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    “A PPA não quer limitar-se aos países de língua portuguesa”

    “há um mundo cheio de oportunidades e as empresas portuguesas, neste momento, estão presentes em todos os continentes e nós encorajamos isso” – Francisco Nunes Correia

    Pedro Cristino
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    “A PPA não quer limitar-se aos países de língua portuguesa”

    “há um mundo cheio de oportunidades e as empresas portuguesas, neste momento, estão presentes em todos os continentes e nós encorajamos isso” – Francisco Nunes Correia

    Pedro Cristino
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    A Parceria Portuguesa para a Água (PPA) pretende constituir-se como um veículo de internacionalização do “cluster” nacional ligado à água. Em entrevista ao Construir, Francisco Nunes Correia revela que a diversidade geográfica da presença das empresas portuguesas no contexto internacional o deixa frequentemente surpreendido e explica o objectivo do mais recente projecto desta parceria: o P3LP. Para o presidente da PPA, as empresas portuguesas não deverão limitar-se a operar nos países lusófonos e deverão procurar sempre consorciar-se para combater a falta de dimensão que enfrentam à escala internacional

    O que é o P3LP?

    O P3LP é o grande projecto que está a começar. Com financiamento comunitário, este projecto é muito baseado naquilo que se chamam missões inversas. Seleccionamos técnicos para trazer a Portugal no sentido de verem o que se faz e fez em Portugal.

    Qual é a receptividade?

    Tem que ser dos dois lados. Do lado das empresas portuguesas, que têm de ter disponibilidade para acolher estes técnicos que vêm destes países de língua portuguesa, que aqui se deslocam para acções que têm o seu quê de capacitação profissional, embora a níveis diferentes. Pode ser a nível político ou de direcção de topo da administração ou das empresas – aí normalmente são acções mais curtas e de índole estratégico – ou acções mais viradas para a formação. Por exemplo, os responsáveis do laboratório de análise de águas de Angola poderão passar aqui uma semana para observarem quais as rotinas e os procedimentos. Portanto, é muito dirigida a acções de capacitação/formação profissional a estes dois níveis e as empresas portuguesas têm que se dispor a receber estes quadros e têm tido uma receptividade enorme. Há empresas que têm esta vocação, como a Águas de Portugal, que é um grupo enorme, com uma relação já muito intensa com estes países. A Águas do Porto foi onde o projecto nasceu e esta empresa tem tido um empenho imenso em envolver-se. O projecto surgiu numa reunião na Águas do Porto, dirigida a países da CPLP. Perante os representantes destes países, lançou-se a ideia de pegar neste ambiente criado pela presença destes técnicos e fazer um projecto com o objectivo de fortalecer estes laços. Há uma dimensão de formação profissional mas, inevitavelmente há também uma dimensão que consiste em criar laços com as pessoas, de as conhecer. O ideal seria que, quando voltassem aos seus países de origem, estes técnicos, quando tivessem dúvidas, estivessem á vontade para pegar no telefone e nos contactarem. Estabelecer estes laços é uma dimensão um pouco imaterial, quase subjectiva, mas de extrema importância. É preciso receptividade das empresas portuguesas. Frederico Fernandes, actual presidente da Águas do Porto, referiu que a empresa está muito condicionada do ponto de vista salarial, porque se trata de uma empresa pública. Por outro lado, os funcionários da empresa têm neste relacionamento internacional um estímulo, porque percebem que têm algo para mostrar, recebem colegas de outros países e têm oportunidade de falar da empresa e mostrar alguns procedimentos. Portanto, encaram isto como algo positivo, que dá uma visão do mundo. Do lado das empresas destes países de língua portuguesa tivemos também, até agora, manifestações de interesse, nomeadamente quando a ideia surgiu. Agora vamos colocar isto no terreno e vamos começar a curto prazo.

    Que outras dimensões tem este projecto?

    Tirando partido de cada uma destas delegações, fazemos um seminário dirigido também às empresas portuguesas sobre um tema que interesse particularmente também a essa delegação. Depois, faremos os estudos da situação de alguns dos países que ainda não tinham sido contemplados no projecto que foi feito no Quadro Comunitário anterior. Vamos também fazer um levantamento das possibilidades dos fundos europeus orientados para a cooperação, chamados EuropeAid, para tentar que Portugal tire mais partido destes fundos, dirigidos para estes países de língua portuguesa.

    Exclusivamente para países de língua portuguesa?

    A Parceria Portuguesa para a Água não quer, de maneira alguma limitar-se aos países de língua portuguesa. Estes países são, por assim dizer, a área de conforto para a internacionalização das empresas portuguesas, por razões evidentes. Mas há um mundo cheio de oportunidades e as empresas portuguesas, neste momento, estão presentes em todos os continentes e nós encorajamos isso. O que nós queremos é ter uma atitude equilibrada, nem de oito, nem de 80. Por não queremos que as empresas se limitem à área de conforto dos países de língua portuguesa, também não deixamos de compreender que esses países merecem uma atenção especial. Se os espanhóis e os franceses o fazem, e cultivam muito particularmente a relação que têm com os países da sua própria língua, seria um absurdo que Portugal não desse também uma atenção bastante especial aos países de língua portuguesa. Como sabemos, quando se encontram colegas, o diálogo é fácil. Dos técnicos e dirigentes destes países, muitos têm família aqui em Portugal. Há um conjunto de relações que resultam obviamente da história comum que facilita estes contactos e nós queremos aprofundar. Resumindo, as empresas portuguesas não devem limitar-se aos países lusófonos, mas jamais deverão descurar o mundo da língua portuguesa porque, aí, as oportunidades e a facilidade de contacto são imensas. É nesta posição equilibrada que procuramos estar. O projecto anterior foi dirigido a oito países, dos quais três eram de língua portuguesa. Agora, este projecto é dirigido a países de língua portuguesa. A PPA tem outras actividades e divulga oportunidades no mundo inteiro.

    Por outro lado, a PPA apresenta uma forte componente de capacitação, de troca de conhecimentos, que é um elemento mais facilmente transferido para países lusófonos…

    É mais facilmente feita para países lusófonos e isso cria não apenas a oportunidade de ensinar, de melhorar o desempenho dessas empresas ou entidades nesses países, mas é também uma oportunidade de estabelecer laços, relações profissionais e até pessoais, que darão os seus frutos a médio e longo prazo. Tem essas duas dimensões: a utilidade, num sentido muito estrito, mas também uma vertente mais ampla, que é o reforço dos laços.

    Como vê a presença internacional das empresas que a PPA representa?

