Engenharia

“A PPA não quer limitar-se aos países de língua portuguesa”

“há um mundo cheio de oportunidades e as empresas portuguesas, neste momento, estão presentes em todos os continentes e nós encorajamos isso” – Francisco Nunes Correia

Pedro Cristino
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“A PPA não quer limitar-se aos países de língua portuguesa”

“há um mundo cheio de oportunidades e as empresas portuguesas, neste momento, estão presentes em todos os continentes e nós encorajamos isso” – Francisco Nunes Correia

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A Parceria Portuguesa para a Água (PPA) pretende constituir-se como um veículo de internacionalização do “cluster” nacional ligado à água. Em entrevista ao Construir, Francisco Nunes Correia revela que a diversidade geográfica da presença das empresas portuguesas no contexto internacional o deixa frequentemente surpreendido e explica o objectivo do mais recente projecto desta parceria: o P3LP. Para o presidente da PPA, as empresas portuguesas não deverão limitar-se a operar nos países lusófonos e deverão procurar sempre consorciar-se para combater a falta de dimensão que enfrentam à escala internacional

O que é o P3LP?

O P3LP é o grande projecto que está a começar. Com financiamento comunitário, este projecto é muito baseado naquilo que se chamam missões inversas. Seleccionamos técnicos para trazer a Portugal no sentido de verem o que se faz e fez em Portugal.

Qual é a receptividade?

Tem que ser dos dois lados. Do lado das empresas portuguesas, que têm de ter disponibilidade para acolher estes técnicos que vêm destes países de língua portuguesa, que aqui se deslocam para acções que têm o seu quê de capacitação profissional, embora a níveis diferentes. Pode ser a nível político ou de direcção de topo da administração ou das empresas – aí normalmente são acções mais curtas e de índole estratégico – ou acções mais viradas para a formação. Por exemplo, os responsáveis do laboratório de análise de águas de Angola poderão passar aqui uma semana para observarem quais as rotinas e os procedimentos. Portanto, é muito dirigida a acções de capacitação/formação profissional a estes dois níveis e as empresas portuguesas têm que se dispor a receber estes quadros e têm tido uma receptividade enorme. Há empresas que têm esta vocação, como a Águas de Portugal, que é um grupo enorme, com uma relação já muito intensa com estes países. A Águas do Porto foi onde o projecto nasceu e esta empresa tem tido um empenho imenso em envolver-se. O projecto surgiu numa reunião na Águas do Porto, dirigida a países da CPLP. Perante os representantes destes países, lançou-se a ideia de pegar neste ambiente criado pela presença destes técnicos e fazer um projecto com o objectivo de fortalecer estes laços. Há uma dimensão de formação profissional mas, inevitavelmente há também uma dimensão que consiste em criar laços com as pessoas, de as conhecer. O ideal seria que, quando voltassem aos seus países de origem, estes técnicos, quando tivessem dúvidas, estivessem á vontade para pegar no telefone e nos contactarem. Estabelecer estes laços é uma dimensão um pouco imaterial, quase subjectiva, mas de extrema importância. É preciso receptividade das empresas portuguesas. Frederico Fernandes, actual presidente da Águas do Porto, referiu que a empresa está muito condicionada do ponto de vista salarial, porque se trata de uma empresa pública. Por outro lado, os funcionários da empresa têm neste relacionamento internacional um estímulo, porque percebem que têm algo para mostrar, recebem colegas de outros países e têm oportunidade de falar da empresa e mostrar alguns procedimentos. Portanto, encaram isto como algo positivo, que dá uma visão do mundo. Do lado das empresas destes países de língua portuguesa tivemos também, até agora, manifestações de interesse, nomeadamente quando a ideia surgiu. Agora vamos colocar isto no terreno e vamos começar a curto prazo.

Que outras dimensões tem este projecto?

Tirando partido de cada uma destas delegações, fazemos um seminário dirigido também às empresas portuguesas sobre um tema que interesse particularmente também a essa delegação. Depois, faremos os estudos da situação de alguns dos países que ainda não tinham sido contemplados no projecto que foi feito no Quadro Comunitário anterior. Vamos também fazer um levantamento das possibilidades dos fundos europeus orientados para a cooperação, chamados EuropeAid, para tentar que Portugal tire mais partido destes fundos, dirigidos para estes países de língua portuguesa.

Exclusivamente para países de língua portuguesa?

A Parceria Portuguesa para a Água não quer, de maneira alguma limitar-se aos países de língua portuguesa. Estes países são, por assim dizer, a área de conforto para a internacionalização das empresas portuguesas, por razões evidentes. Mas há um mundo cheio de oportunidades e as empresas portuguesas, neste momento, estão presentes em todos os continentes e nós encorajamos isso. O que nós queremos é ter uma atitude equilibrada, nem de oito, nem de 80. Por não queremos que as empresas se limitem à área de conforto dos países de língua portuguesa, também não deixamos de compreender que esses países merecem uma atenção especial. Se os espanhóis e os franceses o fazem, e cultivam muito particularmente a relação que têm com os países da sua própria língua, seria um absurdo que Portugal não desse também uma atenção bastante especial aos países de língua portuguesa. Como sabemos, quando se encontram colegas, o diálogo é fácil. Dos técnicos e dirigentes destes países, muitos têm família aqui em Portugal. Há um conjunto de relações que resultam obviamente da história comum que facilita estes contactos e nós queremos aprofundar. Resumindo, as empresas portuguesas não devem limitar-se aos países lusófonos, mas jamais deverão descurar o mundo da língua portuguesa porque, aí, as oportunidades e a facilidade de contacto são imensas. É nesta posição equilibrada que procuramos estar. O projecto anterior foi dirigido a oito países, dos quais três eram de língua portuguesa. Agora, este projecto é dirigido a países de língua portuguesa. A PPA tem outras actividades e divulga oportunidades no mundo inteiro.

Por outro lado, a PPA apresenta uma forte componente de capacitação, de troca de conhecimentos, que é um elemento mais facilmente transferido para países lusófonos…

É mais facilmente feita para países lusófonos e isso cria não apenas a oportunidade de ensinar, de melhorar o desempenho dessas empresas ou entidades nesses países, mas é também uma oportunidade de estabelecer laços, relações profissionais e até pessoais, que darão os seus frutos a médio e longo prazo. Tem essas duas dimensões: a utilidade, num sentido muito estrito, mas também uma vertente mais ampla, que é o reforço dos laços.

