pela sua idade, cultura, nacionalidade e orientação, que acaba por nos enriquecer grandemente e obriga a nos reinventarmos e a estarmos sempre em busca de novas soluções.
Sentem que em termos de mercado de trabalho, o pior já passou?
Sim, espero e acredito que sim! No entanto, nunca se sabe o dia de amanhã e perante os preços que se estão a praticar actualmente, é possível que surja uma nova crise mas como sou um optimista por natureza, espero sinceramente que não tão cedo e não tão profunda como a última.
Como conseguiram enfrentar os anos de profunda crise?
Fundamentalmente, com trabalho e dedicação, com contenção de custos e obviamente com alguma sorte à mistura. Também tenho de sublinhar uma das razões foi nunca termos desprezado qualquer trabalho e termos dado o melhor de nós próprios em cada um dos projectos independentemente da sua dimensão. Isto para além de nunca termos desistido de documentar o nosso trabalho como deve ser, no nosso caso de nunca termos deixado de fotografar os nossos projectos com o fotógrafo Fernando Guerra (o “mágico” como lhe gosto de chamar), o que fez com que tivéssemos sempre trabalho novo para mostrar e publicar, o que acabava por nos dar alguma visibilidade mesmo em tempos de crise.
Que análise fazem ao futuro da profissão em Portugal?
Uma análise positiva e optimista, apesar de tudo. Como disse anteriormente, sou um optimista por natureza e, como tal, vejo com boas perspectivas o futuro da profissão em Portugal. Sem dúvida que a reabilitação do edificado é uma das áreas mais fortes (senão a mais forte) do trabalho dos arquitectos portugueses mas ainda há tanto por fazer que vejo o futuro com bons olhos. Não só por isto mas também por acreditar no valor da pessoa e da sua consciência, da sua liberdade e da sua inesgotável criatividade espontânea, que nos permitirá “dar a volta”.
Em que projectos estão actualmente a trabalhar?
Em bastantes, tanto em número como em variedade programática: Restaurantes, Habitação (prédios, moradias e apartamentos), Turismo (Hotéis e Alojamento Local), Adegas, Piscinas, Comércio. Uma grande variedade, não só em Lisboa mas também um pouco por todo o País com projectos em sítios tão distantes como Guarda, Montalegre ou Mirandela.
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