    A presença internacional das empresas portuguesas surpreende-nos frequentemente. O conjunto de países onde operam vai dos Estados Unidos à China. É claro que, nos Estados Unidos, em 2015, a percentagem foi de 1,2%, o que deve significar duas ou três empresas, no universo dos 134 associados da parceria. Estão no mundo inteiro, quase sem excepções. Em África, para além dos países lusófonos, as empresas trabalharam no Uganda, no Gabão, África do Sul, Malaui, etc. Mas não só – estiveram nos Emirados Árabes Unidos, Magrebe, Jordânia, Egipto. Tudo isto são países onde, em 2015, as empresas conseguiram iniciar a actividade. Para iniciar actividade em alguns destes mercados, as empresas têm de ter uma ponta de humildade na sua abordagem, ou seja, têm que aceitar ir em consórcios de outras empresas grandes, que muitas vezes já estão implantadas nestes mercados, e podem ser empresas portuguesas ou de outros países. E algumas empresas portuguesas com um “know-how” muito especializado em certa área acabam por ser uma mais-valia para empresas francesas, holandesas ou alemãs. Têm de lutar por isso e são reconhecidas quando realmente desempenham um bom trabalho. Isso é a maneira de entrar num certo mercado. Se ganham dimensão, se tudo corre bem, se as actividades se expandem, podem começar a fixar-se elas próprias. As empresas portuguesas da área da construção estão extraordinariamente implantadas nas geografias mais diversas. Esses grupos, muitas vezes, estão envolvidos em projectos que têm a haver com água. Portanto, estão em boas condições para fazer consórcios com as empresas lusas especializadas no sector da água para marcar presença nesses mercados. As empresas vão primeiro como colaboradores e, como disse, quando as coisas correm bem, muitas vezes acabam por elas próprias estabelecerem delegações e afirmarem-se nesses países.

    É uma área de conhecimento muito específico…

    É um mundo. Vai desde os recursos hídricos, na sua imensa vastidão, produção de energia, rega, até à água do ciclo urbano.

    Como caracteriza em termos de capacidade o “cluster” nacional?

    O “know-how” é muito vasto e diversificado em todas essas áreas. Um sector que, nas últimas duas décadas, ganhou uma enorme dinâmica, um grande protagonismo e, seguramente, uma competência técnica muito grande e actualizada é, precisamente, o ciclo urbano da água – abastecimento de água e tratamento de esgotos. Porquê? Portugal registou um progresso enorme nos últimos 20 anos neste sector. Eu gosto sempre de citar o director-executivo da International Water Association que, numa conferência em Montreal, perante cerca de 6 mil participantes, falava do “milagre português”. Passámos de níveis muito baixos de atendimento às populações e de qualidade de serviço, no final dos anos 80, até valores que têm, hoje, níveis absolutamente europeus, e com uma qualidade garantida pela ERSAR, onde o abastecimento de água com qualidade certificada e verificada é da ordem dos 99%. No que diz respeito a tratamento de esgotos, passou de 10% para cerca de 80%. Soubemos tirar partido dos fundos comunitários nesse capítulo. Isso correspondeu à mobilização da melhor tecnologia nacional – pública, privada, universitária, etc. Hoje, que começamos a atingir já quase o nível do pleno abastecimento, as empresas portuguesas – ainda por cima com a crise que se verificou nos últimos anos – ou se internacionalizam ou desaparecem, como algumas têm desaparecido. A internacionalização passou a ser uma prioridade para as empresas do sector, que têm realizações feitas que podem mostrar. Esse é um sector forte, mas, em Portugal, a hidráulica tem grandes tradições históricas. Durante muitos anos, fiz uma parte muito importante da minha carreira no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e aí todos apreciávamos os modelos reduzidos da Praia de Copacabana, da Barragem de Cahora Bassa, obras desse estilo, feitas em vários locais do mundo. Portugal tem um caso extraordinário que técnicos de todos os países gostam de visitar que é o Alqueva: é o maior lago artifical da Europa, um aproveitamento de fins múltiplos que produz energia, tem agricultura, cria uma área de lazer, contribui para o abastecimento municipal. Portanto, é tipicamente um aproveitamente de fins múltiplos de grande escala e um projecto muito interessante onde a tecnologia portuguesa esteve presente. A PPA ocupa-se também de uma outra área, que é a das questões costeiras. O país tem uma tradição muito considerável na engenharia costeira.

    Que áreas cobre a parceria?

    A PPA tem essencialmente cinco áreas de que se ocupa: planeamento de recursos hídricos, ciclo urbano da água, aproveitamentos de fins múltiplos, questões costeiras e governança.

    Como conseguem contribuir neste campo específico da governança?

    Falando no meu caso pessoal, há meses tive uma colaboração que se prolongou durante um ano e meio, com a OCDE no sentido de estabelecer os princípios da boa governança dos recursos hídricos. Foi um trabalho muito exaustivo, de levantamento, de reflexão sobre as linhas principais, tendo em conta trabalhos antecedentes da OCDE e de outros organismos internacionais nesta matéria, para chegarmos à formulação de 12 princípios, agrupados em três conjuntos, um dos quais visa a eficácia, o outro a eficiência e o último visa a transparência e o comprometimento dos utilizadores. Foi um processo em que tive um envolvimento muito grande e, finalmente, terminou há seis meses com a aprovação desses princípios por parte do Conselho Ministerial da OCDE. Isso é governança: como se deve gerir a água.

    Isso demonstra a boa cotação do país neste sector?

    Estamos muito bem cotados a nível de capacidade técnica, não tenho dúvidas disso.

    O que fez com que nos tornássemos tão fortes nesta área?

    Portugal teve um grande surto de desenvolvimento no que concerne a aproveitamentos de fins múltiplos, que gira muito em torno de grandes barragens que servem vários propósitos. A seguir à Segunda Guerra Mundial, Portugal usufruiu de fundos do Plano Marshall. Se for ao LNEC, que, aliás, é criado por essa altura, justamente para dar apoio às infra-estruturas que começaram a ser construídas, ainda vê, na parte museológica peças, instrumentos com eticas que dizem “financiado pelo Plano Marshall”. Este financiamento deu um impulso enorme à engenharia civil portuguesa. Evidentemente, a par de grandes figuras, de grandes engenheiros civis que ganharam uma grande projecção internacional e a trouxeram para Portugal. A figura mais destacada é o engenheiro Manuel Rocha, que foi director do LNEC durante umas décadas, e cujos escritos são visionários. Não foi o único, posso citar outros, como Ferry Borges, uma pessoa de grande projecção internacional, ligado à área sísmica, onde Portugal ainda hoje tem também projecção. Houve um conjunto de circunstâncias, como seguramente o pós-guerra, cujo Plano Marshall, numa lógica de desenvolvimento muito virada para as infra-estruturas, contribuiu para a projecção da engenharia civil portuguesa. Depois, tem havido uma evolução dos vários subsectores. A grande aposta que se fez com os fundos comunitários, por exemplo. Desde que Portugal aderiu à União Europeia, até hoje, tudo o que e é abastecimento urbano teve um desenvolvimento imenso, o que levou a que as empresas portuguesas deste sector também tenham sofrido um surto de desenvolvimento nestes últimos anos. Resumindo, houve um conjunto de circunstâncias históricas e um conjunto de personalidades que colocaram a engenharia civil e, em particular, o tema da água e dos recursos hídricos no primeiro plano a nível mundial. No seu conjunto, tem sido uma área de grande afirmação em termos internacionais.

    Considera que o país é competitivo nesta área?

    Temos “know-how” muito competitivo. O calcanhar de Aquiles de muitas empresas portuguesas é o facto de que são muito pequenas à escala mundial.

