Universidade Portucalense preocupada com “lacunas” nas boas práticas de reabilitação
“Consideramos que podem estar em risco um número muito significativo de igrejas centenárias, que por falta de conhecimentos técnicos podem resultar em trabalhos de restauro incompletos”, alerta António Pereira
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O património edificado nacional poderá estar em risco, revela a Universidade Portucalense (UPT), depois de detectar várias lacunas ao nível das boas práticas na Conservação e Restauro.
“Consideramos que podem estar em risco um número muito significativo de igrejas centenárias, que por falta de conhecimentos técnicos podem resultar em trabalhos de restauro incompletos”, alerta António Pereira, monitor da licenciatura em Conservação e Restauro da UPT.
Com efeito, a frequente não execução das técnicas exigidas nos desmontes e montagens, nomeadamente em retábulos e tectos de imóveis religiosos, onde reside uma percentagem significativa do património edificado nacional, pode mesmo, em casos extremos, resultar no seu desabamento.
“Muitas vezes, as peças em madeira não são tratadas, devido à impossibilidade de aceder ao reverso das mesmas, e permanecem com diferentes patologias, provocadas por infiltrações de humidade, infestações de fungos ou ataques de térmitas, o que faz com que as estruturas não fiquem realmente estáveis e possam desabar dentro de poucos anos”, refere.
O mesmo responsável salienta que esta é uma área em que existem técnicas que só podem ser adquiridas em experiências de obra e que a base do problema reside na escassez de trabalhos de campo proporcionados aos alunos durante o seu período de formação.
Há técnicos, segundo o mesmo responsável, com formação superior que, não tendo os conhecimentos necessários para executar determinados trabalhos, alegam questões éticas para não os fazerem, o que resulta em restauros incompletos e que podem colocar em risco a integridade do património em causa.
Precisamente para combater este cenário e para garantir aos seus alunos as competências técnicas necessárias, a UPT estabeleceu parcerias com diversas empresas deste sector, com vista ao desenvolvimento de trabalhos realizados em obra que permitam um contacto directo e prático com a realidade das diferentes patologias do património nacional. A título de exemplo, os alunos concluíram este mês, à luz de uma parceria celebrada com a empresa ‘Arte e Talha’, um vasto conjunto de tarefas executadas na igreja centenária de São João Baptista, em São João de Lourosa (Viseu).
Refira-se que os trabalhos realizados nesta obra obedeceram a um grau de dificuldade particularmente elevado, quer pelas dimensões colossais do tecto, bem como pela necessidade de proceder a um correcto alinhamento dos diferentes traços de pintura.
“Ao resolverem questões colocadas pela prática profissional, os alunos aprendem fazendo, ao mesmo tempo que prestam um serviço à comunidade”, conclui António Pereira. No âmbito do protocolo de colaboração celebrado com a empresa ‘Arte e Talha’, os alunos da UPT vão agora abraçar outras componentes dos trabalhos definidos para a igreja de São João Baptista.
Nos próximos meses, a execução do caderno de encargos vai contemplar a conservação e restauro das esculturas de vulto, mobiliário eclesiástico e elementos decorativos daquele espaço religioso, prosseguindo assim o papel que o Centro de Conservação e Restauro da Universidade pretende desempenhar, enquanto entidade prestadora de serviços ao exterior.