BROOT quer levar a Pedra Natural às principais praças da arquitectura e design
Cinco autores aliam materiais distintos à Pedra Natural na criação da primeira colecção BROOT. O projecto, liderado pela Assimagra, tem o seu foco nos elementos centrais da identidade nacional para conquistar os diferentes mercados internacionais. A estreia da colecção, “Dialogues” composta por 25 peças, está agendada já para Setembro
Manuela Sousa Guerreiro
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“BROOT, Dialogues from Within” assim se chama o projecto que une diferentes sectores em torno da indústria nacional da Pedra Natural. O projecto é liderado pela Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra), e funciona como “um laboratório de inovação e criatividade”, que “fomenta novas parcerias” entre áreas e sectores que partilham “a forte herança da pedra natural”, através de actividades como a concepção e produção de colecções composta por peças de design originais.
Promovido e coordenado pela Assimagra, o projecto tem financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no âmbito da Agenda Verde Sustainable StoneByPortugal, e aponta a sua mira ao reforço da internacionalização de um sector que em 2023 exportou mais de 487 milhões de euros e já chegou a 121 países. O crescimento do sector passa pela valorização do produto e esse é um dos principais argumentos do BROOT. “Este é um projecto que ambiciona ser reconhecido como referência internacional na valorização de materiais tradicionais portugueses, aliando a inovação à criatividade e à cultura. Para isso, potencia novas colaborações entre variados clusters, através de uma abordagem experimental que visa juntar materiais de diferentes origens e incentivar a partilha de conhecimento, técnicas e experiências individuais. À medida que coloca profissionais a dialogar entre si”, explica a Assimagra na nota enviada ao CONSTRUIR.
“BROOT alia a inovação à criatividade e à cultura e pretende destacar a pedra natural como principal matéria fértil”, sublinha ainda Célia Marques, vice-presidente executiva da Assimagra. Assim, à Pedra Natural juntam-se materiais como o burel, a cortiça, o vime, o barro e a madeira de acácia, outros elementos centrais que compõem a “identidade nacional” que se quer levar lá fora, às principais praças e feiras internacionais de arquitectura e design. A estreia da primeira colecção BROOT far-se-á já em Setembro na INDEX Saudi Arabia para depois, em 2025, estar na Maison et Object, em Janeiro, na Milan Design Week, em Abril, a NYCxDesign, em Maio, e em Osaka, na Exposição Internacional, que inaugura em Abril e decorre até Outubro.
BROOT alia a inovação à criatividade e à cultura e pretende destacar a pedra natural como principal matéria fértil. Assim, à Pedra Natural juntam-se materiais como o burel, a cortiça, o vime, o barro e a madeira de acácia, outros elementos centrais que compõem a “identidade nacional”
Do conceito à prática: Cinco autores e outros tantos materiais
Ponto de arranque do projecto foi o convite feito a cinco autores contemporâneos para integrarem a primeira colecção BROOT: Studio Anansi; Studio Olivah; Vítor Reis Cerâmica; JMM Design Studio: e estúdio Eneida Lombe Tavares.
Cinco estúdios que tiveram a missão de conjugar a pedra natural com diferentes materiais, num profundo “respeito” pelos materiais tradicionais portugueses e pelas distintas regiões do país e cujo trabalho resultou numa colecção de 25 peças únicas e originais.
Assim, em representação do Norte chega-nos, pela mão do Studio Anansi, fundado em 2018 pelo artista Evan Jerry, a conjugação do xisto com a madeira de Acácia. Inspiradas pelas gargantas do Vale do Côa as peças simbolizam a forma de vida retractada nas gravuras rupestres e na paisagem em seu redor. “A minha colecção reflecte uma inovação da história e topografia únicas de Portugal, através de um design contemporâneo e inovador, e de criatividade”, refere o autor.
Nesta viagem pelo país, o projecto faz uma paragem no Centro Norte, onde o Granito se junta ao Burel num trabalho intrincado pelo Studio Olivah e pela mão de Gisella Tortoriello que assume ainda curadoria da colecção. “A palavra diálogo representa muito bem a história da nossa colaboração no projecto BROOT. Existiu na fase da pesquisa e permaneceu até à materialização de cada peça”, sustenta a artista.
Neste périplo o Centro é representado pela conjugação entre o calcário e o barro vermelho. Dois materiais juntos nas criações de Vítor Reis Cerâmica. Numa espécie de dança, as suas peças reflectem um encontro entre dos dois materiais, além da forte ligação à terra e cultura do povo português, da qual a olaria que pratica com uma enorme paixão, faz parte.
Na recriação proposta pela “Dialogues”, o Alentejo surge-nos como sugestão pela utilização do mármore e da cortiça. Uma conjugação quase inevitável que o artista João Marques Moreira usa para criar uma colecção com formas associadas a monumentos megalíticos, num genuíno tributo às silhuetas dos sobreiros. “A narrativa desta colecção traz consigo uma perpetuação do passado das tradições humanas e do presente das paisagens alentejanas, e aquilo que melhor produz”, afirma o fundador do JMM Design Studio.
Por fim, a representar a paisagem natural dos Açores, o Estúdio Eneida Lombe Tavares usou o basalto e o vime para criar objectos utilitários que nos fazem olhar para esta pedra de uma perspectiva diferente, demonstrando como pode ter lugar em diferentes zonas do interior de uma casa. “A inovação é o olhar para a frente e o futuro, mas também para os processos ancestrais que continuam a saber dar resposta”, reitera a artista.