Bernardino Ramalhete (1921-2018): “Devemos fazer obra reflectindo os autênticos valores da contemporaneidade”
Bernardino Ramalhete (1921-2018), criou em 1961 aquele que é, até à data da revolução de Abril, “um dos maiores escritórios portugueses de arquitectura”, o Gabinete de Arquitectura, Urbanismo e Decoração
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A Delegação do Centro da Ordem dos Arquitectos comunicou o seu pesar pelo falecimento de Bernardino Ramalhete, lembrando que o arquitecto teve uma vasta carreira dividida entre Portugal e Moçambique, onde colaborou com Carlos Ramos, Fernando Távora e Almeida de Eça, entre outros.
Traçando um perfil, a Delegação do Centro da OA, refere que “geograficamente a sua carreira divide-se por três regiões: a etapa ‘portuense’, que corresponde à formação e entrada na vida profissional e que é essencialmente vivida na cidade natal ao serviço da Câmara Municipal do Porto; o período da Beira (Moçambique), que arranca em 1957, quando é admitido por concurso público como arquitecto da autarquia local, seguido da actividade liberal; e a fase actual que arranca no pós 1974, com o regresso a Portugal”.
Bernardino Ramalhete obteve em 1954 o diploma de arquitecto na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), apresentou uma estação emissora de rádio como tese final e manteve-se “fiel aos pioneiros modernos, salientando Mies van der Rohe, Le Corbusier e Walter Gropius enquanto mentores”, recorda a mesma fonte.
Retrocedendo a 1957, ano em que parte para Moçambique, aDelegação do Centro da OA refere em nota de imprensa que o arquitecto se fixou na Beira onde fundou o Gabinete do Plano de Urbanização da Câmara Municipal da Beira e desenvolveu intensa actividade na qualidade de arquitecto da Administração local.
Em 1961, continua, criou aquele que é, até à data da revolução de Abril, “um dos maiores escritórios portugueses de arquitectura”, o Gabinete de Arquitectura, Urbanismo e Decoração Ldª (GAUD), como refere Ana Vaz Milheiro na edição 240 do Jornal Arquitectos. “A actividade do GAUD reflecte-se nos cerca de mil projectos de diferentes escalas que desenvolvem até à data da independência moçambicana, desde remodelações de interiores até equipamentos de grande porte, como dependências bancárias, instituições prisionais ou tribunais”.
Regressado a Portugal, trabalhou na Câmara Municipal de Lisboa, assumindo, em 1975, a direcção das Operações SAAL Algarve, entre outros projectos. Premiado pelo Instituto Nacional de Habitação pelo projecto de uma urbanização social, e após passagem por outras autarquias (Cascais, Sesimbra, Montijo, Almada), fundou um Gabinete de Arquitectura no Montijo, com extensão em Tomar, cidade onde fixou residência.
Em 2005 escreveu o manifesto “Isto é Arquitectura!” onde afirma: “Devemos fazer […] obra reflectindo os autênticos valores da […] contemporaneidade.” Bernardino Ramalhete tinha também uma grande paixão pela Fotografia, reconhecida em vários concursos.
No Outono de 2011, por ocasião dos 90 anos de Bernardino Ramalhete, a publicação PapelParede, do então Núcleo do Médio Tejo da Ordem dos Arquitectos (hoje Delegação do Centro), publicou um número de homenagem ao arquitecto. “Bernardino Ramalhete foi, desde a primeira hora, elemento de suporte e incentivo a este núcleo, que focava a maior da sua actividade na divulgação da Arquitectura, em toda a área de abrangência e procurando atingir quer os profissionais, quer o público em geral”, salienta a Delegação Centro da OA.