Jorge Bota, presidente da Associação de Empresas de Consultoria e Avaliação Imobiliária (ACAI)
O Imobiliário de 2024
Agora que julgamos que as taxas de juro já estabilizaram e que as alterações legislativas estarão mais consolidadas, existe espaço para que o setor se ajuste e se adapte às novas circunstâncias
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Depois de um ano turbulento para o setor, não só pelo efeito de abrandamento económico, impacto da inflação e sobretudo, pelo aumento rápido das taxas de juro que são uma variável muito relevante para o imobiliário; tivemos ainda muitas alterações legislativas com impacto direto na atividade, desde o Mais Habitação ao regime dos Residentes Não Habituais, entre outras.
A dinâmica da atividade imobiliária ressentiu-se claramente, não só pelas novas circunstâncias, mas principalmente pela incerteza e instabilidade que todas as situações acrescentaram ao contexto internacional.
Apesar de tudo, o setor manteve a sua resiliência, até porque claramente é um dos destinos de investimento que mais protege de inflação, todos aqueles que pretendem aplicar as suas poupanças.
O ano de 2024 irá iniciar-se sem o impulso que mutas vezes decorre do final de ano anterior, e que é historicamente o período mais forte de atividade para o imobiliário. No caso de Portugal a incerteza política será um fator adicional a acrescer aos outros herdados de 2023. Instabilidade e desconhecimento sobre o que se pretende para Portugal não serão seguramente geradores de confiança para o investimento, mas acreditamos que seja qual for a solução poderemos ter alguma visibilidade, lá mais para o meio do ano, o que poderá limitar 2024 a cerca de 6 meses de atividade normalizada.
Contudo, o setor imobiliário português mantém-se atrativo como destino de investimento, seja do ponto de vista económico através da entrada de novas empresas; seja do ponto de vista do imobiliário, onde existem muitas oportunidades.
É claro neste momento que os setores que mais atraem os investidores internacionais são o turismo, onde se espera que a atividade se mantenha forte e em crescimento, mesmo que a um ritmo menor do que o registado em 2023; o segmento da logística com potenciais necessidades de mais área e de crescimento de rendas e a habitação, que apesar das dificuldades, mantém a falta de oferta necessária para responder à forte procura que se tem sentido.
Agora que julgamos que as taxas de juro já estabilizaram e que as alterações legislativas estarão mais consolidadas, existe espaço para que o setor se ajuste e se adapte às novas circunstâncias. Ao mesmo tempo teremos maior pressão, porque o tempo vai decorrendo e cada vez estamos mais próximos das datas-limite para cumprir as novas condições de sustentabilidade e de cumprimento de objetivos, que toda a Europa se comprometeu a nível ambiental. No tema da sustentabilidade, o setor tem uma contribuição decisiva para a mudança de paradigma e para a inversão da degradação climática a que temos assistido nos últimos anos.
Em conclusão, acreditamos que 2024 será mais um ano desafiante, mas encaramo-lo com otimismo. O setor imobiliário tem uma enorme relevância e impacta de forma decisiva o desempenho económico de Portugal, pelo que todos os intervenientes estão preparados para enfrentar e vencer o futuro que está cheio de desafios e oportunidades.
NOTA: O Autor escreve segundo o Novo Acordo Ortográfico