Em 2024, a SunEnergy enfrentou um mercado menos dinâmico, mas manteve um desempenho sólido, executando mais de 400 projectos de autoconsumo fotovoltaico e instalando 20.000 painéis solares em Portugal. Para este ano a empresa planeia retomar o crescimento económico e operacional, aproveitando uma carteira de projectos robusta, sem esquecer a expansão para Espanha, como revelou ao CONSTRUIR Raul Santos, CEO da SunEnergy.
Em 2023, a SunEnergy alcançou um crescimento de 30% e um volume de negócios de 15 milhões de euros. Pode partilhar os resultados financeiros e operacionais de 2024?
o ano de 2023 foi, de facto, um ano excepcional para a empresa, sendo que 2024 foi um ano menos dinâmico, com o mercado mais estagnado. Os resultados da SunEnergy não foram indiferentes a este cenário. Ainda assim, executámos mais de 400 projectos de autoconsumo fotovoltaico e instalámos mais de 20.000 painéis solares em residências, empresas, IPSS, escolas, centros de saúde, hospitais, universidades e em muitos outros edifícios públicos e privados.
No total, em 2024, a SunEnergy instalou mais de 11 MW de potência, bem como quase 300 baterias de lítio, o equivalente a uma capacidade de armazenamento de energia de 2 MWh, sobretudo em residências particulares, uma solução cada vez mais procurada pela maior autonomia que permite alcançar e que pode manter as nossas casas e empresas ligadas em momentos de corte de energia da rede, caso a instalação esteja pensada no sentido de salvaguardar essa necessidade. Estes painéis solares instalados, ao longo do ano de 2024, pela SunEnergy, permitem a produção da energia equivalente às necessidades de mais de 4.000 casas, poupanças na ordem dos 2.5 milhões de euros e a redução de quase 2.500 toneladas de CO2 por ano.
Quais são as perspectivas e prioridades estratégicas para 2025, tanto em termos de crescimento como de inovação?
Apesar das incertezas e indefinições do mundo em que vivemos, que nos podem obrigar a ter de alterar as nossas perspectivas e prioridades, pretendemos, em 2025, voltar a crescer em termos de resultados económicos, mas também em termos de resultados operacionais. Atendendo à carteira de projectos que temos actualmente em cima da mesa, bem como às boas perspectivas que temos em relação a outros projectos que se encontram em estudo, acreditamos que iremos ter um ano positivo, no qual pretendemos dar um enfoque muito especial às soluções que temos de baterias de lítio para empresas e também às nossas soluções na área da mobilidade eléctrica.
À procura da autonomia face à rede eléctrica
Como avalia o potencial do mercado português para a energia solar, e de que forma o crescimento da vossa rede de delegações está a responder à crescente procura?
Portugal tem uma localização geográfica muito favorável à produção de energia eléctrica a partir da energia solar e as pessoas sabem disso. Além da proximidade temos também uma equipa de engenharia que consegue encontrar sempre as soluções mais ajustadas às necessidades específicas de cada cliente, do ponto de vista técnico, mas também económico. O modelo de negócio da SunEnergy, com a sua rede de delegações de proximidade espalhadas pelo país, é, sem dúvida, o que consegue dar uma resposta mais rápida e profissional.
Quantos projectos a SunEnergy desenvolveu no mercado português até agora, e qual é a escala típica desses projectos?
A Sunenergy já executou cerca de 30.000 projectos fotovoltaicos em Portugal desde o seu nascimento em Portugal, em 2010. Ao longo destes 15 anos, temos instalado projectos com dimensões muito variadas, desde 4 painéis até alguns milhares de painéis por projecto. Em 2024, por exemplo, instalámos, em média, um pouco mais de 50 painéis por projecto, o equivalente a 25kW de potência e um total de mais de 400 projectos.
Como é que acompanham as inovações na tecnologia solar, e quais são, na vossa perspectiva, as tendências e factores críticos para o futuro do sector?
Como todos sabemos, um dos problemas apontados às energias renováveis tem a ver com a sua intermitência e à sua incapacidade em garantir a segurança do abastecimento. Uma tendência a que temos vindo a assistir é uma procura crescente por soluções de baterias de armazenamento de energia para associar aos painéis solares e, assim, conseguirmos uma maior autonomia em relação à rede eléctrica. Se este mercado começou a desenvolver-se no segmento residencial, neste momento já começa a dar os primeiros passos no segmento empresarial, com o aparecimento de cada vez mais soluções com maior capacidade de armazenamento de energia, mais ajustadas às necessidades empresariais e industriais em particular. Desta forma, vamos conseguir mitigar, ao longo do tempo, os constrangimentos associados às energias renováveis, juntando capacidade de armazenamento de energia à produção de energia.
Expansão para Espanha
Após a expansão para a Galiza em 2023, quais foram os principais avanços no mercado espanhol em 2024? Como a empresa tem enfrentado os desafios de preços baixos de energia e custos elevados de materiais reportados no sector solar espanhol?
A entrada num novo mercado é sempre um grande desafio, mas temos vindo a fazer o nosso trabalho, o que nos permite ter já uma carteira de projectos interessante em Espanha, em particular na Galiza. É indiscutível que os preços da energia no mercado se têm mantido a níveis baixos, mas isso nem sempre se reflecte nas facturas de energia, sobretudo devido às tarifas de acesso à rede que têm subido por decisão dos reguladores, o que aconteceu também em Portugal. Nessa medida, e como a factura de energia não tem baixado de forma muito substancial – apesar de esta situação ter algum impacto -, são cada vez mais as famílias e as empresas, tanto em Portugal como em Espanha, que decidem ser mais autónomas em relação à rede eléctrica. Em relação aos preços dos materiais, eles são muito equivalentes, tanto em Portugal como em Espanha.
A parceria com o grupo espanhol Sorigué continua a ser um pilar para a expansão ibérica. Como é que esta colaboração evoluiu em 2024, especialmente com o plano de investimento de 20 milhões de euros anunciado para Portugal e Espanha?
A parceria está a correr muito bem. Ainda recentemente, fechámos um contrato com uma empresa espanhola no valor de quase 800.000€, através de um consórcio formado pela SunEnergy e pela Sorigué. Este é um exemplo de um projecto que apenas foi possível com esta parceria e que pretendemos replicar no futuro. Na calha estão também investimentos na área da mobilidade eléctrica, sobretudo em Portugal, na qual o grupo pretende apostar nos próximos anos.
Quais são as metas da SunEnergy para o mercado espanhol em 2025, especialmente em termos de expansão geográfica, volume de projectos e inovação?
Não temos objectivos definidos especificamente para o mercado espanhol, mas o nosso objectivo passa claramente por crescer no mercado, reforçando a nossa estrutura e crescendo em volume de negócios e em volume de projectos desenvolvidos. Adicionalmente, pretendemos abrir algumas delegações, em particular na Galiza, região onde nos implantámos em 2023 e na qual pretendemos iniciar a expansão da nossa rede de delegações no país vizinho.