Como vê a presença internacional das empresas que a PPA representa?

A presença internacional das empresas portuguesas surpreende-nos frequentemente. O conjunto de países onde operam vai dos Estados Unidos à China. É claro que, nos Estados Unidos, em 2015, a percentagem foi de 1,2%, o que deve significar duas ou três empresas, no universo dos 134 associados da parceria. Estão no mundo inteiro, quase sem excepções. Em África, para além dos países lusófonos, as empresas trabalharam no Uganda, no Gabão, África do Sul, Malaui, etc. Mas não só – estiveram nos Emirados Árabes Unidos, Magrebe, Jordânia, Egipto. Tudo isto são países onde, em 2015, as empresas conseguiram iniciar a actividade. Para iniciar actividade em alguns destes mercados, as empresas têm de ter uma ponta de humildade na sua abordagem, ou seja, têm que aceitar ir em consórcios de outras empresas grandes, que muitas vezes já estão implantadas nestes mercados, e podem ser empresas portuguesas ou de outros países. E algumas empresas portuguesas com um “know-how” muito especializado em certa área acabam por ser uma mais-valia para empresas francesas, holandesas ou alemãs. Têm de lutar por isso e são reconhecidas quando realmente desempenham um bom trabalho. Isso é a maneira de entrar num certo mercado. Se ganham dimensão, se tudo corre bem, se as actividades se expandem, podem começar a fixar-se elas próprias. As empresas portuguesas da área da construção estão extraordinariamente implantadas nas geografias mais diversas. Esses grupos, muitas vezes, estão envolvidos em projectos que têm a haver com água. Portanto, estão em boas condições para fazer consórcios com as empresas lusas especializadas no sector da água para marcar presença nesses mercados. As empresas vão primeiro como colaboradores e, como disse, quando as coisas correm bem, muitas vezes acabam por elas próprias estabelecerem delegações e afirmarem-se nesses países.

É uma área de conhecimento muito específico…

É um mundo. Vai desde os recursos hídricos, na sua imensa vastidão, produção de energia, rega, até à água do ciclo urbano.

Como caracteriza em termos de capacidade o “cluster” nacional?

O “know-how” é muito vasto e diversificado em todas essas áreas. Um sector que, nas últimas duas décadas, ganhou uma enorme dinâmica, um grande protagonismo e, seguramente, uma competência técnica muito grande e actualizada é, precisamente, o ciclo urbano da água – abastecimento de água e tratamento de esgotos. Porquê? Portugal registou um progresso enorme nos últimos 20 anos neste sector. Eu gosto sempre de citar o director-executivo da International Water Association que, numa conferência em Montreal, perante cerca de 6 mil participantes, falava do “milagre português”. Passámos de níveis muito baixos de atendimento às populações e de qualidade de serviço, no final dos anos 80, até valores que têm, hoje, níveis absolutamente europeus, e com uma qualidade garantida pela ERSAR, onde o abastecimento de água com qualidade certificada e verificada é da ordem dos 99%. No que diz respeito a tratamento de esgotos, passou de 10% para cerca de 80%. Soubemos tirar partido dos fundos comunitários nesse capítulo. Isso correspondeu à mobilização da melhor tecnologia nacional – pública, privada, universitária, etc. Hoje, que começamos a atingir já quase o nível do pleno abastecimento, as empresas portuguesas – ainda por cima com a crise que se verificou nos últimos anos – ou se internacionalizam ou desaparecem, como algumas têm desaparecido. A internacionalização passou a ser uma prioridade para as empresas do sector, que têm realizações feitas que podem mostrar. Esse é um sector forte, mas, em Portugal, a hidráulica tem grandes tradições históricas. Durante muitos anos, fiz uma parte muito importante da minha carreira no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e aí todos apreciávamos os modelos reduzidos da Praia de Copacabana, da Barragem de Cahora Bassa, obras desse estilo, feitas em vários locais do mundo. Portugal tem um caso extraordinário que técnicos de todos os países gostam de visitar que é o Alqueva: é o maior lago artifical da Europa, um aproveitamento de fins múltiplos que produz energia, tem agricultura, cria uma área de lazer, contribui para o abastecimento municipal. Portanto, é tipicamente um aproveitamente de fins múltiplos de grande escala e um projecto muito interessante onde a tecnologia portuguesa esteve presente. A PPA ocupa-se também de uma outra área, que é a das questões costeiras. O país tem uma tradição muito considerável na engenharia costeira.

Que áreas cobre a parceria?

A PPA tem essencialmente cinco áreas de que se ocupa: planeamento de recursos hídricos, ciclo urbano da água, aproveitamentos de fins múltiplos, questões costeiras e governança.

Como conseguem contribuir neste campo específico da governança?

Falando no meu caso pessoal, há meses tive uma colaboração que se prolongou durante um ano e meio, com a OCDE no sentido de estabelecer os princípios da boa governança dos recursos hídricos. Foi um trabalho muito exaustivo, de levantamento, de reflexão sobre as linhas principais, tendo em conta trabalhos antecedentes da OCDE e de outros organismos internacionais nesta matéria, para chegarmos à formulação de 12 princípios, agrupados em três conjuntos, um dos quais visa a eficácia, o outro a eficiência e o último visa a transparência e o comprometimento dos utilizadores. Foi um processo em que tive um envolvimento muito grande e, finalmente, terminou há seis meses com a aprovação desses princípios por parte do Conselho Ministerial da OCDE. Isso é governança: como se deve gerir a água.

Isso demonstra a boa cotação do país neste sector?

Estamos muito bem cotados a nível de capacidade técnica, não tenho dúvidas disso.

O que fez com que nos tornássemos tão fortes nesta área?

