Engenharia

“Sector da fiscalização padece de total ausência de regulamentação”

A estratégia internacional da Cinclus leva a empresa a estar activa em três continentes distintos, de forma permanente. Ao Construir, Miguel Braga da Cruz explica que, desta forma, a empresa […]

Pedro Cristino
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“Sector da fiscalização padece de total ausência de regulamentação”

A estratégia internacional da Cinclus leva a empresa a estar activa em três continentes distintos, de forma permanente. Ao Construir, Miguel Braga da Cruz explica que, desta forma, a empresa […]

Pedro Cristino
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A estratégia internacional da Cinclus leva a empresa a estar activa em três continentes distintos, de forma permanente. Ao Construir, Miguel Braga da Cruz explica que, desta forma, a empresa portuguesa de engenharia evita expor-se a três ciclos económicos negativos simultaneamente e aproveitar oportunidades nas dinâmicas de contraciclo. Numa perspectiva semelhante, o CEO da Cinclus apela a uma maior cooperação entre economias lusófonas, como garante de mais e melhores oportunidades para todos os envolvidos.

Que balanço faz da actividade da Cinclus relativamente ao ano transacto?

Efectivamente, o balanço que fazemos é positivo, na medida em que 2015 foi um ano que correu melhor do que 2014. O nosso volume de negócios cresceu 18%, os nossos resultados melhoraram muito significativamente. Tivemos, em 2014, resultados que, apesar de pouco negativos, não deixaram de ser negativos e, este ano, fechámos 2015 com resultados francamente positivos. Conseguimos consolidar a nossa actividade tanto a nível nacional como internacional. Crescemos no mercado interno e conseguimos manter, no mercado externo, apesar de toda a crise que se está a instalar a nível global. O mercado onde estamos a apostar mais significativamente é o brasileiro, que cresceu. Nessa perspectiva, foi um ano positivo. No que concerne à actividade comercial no mercado, 2015 não foi um ano assim tão positivo, apesar de ter sido um ano em que se verificaram sinais de retoma, quer na área do turismo, quer na área do imobiliário, que conheceu um dinamismo muito significativo. 2015 foi melhor que o ano anterior em termos do mercado imobiliário e da reabilitação urbana e 2014 já tinha sido o melhor ano desde o início da crise, em 2007. Apesar destes dois aspectos positivos, o ano passado foi o ano em que a actividade comercial foi mais baixa desde que há memória no sector da construção, sendo necessário recuar ao início da década de 2000 para encontrar paralelo em termos de actividade. Isto prende-se fundamentalmente com a redução do investimento público. No ano transacto, as adjudicações de obras públicas reduziram em cerca de 35%, relativamente a 2014 e, tendo presente que isto acontece sucessivamente desde 2011, significa que o nível de contratação pública desceu 57% desde então. Se medíssemos desde o ano em que não tivemos cá a “troika”, esse valor seria significativamente superior. Diria que andaria acima dos 60%. Isto são dados do Barómetro da AICCOPN, referentes a Fevereiro de 2016, portanto estamos a falar de uma contracção de mercado muito significativa. Assim, relativamente ao ano transacto, apesar dos contributos positivos das áreas do turismo, do imobiliário e da reabilitação urbana, os contributos negativos que advieram de outros sectores, nomeadamente a ausência de investimento público, ultrapassam-nos largamente.

Essa queda de investimento público tem sido muito referida pelas principais associações do sector. Merece-lhe preocupação?

Muita preocupação. Por exemplo, 2009 foi um ano em que houve um investimento muito significativo, devido a instruções de Bruxelas, para fazer face a um receio que havia de quebra e de queda dos mercados. O que acontece é que, se não era normal termos os índices de investimento que tivemos no passado, também não é normal termos os índices de investimento que temos actualmente. Tenho assistido a descrições de colegas e de amigos, ligados ao sector da manutenção em vários outros sectores, mas muito em particular no sector dos transportes, e o que está a acontecer é que estão a ser feitas coisas que são arrepiantes.

A que se refere?

Quando se começa a cortar nos investimentos de operação e manutenção, mais cedo ou mais tarde, algo cederá e, portanto, não me espantaria que um dia destes acontecesse um acidente semelhante ao da queda da ponte de Entre os Rios. Basta uma pessoa meter-se no comboio e fazer uma viagem do Porto a Lisboa, que sente a diferença da rodagem das carruagens em cima da linha.

Por outro lado, o Governo anunciou há relativamente pouco tempo investimentos de milhares de milhões no desenvolvimento de infra-estruturas ferroviárias. Como vê essa medida?

De uma forma extremamente positiva e também queria fazer esse contraste. Não obstante estar a sentir-se na economia alguns sinais de melhoria, estes sinais não são suficientes para que a economia retome. É preciso que haja uma inversão na ausência de investimento público e, naturalmente, esse investimento tem de ser decidido e aplicado em circunstâncias que sejam produtivas. Portanto, o investimento que está a ser anunciado pelo Governo – e por Bruxelas, com o Plano Juncker – assenta muito no transporte ferroviário e na articulação das plataformas com vários modos de transporte que, neste momento, ainda estão em falta. Assim, vejo esse anúncio de investimento como extremamente positivo porque, mais cedo ou mais tarde – e, na minha opinião, já começa a ser tarde – o Plano Juncker e a política monetária do Banco Central Europeu (BCE) têm de chegar ao terreno e nós, europeus, estamos a demorar demasiado tempo a resolver os nossos problemas. Estamos muito preocupados com outros problemas e facilmente deixamos de dar atenção a outros aspectos que acabam por ser adiados e, depois, não chegam a ser concretizados. A crise financeira iniciou-se nos Estados Unidos em 2008 mas o país já ultrapassou a crise e já está a crescer novamente, enquanto nós ainda estamos a braços com a crise que aí originou. Entretanto, já houve outras crises – a dos refugiados, a do terrorismo – a somar às que nós ainda vivemos. Portanto, é preciso ser mais pragmático e mais incisivo no tratamento das soluções e, efectivamente, é preciso implementar esses planos, em termos de investimento público que seja reprodutivo. A iniciativa é boa, mas é necessário que chegue ao terreno. Esses planos foram anunciados há mais de seis meses mas ainda pouco ou nada se sente. O programa Portugal 2020 é outro programa que considero muito positivo, mas foi anunciado pelo Governo em Novembro de 2014 e só agora se sentem os efeitos, mais de um ano depois. Assim, tanto no que se refere ao Portugal 2020, como ao Plano Juncker, e ainda o programa que o BCE vai lançar, e que está a começar a ser anunciado por Mario Draghi, no sentido de injectar dinheiro na economia, para evitar que a economia europeia entre em deflação. Não podemos esquecer-nos do exemplo do Japão, que entrou em deflação e levou mais de 20 anos para sair dessa situação.

O Governo tem mostrado que está a tentar impulsionar o sector da reabilitação urbana. É um sector que, dinamizado, poderá ter interesse para a Cinclus?

