Gonçalo Ribeiro Telles critica falta de visão do pavilhão português em Xangai
Ribeiro Telles foi perentório: “tem falta de autenticidade”, afirmou
Lusa
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O arquitecto e pioneiro do ambientalismo português Gonçalo Ribeiro Telles fez em entrevista à agência Lusa duras criticas ao pavilhão de Portugal na Expo2010, que considerou “limitado” por não incluir a relação entre a cidade e o campo.
Gonçalo Ribeiro Telles criticou também a empresa pública Parque Expo, que organiza a presença portuguesa e que organizou a Expo 98 em Lisboa, considerando-a uma “entidade especulativa”.
Consultando o dossier com o projecto do pavilhão português na Expo de Xangai, que arrancou no Sábado e termina a 31 de Outubro, Ribeiro Telles foi perentório: “tem falta de autenticidade”, afirmou.
A Expo de Xangai tem como tema “Melhores cidades – Melhor Qualidade de Vida”, mas o arquitecto que criou os jardins da Gulbenkian, em Lisboa, questiona como é possível a qualidade de vida sem “a paisagem”.
“É como se as cidades nascessem sem ter uma história, uma paisagem de onde brotaram. Lisboa nasceu por causa do estuário do Tejo e juntou-se tanta gente por causa dos bairros de Oeiras e dos bairros de Carnide e da quantidade de água, por isso é que há Lisboa”, afirmou.
“O pavilhão português desconhece totalmente a nossa paisagem. Quer o interesse da nossa paisagem, quer o futuro da nossa paisagem, que e indispensável ao futuro das cidades”, acrescentou.
Gonçalo Ribeiro Telles queixa-se de que “se negoceiam” para construção terrenos em Reserva Agrícola e em Reserva Ecológica Nacional, abandonando-se o resto, diz, à industrialização das monoculturas para a celulose, condenando ao desaparecimento as aldeias, onde as escolas vão fechando e onde sobram apenas os idosos, sem força para trabalhar.
“Isto é a realidade do País, e o resto são cantigas”, afirmou, na entrevista à Lusa.
Ainda sobre o pavilhão português, o antigo ministro da Qualidade de Vida diz não perceber “como é que se faz uma coisa sobre Portugal sem falar da paisagem. Onde é que está a paisagem, onde é que estão os valores estéticos e turísticos da paisagem? Porque isso assusta as celuloses, assusta a indústria e assusta a expansão urbana caótica”.
O arquitecto paisagista e professor universitário critica ainda a Parque Expo – empresa pública que gere a participação portuguesa na Expo 2010 – a quem acusa de ter abandonado o Cabeço das Rolas, o jardim que concebeu em Lisboa para a Expo 98, em troca de um edifício que nem sequer foi construído.
“Não tem capacidade para estar aqui como projectista, basta ver o que se passa na zona da Expo. A Parque Expo é uma entidade especulativa. Não sei quem é o responsável pelos projectos que faz, não dão a cara, só têm um carimbo. E eu não aceito isso”, afirma.
Ribeiro Telles, no entanto, admitiu que a Expo 98 teve como virtude a criação de uma “zona activa de grandes potencialidades quando, finalmente, se conseguir integrar na cidade”.
Quanto ao desinteresse pela paisagem e pela ruralidade, que põem em causa o bem-estar e a própria manutenção das cidades, o arquitecto afirma que tal não pode durar para sempre.
“Tenho esperança de que esta situação mude, mas não é por convencer as pessoas. É porque o sistema vai rebentar por si, não haja a menor dúvida”, concluiu.