Engenheiros defendem que risco da operação na Alta-Velocidade deve ser assumido pelos privados
“No caso da alta velocidade, se as receitas de exploração forem inferiores ao previsto, quem assume esse risco é o Estado ou são os privados”, adianta Fernando Santo adiantando que o risco da operação deve ser privado
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O bastonário da Ordem dos Engenheiros defendeu esta segunda-feira que devem ser os privados a assumir os riscos associados à operação da rede de alta velocidade e que as prioridades de investimento do Estado devem ser definidas de forma clara.
Fernando Santo comentava um estudo divulgado pelo Jornal de Negócios que dá conta que os custos de investimento para as linhas TGV de Lisboa-Porto e de Porto-Vigo vão elevar a dívida pública durante muito tempo e que compara os grandes investimentos públicos segundo o potencial de criação de emprego e impacto na dívida pública.
O bastonário considera que o Estado tem de analisar os benefícios que vai ter a médio e a longo prazo com projectos como o da rede de alta velocidade e contabilizar os seus impactos directos e indirectos (“externalidades”).
Deve ficar claramente definido “qual o risco que fica dependente do Estado e dos privados”, acrescenta o estudo.
“No caso da alta velocidade, se as receitas de exploração forem inferiores ao previsto, quem assume esse risco é o Estado ou são os privados”, questiona o bastonário,
Para Fernando Santo, é preciso “um trabalho muito aprofundado sobre o investimento do Estado e a forma como esse dinheiro vai ser recuperado”.
“Falta transparência nos estudos que têm sido feitos”, salientou.
Fernando Santo afirmou ainda que as prioridades dos grandes investimentos públicos devem estar definidas: “Quando falamos de infra-estruturas que têm um grande endividamento e têm retorno a médio e longo prazo, agravam naturalmente o défice. Se essa for a prioridade não é aconselhável [avançar]”.
Também no que diz respeito à criação de emprego, as grandes infra-estruturas não são estratégicas, já que “a reabilitação urbana e a recuperação de escolas e hospitais utilizam mais mão-de-obra”.