Tem muito interesse, porque a Cinclus actua no sector imobiliário e, em especial, no sector da reabilitação, onde temos, de momento, muito trabalho. Temos vários contratos de reabilitação em Lisboa e também alguns contratos, em menor número e de menor dimensão, no Porto. O sector da reabilitação necessita de ser impulsionado em Portugal pois precisamos desesperadamente dele. Neste momento, verificamos que é um sector muito vibrante em Lisboa. Em Lisboa, o mercado imobiliário, em particular o da reabilitação, está a apresentar um grande dinamismo mas não tem paralelo no resto do país. Verifica-se algum dinamismo no Porto, com projectos em número e dimensão muito menores do que os projectos que existem em Lisboa mas pouco se vê no resto do país. Quem olha para o Centro Histórico de Coimbra, que é espantoso, vê que está completamente deserto. Portanto, é preciso manter, acarinhar e, inclusivamente, impulsionar as políticas que sustentem a reabilitação urbana, nomeadamente políticas de beneficiação fiscal a quem investe nesses sectores, e políticas de atracção do capital estrangeiro. Se, por um lado, 2015 foi o melhor ano desde o início da crise para o sector imobiliário, 80% do investimento e das transacções que se fizeram nesse sector no país, teve origem estrangeira. É exactamente disso que a nossa economia precisa. Temos de recapitalizar o país e as empresas e isso não pode ser feito sem a captação de investimento estrangeiro. Nessa medida, todas as políticas que possam ser tomadas, são bem vindas – a política dos “Vistos Gold”, a política do residente não habitual, as políticas de benefícios fiscais atribuídos a quem faz investimentos dentro das zonas de intervenção prioritária. É fundamental também que sejam complementadas, nomeadamente com políticas de relançamento do arrendamento urbano, e com políticas de incentivo ao estabelecimento de rendas controladas, de habitação com custos controlados, para que consigamos ter cidades equilibradas, com os vários níveis de estratificação social equilibrados, porque não podemos permitir que, de repente, um centro histórico que estava vazio e abandonado se transforme num centro histórico elitista onde só as camadas mais altas conseguem habitar, viver e usufruir. Temos de ter políticas públicas que permitam, de alguma forma, equilibrar os desequilíbrios que a lei do mercado introduz, sendo que eu, com isto, não estou a defender que se limite o funcionamento do mercado. O que estou a defender é que o Estado e as autarquias devem exercer a sua acção de reequilíbrio quando verificam fenómenos de desequilíbrio. Assisti à entrevista do dr. Fernando Medina, na SIC, e concordo inteiramente com ele, quando defende a introdução de políticas de solos e de políticas de arrendamento de custos controlados.

Como se pode caracterizar, actualmente, o sector da fiscalização em Portugal?

O sector padece de um mal que é a total ausência da regulamentação. Qualquer empresas pode exercer actividade neste sector, porque ele está completamente desregulamentado e isso introduz uma ausência de barreiras ao exercício da actividade que coloca uma pressão grande em todos os intervenientes neste mercado. Portanto, o que acontece é que, com a ausência de regulamentação e com um mercado em contracção – com reduzido número de oportunidades -, começamos a assistir a um fenómeno de “dumping” de preços e de canibalização do mercado que, necessariamente, conduzem a desfechos muito negativos, na medida em que as empresas começam a concorrer fundamentalmente pelo preço e isso leva à redução de salários dos profissionais do sector e de índices de desempenho e do nível de satisfação do serviço muito baixos, que acabam por ser reverter contra quem actua no sector. Os clientes, tendo uma má prestação por parte de quem contratam, concluem que não vale a pena contratar uma empresa de fiscalização porque conseguem fazer o mesmo trabalho sem contratar nenhuma empresa. Isto assiste-se fundamentalmente no sector público. No sector privado, quando um cliente contrata um gestor de empreendimentos, uma fiscalização de obra, define bem aquilo que quer e exige de quem contrata. Assistimos a uma maior preocupação no sector privado relativamente às práticas de “dumping” de preços e de preços anormalmente baixos. O mesmo não acontece no sector público, onde assistimos a um agravamento dessas políticas de “dumping” de preços e verificamos que, nos concuros públicos, o único critério de adjudicação é o preço, com uma agravante – cada vez mais são as empresas que praticam os preços anormalmente baixos e são cada vez mais os casos de clientes que aceitam as justificações para a utilização destes preços. Isto está a causar problemas graves no funcionamento do mercado. Felizmente, temos alguns clientes públicos que reconhecem isso e começam a não dar contributos nesse sentido, estabelecendo critérios de avaliação de propostas que não assentem exclusivamente no preço e valores-base para os concursos que sejam justos. O que se verifica, em muitos casos, é que o preço-base estabelecido é, já por si, demasiado baixo e, depois, há tradicionalmente algumas empresas que, independentemente do trabalho, do concurso e do cliente, apresentam um cêntimo acima do preço anormalmente baixo, apenas para não terem de justificar. Quando os clientes apresentam preços baixos estão a dar incentivos para que se pratique uma política de “dumping” de preços. Isso tem de se reflectir nas empresas porque, das duas uma, ou as empresas reduzem os salários que pagam aos profissionais, ou não cumprem com o cliente ou com os profissionais. Ou então assumem prejuízos, uma situação que é insustentável quando mantida com alguma duração. Efectivamente, sou algo crítico deste novo Código de Contratação Pública (CCP)- não que ele seja limitativo, pois é bastante flexível na sua aplicabilidade e, portanto, dá bastante margem de manobra ao cliente para que este organize os concursos como entender – uma vez que não permite uma série de circunstâncias que deviam ser consideradas. Não permite que seja avaliada a experiência curricular dos profissionais ou das empresas, não permite que os clientes levem em consideração o mau desempenho que tenham tido no passado com determinada empresa ou profissional e, portanto, o CCP acaba por ser bastante nocivo. No sector dos serviços de engenharia, já foram experimentados vários modelos e chegou-se à conclusão, já há bastante tempo, de que o modelo que melhor funciona para o mercado é o modelo em que o preço-base determina o valor mínimo e não o máximo, que é o que temos actualmente.

De que regulamentação precisa este mercado tão particular?

A regulamentação associada ao acesso e ao exercício da actividade. Para qualquer pessoa conduzir, tem de tirar a carta de condução e, mesmo assim, não fica habilitada a conduzir qualquer veículo. Na gestão de empreendimentos e fiscalização de obra, qualquer um pode fazer qualquer coisa. Necessitamos de mecanismos que impeçam ou penalizem o exercício do “dumping” de preços.

No contexto internacional também se verificam estes desafios?

Com excepção da América do Norte e do Médio Oriente, verificamos um arrefecimento da actividade em praticamente todas as geografias. Começamos a assistir, no mercado externo, a um aumento das dificuldades na obtenção de trabalho, ao aumento da concorrência e, nesse sentido, sentimos que o desafio aumenta no mercado internacional. Não são as mesmas dificuldades que sentimos em Portugal, pois cada geografia tem os seus próprios obstáculos, mas sentimos um arrefecimento muito grande nas geografias que, tradicionalmente, têm maiores afinidades com Portugal, nomeadamente os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), e isso está a afectar as empresas portuguesas. Não estamos a ser significativamente afectados por esse abrandamento, fundamentalmente porque temos pouca exposição a Angola e a África, no geral, e a expressão que temos no Brasil ainda é relativamente reduzida. Assim, estando a operar num nicho de mercado, e sendo esse mercado muito grande, acabamos por conseguir obter algumas oportunidades que nos permitem ir fazendo o nosso caminho, independentemente da recessão. Em Angola, não estamos a ser muito afectados pela crise que, infelizmente, se instalou, porque concluímos no país um grande projecto e só depois se abateu a crise – num momento de interregno. Isso fez com que nós, praticamente, não sofrêssemos nada com esta situação. Continuamos a estar presentes neste mercado, em que acreditamos muito – Angola é a segunda maior economia de África Subsaariana e, portanto, tem muitas riquezas e uma grande necessidade de estruturas e, a meu ver, tem um enormíssimo potencial. Há vários problemas internos a resolver, mas também vejo como muito positiva a ajuda que o país pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que, fundamentalmente, para além do apoio financeiro que pode dar, vai introduzir algumas regras de funcionamento de mercado e alguma transparência adicional que, seguramente, irão ajudar.

