“Cluster” português da água registou volume de negócios internacional de 900M€ em 2016
Segundo o mais recente inquérito realizado pela Parceria Portuguesa para a Água, 43% dos seus membros conseguiu, em 2016, iniciar actividade num novo mercado geográfico. De acordo com esta associação, os resultados obtidos no inquérito confirmam sinais de uma tímida recuperação da actividade, embora se registe algum abrandamento do grau de internacionalização do “cluster” português da água
Pedro Cristino
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Segundo o mais recente inquérito realizado pela Parceria Portuguesa para a Água, 43% dos seus membros conseguiu, em 2016, iniciar actividade num novo mercado geográfico. De acordo com esta associação, os resultados obtidos no inquérito confirmam sinais de uma tímida recuperação da actividade, embora se registe algum abrandamento do grau de internacionalização do “cluster” português da água
A Parceria Portuguesa para a Água (PPA) realizou, no início do ano, um inquérito junto dos seus associados, referente ao “Balanço da Internacionalização de 2016”. O inquérito focou-se nas empresas e nos centros de investigação que integram esta parceria, num universo constituído por 86 entidades, na sua maioria de pequena e média dimensão, que representa um volume de negócios de 1,7 mil milhões de euros e um total de cerca de 11,4 mil colaboradores. Segundo o inquérito, os negócios internacionais representaram, em 2016, cerca de 900 milhões de euros para este conjunto de entidades.
Preferência por África
Do total dos membros da PPA – 136 – 63% consiste em empresas, 21% em associações e ONG, 10% na administração pública e 6% em universidades e centros de investigação. À questão “onde estão ou onde querem estar”, a maioria das respostas referiu África sub-sahariana – 34,9%. Norte de África e Médio Oriente e a União Europeia foram referidos por 18,3% dos inquiridos. O mercado da América Central e do Sul reuniu as respostas de 17,5% dos inquiridos. No último lugar das preferências está a América do Norte, com 1,6%, atrás da Ásia e da Europa de Leste, com 5,6% e 4%, respectivamente. No que concerne às expectativas relativamente à PPA, a maioria dos inquiridos – 26,9% – apontou o diálogo, o trabalho em rede e as parcerias entre membros. A penetração em mercados externos e o reforço da presença nestes mercados foram as repostas fornecidas por 17,9% e 14,9% dos inquiridos, respectivamente. Na quarta posição, com 11,2% das respostas, está a projecção do conhecimento e da experiência portuguesa no estrangeiro. A identificação de oportunidades de negócio e de linhas de financiamento foi apontada por 8,2% dos inquiridos. Nas últimas posições, atrás de expectativas como a de potenciar consórcios ou da capacidade de influência junto do poder político, ficaram a participação no processo de internacionalização do sector e a noção da PPA como agente facilitador de contactos, ambas com 1,5% das respostas.
O peso internacional
Segundo a parceria, as actividades internacionais assumem já “um peso muito significativo” para quase cerca de metade das entidades participantes no inquérito. De acordo com a parceria, o sector hídrico representa um volume de negócios de 400 milhões de euros para os inquiridos. As actividades relacionadas com o “cluster” da água no conjunto da actividade das empresas têm um impacto “dominante” para 47% dos participantes no inquérito, representando mais de 50% do seu negócio. Por outro lado, 23% considera o peso “minoritário mas relevante” na sua actividade, enquanto que 16% considera o peso “inexpressivo” e 14% considera que é “muito importante” para a sua actividade. Relativamente à actividade internacional, que representa 900 milhões de euros em volume de negócio para estas empresas, esta tem um peso “minoritário” para 33% dos inquiridos. Contudo, 27% respondeu que a importância do mercado internacional para a sua actividade é “dominante”, representando mais de 60% da sua actividade.
