Engenheiros em congresso discutem futuro imediato
O Porto recebeu a XXIII congresso da Ordem dos Engenheiros. O encontro, que decorre a cada três anos, contou com cerca de mil participantes e teve como lema “A engenharia para o Desenvolvimento”. Durante dois dias abordaram-se as temáticas da habitação, do futuro da mobilidade, as políticas de educação e qualificação e a transição digital
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A cidade do Porto recebeu o XXIII Congresso da Ordem dos Engenheiros, encontro que registou uma participação recorde de cerca de um milhar de participantes. Entre figuras determinantes e representantes do Governo, passando por empresas e estudantes, o congresso obrigou a olhar para as temáticas da habitação, da transição digital, da mobilidade e das políticas de educação e qualificação dos recursos humanos. Este último um tema central para o desenvolvimento do país.
“A transição 5.0 que congrega e consolida o digital e o green, carece de decisões fortes e imediatas. Devemos saber fazê-lo enquadrados nas tendências mundiais. Portugal tem, apesar de muito boas iniciativas, de ser um país modernizado desenvolvido e qualificado e enquadrado no espaço europeu, (…) mas carece de muito maior rasgo político e de governação quando se fala de desenvolvimento. Temos que ser mais activos”, defendeu o bastonário da Ordem dos Engenheiro Fernando Almeida Santos.
Na opinião do responsável, Portugal podia estar noutro patamar – via fundos disponibilizados pela PT 2020, PRR ou PNI 2030 – “temos dimensão orçamental, temos excelência técnica, temos elites, temos ferramentas e desígnios definidos, mas depois falhamos na rápida aplicação, no planeamento adequado e na realidade comparativa com outros países europeus congéneres. Porquê? Falta de decisão atempada, essencialmente, é o que tem acontecido. O que muitas vezes faz com que quando o investimento se faz já não sirva ou não seja o adequado, pois a ideia é a de há mil anos e o resultado não foi actualizado”, lamentou Fernando Almeida Santos. “É Portugal no seu melhor”, ironizou o responsável.
Para o bastonário da Ordem dos Engenheiros, “é preciso ter coragem política. Temos décadas de investimentos públicos pela frente, com ou sem iniciativa privada envolvida, temos qualidade e capacidade em Portugal”. A Ordem alerta ainda que é preciso dar oportunidade às empresas e aos engenheiros portugueses para que o know how fique. “Não sou contra a entrada de engenheiros estrangeiros, mas sou em desfavor daquilo que depois é a evidência do prejuízo da capacidade. Temos que trabalhar para nós Portugal”, afirmou Fernando Almeida Santos.
A falta de mão de obra e a fuga para o exterior
No discurso do bastonário, a falta de profissionais qualificados não foi esquecida. “Só em Portugal temos um défice de cinco mil engenheiros nos próximos 10 anos, se realmente tomarmos decisões”, já para não falar da diáspora portuguesa, “esta fuga de talentos” que é urgente estancar.
“Defendemos que é preciso um choque salarial adequado a um ajustamento dos reconhecimentos profissionais público e privado. A fuga do sector público para o privado é tao acentuado que já se nota que ficam investimentos por fazer. Mesmo havendo orçamento, vontades públicas e políticas falta de dimensão técnica”, referiu Fernando Almeida Santos. O problema é particularmente sentido pelas autarquias que em 2023 perderam cerca de 1000 engenheiros. “Repor a carreira do engenheiro é o mínimo”, sublinhou o bastonário.
Fernando de Almeida Santos deixou ainda uma crítica ao Governo, relativamente à aprovação dos novos estatutos das ordens profissionais, que foram aprovadas em Janeiro e vão entrar em vigor em Abril. “A verdade é que com o novo estatuto teremos um novo órgão de supervisão, um provedor externo e acabam os estágios. Grandes novidades que obrigarão a uma nova estruturação da Ordem dos Engenheiros e que irão originar mais custos”.