A arquitecta paquistanesa Yasmeen Lari foi galardoada com o Prémio Carreira 2025 Trienal de Lisboa Millennium bcp. A sua carreira, que abrange mais de seis décadas, é um poderoso testemunho do papel que a arquitectura pode desempenhar na melhoria das condições de vida das pessoas, desafiando a desigualdade, resistindo ao colapso ecológico e construindo um futuro mais justo.
“A arquitectura tem de mudar se quiser continuar a ser relevante. O nosso trabalho não é apenas para pessoas ricas; as comunidades pobres de todo o mundo precisam de bom design, porque tem um valor ainda maior para elas. É por isso que penso que o meu trabalho é reconstruir vidas: criar “escadas de saída da pobreza” renunciando ao controlo do processo através da co-construção e da co-criação. Fazemo-lo partilhando conhecimentos e mobilizando aldeias – uma aldeia de cada vez.”, defende Yasmeen Lari
Nascida em 1941 no Paquistão, Lari estudou Arquitectura em Oxford. Depois de se formar, regressou ao seu país de origem e fundou o seu próprio atelier, tornando-se a primeira mulher arquitecta do Paquistão.
Após uma carreira de sucesso desenvolvida a partir do seu atelier em Karachi, Yasmeen Lari afastou-se do seu gabinete de arquitectura em 2000 para se focar na Heritage Foundation of Pakistan, dedicada à preservação e promoção da arquitectura local, sustentável e vernacular. Na sequência de um terramoto devastador em 2005, Lari voltou a expandir a sua prática, abraçando o que descreve como uma “acção humanitária humanista” da base para o topo – e reescrevendo o papel da arquitectura contemporânea, especialmente em áreas profundamente afectadas por crises sociais e climáticas.
Em resposta às inundações catastróficas que atingiram o Paquistão em 2022, Yasmeen Lari comprometeu-se a ajudar a construir mais de um milhão de casas, guiada pela sua filosofia dos “quatro zeros”: zero carbono, zero resíduos, zero doadores e zero pobreza. Atingir este objectivo sem depender de quaisquer donativos, filantropia ou ajudas financeiras externas, reforça ainda mais o valor único do trabalho de Lari.
Yasmeen Lari estará presente nos dias de abertura da Trienal 2025, que se realiza 02 a 04 de Outubro, para participar numa conferência pública e receber o troféu dos Prémios Trienal de Lisboa Millennium bcp, desenhado por Álvaro Siza e fabricado a partir de resíduos de mármore de Estremoz.
Da Tailândia ao México, os cinco finalistas do Prémio Début
No mesmo comunicado a Trienal de Arquitectura de Lisboa anuncia os finalistas do Prémio Début Trienal de Lisboa Millennium bcp: cinco ateliers emergentes cuja prática chamou a atenção do júri. Da Tailândia “Bangkok Tokyo Architecture”, do México “Palma”, “ReSa Architects” da Índia, “Robida Collective” de Itália e da Suíça “TEN”.
As equipas finalistas, oriundas de três continentes, apresentarão o seu trabalho durante um evento público nos dias de abertura da Trienal 2025 (02 a 04 de outubro), onde será conhecido o atelier vencedor.
A edição de 2025 recebeu 75 candidaturas elegíveis. Para além dos finalistas, a shortlist de 20 nomes integrava os ateliers: Atelier Local, Portugal; Avneesh Tiwari, Índia; Balsa Crosetto Piazzi, Argentina; Banga Coletivo, Angola; BeAr Arquitectos, Espanha; Estúdio Flume, Brasil; Exutoire, Vietname; Indalo World, África do Sul; JQTS, Portugal; Juan Campanini – Josefina Sposito, Argentina; Juliana Godoy, Brasil; kera, Geórgia; NUA arquitectures, Espanha; Parabase, Suíça; RC Architects, Índia.
O júri dos Prémios Début e Carreira é formado pelos arquitectos Inês Lobo, Lígia Nobre, Samia Henni, Sandi Hilal e Yuma Shinohara.
Os três Prémios Trienal de Lisboa Millennium bcp – Début, Carreira e Universidades – visam promover uma arquitectura mundial inovadora, reconhecendo quem a faz. Desde a investigação transdisciplinar desenvolvida em ambiente académico, aos talentos emergentes e às práticas estabelecidas.