Por outro lado, uma imposição por parte do FMI relativamente à diversificação da economia angolana poderá também significar novas oportunidades…

Defendo que os povos lusófonos deveriam trabalhar melhor em conjunto e deveríamos dar as mãos também a quem fala espanhol porque, quem fala português e espanhol, cobre uma área muito significativa do globo. Se trabalhássemos melhor em conjunto, beneficiaríamos todos muito, uma vez que tiraríamos partido dos diferentes ciclos que afectam todas estas economias diversas. As crises representam oportunidades e esta representa uma grande oportunidade a esse nível. Estamos a abrir-nos ao investimento angolano, Angola deve abrir-se também ao mercado – e essa será, provavelmente, uma das imposições do FMI. As regras de mercado têm de funcionar e, se Angola estiver mais receptiva ao investimento estrangeiro, se tiver menos receio do controlo que o capital estrangeiro pode trazer, pode beneficiar enormissimamente. O investimento estrangeiro ajuda a diversificar a economia e Angola não tem de ter a dependência que tem do petróleo, pois tem um potencial agrícola, mineiro, agro-industrial e turístico enormes, que não estão a ser minimamente explorados porque não estão criadas condições suficientes de abertura, de segurança, de movimento de capitais que potenciem essa circunstância. Há aí um potencial muito grande por atender. Mesmo com o Brasil, a crise devia ser explorada também nesse sentido. Devíamos estreitar os laços com o Brasil, os brasileiros não devem ver-nos como uma ameaça, uma vez que não temos dimensão para ameaçar ninguém, mas podemos beneficiá-los enormemente por toda a experiência que temos em Portugal. Também aí, podemos ajudar a criar algum contraciclo entre geografias. Podíamos ter uma relação como a que o Reino Unido tem com os Estados Unidos.

Uma espécie de “commonwealth” lusófona?

Sim. Uma espécie de “commonwealth” em que todos beneficiem. Naturalmente que, para isto, é necessário existir tradição, transparência e uma série de regras que levam tempo a maturar e, esse, é um dos grandes legados que os britânicos deixaram às suas ex-colónias: um padrão de organização e de funcionamento que acabou por ser adoptado e seguido. Infelizmente, nós não conseguimos concretizar algo semelhante, mas ainda vamos a tempo. Há muito trabalho que tem sido feito nesse domínio, até pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A presença da Cinclus em Angola permitiu à empresa operar noutras geografias da região?

Não chegámos a fazer isso. Estamos a trabalhar em Angola, para Angola. Neste momento, temos presença em Angola, no Brasil e no Perú. Estamos a olhar para outros mercados, nomeadamente Moçambique, Colômbia e Cabo Verde e não enjeitamos executar projectos noutras geografias, desde que a dimensão o justifique, que é o que está actualmente a acontecer connosco na Roménia. Apesar de a Cinclus já ter 33 anos, é uma PME relativamente à dimensão do mercado global. Iniciámos o nosso processo de internacionalização relativamente tarde, em 2009, o que significa que ainda não nos vemos na situação de utilizar uma geografia para alcançar outras geografias. Pode ser que não estejamos longe dessa situação, na medida em que estamos a redefinir a nossa estratégia para Angola e, portanto, este mercado pode passar a ser uma plataforma para chegar a outros mercados, mas ainda não estamos nesse ponto.

Relativamente ao Brasil, a instabilidade política e as previsões de cenários de crise, preocupam-no?

Naturalmente, preocupam-me, mas não achamos que haja motivo para alarme, tendo presente o poscionamento que temos nesse mercado. No Brasil, iniciámos a actividade com a aposta no sector privado e, portanto, estamos a actuar principalmente ao nível do sector dos centros comerciais e do sector imobiliário, focando-nos fundamentalmente em São Paulo. Como estamos num mercado com uma grande dimensão e concorrência, temos uma quota de mercado muito pequena. Por isso, não consideramos que existam motivos de alarme. Também estamos a fazer o nosso trabalho com uma grande contenção de custos ao nível do investimento que estamos a fazer e, portanto, com uma grande competitividade em termos do nível da relação qualidade-preço dos serviços que apresentamos. Consideramos que não há motivo de alarme mas, naturalmente, estamos apreensivos, porque sente-se claramente a contracção no investimento e a quase total debandada de investimento estrangeiro. Mas o Brasil é uma grande economia, com a capacidade de relançamento que as grandes economias têm. Contrariamente àquilo que está a acontecer neste momento em Portugal, onde, depois de aplicadas as medidas de austeridade, a economia leva muito tempo a recuperar, a economia brasileira, face à sua grande dimensão, tem uma capacidade de reacção igualmente grande. O Brasil já atravessou muitas crises, já teve picos negativos e positivos muito pronunciados, e a sua economia reage muito rapidamente, quer para o bem, quer para o mal. Estou convencido e esperançado que o Brasil vai ultrapassar esta crise com relativa rapidez. Aliás, são muitas as notícias a circular na imprensa, dando nota que este é o momento de investir no Brasil, nomeadamente no imobiliário. A maior aposta que estamos a fazer é no Brasil, sem dúvida.

Continuaremos a fazer a nossa aposta no Brasil e na América Latina, e permanecemos convictos de que África é uma boa alternativa. Temos que esperar por alguma estabilização, pois Angola está a conhecer algum momento de grande instabilidade, Moçambique também atravessa um momento de instabilidade, mas continuamos a acreditar que o continente africano detém grandes oportunidades. Todavia, o continente sul-americano, apesar de um maior nível de concorrência, continua a ter maior maturidade, representando oportunidades mais seguras. Isto não signfica que sejam mercados fáceis. A experiência que estamos a ter no Brasil e no Perú mostra-nos que são dois mercados bastante difíceis e muito diferentes. O balanço que faço do nosso investimento no Brasil é positivo.

E o mercado peruano?

Não lhe sei dizer se não é mais difícil que o brasileiro. É um mercado muito conservador, muito burocrata, com muito menor dimensão e menos oportunidades. Com outras dificuldades face ao Brasil, mas igualmente difícil.

Na sua opinião, como é avaliada a engenharia portuguesa no mercado internacional?

Somos muito conhecidos nos PALOP e em África, mas somos pouco conhecidos lá fora. Quem quiser fazer obras num país dos PALOP, recorre aos portugueses. O que acho é que, na grande maioria dos casos, quem não conhece a engenharia portuguesa, fica agradavelmente surpreendido quando trabalha com portugueses porque a qualidade da nossa engenharia é muito alta. Quando me cruzo com estrangeiros que trabalharam com empresas portuguesas, eles reconhecem a nossa competência e a nossa capacidade de adaptação. O balanço que fazem, normalmente, é bastante positivo. Infelizmente somos pouco conhecidos. Com a entrada da “troika”, a decisão que se tomou foi de deixar cair o sector da construção e a engenharia nacionais e pouco se fez para defender esse sector.

Ao mesmo tempo, parte da opinião pública considera que é um dos sectores responsáveis pela intervenção da “troika” no país…

Na minha opinião, essa é uma ideia infundada e indevida, porque quem criou o sobreendividamento no país não foi o sector da construção, mas sim a banca. Quem beneficiou, quem esteve à frente dos grandes projectos, da preparação e da armação dos grandes projectos de investimento público não foi o sector da construção. O sector da construção participou e incentivou, mas quem liderou os projectos foi o sector bancário que se financiou junto de outros bancos europeus e, portanto, o benefício nem sequer ficou em Portugal. Uma parte grande das construtoras esteve a trocar trabalho por dinheiro, não teve grandes lucros com isso. Quem efectivamente beneficiou foi o sector financeiro que conseguiu passar entre os pingos da chuva, não recaindo sobre ele o ónus de todos os desmandos que se fizeram. Esse ónus recaiu sobre o sector da construção, sem que tal se justifique.

Que sectores podem apresentar impulsos importantes para o sector?

Há outros sectores que estão a dar contributos também muito positivos: o do Turismo, com o aparecimento de inúmeros hotéis novos ou o da agricultura, onde as infra-estruturas de regadio são fundamentais, e deveriam ser intensificadas – veja-se os bons resultados obtidos com o Projecto do Alqueva. Hoje produzem-se bróculos no Alentejo! O sector da indústria, que necessida de ser muito incrementado e que, com o Portugal 2020 está a conhecer uma nova dinâmica, veja-se o “cluster” aeronáutico de Évora, o “cluster” automóvel e o “cluster” das bicicletas de Águeda, pouco conhecido mas com um percurso ímpar.

A que atribui os Prémios PME Excelência que já distinguiram a Cinclus por duas vezes?