Portugal teve um grande surto de desenvolvimento no que concerne a aproveitamentos de fins múltiplos, que gira muito em torno de grandes barragens que servem vários propósitos. A seguir à Segunda Guerra Mundial, Portugal usufruiu de fundos do Plano Marshall. Se for ao LNEC, que, aliás, é criado por essa altura, justamente para dar apoio às infra-estruturas que começaram a ser construídas, ainda vê, na parte museológica peças, instrumentos com eticas que dizem “financiado pelo Plano Marshall”. Este financiamento deu um impulso enorme à engenharia civil portuguesa. Evidentemente, a par de grandes figuras, de grandes engenheiros civis que ganharam uma grande projecção internacional e a trouxeram para Portugal. A figura mais destacada é o engenheiro Manuel Rocha, que foi director do LNEC durante umas décadas, e cujos escritos são visionários. Não foi o único, posso citar outros, como Ferry Borges, uma pessoa de grande projecção internacional, ligado à área sísmica, onde Portugal ainda hoje tem também projecção. Houve um conjunto de circunstâncias, como seguramente o pós-guerra, cujo Plano Marshall, numa lógica de desenvolvimento muito virada para as infra-estruturas, contribuiu para a projecção da engenharia civil portuguesa. Depois, tem havido uma evolução dos vários subsectores. A grande aposta que se fez com os fundos comunitários, por exemplo. Desde que Portugal aderiu à União Europeia, até hoje, tudo o que e é abastecimento urbano teve um desenvolvimento imenso, o que levou a que as empresas portuguesas deste sector também tenham sofrido um surto de desenvolvimento nestes últimos anos. Resumindo, houve um conjunto de circunstâncias históricas e um conjunto de personalidades que colocaram a engenharia civil e, em particular, o tema da água e dos recursos hídricos no primeiro plano a nível mundial. No seu conjunto, tem sido uma área de grande afirmação em termos internacionais.

Considera que o país é competitivo nesta área?

Temos “know-how” muito competitivo. O calcanhar de Aquiles de muitas empresas portuguesas é o facto de que são muito pequenas à escala mundial.

Daí a importância de iniciativas de associativismo como a PPA…

Exactamente. A recomendação que fazemos às empresas segue no sentido de se consorciarem com outras – nacionais ou estrangeiras – que já estejam implantadas em várias geografias e entrarem, desta forma, nesses mesmos mercados. Muitas dessas empresas são pequenas e médias e isso é, para nós, uma área de preocupação, nomeadamente, por exemplo, na cooperação europeia. A Comissão Europeia financia projectos em muitos países, nomeadamente na Europa de Leste ou Norte de África, e faz concursos para procurar empresas europeias que os possam executar e, muitas vezes, exige experiência em abastecimento a cidades com 4 milhões de habitantes ou mais. A Grande Lisboa tem 2 milhões, portanto, a maior das empresas, é pequena perto de uma empresa que abasteça Paris ou Londres e isso cria, objectivamente, limitações às empresas portuguesas. Este é apenas um exemplo de muitos. Portanto, uma das acções que pretendemos desenvolver, durante 2016, é, junto do Governo português e das autoridades em Bruxelas, chamar a atenção para regras ou procedimentos que limitam a capacidade de acesso das empresas portuguesas. E, por vezes, limitam injustamente porque este tipo de experiência é frequentemente pedido em grandes projectos para fazer um projecto que, afinal, é só para 1 milhão de habitantes. Isto filtra imediatamente empresas mais pequenas e as portuguesas, mesmo as maiores, a uma escala internacional, são relativamente pequenas, de um modo geral. Exceptuam-se algumas empresas na área da engenharia, na área da construção, que diria que têm uma escala de médias – e apenas médias – empresas. Mesmo a EDP, uma das maiores empresas portuguesas, é, à escala mundial, uma média empresa. Portanto, este problema de escala é complicado quando é usado para pôr de parte estas empresas. É algo que é preciso contrariar.

Todavia, parece haver pouca tendência na fileira lusa da construção para se concentrar num único “cluster” e avançar em conjunto para os concursos internacionais…

Pois é. Talvez aí entrem factores culturais. Apesar de tudo, acho que há alguns esforços que caminham noutro sentido e a PPA é um exemplo. A Associação Portuguesa de Projectistas e Consultores (APPC), que procura também congregar esforços, ou as próprias associações empresariais, como a AIP e a AEP. Mas há realmente uma tradição de cada um ir por si. Há uma certa imaturidade que se tem de ultrapassar, porque todos têm a ganhar se juntarem realmente esforços.

Por outro lado, o tecido empresarial português parece não ter grandes dificuldades em estabelecer parcerias locais nos países onde pretende operar.

Mas isso é um dos segredos do sucesso. É muito difícil chegar a um país que não se conhece bem e saber quem é quem, quais são as regras do jogo, qual a cultura local. Por isso, encontrar bons parceiros locais é, em muitos casos, absolutamente imprescindível. E mais! Em alguns casos até são exigências dos próprios termos de referência dos concursos. As empresas que concorrem têm de arranjar um parceiro local e há países onde isso é exigido legalmente.

Nem sempre é fácil encontrar um bom parceiro local.

Pois não, mas não podemos ser demasiado paternalistas em relação a isso, porque se encontra boa tecnologia e, por vezes, há uma tendência para a subestimar. Tenho assistido a isso e dou-lhe dois exemplos. Marrocos é um país muito interessante e que, por sua vez, olha para Portugal, também com muito interesse. Tem genuíno gosto em que Portugal lá esteja presente e é um país com núcleos de excelência, tem empresas, universidades e governantes, em algumas áreas, de grande qualidade e, por vezes, os portugueses não dão a devida atenção à qualidade daqueles mercados. Outro exemplo é a Turquia. Tem tecnologia, universidades e empresas de primeira qualidade. O que penso ser adequado em países desse tipo é que as empresas portuguesas se associem a empresas desses países para irem a mercados na região. Por exemplo, a partir de Marrocos, operar em mercados próximos, no Magrebe, ou no Maxerreque. Há pouco discutíamos a associação de grupos portugueses com empresas polacas para irem para os mercados da Bielorrússia, da Ucrânia, a outros mercados dessas zonas. Portanto, de um modo geral, esses mercados possuem algumas empresas de qualidade, é preciso identificá-las para nos associarmos a essas empresas e operarmos nessas regiões. As empresas nunca devem pensar que os mercados onde se candidatam para desenvolver trabalhos são mercados fáceis ou com baixo nível tecnológico porque, mesmo nos países com mais problemas de desenvolvimento, mesmo nos países mais pobres, muitas vezes os financiamentos advêm de instituições internacionais, como o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento ou o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento. São estas instituições que controlam as regras do jogo e têm grandes exigências técnicas. Portanto, não há hoje mercados fáceis: só com qualidade é que as empresas se conseguem impôr. Isto leva-nos de novo à CPLP. Não é por dar uma pancadinha nas costas e beber uma cerveja em conjunto que os portugueses se afirmam em África. Isso pode ser muito agradável para saber as oportunidades, quais as intenções, tudo isso ajuda a uma integração cultural, mas, na hora da verdade, a qualidade é imprescindível porque, na hora da verdade há um Banco Mundial ou um Banco Africano de Desenvolvimento a estabelecer regras.