    Daí a importância de iniciativas de associativismo como a PPA…

    Exactamente. A recomendação que fazemos às empresas segue no sentido de se consorciarem com outras – nacionais ou estrangeiras – que já estejam implantadas em várias geografias e entrarem, desta forma, nesses mesmos mercados. Muitas dessas empresas são pequenas e médias e isso é, para nós, uma área de preocupação, nomeadamente, por exemplo, na cooperação europeia. A Comissão Europeia financia projectos em muitos países, nomeadamente na Europa de Leste ou Norte de África, e faz concursos para procurar empresas europeias que os possam executar e, muitas vezes, exige experiência em abastecimento a cidades com 4 milhões de habitantes ou mais. A Grande Lisboa tem 2 milhões, portanto, a maior das empresas, é pequena perto de uma empresa que abasteça Paris ou Londres e isso cria, objectivamente, limitações às empresas portuguesas. Este é apenas um exemplo de muitos. Portanto, uma das acções que pretendemos desenvolver, durante 2016, é, junto do Governo português e das autoridades em Bruxelas, chamar a atenção para regras ou procedimentos que limitam a capacidade de acesso das empresas portuguesas. E, por vezes, limitam injustamente porque este tipo de experiência é frequentemente pedido em grandes projectos para fazer um projecto que, afinal, é só para 1 milhão de habitantes. Isto filtra imediatamente empresas mais pequenas e as portuguesas, mesmo as maiores, a uma escala internacional, são relativamente pequenas, de um modo geral. Exceptuam-se algumas empresas na área da engenharia, na área da construção, que diria que têm uma escala de médias – e apenas médias – empresas. Mesmo a EDP, uma das maiores empresas portuguesas, é, à escala mundial, uma média empresa. Portanto, este problema de escala é complicado quando é usado para pôr de parte estas empresas. É algo que é preciso contrariar.

    Todavia, parece haver pouca tendência na fileira lusa da construção para se concentrar num único “cluster” e avançar em conjunto para os concursos internacionais…

    Pois é. Talvez aí entrem factores culturais. Apesar de tudo, acho que há alguns esforços que caminham noutro sentido e a PPA é um exemplo. A Associação Portuguesa de Projectistas e Consultores (APPC), que procura também congregar esforços, ou as próprias associações empresariais, como a AIP e a AEP. Mas há realmente uma tradição de cada um ir por si. Há uma certa imaturidade que se tem de ultrapassar, porque todos têm a ganhar se juntarem realmente esforços.

    Por outro lado, o tecido empresarial português parece não ter grandes dificuldades em estabelecer parcerias locais nos países onde pretende operar.

    Mas isso é um dos segredos do sucesso. É muito difícil chegar a um país que não se conhece bem e saber quem é quem, quais são as regras do jogo, qual a cultura local. Por isso, encontrar bons parceiros locais é, em muitos casos, absolutamente imprescindível. E mais! Em alguns casos até são exigências dos próprios termos de referência dos concursos. As empresas que concorrem têm de arranjar um parceiro local e há países onde isso é exigido legalmente.

    Nem sempre é fácil encontrar um bom parceiro local.

    Pois não, mas não podemos ser demasiado paternalistas em relação a isso, porque se encontra boa tecnologia e, por vezes, há uma tendência para a subestimar. Tenho assistido a isso e dou-lhe dois exemplos. Marrocos é um país muito interessante e que, por sua vez, olha para Portugal, também com muito interesse. Tem genuíno gosto em que Portugal lá esteja presente e é um país com núcleos de excelência, tem empresas, universidades e governantes, em algumas áreas, de grande qualidade e, por vezes, os portugueses não dão a devida atenção à qualidade daqueles mercados. Outro exemplo é a Turquia. Tem tecnologia, universidades e empresas de primeira qualidade. O que penso ser adequado em países desse tipo é que as empresas portuguesas se associem a empresas desses países para irem a mercados na região. Por exemplo, a partir de Marrocos, operar em mercados próximos, no Magrebe, ou no Maxerreque. Há pouco discutíamos a associação de grupos portugueses com empresas polacas para irem para os mercados da Bielorrússia, da Ucrânia, a outros mercados dessas zonas. Portanto, de um modo geral, esses mercados possuem algumas empresas de qualidade, é preciso identificá-las para nos associarmos a essas empresas e operarmos nessas regiões. As empresas nunca devem pensar que os mercados onde se candidatam para desenvolver trabalhos são mercados fáceis ou com baixo nível tecnológico porque, mesmo nos países com mais problemas de desenvolvimento, mesmo nos países mais pobres, muitas vezes os financiamentos advêm de instituições internacionais, como o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento ou o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento. São estas instituições que controlam as regras do jogo e têm grandes exigências técnicas. Portanto, não há hoje mercados fáceis: só com qualidade é que as empresas se conseguem impôr. Isto leva-nos de novo à CPLP. Não é por dar uma pancadinha nas costas e beber uma cerveja em conjunto que os portugueses se afirmam em África. Isso pode ser muito agradável para saber as oportunidades, quais as intenções, tudo isso ajuda a uma integração cultural, mas, na hora da verdade, a qualidade é imprescindível porque, na hora da verdade há um Banco Mundial ou um Banco Africano de Desenvolvimento a estabelecer regras.

    Como é que olha para a investigação que tem sido levada a cabo no sector da água?

    As instituições do sistema científico têm dado um contributo muito importante. Este sector, na área do ciclo urbano da água, não teria ganho a projecção que ganhou se não tivesse também uma componente científica e tecnológica muito importante. E isso está, sem dúvida, espalhado pelas principais universidades do país, mas o LNEC é também uma casa muito importante neste sector. Aliás, é um membro fundador da Parceria e tem talvez a maior equipa que existe em Portugal dedicada ao conjunto de temas da água. Há vários pólos de conhecimento, com várias especialidades, que cobrem muito bem todos os temas relacionados com a água.

    Quais são actualmente os maiores desafios deste sector?

    Acho que, em primeiro lugar, a internacionalização é o grande desafio. Não pode haver internacionalização sem uma rectaguarda onde as empresas tenham um pé – um local onde tenham trabalho feito, possam ter o seu “backoffice” e desenvolver tecnologia. A crise diminuiu de uma forma demasiado violenta essa rectaguarda das empresas em Portugal. Temos insistido muito nesse ponto, nos nossos contactos com o poder político. As empresas portuguesas também precisam de ter o mercado nacional para se afirmarem lá fora, só que, enquanto antes era 90% em Portugal e 10% lá fora, agora caminhamos, como outros países, para ter 10% em Portugal e 90% lá fora. Se não temos os tais 10% ou 20% em Portugal, as empresas portuguesas sofrem. Outro problema é a escala, que já referi e tem vários problemas. Em primeiro lugar, a internacionalização requer envergadura, necessita de investimento e sai cara, no início, antes do retorno. O problema de escala é ainda agravado pela falta do espírito de conjunto, de aliança. As empresas estão muito habituadas a competir entre si. Era bom que, muitas vezes, se aliassem mais, sobretudo nos mercados estrangeiros. Um terceiro problema é a relação entre as empresas e as universidades e centros de investigação. Sobretudo a nível das empresas maiores, existe alguma relação, mas necessita de ser ainda aprofundada. Tudo o que vá no sentido de aprofundar as relações entre o mundo da ciência e da tecnologia e o mundo das empresas é muito importante, porque a inovação é decisiva para a competitividade.

    O tecido empresarial está ainda afastado das universidades?