Aquilo que nos distingue é, efectivamente, a nossa capacidade de organização e de garantir um nível de serviço com uma relação qualidade-preço que consideramos excelente. Esse é o maior desafio que temos pela frente. Independentemente da geografia onde desempenhamos o trabalho, independentemente da equipa que está a fazer o trabalho, independentemente do tipo de trabalho que esteja em causa – porque actuamos ao nível de qualquer tipo de edifício, de qualquer tipo de infra-estruturas de transporte e de meio ambiente – procuramos conseguir ter o mesmo nível de serviço e de desempenho. Isso só se consegue com procedimentos e rotinas de trabalho, com abordagens sistematizadas e com uma preparação e uma organização que levamos para os nossos projectos. É com grande satisfação que verificamos que, em Portugal, temos fidelizado praticamente todos os clientes com quem trabalhamos, fundamentalmente ao nível do sector privado, onde isso é difícil de fazer. O mesmo tem-se passado também no mercado externo. No final dos projectos, os clientes reconhecem que acrescentámos valor e que repetiriam a nossa contratação. Isso enche-nos de satisfação, especialmente se tivermos em conta que somos uma PME que está a fazer um enorme esforço no sentido de se adequar às novas condições de mercado em Portugal, ao mesmo tempo que investimos e fazemos o nosso percurso internacional.

Qual será a estratégia da empresa para 2016?

Este ano, prevemos que o nosso volume de negócios cresça, no mínimo, 10%, com um incremento de 20% na actividade internacional. Isto significa que cresceremos, lá fora, mais do que em Portugal, onde cresceremos menos de 10%. Mas é muito difícil fazer previsões nos dias que correm, porque as regras mudam com extrema rapidez, basta que ocorra um episódio anómalo. Isso dificulta as previsões, mas a estratégia que seguimos vai manter-se porque, em 2011, quando se abateu sobre o nosso país, e sobre o nosso sector da construção, esta crise, tomámos uma decisão que seguiremos rigorosamente e que se refere a estarmos permanentemente em três continentes diferentes, como forma de mitigar os ciclos e contraciclos que as várias economias têm, evitando estar em três ciclos negativos simultaneamente. Queremos continuar a ser um “player” de extrema relevânica em Portugal, e estamos a fazer o nosso percurso. Este ano já crescemos superámos o volume de negócios relativamente ao ano passado. Queremos estar na América Latina e estamos no Brasil e no Perú, onde o nosso volume de negócios está a crescer. Queremos estar em África e, neste momento, estamos a redefinir a estratégia e a fazer um compasso de espera para a poeira assentar, na medida em que as geografias onde estávamos, passam por alguns momentos conturbados. Estamos em Angola e temos tudo preparado para entrar em Moçambique, mas entendemos que ainda não é o momento. Estamos a preparar esse mercado à distância, mas estamos presentes através de um parceiro, e estamos preparados para abordar projectos de grande dimensão em qualquer geografia, desde que faça sentido. Mantemos a estratégia traçada, de apostar em África e na América Latina, continuamos a seguir a estratégia nos países onde já estamos presentes e, acima de tudo, mantemos a estratégia de rápida ajuda e adaptação às necessidades de mercado, no sentido de rapidamente virar a agulha se assim for necessário.

Que perspectiva para o futuro?

As perspectivas para o futuro são cada vez mais incertas. Essa é a tendência que se vem intensificando ao longo do tempo. O grau de previsibilidade tem-se reduzido, o que agudiza a necessidade de maior e mais rápida adaptabilidade. Mas, por outro lado, esse problema afecta todos e as medidas que estão a ser implementadas através do Portugal 2020, do Plano Juncker e de outros programas em preparação, com vista ao relançamento da economia global, permitirão abrir novas perspectivas.

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A habitação domina or programas eleitorais, como seria de esperar, mas estranhamente não há muitos números para apresentar, com metas e orçamentos estimados. A simplificação administrativa também domina os programas para as legislativas de 202

Duas moções de censura rejeitadas, o sinal de desconfiança numa moção de confiança, os avanços e recuos em torno dos esclarecimentos sobre a Spinumviva e voilá. Estão reunidos os ingredientes perfeitos para as terceiras eleições legislativas no espaço de três anos. Nesta fase, pouco caberá discutir se havia ou não razões para chegarmos a este ponto. As eleições estão agendadas e os partidos com assento parlamentar apresentaram os programas eleitorais que vão sujeitar ao escrutínio dos portugueses no próximo dia 18 de Maio. Pelo meio, os entraves próprios de um executivo em gestão e a forma como lida com investimento publico que fica congelado e com a execução do Plano de Recuperação e Resiliência que, antes da queda do Governo já estava com os prazos esmagados e melhor não ficou com a dissolução da Assembleia.

AD
PSD e CDS voltam a concorrer coligados, agora sem a companhia do Partido Popular Monárquico e, no essencial, mantêm a linha que vinham seguindo e que já tinham proposto nas últimas eleições. Desde logo a aposta num país mais competitivo, moderno e atractivo, apostando “na construção de mais habitação, flexibilizando regras e incentivando a reabilitação urbana, com mais casas públicas e financiamento municipal”. “Investi¬mos em infraestruturas estratégicas, como o grande programa de gestão de água, essencial para o consumo, agricultura e indústria”, pode ler-se. A Aliança Democrática propõe-se execu¬tar 59 mil casas públicas a preços acessíveis e disponibilizar financiamento para mais projectos municipais, num universo global não quantificado. O programa eleitoral da AD tem a particularidade de reassumir algumas das linhas que o Governo vinha assumindo, não sendo por isso de estranhar que, em muitas das alíneas que constam no documento, o tempo verbal usado seja o pretérito perfeito e não o futuro. Falamos, nomeadamente, da “flexibilização das limitações de ocupação dos solos, densidades urbanísticas (incluin¬do construção em altura) e exigências e requisitos construtivos, bem como a possi¬bilidade de aumento dos perímetros urbanos, garantindo uma utilização do território de forma sustentável e socialmente coesa e harmoniosa para garantir acesso à ha¬bitação” ou mesmo na área da coesão do território, onde a AD recorda que “assinámos contratos para construção de 124 novos centros de saúde e requalificá¬mos 347 unidades já existentes, com investimentos de 272,8M€ e de 274,9M€, respe¬ctivamente” ou as “26 escolas no Norte e Algarve através do PRR”. Pelo meio, a AD reitera a importância da “aplicação de IVA à taxa mínima de 6% nas obras e serviços de construção e reabilitação, com limite de incidência no valor final dos imóveis, e alargamento da dedutibilidade. Na agenda, consta também “continuar o investimento público directo na criação e requalificação de alojamento para os estudantes do Ensino Superior, através da construção de novas residências (utilizando o Plano de Recuperação e Resiliência e o PT 2030), bem como realocando e recuperando para esta função edifícios devolutos do Estado” ou “contratualizar com autarquias locais, instituições sociais e investidores privados a construção de residências estudantis, com custos acessíveis para os Estudantes”.