Como é que olha para a investigação que tem sido levada a cabo no sector da água?

As instituições do sistema científico têm dado um contributo muito importante. Este sector, na área do ciclo urbano da água, não teria ganho a projecção que ganhou se não tivesse também uma componente científica e tecnológica muito importante. E isso está, sem dúvida, espalhado pelas principais universidades do país, mas o LNEC é também uma casa muito importante neste sector. Aliás, é um membro fundador da Parceria e tem talvez a maior equipa que existe em Portugal dedicada ao conjunto de temas da água. Há vários pólos de conhecimento, com várias especialidades, que cobrem muito bem todos os temas relacionados com a água.

Quais são actualmente os maiores desafios deste sector?

Acho que, em primeiro lugar, a internacionalização é o grande desafio. Não pode haver internacionalização sem uma rectaguarda onde as empresas tenham um pé – um local onde tenham trabalho feito, possam ter o seu “backoffice” e desenvolver tecnologia. A crise diminuiu de uma forma demasiado violenta essa rectaguarda das empresas em Portugal. Temos insistido muito nesse ponto, nos nossos contactos com o poder político. As empresas portuguesas também precisam de ter o mercado nacional para se afirmarem lá fora, só que, enquanto antes era 90% em Portugal e 10% lá fora, agora caminhamos, como outros países, para ter 10% em Portugal e 90% lá fora. Se não temos os tais 10% ou 20% em Portugal, as empresas portuguesas sofrem. Outro problema é a escala, que já referi e tem vários problemas. Em primeiro lugar, a internacionalização requer envergadura, necessita de investimento e sai cara, no início, antes do retorno. O problema de escala é ainda agravado pela falta do espírito de conjunto, de aliança. As empresas estão muito habituadas a competir entre si. Era bom que, muitas vezes, se aliassem mais, sobretudo nos mercados estrangeiros. Um terceiro problema é a relação entre as empresas e as universidades e centros de investigação. Sobretudo a nível das empresas maiores, existe alguma relação, mas necessita de ser ainda aprofundada. Tudo o que vá no sentido de aprofundar as relações entre o mundo da ciência e da tecnologia e o mundo das empresas é muito importante, porque a inovação é decisiva para a competitividade.

O tecido empresarial está ainda afastado das universidades?

Acho que ainda não está tão próximo quanto devia. O actual Quadro Comunitário para a investigação, chamado Horizonte 2020, tem como um dos seus objectivos aproximar as instituições que produzem conhecimento, dos utilizadores finais: as empresas ou entidades públicas que depois usam todas as tecnologias que se vão desenvolvendo. É um caso de copo meio cheio ou meio vazio, mas ainda há muito espaço no copo para encher. Há muitos protocolos, sobretudo entre as empresas maiores e instituições de ciência, mas isso tem de ser aprofundado. As empresas nem sempre percebem que, tendo uma relação estreita, de partilha de projectos, com as universidades ficam mais bem apetrechadas para ir para mercados competitivos.

Qual o potencial de exportação de conhecimento que as empresas portuguesas têm neste campo específico?

O sector teve um grande desenvolvimento em resultado, sobretudo, da disponibilidade de fundos comunitários. Tenho ideia que, no ciclo urbano da água, se investiu algo como 8 mil milhões de euros nos últimos anos, em Portugal, com os vários ciclos comunitários. Foi uma das áreas onde o investimento foi maior, seguramente. Isso significa que muitas empresas, muitos técnicos, foram mobilizados e penso que o país ficou, em grande medida, na crista da onda no que se refere ao desenvolvimento tecnológico. O que é importante, agora que esse mercado interno diminuiu drasticamente, é que as empresas portuguesas não fiquem a dormir sobre esses louros e não percam o hábito de se modernizar e actualizar. Aí, a relação com as universidades e os centros de investigação é muito importante, para se manterem na fronteira do conhecimento. O potencial é grande, de facto.

Que regiões do globo acredita que terão mais oportunidades actualmente para a área hídrica?

Temos um gráfico que mostra as áreas que nos parecem mais promissoras. É um pouco por ciclos concêntricos. Há um primeiro núcleo, que são as áreas de conforto mais próximas de Portugal e mais acessíveis às suas empresas. São, em primeiro lugar, os países da CPLP. Logo a seguir, países vizinhos desses, onde Portugal já está também bastante activo, como os da América do Sul. São mercados onde as empresas portuguesas se podem associar às suas congéneres brasileiras, levando toda uma experiência própria de uma cultura europeia, e os parceiros levam o conhecimento do terreno. Em África, países na vizinhança de Angola e de Moçambique são extraordinariamente atractivos. Há, depois, outro grupo de países que se nos afigura promissor, que é o dos países do Magrebe, em particular Marrocos, Argélia e Tunísia. Portugal já tem tradição nestes países, talvez não tanto no ciclo urbano da água, mas, por exemplo, na área dos grandes aproveitamentos hidráulicos tem uma longa experiência. A COBA desde há décadas que trabalha nestes países. É uma área natural, de grande proximidade geográfica e onde Portugal é muito bem recebido porque, muitas vezes, apesar de terem uma relação muito grande com França, querem diversificar os seus relacionamentos. Portugal tem algum prestígio nesses mercados.

Não parece haver um grande interesse no Extremo Oriente…

Até agora não tem havido uma presença muito forte. Mas há potencial e o Banco Asiático de Desenvolvimento tem criado oportunidades. Em 2015, houve empresas portuguesas a ganhar concursos nestas geografias mas há círculos de proximidade, que são África, América do Sul e, depois, uma área até agora pouco explorada que é a Europa de Leste.

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No quarto trimestre de 2024, foram transaccionados 45.214 alojamentos familiares, num montante global de 10.174 M€, o que, em termos homólogos, revelam um crescimento “expressivo” de mais 2,5% em número de transacções e de mais 41,8% em valor

Cidália Lopes

No quarto trimestre de 2024, foram transaccionados 45.214 alojamentos familiares, num montante global de 10.174 milhões de euros. Em termos homólogos, estes dados revelam um crescimento expressivo de mais 32,5% em número de transacções e de mais 41,8% em valor, reflectindo uma aceleração das transacções no mercado habitacional., de acordo com o relatório de Março deste ano da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN).

