Morreu Manuel Tainha (1922-2012)
Manuel Tainha, uma das referências da arquitectura portuguesa, faleceu esta segunda-feira aos 90 anos. Desaparece assim um dos nomes grandes da arquitectura. O corpo de Manuel Tainha estará esta terça-feira em câmara ardente na Basílica da Estrela
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Manuel Tainha, uma das referências da arquitectura portuguesa, faleceu ontem, dia 18 de Junho aos 90 anos. Desaparece assim um dos nomes grandes da arquitectura.
Nascido em Paço de Arcos em 1922, Manuel Tainha diplomou-se em Arquitectura em 1950 pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, tendo trabalhado com Carlos Ramos e na Câmara Municipal de Lisboa até 1954. Desde 1959, foi membro da The Architectural Association de Londres.
Manuel Tainha foi autor dos mais paradigmáticos edifícios da arquitectura portuguesa do século XX. Entre eles, a Pousada de Santa Bárbara em Oliveira do Hospital (1955-71), a Escola Agro-Industrial de Grândola (1959-63), a Escola de Regentes Agrícolas de Évora (1960-66) ou as Torres dos Olivais em Lisboa (1961-67).
A sua obra foi amplamente reconhecida, tendo sido distinguido com o Prémio AICA (1990), o Prémio Valmor (1991) e o Prémio Nacional de Arquitectura (1993), entre outros. Alguns dos seus edifícios encontram-se classificados no âmbito patrimonial e/ou fazem parte do registo do DOCOMOMO Ibérico. Manuel Tainha integrou a Exposição Arquitectura Portuguesa da Fundação de Serralves (1991), a Expo Anos de Ruptura, Arquitectura Portuguesa dos Anos 60 (1994) e a Exposição Portugal: Arquitectura do Século XX Frankfurt, 1997). Em 2000, a Casa da Cerca dedicou-lhe uma ampla exposição retrospectiva.
Participou, ainda estudante, no I Congresso Nacional de Arquitectura em 1948, e igualmente no III Congresso da UIA (Lisboa, 1953), no IV Congresso da UIA (Haia, 1955) e no VI Congresso da UIA (Paris, 1965), assim como na 1ª Conferencia de Arquitectura y Vivienda (Madrid, 1958).
No seu percurso está ainda a participação sucessiva em edições das Exposições Gerais de Artes Plásticas, entre 1950 e 1956, sendo que algumas das suas obras fizeram parte da Exhibition of Portuguese Architecture (Londres, 1956) e da Contemporary Portuguese Architecture (Washington, 1958).
Foi co-fundador e director da revista Binário (até ao número 10) em 1958. E a ele pertencem alguns dos mais importantes textos da arquitectura portuguesa dos últimos 50 anos, muitos deles publicados em revistas e livros, designadamente” A Arquitectura em Questão” (1994), “Textos do Arquitecto” (2000) e “Textos de Arquitectura” (2006).
Pela sua actividade crítica, recebeu, em 2002, o Prémio Jean Tschumi da União Internacional dos Arquitectos.
Manuel Tainha dedicou parte da sua vida ao ensino da arquitectura, e nesse âmbito foi co-fundador, director e professor do Curso de Formação Artística da Sociedade Nacional de Belas Artes (1965-74). Exerceu funções docentes no Departamento de Arquitectura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa/ FAUTL (1976-92), no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (1989- 93) e no Curso de Arquitectura da Universidade Lusíada de Lisboa (1993-).
Foi-lhe atribuído o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Técnica de Lisboa (2004) e pela Universidade Lusíada (2005).
Entre 1955 e 1961, no âmbito do Sindicato Nacional dos Arquitectos, Manuel Tainha foi ainda co-promotor e co-organizador do Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, publicado como Arquitectura Popular em Portugal (1961).
Foi também Presidente do Sindicato (1960-63) e Secretário da sua Direcção(1957-58), assim como Presidente da Assembleia Geral da Associação dos Arquitectos Portugueses (1982-89).
Em 2000, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República Portuguesa, e homenageado pela Ordem dos Arquitectos em 2010, por ocasião do Dia Nacional do Arquitecto.
O corpo de Manuel Tainha estará esta terça-feira em câmara ardente na Basílica da Estrela, em Lisboa, a partir das 17 horas.