PS
Em relação ao Partido Socialista, o contexto em que decorrem estas eleições tem a particularidade de colocar os partidos a apresentar medidas ou a inaugurar obras propostas pelo executivo anterior. Veja-se, por exemplo, a área dos transportes, onde o PS propõe “o planeamento de longo prazo nas infraestruturas de transportes como essencial, desde logo, pelo tempo que demora entre o momento da decisão e a conclusão das obras, e pelos avultados investimentos que lhes estão associados. Além da rede ferroviária pesada, os sistemas de transporte metropolitano, os Metros, integram o primeiro nível de estruturação da rede de transportes nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto (AML) e (AMP). Tanto o Metropolitano de Lisboa como o Metro do Porto têm em curso obras de construção de novas linhas ou prolongamento das existentes. Em Lisboa, o Metro vai chegar à Estrela, a Santos, a Campo de Ourique e a Alcântara. Para Odivelas e Loures, está prevista uma nova linha de Metro Ligeiro. A sul do Tejo, planeia-se o alargamento do Metro Ligeiro até à Costa da Caparica e Trafaria. Todas estas linhas e prolongamentos têm sido, no entanto, planeadas de forma isolada, sem uma visão de rede para a AML. “Isto contrasta com o que se passa na AMP. No caso do Metro do Porto, estão em construção novas linhas na Baixa do Porto e entre o Porto e Gaia que estavam planeadas desde o início do sistema, que incluía também os outros prolongamentos que já estão em estudo”, lê-se. A habitação é também uma das prioridades do Partido Socialista, que se propõe a “criar instrumentos permanentes de financiamento da construção de habitação pública, especialmente dirigida à classe média, jovens, trabalhadores deslocados e estudantes do ensino superior, ampliando as soluções já postas em prática pelo Partido Socialista, criando uma dotação anual, financiada por parte dos dividendos da CGD, destinada à promoção e manutenção de habitação pelas autarquias”. “Não há soluções únicas nem milagrosas para responder à crise da habitação, mas há um caminho claro: assumir a habitação como desígnio colectivo, com contributo do Estado, sector privado e cooperativo; assumir que é um direito de todos – não só dos mais carenciados, mas também da classe média, hoje igualmente excluída. Cabe ao Estado agir com coragem, escala e visão de futuro para responder àquele que é hoje o maior desafio nacional”, pode ler-se no documento que propõe “o reforço do parque habitacional público é a medida mais importante para ultrapassar a crise da habitação, não só para assegurar respostas acessíveis, mas também para, no conjunto da oferta, contribuir para a regulação dos preços”. Neste domínio, o PS propõe igualmente promover “a reorientação das entidades promotoras de políticas de habitação, nomeadamente o IHRU e a Construção Pública, no que respeita à respectiva autonomia e à valorização dos recursos humanos”. “O País já construiu mais de 120 mil casas por ano”, recorda o partido liderado por Pedro Nuno Santos, que sublinha, de igual modo que “actualmente, constrói cerca de 30 mil. Portugal tem capacidade para fazer mais apostando também na industrialização e em métodos construtivos mais rápidos e sustentáveis. Para reforçar o sector da construção, o PS vai assegurar a integração de soluções de habitação acessível no licenciamento de novos projectos, nomeadamente através do aumento da capacidade construtiva e da introdução, em articulação com as autarquias, de uma quota mínima de fogos a afectar a arrendamento habitacional a custos acessíveis ou habitação a custos controlados nos novos projectos. O PS propõe também promover a industrialização do sector da construção e a construção verde, sustentável e projectos de eco-design, através de um quadro legal e concursal capaz de dinamizar o sector; estimular a digitalização dos sectores da Arquitectura, Engenharia, Construção e de Gestão ao longo do ciclo de vida de um Projecto ou, com data definida, concretizar até 2026 o Código da Construção.

Chega
Dos últimos a apresentar ao seu programa eleitoral, o Chega mantém incontornável a orientação em torno da habitação, defendendo a adaptação do Programa Nacional de acesso à primeira Habitação Jovem, ultrapassando as actuais limitações tais como: que sejam elegíveis ao apoio casais com um adulto com mais de 35 anos, que seja financiada a aquisição de terrenos mistos (urbano e rústico) e contemplado o investimento extra para requalificação de imóveis devolutos. O partido de André Ventura propõe Incentivar a construção e reforma urbana, promovendo-se o aumento significativo da oferta, que passa não só pela construção de novos imóveis e reabilitação do edificado existente, mas também pela resolução de desafios estruturais como a falta de mão-de-obra qualificada e a elevada burocracia nos processos de licenciamento e urbanismo, do mesmo modo que pretende proceder a uma reforma legislativa que assegure estabilidade e segurança jurídica, garantindo um quadro normativo claro e coerente, que permita uma resposta eficiente às necessidades habitacionais do país, nomeadamente, a implementação de políticas consistentes e de longo prazo para atrair capital nacional e estrangeiro, essencial para dinamizar o sector e aumentar a oferta habitacional. Não é, igualmente, de estranhar que a questão imigratória tenha uma linha no capítulo da habitação, naquela que é uma tónica da acção ideológica do Chega. Segundo o partido de André Ventura, “a política de imigração descontrolada agravou significativamente a crise habitacional, contribuiu para um aumento exponencial da procura, para a sobrelotação de habitações e consequentemente para o aumento desproporcional dos custos no mercado”. Pelo meio, o Chega propõe “estimular e incentivar a construção de habitação acessível por meio de parcerias entre o sector público e privado, utilizando terrenos públicos com concessão de 90 anos e estabelecendo rendas a custos controlados”.

IL
Tirando raras excepções, o que em muitos casos sobra em ideias genéricas falta em medidas mais concretas. É, de certa forma, o caso da Iniciativa Liberal que, no programa que preparou para as legislativas de 2025, espera “recuperar a confiança no mercado de arrendamento” e “aumentar a oferta de construção”. Para isso, o partido liderado por Rui Rocha defende que para aumentar a oferta de habitação, “é essencial disponibilizar mais terrenos para construção e maximizar a sua utilização, nomeadamente através da construção em altura, sempre em respeito pelos Planos Directores Municipais (PDM). Esta abordagem deve não só ser contemplada, como também incentivada na redacção deste Código”, sendo que para isso é importante promover “parcerias público-privadas com projectos habitacionais mistos (arrendamento acessível e mercado livre)”. A Iniciativa Liberal, ao contrário daquelas que têm sido as posições assumidas pelos Governos nos últimos anos, acredita que o mercado de arrendamento impulsiona-se com medidas de índole positiva e incentivadoras da disponibilização do património e não com medidas impositivas ou castradoras de oferta nas suas diferentes gamas. De resto, a IL pretende criar um regime de pré-licenciamento urbanístico automático para projectos de construção em áreas de elevada procura definidas no PDM, com requisitos pré-definidos e fiscalização rigorosa, simplificar a legislação de arrendamento e os processos de licenciamentos municipais e simplificar o quadro regulamentar e eliminar normas desnecessárias que encarecem a construção e facilitam a corrupção. O partido de Rui Rocha propõe igualmente Reformar a Agência Portuguesa do Ambiente e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, assim como “adoptar um modelo digital de submissão e avaliação de pedidos, com prazos vinculativos para resposta, para evitar atrasos injustificados”.

Bloco de Esquerda
Invariavelmente, o Bloco de Esquerda também aponta baterias à questão da habitação, mas numa perspectiva algo distinta. Para este colectivo, tão importante quanto a construção de habitação pública é o limite de rendas no património que existe. “Temos sido o país da zona euro com maior aumento de preços da habitação e somos um dos países do mundo onde as casas são mais caras. O preço da habitação é uma condenação dos jovens e uma angús¬tia para os mais velhos e está a empobrecer a maioria”, pode ler-se no programa do Bloco, para quem “mudar de vida é ter uma casa decente e que o salário a possa pagar. Vamos estabelecer um tecto nas rendas, ou seja, valores máximos de acordo com a localização e as características dos imóveis; parar a construção de hotéis; reduzir o alojamento local onde o turismo é excessivo; acabar com os vistos gold e construir casas públicas para baixar os preços”. “O Bloco luta para garantir serviços públicos de qualidade na habitação, saúde, educação, transportes, transição energética e combate à poluição fóssil”, pode ler-se no programa do Bloco que será sufragado a 18 de Maio.

