Urbanistas apontam riscos em todo o país devido a planeamento “incompetente e mal feito
No entender do especialista, a destruição causada pelas fortes chuvas no arquipélago é uma situação que pode ocorrer em outras zonas de Portugal porque o planeamento que se faz no país “não serve para aquilo que deve servir”
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O presidente da Associação Profissional dos Urbanistas Portugueses (APROURB) alertou para o risco de se repetir a tragédia na Madeira “em qualquer parte do país”, devido ao “planeamento completamente incompetente e mal feito em matéria de ordenamento de território”.
“Aquilo que aconteceu na Madeira pode acontecer em qualquer parte do país, fruto de um planeamento completamente incompetente e mal feito em matéria de ordenamento de território”, garante Diogo Mateus, citado pela Lusa.
No entender do especialista, a destruição causada pelas fortes chuvas no arquipélago é uma situação que pode ocorrer em outras zonas de Portugal porque o planeamento que se faz no país “não serve para aquilo que deve servir”.
“Os planos elaborados pensam mais no controlo da construção, nas taxas de construção, no que pode ser construído a mais, do que efetivamente para aquilo que devem servir: controlar de facto a ocupação territorial de forma equilibrada e racional para que se possa utilizar o território como um recurso”, realçou.
Diogo Mateus criticou também o facto de atualmente na maioria dos planeamentos “não existir qualquer tipo de índice de impermeabilização”, o que “dá em catástrofe”.
O reencanamento das ribeiras, a redução dos leitos naturais, a ocupação dos leitos de cheia e a impermeabilização dos solos são apenas alguns dos muitos erros que o especialista aponta neste domínio.
“Ao impermeabilizar-se os solos todos, a água escorre para onde tem de escorrer. Como as estruturas de orientação de água são mal dimensionadas e tudo corre para o mesmo sítio, basta chover um bocadinho mais ou acontecer um fator não previsto, como a falta de limpeza, e temos uma inundação como a que aconteceu há três ou quatro anos atrás no Campo Grande”, exemplificou.
Sobre o que tem de ser feito agora na reconstrução da Madeira para evitar situações semelhantes, o presidente da APROURB foi perentório: “Há coisas em que não se pode voltar atrás, noutras pode-se, se existir vontade política séria de repor a situação como deveria ser”.
Diogo Mateus considerou ser “muito mais grave gastar dinheiro” com situações catastróficas como a da Madeira do que “fazer-se as coisas logo bem de início”.
“A solução neste momento para quilo que é a Madeira é fazer as coisas de forma pensada, ou seja, não reconstruir aquilo que ali estava só por reconstruir. [É preciso] pensar se aquela área que foi destruída tem ou não capacidade para levar aquilo que lá estava, o que tem de ser fruto de um estudo muito bem pensado”, afirmou.
De acordo com o especialista, é preciso “fazer uma revisão do planeamento em Portugal para ver se os instrumentos que temos e estamos a aprovar estão ou não a servir àquilo que são os interesses do pais”.
“Isso será uma forma de prevenir este tipo de acontecimentos, não só na Madeira, como em todo o território onde isto pode acontecer mais cedo ou mais tarde”, frisou, explicando que as soluções passam pela reabilitação do espaço, pela não ocupação de áreas altamente ocupadas, pela mudança de materiais que permitam uma maior permeabilidade dos solos e por um planeamento de responsabilidade por parte das câmaras municipais.