Em paralelo, os preços dos imóveis mantiveram uma trajectória ascendente, com o Índice de Preços da Habitação a registar uma valorização de 11,6% face ao quarto trimestre de 2023.

No que respeita ao licenciamento municipal, em Janeiro de 2025, verificou-se um aumento de 8,7% no total de edifícios licenciados, com variações de 10% nos edifícios habitacionais e de 5,1% nos edifícios não residenciais, comparativamente com Janeiro de 2024.

Destaca-se, ainda, o acentuado crescimento de 40,5% apurado no número de fogos licenciados em construções novas, totalizando 3.618 fogos. No mesmo mês, o Índice de Custos de Construção de Habitação Nova apresentou um aumento homólogo de 3,4%, reflectindo uma variação de 0,4% na componente dos materiais e de 7,2% na componente da mão de obra.

Nos primeiros dois meses de 2025, o consumo de cimento no mercado nacional totalizou 623,2 mil toneladas, o que representa uma diminuição de 3,6% face às 646,3 mil toneladas registadas no mesmo período de 2024.

No segmento das obras públicas, até Fevereiro de 2025, observou-se uma redução de 33% no valor global dos concursos promovidos. Esta variação resulta, em grande parte, da inclusão, em Janeiro de 2024, do concurso relativo à Linha de Alta Velocidade.

Excluindo este procedimento, o montante global dos concursos lançados teria registado um acréscimo homólogo de 87%. Por outro lado, o volume dos contratos celebrados e registado no Portal Base apresenta um aumento significativo, tendo sido reportados contratos num montante total de 632 milhões de euros, o que corresponde a um crescimento de 49% face ao mesmo período do ano anterior.

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A conversa conta com sete arquitectos, representantes de cada um dos partidos ou coligações com assento parlamentar, e vai ter lugar no Auditório Nuno Teotónio Pereira, na sede nacional da OA, dia 21 de Abril, às 18h30

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A Ordem dos Arquitectos (AO) promove, no próximo dia 21 de Abril, às 18h30, um debate político com sete arquitectos candidatos às próximas eleições legislativas. A conversa conta com um representante de cada um dos partidos ou coligações com assento parlamentar, todos em lugares elegíveis, e vai ter lugar no Auditório Nuno Teotónio Pereira, na sede nacional da OA.

O debate pretende fazer uma “reflexão” sobre o papel da arquitectura na resposta aos desafios que o País enfrenta e conhecer o pensamento político dos arquitectos dos vários quadrantes políticos que se propõem representar os cidadãos no Parlamento.

Temas como a crise habitacional, a desestruturação do território, a demora e burocracia excessiva nos processos de licenciamento e construção ou a valorização da prática profissional e da carreira dos arquitetos da administração pública, estarão em destaque na conversa com os André Castanho (CDU), Lia Ferreira (PS), Margarida Saavedra (AD), Marta Silva (Chega), Marta Von Fridden (IL), Patrícia Robalo (Livre) e Ricardo Gouveia (BE).

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A Câmara de Setúbal aprovou, na últimam reunião pública, uma alteração ao Plano Director Municipal (PDM), de forma a adaptá-lo, em conformidade com a Lei, a dois instrumentos de planeamento hierarquicamente superiores que, entretanto, entraram em vigor.

Neste contexto, o PDM passa a incorporar as disposições do Programa da Orla Costeira Espichel-Odeceixe (POC-EO) e do Plano de Gestão e do Risco de Inundação (PGRI), assim como um conjunto de alterações de natureza regulamentar e cartográfica.

O PDM revisto foi aprovado pela Assembleia Municipal de Setúbal a 10 de Setembro de 2021 e, decorridos cerca de dois anos, é publicada em 29 de janeiro de 2024 a Resolução do Conselho de Ministros n.º 22/2024, no Diário da República, 1.ª série, que procedeu à ratificação parcial do plano.

Em comunicado, a Câmara Municipal explica que a aprovação do PDMS revisto pela Assembleia Municipal de Setúbal ocorreu a 27 de Setembro de 2024, após realização da Conferência Decisória da Reserva Ecológica Nacional, tendo sido publicado em Diário da República, n.º 19, 2.ª série, através do Aviso n.º 2639/2025/2, de 28 de janeiro de 2025.

Assim, entre 10 de Setembro de 2021 e 28 de janeiro de 2025, o município não podia introduzir alterações ao PDM, além das decorrentes do processo de ratificação ministerial e da Conferência Decisória da Reserva Ecológica Nacional, pelo que só agora foi possível proceder à adaptação do plano ao POC-EO e ao PGRI.

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O Torel Saboaria, no Porto, o Torel Terra Brava, na Ilha Terceira, nos Açores, e o Torel Royal Court, em Guimarães, contabilizam um investimento total de cerca de 1,6 M€, distribuído pelas três unidades

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2025 assinala uma nova fase de expansão na história do grupo Torel Boutiques, que este ano contará com três novas unidades de 5 estrelas no seu portefólio: o Torel Saboaria, no Porto, o Torel Terra Brava, na Ilha Terceira, nos Açores, e ainda o Torel Royal Court, em Guimarães. Um investimento total avaliado em cerca de 1,6 milhões de euros, e que se distribui pelas três unidades, nomeadamente, 1,2 milhões para o Torel Terra Brava, sendo que para o Torel Saboaria e no Torel Royal Court este valor ronda os 200 mil euros em cada projecto.

Até então, existiam cinco hotéis boutique em Portugal com a chancela Torel Boutiques – o Torel Avantgarde, Torel Palace Porto e Torel 1885 Suites & Apartments, no Porto; o Torel Palace Lisbon, em Lisboa; e ainda o Torel Quinta da Vacaria, no Douro. Actualmente, o Grupo tem vindo a posicionar-se no segmento da hospitalidade de luxo pela sua “abordagem tailor-made, localizações de referência, serviço ímpar e design inovador, valências distintas” que já valeram ao grupo hoteleiro a conquista de vários prémios em competições nacionais e internacionais.