PCP
O caminho da alternativa que é definido pelo PCP traça-se não apenas ao nível da primeira habitação como para o alojamento. No programa pode ler-se que “no Ensino Superior e na Ciência é decisivo garantir o acesso de todos os estudantes, eliminando as propinas de todos os ciclos e reforçando a acção social escolar, designadamente no alojamento, concretizando, a partir de edifícios públicos já existentes e de construção nova, a abertura de 30 mil novas camas públicas nos próximos 3 anos. Para os comunistas, o direito à habitação está hoje comprometido. A resposta a esta necessidade exige um forte e permanente investimento em habitação pública, concretizado com a mobilização de fundos públicos, com o valor anual de 1% do PIB, canalizado para as necessidades de construção, reabilitação e manutenção a concretizar no quadro de um Programa Nacional de Habitação, a criar, que contribua para alargar o arrendamento de carácter social e a custos acessíveis dirigido a diversas camadas da população. Entretanto são necessárias medidas imediatas para fazer baixar o valor das rendas – com a fixação de valores máximos das rendas em contratos em vigor e novos contratos, a revogação da “Lei dos Despejos”, a estabilidade dos contratos fixando em 10 anos o período mínimo para a sua duração. Os comunistas procuram alargar a oferta de habitação pública e de habitação a custos controlados mobilizando património público para fins habitacionais, apoiando o movimento cooperativo; criando programas de residências universitárias com construção a custos controlados de acesso gratuito, dotar o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) de meios necessários e equipas técnicas, bem como requalificar o parque habitacional que é sua propriedade. A questão do modelo em que a construção deve ser desenvolvida está também nas linhas programáticas do PCP, nomeadamente ao nível das grandes infraestruturas, que para os comunistas “têm de ser integradas, garantindo a sua natureza e gestão públicas, numa visão de médio e longo prazo do desenvolvimento e incorporação de produção nacional. O Plano Nacional de Investimentos PNI2030 deve ser redefinido para dele excluir em definitivo o recurso ao modelo das PPP”

Livre
Do lado do Livre, liderado por Rui Tavares, surge a intenção de garantir o direito à habitação (prioridade à publica e cooperativa), criando o serviço nacional de habitação, estipulando o objectivo de alcançar 10% de habitação pública até 2040, constituindo um fundo para as políticas para a habitação pública (atribuir 1.000 milhões de euros anuais para a habitação pública para alcançar 600 mil fogos de habitação social e arrendamento acessível), implementando e alargando a Nova Geração de Cooperativismo para a Promoção de Habitação Acessível, reabilitando o parque imobiliário público, aumentando as vagas em residências de estudantes, criando o Balcão da Habitação e reforçando o IHRU. O Livre defende igualmente o combate à especulação imobiliária, revogando as alterações ao Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT) – a chamada lei dos solos-, implementando uma política fiscal na habitação (através do aumento do imposto sobre mais-valias considerando 100% do valor para englobamento para venda de segundas habitações por mais de 250 mil euros e ainda através da proibição de compra de casas de férias por cidadãos não residentes em Portugal durante cinco anos). Neste ponto, o Livre quer ainda restringir e limitar a renovação de licenças de Alojamento Local (AL) em áreas com forte pressão turística, rever o estatuto de benefícios fiscais para imóveis e reformular o cálculo do IMI reduzindo para habitação permanente e aumentando para imóveis devolutos;

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“Fiasco”, um dos mais recentes projectos de Diogo Aguiar Studio é um dos cinco finalistas da categoria de Interiorismo
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Quatro finalistas portugueses na 67ª edição dos Prémios FAD

Os 23 finalistas da edição de 2025 dos Prémios de Arquitectura e Design de Interiores FAD são conhecidos e quatro são portugueses. O prémio reúne os projectos arquitectónicos mais destacados da Espanha e de Portugal e é dividido em quatro categorias: Arquitectura, Design de Interiores, Cidade e Paisagem e Intervenções Temporárias

Os Prémios de Arquitectura e Design de Interiores FAD, atribuídos pela associação espanhola Arquinfad, destacam projectos arquitectónicos mais destacados da Espanha e de Portugal. Na sua 67ª edição, são 23 os finalistas, escolhidos de entre as mais de 450 candidaturas. Quatro são portugueses.

Localizado na Avenida Rodrigues de Freitas, 133, no Porto, “Fiasco”, um dos mais recentes projectos de Diogo Aguiar Studio é um dos cinco finalistas da categoria de Interiorismo. “Fiasco” combina, simultaneamente, espaço de refeições (dia), bar cocktails (noite) e loja de vinis (dia e noite).  O projecto, visitado pelo júri internacional em Abril, foi valorizado pela sua relação exposta ao contexto urbano, pela coerência estética e unitária do desenho espacial e pela pertinente versatilidade funcional, que respondem a um programa múltiplo e ecléctico de forma fluída, coesa e original, criando uma experiência imersiva que mistura som, gastronomia e convívio.

A “Casa em Olhão”, de Marlene dos Santos e Bruno Oliveira é finalista na categoria Arquitectura. Neste projecto de conversão de uma parte de uma antiga fábrica de bacalhau em uma casa de férias unifamiliar centrada em torno de um pátio, o júri valorizou a restauração de uma estrutura preexistente, apesar de sua falta de valor patrimonial, com o objectivo de preservar a memória do bairro. A estratégia de conversão é sincera na diferenciação de materiais entre o novo e o pré-existente, através do uso de materiais sem revestimentos ou adições. Os espaços de estar que giram em torno do pátio são habilmente resolvidos, criando um diálogo entre as paredes da antiga fábrica e as da nova casa, através de caminhos que as conectam.

Na categoria Cidade e Paisagem a Estufa Pedagógica da Quinta de Serralves está entre os finalistas. O projecto da autoria de Carlos Azevedo, Luís Sobral, João Crisóstomo, depA architects, é um espaço multifuncional dedicado a actividades educativas na Quinta de Serralves, caracterizado por uma estrutura de duas partes: a parede e a cobertura que formam a estufa. O júri elogiou a integração da estrutura no declive natural do prado e a flexibilidade dos grandes blocos de granito local, aliados à cobertura aberta de madeira, que se deixa preencher e contaminar pela vegetação plantada, criando um espaço educativo ligado ao parque da Quinta de Serralves.

Por fim na categoria “Pensamento e Crítica”, surge o livro “Aprender a Desaprender”, coordenado por Paulo Moreira. O qual é um convite a pensar o papel da arquitectura nos debates e práticas actuais relacionados aos processos de colonização.

A cerimónia de entrega dos prémios e a revelação dos vencedores ocorrerá no Teatre Lliure em Barcelona, Espanha, a 10 de Junho.

Os Prémios FAD de Arquitectura e Design de Interiores reúnem os projectos arquitectónicos mais destacados da Espanha e de Portugal e são divididos em quatro categorias: Arquitectura, Design de Interiores, Cidade e Paisagem e Intervenções Temporárias. Este foco na arquitectura mediterrânica e atlântica faz destes prémios um indicador anual do estado da disciplina, permitindo-lhes também antecipar tendências futuras.

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Obras ferroviárias na Beira Alta concluídas até ao final de Junho

Um responsável da Infraestutura de Portugal (IP) disse hoje no Porto que as obras ferroviárias na Linha da Beira Alta vão acabar no final do semestre, havendo depois lugar à certificação, com uma calendarização mais incerta

“Temos previsto acabar as obras ferroviárias no final deste semestre, final de junho/princípios de julho, e depois entra-se na fase de certificação, e a fase de certificação é uma fase que nós não sabemos quanto tempo é que vai durar, porque depende de entidades independentes sobre as quais a IP não tem qualquer controlo”, disse hoje Henrique Teles.

O responsável da IP falava durante o Seminário de Transporte Ferroviário organizado pelo Transportes & Negócios, que decorre hoje num hotel no Porto.

“Esperamos que no segundo semestre estejam as certificações completas. O senhor ministro [das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz] já disse que [a certificação] ia sair no verão, portanto é essa a nossa expectativa, de termos no verão a certificação concluída” referiu.

No dia 31 de março, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, disse que a obra de construção civil da Linha da Beira Alta estava concluída, mas lembrou que o período de certificação deverá demorar “alguns meses” e condicionar a sua reabertura.

“Ficou hoje claro que no primeiro trimestre de 2025 ficou concluída a obra de construção civil e agora vamos iniciar os passos para a certificação para a abertura comercial”, informou Miguel Pinto Luz, na ocasião.

O ministro das Infraestruturas e Habitação realizou naquele dia uma visita técnica à linha ferroviária da Beira Alta, entre as estações ferroviárias de Mortágua e de Pampilhosa.

No final do percurso, na estação de Pampilhosa, Pinto Luz disse aos jornalistas que o processo de certificação é longo e “vai demorar seguramente alguns meses”. Por isso, não avançou qualquer data para a sua reabertura.