    Acho que ainda não está tão próximo quanto devia. O actual Quadro Comunitário para a investigação, chamado Horizonte 2020, tem como um dos seus objectivos aproximar as instituições que produzem conhecimento, dos utilizadores finais: as empresas ou entidades públicas que depois usam todas as tecnologias que se vão desenvolvendo. É um caso de copo meio cheio ou meio vazio, mas ainda há muito espaço no copo para encher. Há muitos protocolos, sobretudo entre as empresas maiores e instituições de ciência, mas isso tem de ser aprofundado. As empresas nem sempre percebem que, tendo uma relação estreita, de partilha de projectos, com as universidades ficam mais bem apetrechadas para ir para mercados competitivos.

    Qual o potencial de exportação de conhecimento que as empresas portuguesas têm neste campo específico?

    O sector teve um grande desenvolvimento em resultado, sobretudo, da disponibilidade de fundos comunitários. Tenho ideia que, no ciclo urbano da água, se investiu algo como 8 mil milhões de euros nos últimos anos, em Portugal, com os vários ciclos comunitários. Foi uma das áreas onde o investimento foi maior, seguramente. Isso significa que muitas empresas, muitos técnicos, foram mobilizados e penso que o país ficou, em grande medida, na crista da onda no que se refere ao desenvolvimento tecnológico. O que é importante, agora que esse mercado interno diminuiu drasticamente, é que as empresas portuguesas não fiquem a dormir sobre esses louros e não percam o hábito de se modernizar e actualizar. Aí, a relação com as universidades e os centros de investigação é muito importante, para se manterem na fronteira do conhecimento. O potencial é grande, de facto.

    Que regiões do globo acredita que terão mais oportunidades actualmente para a área hídrica?

    Temos um gráfico que mostra as áreas que nos parecem mais promissoras. É um pouco por ciclos concêntricos. Há um primeiro núcleo, que são as áreas de conforto mais próximas de Portugal e mais acessíveis às suas empresas. São, em primeiro lugar, os países da CPLP. Logo a seguir, países vizinhos desses, onde Portugal já está também bastante activo, como os da América do Sul. São mercados onde as empresas portuguesas se podem associar às suas congéneres brasileiras, levando toda uma experiência própria de uma cultura europeia, e os parceiros levam o conhecimento do terreno. Em África, países na vizinhança de Angola e de Moçambique são extraordinariamente atractivos. Há, depois, outro grupo de países que se nos afigura promissor, que é o dos países do Magrebe, em particular Marrocos, Argélia e Tunísia. Portugal já tem tradição nestes países, talvez não tanto no ciclo urbano da água, mas, por exemplo, na área dos grandes aproveitamentos hidráulicos tem uma longa experiência. A COBA desde há décadas que trabalha nestes países. É uma área natural, de grande proximidade geográfica e onde Portugal é muito bem recebido porque, muitas vezes, apesar de terem uma relação muito grande com França, querem diversificar os seus relacionamentos. Portugal tem algum prestígio nesses mercados.

    Não parece haver um grande interesse no Extremo Oriente…

    Até agora não tem havido uma presença muito forte. Mas há potencial e o Banco Asiático de Desenvolvimento tem criado oportunidades. Em 2015, houve empresas portuguesas a ganhar concursos nestas geografias mas há círculos de proximidade, que são África, América do Sul e, depois, uma área até agora pouco explorada que é a Europa de Leste.

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    Portalegre: Governo promete medidas que respondam a “ilha rodoviária” no distrito

    “Eu hoje não venho anunciar nenhuma autoestrada, mas venho anunciar o empenho deste Governo em pensarmos soluções para servir um distrito que tem perdido competitividade, fruto da ausência de investimento público do Governo central”

    CONSTRUIR

    Em Maio, aquando da abertura das Festa da Cidade, o secretário de Estado e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, já tinha dado conta da preocupação pelo facto de Portalegre ser a única capital de distrito do País sem acesso directo por auto-estrada. Esta sexta-feira, o ministro das Infraestruturas reforçou a evidência e a preocupação pelo que chamou de “ilha rodoviária” à situação em que se encontra a capital do Alto Alentejo.

    Na cerimónia de assinatura do contrato para a construção da nova ponte da Ribeira Grande, em Fronteira (distrito de Portalegre) na Estrada Nacional 245 (EN245), depois de a ponte existente ter sido destruída pelo mau tempo em Dezembro de 2022, Miguel Pinto Luz assumiu que não está nos planos a construção de qualquer autoestrada, mas manifestou o “empenho” do Governo em encontrar soluções rodoviárias para a região.

    “Eu hoje não venho anunciar nenhuma autoestrada, mas venho anunciar o empenho deste Governo em pensarmos soluções para servir um distrito que tem perdido competitividade, fruto da ausência de investimento público do Governo central”, disse. Mais tarde, questionado pelos jornalistas, o ministro das Infraestruturas escusou-se a avançar mais pormenores sobre esta matéria, sublinhando que o Governo “está a estudar um conjunto de iniciativas” para que o distrito de Portalegre, em particular, possa ter respostas. “Mais breve do que tarde apresentaremos todas [as iniciativas] em conjunto”, disse.

    Recorde-se que, desde 2009, está interrompida a execução do Itinerário Complementar 13, que deveria ligar Portalegre ao Montijo mas que só está executada até Alter do Chão, num troço de aproximadamente 29 quilómetros.

    O ministro das Infraeestruturas visitou o distrito de Portalegre para formalizar a assinatura do contrato para a construção da nova ponte da Ribeira Grande, em Fronteira, que envolve um investimento de cerca de cinco milhões de euros, com um prazo de execução da obra de dois anos. A nova passagem, cujo projecto terá ainda de ser validado pelo Tribunal de Contas, vai substituir a ponte destruída pelo mau tempo em 13 de Dezembro de 2022, considerada um ex-líbris da região.

    Também questionado sobre a morosidade do processo para a construção da nova ponte, Miguel Pinto Luz argumentou que o Estado, durante este período, “foi capaz” de encontrar uma solução provisória para as populações.

    “Nestes momentos de felicidade gostamos sempre muito de fazer essas análises absolutamente negativas e ver o copo meio vazio. Eu vejo o copo meio cheio, estamos num dia feliz para Fronteira, num dia feliz para o distrito e encontrámos esta solução e estaremos cá depois para que ela entre ao serviço novamente das populações”, acrescentou.

    Na cerimónia, o presidente da Câmara de Fronteira, Rogério Silva, anunciou que o município classificou “há dois dias” como monumento de interesse municipal a ponte que ficou destruída em 2022, num processo já publicado em Diário da República.

    “Na próxima semana vamos ter uma apresentação dedicada ao estudo prévio que já foi concretizado no sentido de reabilitarmos não apenas esta ponte mas também todo o Centro Ecoturístico da Ribeira Grande”, revelou.

    Trata-se de um procedimento de conceção/construção, pelo que, após o contrato ser visado pelo Tribunal de Contas, terá início a fase de elaboração do projeto de execução, “com um prazo previsto de 120 dias e mais 20 dias para aprovação”.

    O contrato prevê também, segundo a IP, o desenvolvimento de um estudo ambiental, a remeter à Agência Portuguesa do Ambiente “sobre a necessidade ou não” de submeter o projeto a Avaliação de Impacte Ambiental, tendo em consideração a solução prevista, os impactos do projeto e a sua localização.

    “Assim, não é ainda possível adiantar com rigor a data em que terá início da empreitada de construção, uma vez que está dependente do desenvolvimento destes processos”, lê-se na nota.

