Mira Amaral acusa Carrilho de ser “grande responsável” pelo “disparate” de parar a barragem de Foz Côa
Lembrando a decisão de há 15 anos, Mira Amaral considera que houve “irresponsabilidade, demagogia, vergonha completa e incompetência”, num processo que ainda irá conhecer outros desenvolvimentos
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O então ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho é o “grande responsável” pelo “disparate” de suspender a construção da barragem no Vale do Côa devido a gravuras rupestres, acusou esta quarta-feira o ex-ministro da Indústria e Energia de Cavaco Silva Mira Amaral.
Em 1995, pouco depois de ter sido nomeado ministro da Cultura, Carrilho promoveu a preservação das gravura, uma decisão de que não se arrepende. Em resposta às acusações de Mira Amaral, Carrilho diz que o “ressentimento é sempre mau conselheiro, além das escamas que cria, pode também implicar – como se vê – alguma dissonância cognitiva”.
A dias da abertura do Museu de Arte e Arqueologia, Mira Amaral também não poupa o “grupeiro de paleolíticos” e Mário Soares que popularizou em 1995 a frase: “as gravuras não sabem nadar”.
A Lusa tentou obter um comentário do ex-Presidente mas sem sucesso.
Lembrando a decisão de há 15 anos, Mira Amaral considera que houve “irresponsabilidade, demagogia, vergonha completa e incompetência”, num processo que ainda irá conhecer outros desenvolvimentos: “Quando não sei, como diria o outro, mas não tenho quaisquer dúvidas, que sendo a água um recurso escasso do século XXI, aquela região vai precisar da barragem, em termos de gestão da globalização da água, como pão para a boca”.
O antigo governante lamenta o chumbo do “projecto integrado” do PSD que possibilitava “há muito tempo” a existência da barragem e do Parque Arqueológico, recordando a disponibilidade da EDP para aplicar três milhões de contos (cerca de 15 milhões de euros) nas “dimensões” arqueológica e cultural.
Mira Amaral continua a duvidar da datação das figuras. Os “paleolíticos portugueses” trouxeram um especialista, que rejeitou a época “que eles diziam”, mas houve “uma chantagem e uma pressão tal, que 15 dias depois acabou por mudar de opinião”.
Carrilho sublinha, por seu lado, que as decisões se basearam em “pareceres dos maiores peritos mundiais na matéria, que as consideram a maior descoberta do século XX, no âmbito da arte paleolítica”.
“Decisões, que depois, foram consagradas pela sua classificação da UNESCO como Património da Humanidade”, acrescenta.
A atitude de Mário Soares foi para Mira Amaral “demagógica”: “tudo lhe servia já para dar pancada no governo e essa foi mais uma, mas devo dizer que ele fez esses gestos teatrais para as câmaras de televisão e depois em privado não foi bem assim”.
Mas “o problema nem foi o Presidente Mário Soares, mas o governo Guterres, que cedeu a um ‘lobby’ de paleolíticos, que tomou conta dos jornais”, acusa Mira Amaral, responsabilizando em particular o ministério da Cultura: “O senhor Manuel Maria Carrilho é que foi o grande responsável por esse disparate que se fez em Foz Côa” e que cedeu a um “grupelho irresponsável”.
Porém, Carrilho diz ter “o maior orgulho” na decisão tomada: “E é bom verificar que ela se tornou num caso internacional constantemente referido como exemplar na defesa do património”.
Ao ex ministro da Energia devolve críticas: “A única vez que ‘comentei’ o Eng. Mira Amaral foi no debate parlamentar sobre este assunto. viu-se então, onde estava a “irresponsabilidade e demagogia”.
Questionado se a barragem será algum dia construída, Carrilho responde que “como ensinou Maquiavel, a combinação do poder com a ignorância é muitas vezes fatal”.
“Faz talvez parte do nosso défice mais estrutural e atávico uma certa incapacidade para valorizar Portugal tem em termos patrimoniais e culturais, como indiscutivelmente é o caso das gravuras paleolíticas do Vale do Côa” sustenta Carrilho, recordando o que “aconteceu com o professor João Zilhão é eloquente”.
“Depois de fazer um trabalho a todos os títulos excepcional no Côa e na arqueologia portuguesa, entre 1995 e 2000, foi afastado de tudo em Portugal, no ministério da Cultura e na Universidade, mas é hoje um dos mais destacados arqueólogos do mundo, com cátedra na Universidade de Bristol, em Inglaterra”, explica.