A Linha da Beira Alta encerrou em abril de 2022 para ser alvo de obras de modernização, por um período previsto de nove meses.

Em novembro de 2024 reabriu o troço entre a Guarda e Celorico da Beira, enquanto o troço entre Celorico da Beira e Mangualde acabou por abrir ao serviço comercial no dia 06 de abril.

De acordo com Pinto Luz, a estratégia que o Governo delineou no ano passado com a Infraestruturas de Portugal (IP), de abertura parcial de cada um dos troços, “é uma estratégia vencedora”, porque foi “permitindo aos concidadãos a utilização desta linha”.

Aos jornalistas realçou que o investimento numa obra “desta magnitude e complexidade” ficou abaixo dos 675 milhões de euros, financiada a quase 50% com fundos comunitários.

“Esta obra é de relevantíssima importância, nomeadamente a Concordância da Mealhada. Nós não podemos trabalhar rodovia, ferrovia, separado daquilo que é a política dos portos nacionais, aquilo que é a política de logística”, afirmou.

Para o ministro, o investimento em ferrovia deve ser uma prioridade, uma vez que “Portugal está muito à frente da média europeia em termos de rodovia, mas está muito atrás da média europeia em termos de ferrovia”.

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França financia reabilitação de infra-estruturas na Guiné-Bissau com 4M€

A França doou à Guiné-Bissau quatro milhões de euros para reabilitar um liceu e construir, de raiz, um pavilhão multiusos

A Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) disponibilizou ao Governo da Guiné-Bissau quatro milhões de euros para a construção de um pavilhão desportivo e a reabilitação de um liceu em Bissau, num projecto que irá beneficiar 6.500 alunos.

“É um projecto que nos vai ajudar a ter boas escolas” na capital guineense, defendeu um dos directores gerais do ministério da Educação guineense, Idrissa Camará.

Idrissa Camará apresentou, no Centro Cultural Franco-Guineense, em Bissau, o projecto gerido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

O responsável disse que o apoio da AFD vai ajudar o sistema educativo, em Bissau, a recuperar o número de alunos nas escolas.

No entanto, diz a Lusa, Camará referiu que o projecto contempla a reabilitação de 37 salas de aulas do Liceu Agostinho Neto, em avançado estado de degradação, o que fará com que o estabelecimento passe dos actuais cerca de dois mil alunos para quatro mil alunos.

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Efacec assina maior contrato da empresa em Portugal

A Efacec foi seleccionada para desenvolver e fornecer soluções para a Linha Vermelha do Metro de Lisboa. Este é o maior contrato da empresa no mercado nacional, no sector da ferrovia e metro 

A Efacec foi selecionada para o desenvolvimento e fornecimento de soluções chave na mão no sector do metro pesado, no âmbito da extensão da Linha Vermelha do Metro de Lisboa entre São Sebastião e Alcântara.
O contrato agora adjudicado, o maior da Efacec no sector da ferrovia e metro em Portugal, inclui a concepção e construção dos sistemas de energia de tracção, baixa tensão, ventilação, bombagem, SSIT e CCTV.

O ACE, constituído pela Mota-Engil e pela Spie Batignolles, responsável pela empreitada geral de construção da extensão da Linha Vermelha “depositou a sua confiança na Efacec para esta importante subempreitada, reforçando a participação da empresa na expansão do Metro de Lisboa, cliente que conta com produtos e soluções Efacec nas mais diversas áreas tecnológicas”, refere nota enviada à comunicação social.
A relação da Efacec com a Mota-Engil e com o Metro de Lisboa remonta já a várias décadas, tendo a empresa sediada na Arroteia, em Matosinhos, sido responsável pela construção de todas as subestações de tracção em serviço. Destaca-se ainda o sistema de telecomando de energia de toda a rede do metropolitano que, a par de diversos outros sistemas, têm vindo a ser fornecidos e instalados pela empresa, tanto no âmbito das expansões da rede como nas intervenções de renovação e melhoria dos sistemas em operação.

 

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“ZEB: Arquitectura para um Futuro com Balanço Energético Zero”

O evento organizado pela marcas Zehnder, Griesser e Knauf Insulation, em parceria com a Ordem dos Arquitectos, pretende capacitar os profissionais para o novo cenário regulamentar e construtivo associado ao padrão ZEB (Zero Emissions Building)

A transição para edifícios com balanço energético zero (ZEB) é um dos grandes desafios e uma oportunidade transformadora para a arquitectura contemporânea. A pensar nisso, as marcas Zehnder, Griesser e Knauf Insulation, em parceria com a Ordem dos Arquitectos, organizam no próximo dia 27 de Maio, em Lisboa, o evento “Habitação 360º: ZEB – Arquitectura para um Futuro com Balanço Energético Zero”.

Destinado a arquitectos, projectistas e profissionais do sector da construção, o encontro propõe uma tarde intensiva de conteúdos técnicos e partilhas práticas, com o objectivo de capacitar os profissionais para o novo cenário regulamentar e construtivo associado ao padrão ZEB (Zero Emissions Building).

O programa tem início com a intervenção de Marlene Roque, representante da Ordem dos Arquitectos, que abordará os requisitos técnicos e normativos exigidos para projectos que pretendam cumprir (e superar) os objectivos ZEB.
Segue-se uma demonstração teórica e prática de soluções 360º, com maquetas expositivas das três marcas organizadoras, focadas em estratégias integradas de isolamento térmico e acústico, ventilação mecânica controlada e sombreamento inteligente, componentes fundamentais para garantir conforto e desempenho em edifícios de nova geração.

A tarde termina com um momento de cocktail e networking informal, pensado para a partilha de ideias e construção de novas ligações profissionais.

A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição obrigatória.

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Ricardo Marques é o novo CEO-Adjunto da iad Portugal

No ano em que celebra 10 anos de presença no mercado português, a rede de consultores imobiliários independentes da Europa reforça a sua estrutura de gestão com a integração de Ricardo Marques

Ao longo da última década, a iad Portugal tem vindo a construir um percurso de crescimento a nível nacional, através de um modelo de negócio inovador e 100% desmaterializado, promotor do empreendedorismo. Hoje com 1000 consultores independentes em todo o país, a rede reforça a sua ambição de crescimento no mercado português. É em linha com esta visão de crescimento que Ricardo Marques assume o cargo de CEO-adjunto da iad Portugal, no âmbito do qual trabalhará de perto com o CEO da rede, Alfredo Valente.

Com um percurso profissional diversificado, Ricardo Marques iniciou a sua carreira em empresas como a BOSCH e o Grupo Ramos Catarino, onde exerceu funções de liderança, incluindo director geral adjunto (2010) e presidente da comissão executiva (2011). Em 2014 ingressa no sector imobiliário, na RE/MAX, onde permaneceu durante uma década, tendo colaborado RE/MAX Alemanha durante cinco anos, na formação e desenvolvimento da equipa de business development. Mais recentemente, em 2024, assumiu a direcção geral da MELOM Obras.

“No momento em que se comemoram 10 anos de actividade da iad Portugal, posicionamo-nos para a próxima década. Somos já um player incontornável da mediação imobiliária em Portugal e fomos, arrisco dizê-lo, fundamentais na mudança e modernização do sector. Mas queremos mais, queremos chegar muito mais longe, razão pela qual precisamos de nos rodear das pessoas certas para enfrentar os desafios que o futuro nos reserva. E é neste contexto que acolhemos o Ricardo Marques como CEO-Adjunto da iad Portugal. Com uma década de experiência na mediação imobiliária, em funções de topo, o Ricardo reúne todas as condições para ajudar a iad a caminhar no sentido de ajudar cada vez mais portugueses a concretizar os seus projectos imobiliários e contribuir para levar a iad à liderança de mercado”, sublinha Alfredo Valente, CEO da iad Portugal.