    A 2.ª fase do projeto refere-se à empreitada de construção da uma nova travessia, que restabelecerá a “ligação definitiva” entre os aglomerados urbanos de Fronteira e Alter do Chão, e os acessos da povoação de Vale de Seda para a sede de concelho.

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    Apostada no potencial do mercado a empresa já investiu mais de 115 milhões de euros em Portugal, mas Carlos Jesus deixa um alerta: “As redes e os cabos submarinos chegam ao nosso país, mas não param aqui, por isso Portugal tem de trabalhar para não ser só um ponto de passagem. Temos de conseguir transformar o país num ponto de passagem que crie valor cá, e esse é um grande desafio”, afirma em entrevista ao CONSTRUIR

    Como é que a presença da COLT em Portugal se compara a outros países da Europa?
    A presença da Colt em Portugal está intimamente relacionada com a localização estratégica do país. Este aspeto tem um peso maior do que o negócio do mercado nacional em si no nosso contexto de Grupo internacional, sobretudo tendo em conta que no centro da Europa há economias com maior escala. No entanto, a presença da Colt em Portugal é absolutamente estratégica e vital para o Grupo, em particular no contexto da transformação digital e das novas tecnologias de ponta – como a IA, o Machine Learning e a IoT, que impulsionam a emergência da economia dos dados e da relevância dos cabos submarinos/ligações transatlânticas e internacionais, bem como da criação de muitos e novos centros de dados. Esta é uma região que tem uma potencialidade de crescimento percentual superior e mais acelerada face a outras do centro da Europa, onde existem mercados mais maduros, mas que, por isso mesmo, estão mais saturados.
    No contexto global da Colt, a operação portuguesa destaca-se igualmente pelos seus 3 centros de competência, que já empregam cerca de 130 pessoas, e que prestam serviços para todo o Grupo. E, nesta vertente, Portugal tem uma grande preponderância na estrutura do Grupo a nível europeu. A subsidiária portuguesa tem mesmo registado níveis de crescimento muito acentuados, contribuindo de forma sustentada para os objetivos de crescimento do Grupo, maximizando a posição de Portugal enquanto hub estratégico de comunicações à escala global e ponto nevrálgico de ligação entre os vários continentes.

    A rápida evolução do mercado português é explicada por que factores?
    Do ponto de vista das comunicações temos duas componentes. Por um lado, a localização, que é importante e os cabos submarinos neste contexto têm um peso muito expressivo. Há toda uma história do nosso país no que diz respeito aos cabos submarinos e que agora se está a tornar mais preponderante e visível. O significativo aumento do investimento para a criação de novos centros de dados em Portugal está intrinsecamente relacionado com a questão dos cabos submarinos.
    Mas há uma segunda componente, igualmente relevante, que tem a ver com os centros de competência na vertente do talento humano, da cultura, e da flexibilidade. Aspetos que são importantes e que contribuem para tornar o nosso país muito aliciante no que diz respeito aos serviços de nearshore. Mas nem tudo é localização. Portugal tem talento altamente qualificado e com o plus de ter facilidade de aprender e falar outras línguas e uma excelente infraestrutura de comunicações. É a conjugação de todos estes aspetos que está a criar oportunidades de negócio e de crescimento novas no contexto das comunicações e das tecnologias.
    Um estudo recente da EY (EY Investment Monitor) identifica Portugal como o sétimo destino mais atractivo da Europa para investimento, referindo que entre 2019 e 2023 o número de projectos cresceu 40% no nosso país, enquanto Espanha registou uma redução de 38%. Isto mostra a atractividade de Portugal, mas temos de continuar a trabalhar para mantermos uma posição de liderança nesta área.

    Colocar Portugal no mapa das comunicações internacionais

    Acabam de anunciar novo investimento, creio que isso é sintomático do potencial de crescimento do mercado. Quais as vossas expectativas para os próximos anos?
    A expectativa é de continuarmos a crescer, tanto do ponto de vista económico, como das pessoas/talento em Portugal. Para isso, iremos continuar a investir nas infraestruturas que temos, na ligação de mais centros de dados, de mais ligações a estações de cabos submarinos, reforçando e criando novas rotas nas ligações internacionais. Por outro lado, continuaremos a reforçar a presença da Colt Portugal no contexto do Grupo. Alinhados com este propósito, acabámos de investir mais um milhão de euros no nosso país para ligar mais dois data centres à nossa rede e para trazermos a primeira interligação internacional (PoP) de nível de topo (Tier1) ao mercado nacional – o Global IP Transit Backbone and Services e que capacita Portugal com o primeiro ponto de entrada directo à rede Tier1 de IP Transit, que é a principal a nível mundial, posicionando Portugal ao nível de outros grandes pontos de interligação à escala internacional. A Colt já tem um investimento de mais de 115 milhões de Euros em Portugal, onde liga agora um total de 15 data centers, dispõe de 3 centros de competência, 2 Redes de área Metropolitana (MAN – Lisboa e Porto), 830 km de rede de fibra ótica, e disponibiliza também 1.700km adicionais de rede de longa distância através da sua IQ Network, ligando mais de 777 edifícios e 8 parques industriais em Lisboa, Porto, Oeiras, Sintra, Vila Nova de Gaia e Maia, com o objectivo de apoiar as organizações e as empresas nas suas jornadas de transformação digital.

    Quais são os principais sectores que utilizam os serviços da Colt em Portugal?
    Trabalhamos com todos os sectores de actividade. Historicamente a banca e os serviços financeiros (mercados capitais, seguradoras, etc.), com quem temos grande ligação pelo início do nosso negócio na City de Londres, continua a ser muito forte. Mas trabalhamos com todos os outros sectores desde a indústria, saúde, energia, tecnologias de informação, até aos outros operadores de telecomunicações, etc. O leque de clientes da Colt que já era amplo, com a aquisição da Lumen, que fizemos no ano passado e graças à qual nos transformamos na maior empresa de infraestruturas digitais B2B da Europa, foi ainda mais reforçado e isso inclui também a nossa operação em Portugal.

    Quais são os vossos principais concorrentes e quais as vossas vantagens competitivas?
    Em Portugal, e quando as comunicações são ao nível nacional, naturalmente os operadores de comunicações nacionais. No entanto, a Colt em Portugal posiciona-se mais como um parceiro dos operadores nacionais a nível das comunicações internacionais, ajudando-os a fazerem estas ligações que não possuem, do que como um concorrente. Uma das grandes vantagens competitivas da Colt está nas ligações internacionais a todos os países onde estamos e os operadores nacionais não têm este alcance. Daí trabalharmos em estreita parceira com os operadores de comunicações nacionais. O nosso trabalho passa mais por soluções e produtos que já temos, implementamos e trabalhamos a nível internacional e trazemos esse know-how para o mercado nacional para ajudarmos as empresas portuguesas.