E foram precisamente esses atributos que, segundo o fundador João Pedro Tavares, levaram a que o Grupo fosse desafiado a expandir para novos horizontes. “Ficámos realmente felizes pelas ofertas que recebemos para que assumíssemos a gestão de novos hotéis. Essa é a prova viva de que a força da nossa marca e da nossa vontade em tornarmo-nos embaixadores da hotelaria em Portugal está a dar frutos. Nesse sentido, continuamos a crescer em Portugal com unidades boutique de luxo que contribuem para o crescimento qualitativo do turismo no nosso País”, afirma o responsável.

O primeiro projeto a abrir portas sob a alçada do grupo foi recentemente o Torel Saboaria, um hotel boutique de 5 estrelas que resulta da reconversão de uma unidade hoteleira já existente, situada mesmo no centro do Porto, junto ao Mercado do Bolhão e Avenida dos Aliados. “O reforço do posicionamento na cidade, fruto dos bons resultados alcançados”, a par “do forte conceito a que está associado este projeto”, estando situado junto à antiga Fábrica de Sabão do Bolhão, motivaram a equipa de responsáveis a estabelecer aqui a nova morada do grupo do hoteleiro. Os tons e aromas do sabão, bem como a paixão pelo artesanato e o saber-fazer ancestral, determinaram o conceito no Torel Saboaria, que abriu portas no início de Março com 28 quartos, jardim e piscina exterior, SPA e o Luffa, restaurante de cozinha portuguesa criativa.

Ainda a Norte, no centro histórico de Guimarães, o hotel Conquistador Palace será convertido no Torel Royal Court, tornando-se, assim, no primeiro projecto com chancela Torel Boutiques no distrito de Braga. Com abertura prevista para o Verão, o hotel inserido num edifício apalaçado de 1827 irá manter o tributo ao seu antigo proprietário, o tenista João Sousa, preservando a referência às cidades ou torneios onde competiu no nome dos seus 18 quartos e suites. A juntar-se às unidades de alojamento, encontramos ainda um SPA, um gastrobar, e um jardim com piscina exterior.

Já na Ilha Terceira, nos Açores, irá nascer em Junho de 2025 o Torel Terra Brava, hotel de 5 estrelas situado em Angra do Heroísmo, cujo centro histórico está também classificado como Património Mundial pela UNESCO. Inspirado nos quatro elementos – água, fogo, terra e ar -, o hotel estará dividido entre 44 quartos e suites, SPA, ginásio, sauna, piscina interior e exterior, e ainda um restaurante e um cocktail lab, que recorrem essencialmente a matéria-prima da ilha. Procurando trazer para dentro de portas a verdadeira experiência açoriana, o Torel Terra Brava lança o convite à desconexão, permitindo que todos testemunhem a ilha no seu estado mais puro, rodeados pela sua energia telúrica e ritmo do oceano.

No caso do Torel Saboaria e Torel Terra Brava, os projectos de interiores contarão com a assinatura do estúdio portuense Nano Design, atelier que já havia colaborado com o grupo nos hotéis Torel Avantgarde e Torel 1884 Suites & Apartments.

Quanto a perspetivas futuras, João Pedro Tavares garante que o Grupo continuará aberto a novas parcerias, “desde que alinhadas com a nossa visão e eixo estratégico.” “Continuaremos disponíveis para colaborar com projectos já estabelecidos neste segmento de hotelaria de luxo”, conclui.

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Governo lança 95 concursos do PT2030 e assina 800 contratos PRR em Abril e Maio

Os 800 contratos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no valor de quase 160 milhões, destacam áreas como a habitação, capitalização e inovação empresarial ou respostas sociais

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O Governo anunciou esta quarta-feira que vai lançar 95 concursos do Portugal 2030 (PT2030) em Abril e Maio, com um montante superior a 1.059 milhões de euros, e assinar 800 contratos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Os concursos do PT2030 incidem sobre vários temas, desde incentivos à criação de emprego até à conservação da natureza, segundo o comunicado do gabinete do ministro Adjunto e da Coesão Territorial, sendo que “os que têm maiores verbas envolvidas são os que apoiam a inovação produtiva em territórios de baixa densidade, com 151 milhões de euros disponíveis”.

“Já no que diz respeito à Conservação da Natureza, serão abertos concursos que rondam os 20 milhões de euros”, lê-se.

Quanto ao PRR, serão assinados 800 contratos entre abril e maio, no valor de quase 160 milhões de euros, “com destaque para os da componente da Habitação (68 milhões de euros), Capitalização e Inovação Empresarial (26 milhões de euros), Administração Pública Mais Eficiente (44 milhões de euros) ou as Respostas Sociais (7,4 milhões de euros)”.

“As autarquias levam a maior parte neste período: 111 milhões de euros em 294 contratos. Seguem-se as empresas, com 21 milhões em 63 contratos. As instituições do sistema científico e tecnológico nacional vão receber 9,4 milhões em 96 contratos, enquanto os 105 contratos a assinar com as Instituições Particulares de Solidariedade Social ascendem a 8,8 milhões de euros”, acrescenta o Governo.

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Metro do Porto destina mais 50M€ à construção da Linha Rubi

Em causa está a “inflação nos custos” da construção civil, “nomeadamente dos recursos humanos, que estão a aumentar muito significativamente, continua a ser muito agressiva”

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O custo total da Linha Rubi do Metro do Porto, atualmente em construção entre Casa da Música e Santo Ovídio, vai subir em 50 milhões de euros e o preço ainda pode aumentar, admitiu hoje o presidente da transportadora.

“O projeto global pode-se dizer que vai ficar, neste momento, mais caro 50 milhões de euros. E é preciso ter noção que, num projeto desta magnitude, provavelmente nem vai ser a última necessidade de alteração orçamental”, admitiu o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga.

O responsável falava aos jornalistas à margem da cerimónia de assinatura do contrato de aquisição à chinesa CRRC Tangshan de 22 novos veículos para o Metro do Porto, que decorreu esta quarta-feira na estação do Campo 24 de Agosto.

Em causa esteve o anúncio, no discurso do ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, de um “reforço para a Linha Rubi” de “mais 50 milhões de euros”, acordado na terça-feira em reunião de secretários de Estado.

No final, Tiago Braga explicou que foi necessário “ajustar a arquitetura financeira do projeto para acomodar” gastos adicionais, nomeadamente “algumas questões associadas aos sistemas de sinalização”, que será diferente do atual para potenciar mais frequências.

“Não é nada de novo. Aconteceu na Linha Amarela, com a Linha Rosa”, recordou, assinalando que futuros sobrecustos podem vir ainda dos mecanismos de revisão de preços.