Ricardo Marques, por seu turno, revela “entusiasmo por integrar a equipa da iad Portugal”, explicando que acredita que “o modelo da iad, assente numa estrutura digital, flexível e centrada no consultor, está perfeitamente alinhado com as novas exigências do mercado e com o perfil do profissional de mediação do presente e do futuro”. “Reconheço na iad uma visão verdadeiramente inovadora que responde com eficácia à crescente procura dos consultores imobiliários por mais autonomia, apoio especializado, humano e tecnológico, e uma remuneração justa”, acrescenta.
Sedeada na cidade do Porto, a iad Portugal conta actualmente com 34 profissionais especializados em áreas como comunicação, marketing, vendas, recursos humanos, economia, contabilidade, programação ou direito, nos seus serviços centrais, e 27 polos de formação em todo o país. Enquanto parte integrante da rede europeia de consultores imobiliários independentes, a sede nacional da iad disponibiliza apoio a 1000 consultores independentes em Portugal Continental, Madeira e Açores.

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Rain Bird Portugal realiza primeiro ‘Green Spec Forum’

O primeiro ‘Green Spec Forum’ tem data marcada para o dia 28 de Maio, no Hotel Júpiter, em Lisboa, com o objectivo de responder ao “crescente” interesse por soluções de rega especificas para coberturas ajardinadas em contexto urbano

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De forma a responder ao “crescente” interesse por soluções de rega especificas para coberturas ajardinadas em contexto urbano, a Rain Bird Portugal vai realizar o primeiro ‘Green Spec Forum’, um evento que tem data marcada para o dia 28 de Maio, no Hotel Júpiter, em Lisboa.

“À medida que as cidades procuram tornar-se mais sustentáveis e resilientes, as coberturas verdes ganham protagonismo pela sua capacidade de reduzir o efeito de ilha de calor, melhorar o isolamento térmico dos edifícios e contribuir para a retenção e gestão da água da chuva”, explica Luís Duarte, Landscape Specification sales manager da Rain Bird Portugal.

Por isso, “há uma clara tendência do setor para integrar soluções de rega automatizadas, com sensores e programadores inteligentes”.

Com soluções técnicas pensadas para responder aos desafios das coberturas ajardinadas, tanto extensivas como intensivas, a organização deste primeiro Fórum pretende ser “o primeiro passo” no sentido de uma melhor comunicação da marca, assim como alertar para “o crescimento das necessidades de espaços verdes nas cidades”. De igual forma, pretende-se destacar o “importante” papel que os projectistas de espaços verdes têm nesta transformação.

Além da apresentação das ferramentas que a marca dispõe, o evento divide-se em três momentos principais. Por um lado, a importância das soluções baseadas na natureza para as cidades, no controlo das ilhas de calor, mas também na resiliência face aos eventos de chuvadas extremas, através do contributo do engenheiro Paulo Palha.

Depois a importância de um projecto de rega bem executado, seja no traçado, seja no correcto dimensionamento hidráulico, mas também na escolha dos melhores emissores. Tema sobre o qual o engenheiro Miguel Tavares fará uma apresentação sobre como evitar os principais erros cometidos em projecto.

Por fim, caberá a Nuno Simões, professor na Universidade de Lisboa, mostrar que os espaços verdes não estão resignados aos tradicionais parques/espaços verdes, havendo actualmente diversos estudos que mostram os benefícios de paredes e coberturas verdes, tanto a nível térmico como de segurança contra incêndios.

A moderação estará a cargo de Pedro Batalha, arquitecto paisagista em representação da Associação Portuguesa de Arquitectos Paisagistas (APAP).

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Lagoas Park inaugura Praça Central e Galeria Comercial

Os dois espaços totalmente requalificados que representam o culminar de um programa de investimento de 25 M€, liderado pelos proprietários, Henderson Park e cuja gestão e comercialização tem sido acompanhada pela CBRE

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O Lagoas Park inaugura oficialmente, esta quinta-feira, dia 15 de Maio, a nova Praça Central e Galeria Comercial, dois espaços totalmente requalificados que representam o culminar de um programa de investimento de 25 milhões de euros, liderado pelos proprietários, Henderson Park e que simbolizam o “epicentro da vida do parque e a concretização de uma nova era para este activo”.

A CBRE, consultora responsável pela gestão e comercialização do activo, tem acompanhado este projecto de transformação do Lagoas Park, através do envolvimento de diversas equipas, tais como, Consultoria Estratégica, Design e Gestão de projecto, Gestão do Activo e sua Comercialização.

A revitalização do Lagoas Park iniciou-se com a modernização das suas infraestruturas, criados novos espaços verdes e implementadas melhorias na mobilidade de forma a que responda aos mais altos padrões de sustentabilidade, conforto e eficiência. No âmbito desta estratégia colectiva, foi concluída a certificação de cinco edifícios de escritórios com a classificação BREEAM in Use Excellent e estão previstas até ao final de 2025 a obtenção de mais cinco certificações, totalizando 80% da área de escritórios do parque. A par deste processo, foi realizado o rebranding profundo da marca.

“O Lagoas Park é um exemplo paradigmático da forma como a CBRE trabalha em estreita colaboração com os seus clientes para criar valor sustentável nos seus activos. Este é um projecto que reflecte o melhor do nosso know-how multidisciplinar, da gestão e da comercialização, da estratégia da marca à experiência do utilizador”, afirma Cláudia Ribeiro, director asset manager da CBRE Portugal.

Desde a aquisição do Lagoas Park pela Henderson Park e o início do mandado da CBRE, em 2020, foram concretizados cerca de 25 mil metros quadrados (m2) em novos negócios e 50 mil m2 em renegociações contratuais, dados que demonstram a robustez da estratégia de gestão e comercialização implementada, bem como a crescente procura por espaços de qualidade num ambiente corporativo diferenciado.

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APCMC aposta em projecto para impulsionar digitalização do negócios dos materiais de

No âmbito do “NextGeneration MC” serão concebidas um conjunto de orientações estratégicas para a “Fileira Materiais de Construção: beyond 2030”

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A Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC) está a promover o projecto ‘NextGeneration MC – Construir um Futuro Sustentável nos Materiais de Construção’.  Assim, com o objectivo de impulsionar a reestruturação e digitalização dos negócios dos comerciantes de materiais de construção, serão concebidas um conjunto de orientações estratégicas para a “Fileira Materiais de Construção: beyond 2030”, no âmbito do Compete 2030 FEDER, designado por “NextGeneration MC”, através de um conjunto alargado de acctividades destinadas a desenvolver uma visão prospetiva colectiva e linhas de acção que permitam reduzir os níveis de incerteza e conquistar ganhos através dos drivers de competitividade actuais, com grande foco nos temas da Sustentabilidade e Economia Circular e da Nova Logística.

O projecto, financiado pelo COMPETE2030 -FEDER, através do programa | PITD – Sistema de Apoio a Ações Coletivas – Qualificação, tem um custo total de cerca de 291 mil euros e teve início a 10 de Março, com duração de dois anos.

O projecto está estruturado em três dimensões complementares, prevendo um conjunto alargado de actividades a desenvolver, que incluem a realização de seis workshops de capacitação (a realizar no Norte e Centro do País), quatro webinares temáticos e quatro lives interactivas e um seminário final. Inclui, ainda, várias campanhas de marketing digital, emailings para distribuição conteúdos produzidos e divulgações de microvídeos.

As iniciativas incluem a apresentação de um Plano Estratégico “Fileira Materiais de Construção: beyond 2030”, a realização de uma jornada para a sustentabilidade dos materiais de construção e de um estudo de caraterização das operações logísticas e da gestão da cadeia de abastecimento do sector.

José de Matos, secretário-geral da APCMC refere que “a jornada rumo à transição sustentável e circular tornou-se imperativa. Implica a adopção de práticas diferenciadoras de gestão, de eficiência energética e circularidade capazes de responder às exigências dos clientes”. Neste sentido, os comerciantes de materiais de construção são um “elo fundamental” entre a fabricação e a construção. “Além de influenciar as próprias dinâmicas das empresas, estas são, também, oportunidades de crescimento a nível global e de ganhos de relevância na cadeia de valor”.

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