    “Smart building” e “smart manufacturing” estão por desenvolver

    Qual o impacto da tecnologia 5G em Portugal na vossa actividade?
    As redes de 5G, pelo consumo de dados que vão ter e pelas aplicações que vão suportar, são uma oportunidade de negócio acrescido. Os dados têm de embocar nalguma rede de comunicações de fibra ótica que seja fiável e capaz de suportar todo este crescimento. Do ponto de vista geral, isto é uma oportunidade nomeadamente para implementarmos mais redes de fibra ótica. Mas em Portugal não tanto, porque o nosso país está bastante mais avançado a nível das redes de fibra ótica do que outros, dada a grande massificação que já temos e que começou mais cedo. Nas outras cidades europeias, onde este processo está mais atrasado, existe sim uma oportunidade de negócio e crescimento acrescido. Também estamos envolvidos em estudos de caso de criação de redes 5G privadas que podem ter um papel significativo em áreas como o “smart building” e o “smart manufacturing”. São segmentos que ainda estão por desenvolver em Portugal, e onde podemos contribuir significativamente com o nosso know how e experiência.
    Consideramos que o grande consumo de dados será em comunicações de e para centros de dados, desde logo porque as aplicações do 5G estão num centro de dados algures. Isto significa que iremos ter um crescimento mais acentuado a nível das necessidades de fibra ótica no contexto das comunicações de e para centros de dados. Ao ligarmos mais estes dois novos centros de dados em Portugal, fortalecemos a nossa posição num mercado que se espera venha a crescer 6.02% (CAGR) no nosso país até 2027, segundo um estudo recente da Arizton. A dimensão do mercado de centros de dados em Portugal foi recentemente avaliada em 931,2 milhões de dólares e deverá atingir os 1,3 mil milhões de dólares até 2027.

    Acredito que o mercado português não seja só facilidades. Quais os principais desafios e de que forma os abordaram?
    Actualmente existem mais de 400 cabos submarinos em serviço em todo o mundo. Até 2025, serão adicionados mais 45 cabos. Se tivermos em conta que, a par disto, os investimentos em infraestrutura de banda larga e digitais têm sido muito intensos no nosso país e que nos últimos 10 anos, a economia digital do país tem registado um crescimento sem precedentes, é fácil compreender que desfrutamos de uma oportunidade única para fomentarmos o investimento em centros de dados, serviços de cloud e de edge computing – as tecnologias do futuro. O grande desafio tem a ver com a materialização de todo este potencial.
    As redes e os cabos submarinos chegam ao nosso país, mas não param aqui, por isso Portugal tem de trabalhar para não ser só um ponto de passagem. Temos de conseguir transformar o país num ponto de passagem que crie valor cá, e esse é um grande desafio. Por outro lado, precisamos de desenvolver os centros de competência. É preciso continuar a criar as condições para prosseguirmos com o desenvolvimento de talento e das condições para o retermos, porque ele é raro. Se não o fizermos, vai aparecer outro local qualquer e perdemos a oportunidade.
    É preciso vontade e estratégias políticas nacionais que ajudem a que isto aconteça de uma forma estruturada e ao longo do tempo, sem disrupções. Esta tem de ser uma causa verdadeiramente nacional que tem de ser trabalhada a médio e longo prazo, desde logo porque é uma vantagem competitiva que não podemos perder. Na mesma linha, é preciso simplificar processos, agilizar a regulação e os acessos aos financiamentos e continuar a investir a mostrarmos e divulgarmos o que fazemos.

    Quais os mercados em que a Colt está que são mais promissores e desafiantes em termos de crescimento?
    Há uma Europa central/norte que está mais madura e onde há oportunidades de crescimento, mas são menores, quando comparamos com o mercado ibérico que é muito promissor do ponto de vista de percentagem de crescimento. O mesmo se passa com o mercado asiático. Importa ainda sublinhar, que a Colt mantem uma estratégia de investimento em todos os países onde está presente, desde logo porque a inovação, as melhorias da rede e das nossas infraestruturas têm de ser contínuas. Só dessa forma poderemos cumprir o nosso propósito de assegurarmos comunicações de excelência à escala global.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Azores Retail Park representa um investimento de 40M€

    É um dos maiores investimentos privados na região de Ponta Delgada, o empreendimento da Sapore, empresa do universo Vigent Group, inclui a criação de 11 unidades comerciais e 800 lugares de estacionamento, somando um total de 15 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL). O desenvolvimento e comercialização do projecto está a cargo da Retail Mind

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    Avançou a construção do Azores Retail Park, um investimento, no valor de 40 milhões de euros, promovido pela Sapore, empresa do Vigent Group, um grupo empresarial português com origem na actividade metalomecânica, mas que, ao longo dos anos, diversificou a sua actuação, abrangendo sectores como a indústria do mar e o imobiliário.

    A cerimónia de lançamento da primeira pedra do Azores Retail Park realizou-se esta sexta-feira, dia 22 de Novembro, assinalou o arranque das obras deste projecto da Sapore, que reforçará a oferta comercial em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel. Reflexo de um dos maiores investimentos privado português na região, o Azores Retail Park será desenvolvido numa área de 44 mil metros quadrados, com uma área bruta de construção de 18 mil metros quadrados. O projecto inclui a criação de 11 unidades comerciais e 800 lugares de estacionamento, somando um total de 15 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL), consolidando-se como uma das mais ambiciosas infraestruturas comerciais e um motor chave para o crescimento económico e dinamização do comércio local.

    O Azores Retail Park soma-se ao vasto leque de activos sob gestão da Sapore. A empresa conta com um portefólio de imóveis para arrendamento e projectos para promoção que inclui serviços, hotelaria, indústria e comércio, com mais de 80 mil metros quadrados em activos de rendimento e 50 mil de projectos em desenvolvimento.

    “Ao iniciarmos este projecto, estamos a dar um passo importante no desenvolvimento de Ponta Delgada. O Azores Retail Park não será apenas um espaço de retalho moderno, mas um novo propulsor económico para a ilha, que gerará emprego, (cerca de 200 postos de trabalho em obra e de 550 directos e indirectos em fase de operação), e promoverá o crescimento sustentável do sector comercial”, afirmou Sérgio Silva, CEO do Vigent Group.

    O Azores Retail Park será composto por 11 unidades comerciais, oferecendo uma gama diversificada de marcas, produtos e serviços para responder à crescente procura por espaços de retalho modernos e convenientes. O espaço, já comercializado a 100%, contará com marcas como Continente, Worten, Sport Zone e Espaço Casa, para além de outras que estarão pela primeira vez representadas na Região Autónoma, como FNAC, Fábrica dos Óculos, JYSK, além de uma farmácia, assegurando uma proposta comercial alinhada com as necessidades do mercado local e garantindo uma experiência de compra completa e adaptada às preferências da região.

    “O Azores Retail Park demonstra, uma vez mais, que os Açores são uma verdadeira Região de Oportunidades, complementando a vasta oferta comercial existente e criando novas dinâmicas de investimento. Este projecto representa um importante contributo para a criação de riqueza, geradora de emprego e oportunidades, reforçando o nosso compromisso com o desenvolvimento económico sustentável da Região. Iniciativas como esta são essenciais para consolidar os Açores como uma Região que valoriza o empreendedorismo, promove o progresso e fortalece a sua posição no panorama nacional e internacional”, afirmou o Presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro que marcou presença na cerimónia.

    O desenvolvimento e comercialização do projecto está a cargo da Retail Mind, em parceria com a Sapore. “A nossa visão é oferecer à região um espaço que combine qualidade, inovação e conveniência para todos os consumidores. O Azores Retail Park, que representa o culminar de vários anos de trabalho e dedicação, terá um impacto significativo na região, desde logo pela criação de emprego e igualmente pela diversificação e dinamização do comércio regional, graças a diversos ‘market entries’”, salienta Vítor Rocha, CEO da gestora e consultora ibérica especialista em retalho.