Recuperar a passo
De acordo com a PPA, os resultados agregados das respostas confirmam sinais de uma “tímida recuperação” do nível de actividade global iniciada o ano passado, a par de algum abrandamento do grau de internacionalização do “cluster”. “Com efeito, muitos associados continuam a sentir os efeitos recessivos da evolução em alguns mercados-chave, cujos orçamentos públicos estão muito expostos aos preços internacionais do petróleo”, refere a PPA. No que concerne à evolução do volume da actividade global, em 2016, 37% dos inquiridos reportou crescimento, enquanto 35% registou estabilidade e 29% apresentou retracção. Em termos da evolução do volume da actividade internacional, 44% apresentou crescimento, 29% estabilidade e 27% retracção. Segundo a Parceria, apesar destes resultados, em termos globais, “o exercício de 2016 continuou a representar uma evolução tendencialmente mais favorável no plano internacional, apesar do diferencial face ao mercado nacional se ter reduzido comparativamente a anos anteriores”. Em termos globais, 35% dos inquiridos respondeu que 2016 foi um ano de estabilidade e 27% afirmou que foi um ano de “moderado crescimento”. 20% reportou “alguma retracção” e 10% apontou para um forte crescimento. Por outro lado, 8% reportou uma forte retracção no seu negócio. Relativamente à actividade internacional, 32% testemunhou um moderado crescimento em 2016 e 29% afirmou que o ano transacto foi ano de estabilidade em termos internacionais. Enquanto 18% sofreu alguma retracção do seu negócio a nível internacional, 13% registou um forte crescimento e apenas 9% indicaram que sofreram uma forte retracção da sua actividade internacional em 2016.
Novos mercados e linhas de serviço
De acordo com os dados recolhidos pela PPA, a participação em concursos internacionais por parte de cerca de metade das entidades representadas concentrou-se geograficamente na África sub-sahariana e em projectos financiados pela União Europeia no quadro do H2020. 49% dos inquiridos respondeu afirmativamente, quando questionados sobre se participaram, em 2016, em algum concurso internacional no sector da água. Neste contexto, a maioria dos concursos em que participaram ocorreu no Brasil, em Marrocos, na Argélia, em Angola, Moçambique, Malawi e Cabo Verde. De acordo com a Parceria, o mercado das multilaterais financeiras constitui-se como “fundamental” para o “cluster” nacional da água, “e vice versa”. O “cluster” da água representa, segundo a PPA, um quinto do número de adjudicações a empresas portuguesas e 14% do valor total adjudicado no quinquénio 2011-2015, com os projectos geograficamente concentrados na África sub-sahariana. Os concursos são predominantemente financiados pelo Banco Mundial. Entre 2011 e 2015, o “cluster” da água teve um peso de 22% no número de adjudicações a empresas portuguesas. No total, foram 347 os concursos adjudicados a empresas portuguesas, representando o “cluster” da água 75 desses concursos. Em termos de valor, este “cluster” teve um peso de 14% nos 970 milhões de dólares (quase 889 milhões de euros) em contratos adjudicados a empresas portuguesas de 2011 a 2015, o que representa 137 milhões de dólares (125 milhões de euros). Paralelamente, em 2016, uma em cada dez empresas da PPA conseguiu internacionalizar linhas de serviço ou produto “até à data circunscritos apenas ao mercado português”. Ao mesmo tempo, 34% das empresas inquiridas respondeu que estabeleceu, durante o ano transacto, uma nova parceria estratégica relevante para potenciar a actividade internacional futura neste sector, com parceiros de âmbito internacional. 29% estabeleceu novas parcerias com parceiros locais em mercados geográficos alvo, enquanto que 17% estabeleceu novas parcerias com outras empresas portuguesas. A PPA destaca também que, em 2016, 43% das suas associadas conseguiu iniciar actividade num novo mercado geográfico, alguns dos quais “fora do âmbito tradicional de enfoque das empresas portuguesas”. Destes novos mercados, destacam-se a Colômbia e o México, nas Américas, Cabo Verde, Costa do Marfim, Moçambique e Gana, na África sub-sahariana, Arábia Saudita, no Médio Oriente, Timor-Leste na Ásia-Pacífico, e Espanha e Dinamarca, na Europa.