Em causa está a “inflação nos custos” da construção civil, “nomeadamente dos recursos humanos, que estão a aumentar muito significativamente, continua a ser muito agressiva”.

“Na Linha Rosa tivemos custos adicionais com o túnel. É conhecido. Porque construir um túnel não é uma ciência exata, há trabalhos complementares associados à construção do próprio túnel. É preciso acomodar contingências associadas à própria natureza da obra”, justificou.

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Terreno Torralta (Barreiro) Créditos: DR
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Barreiro anuncia investimento de 1,3 M€ para requalificar Torralta; onde quer ver nascer um hotel

Dos 24 mil m2 a serem intervencionados, será reservado um lote, junto à estação dos barcos, para lançarmos uma hasta pública para construção de um hotel e um outro para uma zona de restauração

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A Câmara do Barreiro anunciou que se prepara para avançar com a requalificação do terreno da Torralta, que estava na posse da Direcção-Geral do Tesouro e das Finanças e passou para domínio municipal. O objectivo passa transformar aquele local num espaço de fruição junto ao rio e dinamizá-lo com um hotel e uma zona de restauração.

De acordo com o jornal O Setubalense, o município viu aprovado um financiamento ao abrigo do PT 2030 na ordem dos 300 mil euros para fazer face à requalificação do terreno, estimada num valor total superior a 1,3 milhões de euros.

“São 24 mil metros quadrados que vamos intervencionar, para ficarmos com uma zona pública de lazer, de frente de rio, e passeio ribeirinho. Vamos guardar um lote, junto à estação dos barcos, para lançarmos uma hasta pública para construção de um hotel e um outro lote para uma zona de restauração”, explicou Frederico Rosa, presidente da Câmara Municipal do Barreiro.

Recorde-se que o terreno da Praia da Torralta foi, recentemente, limpo e retiradas as barracas que ali existiam e que impossibilitavam a usufruição do espaço.

Além da componente turística, com a criação daquele que será o primeiro hotel da cidade, Frederico Rosa salientou a importância do impacto que a transformação do espaço terá numa outra vertente.

“Tal como o Pólis, este espaço transformado também pode constituir-se como um pólo da atracção. Obviamente, que atrairá gente de todos os lados, mas também atrairá e fixará muito a nossa população, que deixa de sentir necessidade de ir para fora para encontrar qualidade de vida”, sublinha.

Quanto ao financiamento comunitário, apesar de estar longe de suportar a totalidade do valor necessário para requalificar o espaço da Torralta, facto é que acaba por ser uma mais-valia para o município. “Apesar da contrapartida ser menor, tudo o que são fundos comunitários, para investimento, não conta para o endividamento da autarquia”, realça o edil, a concluir.

Além da futura unidade hoteleira a nascer no terreno da Torralta, a CMB vai lançar brevemente  uma hasta pública para construção de outro hotel na zona da Quinta das Canas, cujo processo está mais avançado.

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InnoWave investe 1M€ na estratégia de inteligência artificial generativa

Através da nova estratégia NEXT, a tecnológica portuguesa pretende atingir uma facturação de 50 milhões de euros, em 2028

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A InnoWave, empresa tecnológica portuguesa, vai investir 1 milhão de euros em Inteligência Artificial Generativa (IAGen) para acelerar a sua transformação digital, através da integração de IA em toda a oferta de serviços e impulsionar a estratégia NEXT. Com este plano inovador a InnoWave pretende alcançar uma facturação de 50 milhões de euros, até 2028.

A estratégia NEXT, lançada este ano pela InnoWave, tem como objectivo acelerar a adopção da inteligência artificial na empresa reforçando competências internas, optimizando processos e fomentando um ecossistema de inovação.

Estruturada por seis pilares: talento, ecossistema, valor para o cliente, excelência operacional, governança e comunicação, a abordagem procura integrar a IA de forma transversal em todas as áreas do negócio. Esta abordagem já está a ser aplicada, refletindo-se tanto no desenvolvimento interno de talento e soluções baseadas em IA, como na colaboração ativa com clientes, o seu próprio ecossistema de start-ups e parceiros tecnológicos.

“Nos últimos dois anos, a indústria de tecnologia passou por disrupções significativas que impactaram directamente o nosso negócio. Já estávamos a investir em iniciativas de IA há algum tempo, mas o aparecimento da IA Generativa acelerou esta transformação. Há um ano, começámos a avaliar o impacto dessa revolução na InnoWave e percebemos a necessidade de uma mudança estrutural no nosso modelo de negócio. Com a NEXT, estamos a tornar a InnoWave mais ágil, eficiente e preparada para um crescimento sustentável, utilizando GenAI para aumentar a produtividade de todos os InnoWavers, ajudando em todas as tarefas que a equipa faz hoje em dia (ideação, gestão de projeto, análise, arquitetura, desenvolvimento SW, testes). Este investimento é fundamental para reforçar a nossa liderança e gerar ainda mais valor para clientes e parceiros”, indica Tiago Gonçalves, CEO da InnoWave.

Em 2024, a InnoWave registou uma facturação de 22 milhões de euros, dos quais 60% fora de Portugal, sustentada por projectos no sector das telecomunicações, serviços financeiros e energia. Para este ano, a tecnológica prevê alcançar uma facturação global de 26 milhões de euros, impulsionada por um crescimento mais significativo no mercado dos Estados Unidos. Com uma equipa de gestão já estabelecida no país, esta região deverá ser responsável em 2025 por 27% da receita total da InnoWave.

Para garantir uma transição eficaz para um ambiente de trabalho mais orientado por IA, a tecnológica está a investir na capacitação dos seus colaboradores, através de programas de formação interna e parcerias estratégicas, assegurando que as equipas possuem as competências necessárias para utilizar e integrar esta tecnologia nas operações diárias. “A inovação tecnológica não se limita só ao acesso à tecnologia, mas sim também à capacidade de atrair e desenvolver talento altamente qualificado. O verdadeiro sucesso está em ter as pessoas certas, com a formação certa para resolver os problemas dos clientes”, revela Tiago Gonçalves.

Entre as iniciativas tecnológicas da estratégia NEXT, destaca-se o AgentWave, uma plataforma de agentes a ser desenvolvida para optimizar todas as fases do ciclo de vida do desenvolvimento de software, desde à análise de requisitos, arquitectura, desenvolvimento e testes. Criado para dar apoio às equipas internas, esta ferramenta assegura uma maior qualidade, segurança e rapidez na entrega de soluções aos seus clientes.