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    Cascais recupera mosteiro e cria residência para estudantes

    A futura residência com capacidade para 41 estudantes será inaugurada na próxima semana. O Mosteiro de Santa Maria do Mar foi projectado em finais dos anos 50 pelos arquitectos Nuno Teotónio Pereira, Nuno Portas e Pedro Vieira de Almeida. A sua recuperação resulta de um investimento de 1,6M€

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    Localizado em Sassoeiros, Carcavelos, o Mosteiro de Santa Maria do Mar acolheu até 2010 a Congregação das Beneditinas da Rainha dos Apóstolos. Em 2017, o complexo que inclui os cinco hectares de vinha destinados à preservação do licoroso vinho de Carcavelos, foi adquirido pela Câmara Municipal de Cascais.

    O  Mosteiro de Santa Maria do Mar foi projectado em finais dos anos 50 pelos arquitectos Nuno Teotónio Pereira, Nuno Portas e Pedro Vieira de Almeida. As obras de requalificação adaptaram o complexo ao novo uso. A futura residência de estudantes terá capacidade para acolher 41 estudantes universitários.

    O projecto de requalificação representou um investimento total de 1.612.417,88 euros, tendo contado com apoio financeiro da União Europeia no âmbito do PRR (Erasmus+ Educação e Formação), no valor de 1.338.855,00 euros. O restante foi investimento autárquico.

    Para além da preservação da histórica do espaço, o Mosteiro de Santa Maria do Mar, terá outras valências como uma sede para escuteiros, espaço verde aberto à população, ginásio ao ar livre e Hortas Comunitárias. Terá ainda, uma loja-adega para a realização de provas de vinho de Carcavelos e eventos ligados à história deste património gastronómico local.

     

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    “C2Ø Construction to Zero” lança plano de acção para descarbonização do sector

    A PTPC e a ATIC organizam conferência de abertura do C2Ø Construction to Zero, o roteiro de descarbonização para a fileira da construção e actividades industriais associadas

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    A conferência de abertura do C2Ø Construction to Zero, o roteiro de descarbonização para a fileira da construção e actividades industriais associadas, terá lugar dia 26 de Novembro, no Porto.

    O projecto, desenvolvido em conjunto pela Plataforma Tecnológica Portuguesa da Construção, PTPC, e pela Associação Técnica da Indústria do Cimento, ATIC, tem por objectivo O C2Ø – Construction to Zero tem como ambição ser um projeto estratégico “para Portugal atingir as metas traçadas para 2050, recorrendo a sinergias dentro do sector da construção entre indústrias específicas; fabricação de outras obras de carpintaria para a construção; fabricação de produtos de betão para a construção; fabricação de betão pronto; fabricação de argamassas; e fabricação de misturas betuminosas “.

    Nesta conferência de abertura serão apresentados publicamente os seus objectivos, áreas de abrangência e resultados iniciais de diagnóstico, assim como o detalhe das acções que irão ser colocadas em prática e os elementos a serem disponibilizados à indústria da construção, e que contribuirão para a sua descarbonização.
    Este roteiro tem o co-financiamento da União Europeia, NextGenerationEU, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.
    A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição.

     

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    Remodelação da iluminação pública da 2ª Circular em Lisboa

    A operação irá durar seis meses e irá substituir luminárias a vapor de sódio de alta pressão por luminárias com tecnologia led, A empreitada inclui a substituição integral de todas as colunas e luminárias existentes, a instalação de cerca de 380 colunas e de 720 luminárias com tecnologia Led

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    As mudanças têm como objectivos principais melhorar a qualidade e as condições de iluminação da 2ª Circular, oferecendo mais uniformidade e conforto visual, promovendo a eficiência energética e contribuindo para reduzir o custo de manutenção das luminárias.

    A eficiência energética é alcançada por via da redução da potência instalada em 67,4% (200 KW para 65 KW), com uma redução anual do consumo de 543.000 KW/h. A redução anual da factura energética será no montante aproximado de 81.481,00 €.

    “A 2ª Circular é uma das principais vias de circulação na cidade de Lisboa. Tudo o que sejam investimentos que reforcem a segurança nesta estrada são bem aplicados. Neste caso, em concreto, junta-se a preocupação ambiental, algo em que estamos fortemente empenhados. Conseguimos um reforço muito significativo da eficiência energética com os novos equipamentos que substituem outros já considerados obsoletos” refere Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

    Os trabalhos incluem a remodelação de todo o sistema com a substituição dos equipamentos existentes e a uniformização das colunas e luminárias.

    A empreitada inclui a substituição integral de todas as colunas e luminárias existentes, sendo os novos apoios instalados no local dos existentes, utilizando sempre que possível os mesmos maciços, a instalação de cerca de 380 colunas e de 720 luminárias com tecnologia Led, os apoios (colunas) a instalar serão normalizados, com três alturas na totalidade da via: 5, 10 e 12 metros. O sistema de telegestão a instalar permite controlar e obter informação sobre todos os aparelhos de iluminação.

    A obra tem um prazo de execução de seis meses e irá custar ao município cerca de 730 mil euros.

     

     

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    Da esqª para a dtª: Alberto Castro, Luís Castro, António Ricardo Oliveira (filho de António Oliveira) e Gonçalo Lobo Xavier

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    Presidente da OLI distinguido pela sua “carreira de empresário e gestor”

    Prémio foi atribuído na 14ª edição dos Prémios Exportação & Internacionalização, promovidos pelo Novo Banco e Negócios, pelo seu trabalho na “liderança da empresa”, ao longo dos últimos 40 anos

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    tagsOLI

    A OLI, através do seu presidente, António Oliveira, foi distinguida com um Prémio Especial na 14ª edição dos Prémios Exportação & Internacionalização, promovidos pelo Novo Banco e Negócios, pelo seu trabalho na liderança da empresa, ao longo dos últimos 40 anos.

    O porta-voz do júri, Gonçalo Lobo Xavier, destacou a evolução da OLI, a sua capacidade de “criar e inovar num contexto global desafiante e fortemente competitivo”, assim como as suas “parcerias estratégicas internacionais” e, particularmente, a “visão audaz, o conhecimento e a paixão” de António Oliveira.

    Luís Ribeiro, Administrador do Novobanco, entregou o prémio ao filho do presidente da OLI, o administrador António Ricardo Oliveira, que representou a empresa nesta cerimónia que decorreu na Casa da Música, no Porto, na última segunda-feira, dia 18 de Novembro.

    O júri foi constituído por Gonçalo Lobo Xavier, director-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição, Alberto Castro, professor catedrático na Universidade Católica do Porto, e Luís Palha da Silva, presidente do Conselho de Administração e administrador Delegado da Pharol.

    A OLI trabalha ininterruptamente 24 horas por dia, sete dias por semana, e tem uma produção anual de 2 milhões de autoclismos e 3 milhões mecanismos. Em 2023, registou um volume de negócios de 73 milhões de euros e exportou 76% da produção para mais de 80 países dos cinco continentes.

