“Nearshoring” faz acelerar procura por espaços industriais na Europa
A ocupação de espaços industriais pelos fabricantes nos principais mercados europeus aumentou 28% no ano passado, uma reacção à perturbação de cadeias de abastecimento complexas, ao aumento dos custos na Ásia e aos obstáculos geopolíticos à livre circulação transfronteiriça de mercadorias, sublinha estudo da Cushman & Wakefield
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A quantidade de espaço industrial ocupado pelos fabricantes nos principais mercados europeus está a aumentar rapidamente, mais 28% do que no ano passado, à medida que estes decidem relocalizar as suas operações para mais próximo dos seus mercados de consumo, para melhorar a flexibilidade e a sustentabilidade das suas cadeias de abastecimento, de acordo com a Cushman & Wakefield num novo relatório sobre nearshoring.
As perturbações na cadeia de abastecimento, o aumento dos custos, incluindo os de mão-de-obra na Ásia e os de transporte, os desafios geopolíticos para comércio transfronteiriço de produtos e a crescente atenção dada à sustentabilidade e ao impacto social, revelaram a complexidade de como e onde adquirimos os produtos que fabricamos, transportamos e consumimos.
Os fabricantes responderam a este desafio através da ocupação de 9.6 milhões de m² espaço no ano passado, acima dos 7.5 milhões de m² em 202, mesmo num contexto em que a ocupação total do espaço de industrial e logística teve uma contracção de 4% no período homólogo. O número representa também um salto significativo face aos níveis de ocupação pré-pandémicos, que tinha atingido 7.8 milhões em 2019, após um aumento constante nos anos anteriores.
Embora o custo tenha sido um factor significativo no “offshoring” de instalações de produção para fora da Europa nas décadas anteriores, não é o único factor que impulsiona agora a actividade actual de nearshoring. Apesar de continuar a ser extremamente importante para as empresas que estão a considerar a localização de instalações de produção, a diferença de custos entre o fabrico de bens na Ásia e na Europa diminuiu. Outros factores – destacados durante a pandemia – ajudaram a acelerar a tendência, destaca a Cushman & Wakefield.
A sustentabilidade, o impacto social, a flexibilidade e o controlo estão também a influenciar a tomada de decisões. Este é particularmente o caso das empresas que investem um capital significativo em automação e robótica para a produção.
“O custo de um robô para produção é muito semelhante em todo o mundo. O retorno do investimento é, portanto, mais rápido e mais atractivo em alguns dos mercados de trabalho tradicionalmente mais caros, como a Europa Ocidental, em comparação com mercados de trabalho comparativamente mais baratos, como a Ásia. Se juntarmos a isto a pressão sentida nas cadeias de abastecimento resultantes da pandemia e as mudanças na política mundial, temos uma convergência de factores muito interessante para um fabricante de bens”, apontou Tim Crighton, head of logistics & industrial emea at Cushman & Wakefield
O relatório identifica várias geografias e sectores específicos na Europa que podem beneficiar desta tendência, entre eles Portugal e Espanha que se destacam do ponto de vista dos custos e da proximidade dos mercados de consumo, juntamente com os principais portos ao longo da costa norte do Mediterrâneo até ao norte de Itália e a Europa Central e Oriental, graças aos seus custos de mão-de-obra relativamente baixos, à proximidade geográfica de grandes mercados e de excelentes redes de transportes. A lista engloba as principais economias europeias, como a Alemanha, a França, a Itália e os Países Baixos, que beneficiarão com o crescimento e a evolução de indústrias específicas, incluindo a produção de veículos eléctricos, baterias e o fabrico de semicondutores, e o Reino Unido, à medida que mais empresas procuram fornecedores nacionais em resultado dos desafios da cadeia de abastecimento do Brexit, embora também venha a enfrentar desafios adicionais.
Sally Bruer, EMEA logistics & industrial research & insight lead at Cushman & Wakefield, refere que “o nearshoring não é apenas uma questão de custos, as empresas também estão a ponderar a rapidez de chegada ao mercado, a transparência, a sustentabilidade e a geopolítica. Os governos também têm um papel fundamental a desempenhar, incentivando o investimento no fabrico de produtos que são essenciais para criar indústrias que sejam económica, ambiental e socialmente sustentáveis. A título de exemplo, os governos europeus têm vindo a intervir recentemente com subsídios para garantir a luz verde para grandes projectos industriais, depois de a UE ter flexibilizado as regras em matéria de auxílios estatais face à feroz concorrência global”.
Em termos de investimento imobiliário, o sector logístico e industrial em geral tem estado na linha da frente da recente correcção de preços, mas os investidores continuam interessados em activos críticos para as empresas, onde o compromisso do ocupante é seguro e onde os perfis de retorno são atractivos. Como tal, o nearshoring representa uma oportunidade para os promotores, investidores e ocupantes de espaços industriais trabalharem em conjunto para criarem oferta em novas geografias, de forma a criar valor para todas as partes e aproveitar o potencial para eficiências operacionais.
Embora a construção de imóveis para fins industriais seja um processo demorado, estas instalações fazem parte integrante da produção e são normalmente garantidas por compromissos a longo prazo.
Sally Bruer acrescentou: “Os ocupantes darão prioridade a edifícios mais recentes que sejam mais eficientes do ponto de vista operacional e económico, especialmente quando forem implementados níveis elevados de automatização. As fontes de energia também serão uma consideração fundamental, uma vez que as credenciais de sustentabilidade são uma parte cada vez mais importante do processo de tomada de decisão.
“Os investidores serão atraídos para estes activos pelas mesmas razões, especialmente quando existem fortes compromissos por parte de empresas estabelecidas em mercados-chave onde a apetência pelo risco é baixa. Os mercados menos maduros também podem beneficiar do nearshoring e podem ser atraentes para os investidores com maior apetência pelo risco”.