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GEBALIS - Lona DURANTE Levantamento R. R. D António Luís Sousa B1, B2, B3, B4, B5, B6, B7; para o CP 355 ( Contrato Programa 355 ) EMP/58/GBL/2024. Sexta feira 28 de Março de 2025. (ANTONIO AZEVEDO/GEBALIS)
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Gebalis apresenta execução orçamental acima de 99% pelo terceiro ano consecutivo

Relatório e Contas da Gebalis revela ainda a conclusão das primeiras três grandes empreitadas do Programa ‘Morar Melhor’, a reabilitação de 450 fogos em 2024, e a diminuição do valor de rendas em dívida

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A Gebalis, entidade responsável pela gestão dos bairros camarários do município de Lisboa, executou 99,89% do orçamento dotado para 2024, um resultado que se aproxima dos 100%, pelo terceiro ano consecutivo. O Relatório e Contas da Gebalis aponta como principais pontos a execução dos Contratos Programa ‘Morar Melhor’, a reabilitação de mais 450 fogos habitacionais e a diminuição do valor das rendas em dívida em mais de 400 mil euros.

Fernando Angleu, presidente do Conselho de Administração da Gebalis, sublinha que “a par do investimento feito pelo município no programa ‘Morar Melhor’, que não tem precedentes, devo enaltecer o trabalho feito pelas equipas da Gebalis, num ano especialmente exigente, marcado pelo início de múltiplas empreitadas em simultâneo – algo inédito tanto na empresa, como nos próprios bairros municipais da capital. Os dados reportados materializam o compromisso da Gebalis com a cidade e, principalmente, com os moradores do parque habitacional da Câmara de Lisboa.”

Em 2024, a Gebalis concluiu as quatro primeiras grandes empreitadas do programa Morar Melhor, nos bairros dos Alfinetes, Padre Cruz, Telheiras Sul e Quinta dos Barros, e reabilitou 450 fracções habitacionais. Entre 2022 e o final de 2025, está prevista a reabilitação de um total de 1.810 fracções. Durante o último ano, foram ainda iniciadas 35 novas empreitadas de reabilitação do Programa Morar Melhor, que beneficiará 402 edifícios municipais. Destaca-se, igualmente, a celebração do Contrato-Programa 749CM2024, no valor de 4 milhões de euros, destinado a acções de manutenção, conservação e à resposta através dos Serviços SOS.

No que respeita à gestão da dívida, o ano de 2024 registou uma redução significativa do valor em dívida referente a rendas, num total de 403.201,62 euros face ao montante apurado a 31 de Dezembro de 2023. Este resultado é fruto de um plano de acção centrado na proximidade com as famílias, promovendo a identificação de recursos formais e informais que contribuam para a recuperação da dívida e a estabilidade habitacional dos moradores. Em 2024, ano em que as rendas não sofreram aumentos pela segunda vez consecutiva, 1.675 famílias beneficiaram de reduções temporárias ou definitivas no valor da renda.

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Imovirtual estabelece parcerias com Photobooking e CASAFARI

Imovirtual estabelece parcerias estratégicas com Photobooking e Casafari para apoiar o sector imobiliário. Com estas parcerias os clientes do Bundle Premium passam a contar com serviços multimédia avançados e acesso privilegiado ao mercado imobiliário português

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O Imovirtual, portal imobiliário em Portugal, estabeleceu duas novas parcerias estratégicas. Os clientes do bundle Premium têm agora acesso a condições exclusivas nos serviços da Photobooking e da CASAFARI, com o objectivo de potenciar a qualidade e eficácia da sua actividade profissional.

A parceria com a Photobooking, uma plataforma MaaS, Media as a Service nacional, permite que os clientes Imovirtual acedam a serviços multimédia, incluindo captação e edição de fotografias e vídeos profissionais, visitas virtuais entre outros. Estes serviços têm como objectivo melhorar significativamente a qualidade dos anúncios imobiliários, tornando-os visualmente mais impactantes e eficazes na atracção de potenciais clientes.

Neste contexto, os clientes do Imovirtual têm automaticamente direito a um crédito na Photobooking, renováveis mensalmente e sem valor mínimo exigido. A partir da segunda marcação mensal, têm também acesso a um cashback por marcações realizadas, beneficiando assim de uma maior eficiência económica na utilização destes serviços.
Segundo David Rufino, CEO da Photobooking, “Temos como missão a profissionalização da imagem no sector imobiliário, sendo que para escalar esse impacto de forma significativa, a associação a uma grande plataforma de promoção de imóveis torna-se essencial. A escolha do Imovirtual surge naturalmente, pela sua dimensão, relevância e alcance no mercado nacional, uma vez que com esta colaboração, os mediadores ganham uma nova ferramenta para produzir conteúdos com mais eficiência e qualidade.”

Por sua vez, a parceria com a CASAFARI, plataforma big data e inteligência artificial aplicada ao mercado imobiliário, oferece aos clientes Imovirtual um acesso privilegiado e centralizado a sua plataforma com toda a oferta imobiliária disponível em Portugal, abrangendo imóveis anunciados por profissionais e particulares. Através desta ferramenta, os profissionais passam a beneficiar de filtros avançados, alertas em tempo real, análise rigorosa das variações de preços, relatórios detalhados baseados em dados históricos e insights estratégicos que facilitam a identificação de oportunidades de mercado antes da concorrência.

De acordo com Andreia Martins da Costa, head of sales Portugal CASAFARI, “a parceria entre a CASAFARI e o Imovirtual oferece aos utilizadores premium acesso exclusivo a dados e insights da maior base de dados imobiliária da Europa. Esta colaboração com um dos portais líder em Portugal reforça uma relação de confiança construída ao longo de anos, focada em trazer mais inteligência e eficiência ao mercado imobiliário”.

Sylvia Bozzo, marketing manager do Imovirtual, refere ainda que “estas colaborações estratégicas exclusivas com duas marcas do mercado reforçam o posicionamento do Imovirtual em capacitar os profissionais de forma a ajudá-los em tomadas de decisões e em oferecer maior qualidade aos anúncios. No fim, beneficiamos todo o sector e também o consumidor final, que é quem está a procura de casa”.

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