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    64% dos edifícios de escritórios da Grande Lisboa “em risco de se tornarem obsoletos em 2030”

    Em Lisboa, o CBD (zona 2) e as Novas Zonas de Escritórios (zona 3) estão sob maior pressão, seguidos pelo Prime CBD (zona 1). Além disso, o aumento da procura de edifícios de escritórios de maior qualidade continua a impulsionar a actividade de desenvolvimento, estando previsto a conclusão de mais 195 mil m2 até 2028

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    tagsC&W

    O risco do parque de escritórios se tornar obsoleto devido a um conjunto de factores, entre os quais a legislação climática, está a aumentar, com activos em várias grandes cidades da Europa Ocidental a enfrentarem desafios significativos nos próximos cinco anos.

    De acordo relatório Rethinking European Offices 203, da Cushman & Wakefield, até 2030 estima-se que mais de 170 milhões de metros quadrados (m2) do parque edificado de escritórios, de construção anterior a 2004 e sem intervenção significativa desde então, esteja em risco de obsolescência em 16 cidades europeias.

    Das 16 cidades analisadas, há uma distinção entre a Europa Oriental, com stock mais recente e a Europa Ocidental, com um risco de obsolescência mais elevado. Ainda assim, nas sete principais cidades (Milão, Barcelona, Estocolmo, Paris, Madrid, Amsterdão e Londres) o risco do stock se tornar obsoleto é de cerca de 80%, ao passo que em Munique (60%), Dublin (64%), Lisboa (64%) e Berlim (65%) o stock apresenta riscos relativamente mais baixos, reflectindo uma proporção relativamente mais elevada de parque desenvolvido nas últimas duas décadas.

    Na Europa de Leste (Budapeste, Praga e Varsóvia) a quota do stock de escritórios em risco é mais baixa, com uma média de apenas 43%, o que significa que grande parte do património edificado nesta região foi construído nas últimas duas décadas, em contraste com os mercados ocidentais, onde menos de um quinto do stock foi desenvolvido durante este período.

    Na Grande Lisboa, a estimativa é que, até 2030, 2,86 milhões de m² do parque de escritórios esteja em risco de se tornarem obsoletos. O CBD (zona 2) e as Novas Zonas de Escritórios (zona 3) estão sob maior pressão, seguidos pelo Prime CBD (zona 1). Além disso, o aumento da procura de edifícios de escritórios de maior qualidade continua a impulsionar a actividade de desenvolvimento. A oferta futura em construção é actualmente de 234.400 m², estando prevista a conclusão de mais 195.000 m² até 2028. Em termos globais, isto significa que, nos próximos quatro anos, haverá 429.000 m² de novos espaços de escritórios a entrar no mercado.

    “O afluxo de novos projectos representa um risco acrescido para os edifícios de escritórios mais antigos, que podem ter dificuldades em competir. A forte procura pelos melhores espaços e as rendas prime que estes espaços podem alcançar são fatores-chave que contribuem para esta tendência”, comenta Pedro Salema Garção, head of Offices da Cushman & Wakefield em Portugal.

    Também Isabel Simões Correia, head of Business Development, considera que o “reposicionamento é provavelmente a melhor solução para as localizações no centro da cidade. No que toca a reconversão, a hotelaria e a habitação tendem a ser os usos alternativos predominantes nestas zonas”. Além disso, “os valores de renda mais baixos dos escritórios face a estas opções e as taxas de desocupação mais elevadas podem fazer com que a reconversão dos ativos nestas localizações seja a estratégia vencedora”, acrescenta.

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    Navicork da Corticeira Amorim com pegada de carbono negativa

    Estudo externo conduzido pelo ITECONS comprova que Navicork é a solução mais sustentável de cortiça de elevada performance para decks marítimos, aio revelar que cada m2 do material Navicork FD01 promove o sequestro de mais CO₂ do que o que emite ao longo de todo o processo de produção

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    A Navicork FD01, a solução de cortiça de alta densidade para decks marítimos desenvolvida pela Amorim Cork Composites, da Corticeira Amorim, obteve a confirmação da sua pegada de carbono negativa através de um estudo externo conduzido pelo ITECONS. Esta validação reforça a posição de “liderança” da marca Navicork by Amorim na adpção de soluções inovadoras com impacto positivo no ambiente.

    O estudo Life Cycle Assessment  (LCA) realizado pelo ITECONS, uma entidade independente e conforme as normas EN ISO 14040, EN ISO 14044 e EN 15804, revelou que cada metro quadrado do material Navicork FD01 promove o sequestro de mais CO₂ do que o que emite ao longo de todo o processo de produção, desde a extracção da matéria-prima até à saída da fábrica (“cradle-to-gate”). A análise da Pegada Parcial de Carbono mostrou que o produto apresenta uma pegada de carbono de -0,97 kg CO₂ eq./m² para a espessura de 6 mm e -0,69 kg CO₂ eq./m² para a espessura de 8 mm.

    Para António Rios de Amorim, CEO e presidente da Corticeira Amorim, “Os estudos de pegada de carbono evidenciam o compromisso contínuo da Corticeira Amorim em promover o impacto positivo de todo o setor da cortiça, através de investigação rigorosa, validada e certificada. Os resultados obtidos com o material Navicork FD01 confirmam a sua pegada de carbono negativa e reforçam, mais uma vez, a nossa aposta no desenvolvimento de materiais inovadores e em harmonia com a natureza.”

    Além dos seus benefícios em termos de sustentabilidade, o material Navicork FD01 destaca-se também pelas suas características técnicas, que incluem excelente isolamento térmico e acústico, propriedades antiderrapantes, um toque confortável e agradável, e opções de design versáteis.

    Com mais de um século de experiência na valorização da cortiça, a Corticeira Amorim está na linha da frente no desenvolvimento de soluções de materiais sustentáveis. Utilizando a cortiça, a empresa contribui para um impacto positivo não só nas indústrias que serve, mas também no ambiente ao apostar na preservação das florestas.

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    Barbot marca presença na Concreta com novas ferramentas de IA

    Entre estas ferramentas destaca-se o Decorador IA, que ‘sugere’ combinações de cores personalizadas, a Calculadora Barbotherm ou o Escolha a Sua Cor, que permitem aos visitantes experimentar diferentes paletas de cores em tempo real

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    tagsBarbot

    É na Concreta 2024 que a Barbot apresentará o Barbotech, uma plataforma inovadora que utiliza novas ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para optimizar o processo de escolha e soluções de cor. Entre estas ferramentas destaca-se o Decorador IA, que utiliza Inteligência Artificial para sugerir combinações de cores personalizadas e ajustadas ao estilo de cada cliente, tornando o processo mais intuitivo e criativo.

    Além disso, a Barbot lançará a Calculadora Barbotherm e o Escolha a Sua Cor, que permitem aos visitantes experimentar diferentes paletas de cores em tempo real, visualizando como as tonalidades se adaptam aos seus espaços. 

    “Sabemos que o processo de escolha de uma cor pode ser desafiante e até demorado. Por isso, criámos uma ferramenta baseada em Inteligência Artificial que permite carregar uma foto do espaço, escolher o estilo e visualizar o resultado final em poucos minutos, tornando todo o processo mais fácil e intuitivo” afirma Diogo Barbot, director comercial da Barbot.

    Concebido para “promover uma conexão directa” com os seus visitantes na Concreta, o stand da Barbot aposta num ambiente “acolhedor e colaborativo”, proporcionando ao cliente uma experiência em tempo real.

    A Concreta 2024, decorre entre os dias 20 e 23 de novembro, na Exponor, no Porto, e o stand da marca foi totalmente pensado de modo a proporcionar uma experiência única e personalizada aos seus visitantes.

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