ArchiCAD ou Revit?
Vai longe o tempo em que os projectos eram feitos ao estirador, com papel e caneta. Hoje vivemos numa era de revolução digital, em que a inovação nas soluções informáticas […]

Ana Rita Sevilha
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Vai longe o tempo em que os projectos eram feitos ao estirador, com papel e caneta. Hoje vivemos numa era de revolução digital, em que a inovação nas soluções informáticas está na ordem do dia. O Construir foi saber mais sobre os dois principais concorrentes
Na era das novas tecnologias, onde tudo está à distância de um simples "click", onde a domótica, os GPS's e os telemóveis de terceira geração são prática corrente, as soluções informáticas actualizam-se à velocidade da luz para se manterem num mercado que exige uma constante inovação e o acompanhamento de um conjunto de necessidades que vão surgindo à medida que avançamos no tempo. Nesta realidade, que muitas vezes se confunde com ficção, a arquitectura não é excepção, e ao seu serviço existe um conjunto de programas que visam contribuir para agilizar o trabalho do arquitecto e tornar os modelos o mais fiáveis e reais possível. De forma a tentar perceber algumas das soluções que existem no mercado e quais os pontos fortes e fracos das mesmas, o Construir foi ao encontro de duas empresas concorrentes, que estão na vanguarda do software para arquitectura, a Autodesk Portugal e a Infor Portugal (representante da Graphisoft no nosso país, empresa detentora do ArchiCAD), bem como de profissionais da área, com o objectivo de perceber em que se baseia a oferta, e o que leva os ateliers e gabinetes a optarem por um em detrimento de outro.
Revit versus ArchiCAD
Concorrentes no mercado de software para arquitectura, o "Virtual Building ArchiCAD" e o "Revit Architecture Suite", nomeadamente da Graphisoft e da Autodesk, caminham lado a lado com o objectivo de criar soluções que proporcionem a quem projecta uma aproximação cada vez maior à realidade e ao resultado final, agilizando desenhos, especialidades, métodos e processos inerentes a um projecto, e tornando a relação entre equipa e com os clientes finais mais fácil. Com o objectivo de clarificar e de contrapor estas duas soluções, o Construir falou com Jorge Horta, director da Autodesk Portugal, e Araújo Gomes, director da Infor Portugal. Integração entre os diferentes dados que compõem um projecto, aumento de produtividade e flexibilidade nas relações, são algumas das vantagens enumeradas pelos dois responsáveis. De acordo com o director da Autodesk Portugal, Jorge Horta, o "Revit Architecture Suite tem muitas vantagens", das quais destaca o facto de incluir "o AutoCAD, com o qual se integra de uma forma que só o mesmo fabricante das duas aplicações, naturalmente, pode conseguir". No entender de Horta, esse factor "permite transferir dados nos dois sentidos de forma muito simples e completa, aumentando sensivelmente a produtividade dos gabinetes que necessitam conviver com os restantes parceiros de projecto que só utilizam o AutoCAD, sublinhando que também "permite extrair do modelo toda a informação alfanumérica que o projectista necessita", facto que segundo o mesmo responsável, "veio abrir aos arquitectos novas dimensões na forma de projectar, facilitando profundamente a avaliação de alternativas na concepção e conferindo-lhes uma nova flexibilidade nas suas relações com os clientes e com os restantes parceiros de projecto". Quanto aos pontos fortes e fracos de cada solução, Jorge Horta evidência o facto de o "Revit Architecture Suite" ser um componente de apoio das tecnologias Building Information Modeling (BIM), uma tecnologia que transformou o modelo tridimensional numa base de dados onde se encontram todas as informações sobre o projecto, e que permite produzir e controlar todos documentos inerentes a um determinado projecto. Desta forma, o software oferece componentes "apoiadas por funcionalidades únicas de gestão de projecto colaborativo, que permitem manter a última versão do modelo completo do edifício em total sintonia, independentemente do número de parceiros de projecto que nele intervêm". Contudo, Jorge Horta refere que, como tudo, as soluções para a construção da Autodesk "tem o melhor e o pior de todos os mundos: tem as vantagens para aqueles que só querem trabalhar com um estirador electrónico – o puro 2D, ou dos que acham que o trabalho com modelos inteligentes 3D é a única forma de trabalhar". O responsável acrescenta que "a grande vantagem reside no facto de os pontos fracos sobejamente conhecidos de cada um destes dois mundos nunca se fazerem sentir para os clientes da Autodesk" . Para Araújo Gomes, director da Infor Portugal, os pontos fortes e fracos do ArchiCAD são directos e sucintos. O responsável aponta como fortes, "a qualidade do software expressa no seu interface com o utilizador, no seu fluxo de trabalho e na forma como procura reproduzir a linguagem da arquitectura, e a qualidade e consistência dos documentos gerados que assegura toda a tranquilidade ao utilizador nos momentos em que a pressa se acentua". Como pontos fracos, Araújo Gomesl avança que pode ser "a necessidade que os gabinetes de projecto têm de ter que alterar a forma de desenvolvimento dos seus projectos de arquitectura – o 3D passa a ser parte do processo projectual, desde a concepção até à documentação, e não encarado apenas como uma ferramenta de apresentação e visualização – logo são necessários profissionais mais conscientes do seu papel na execução do projecto e que tenham um papel mais responsável".
Uma questão de opção
Entre tantas características, mais-valias, pontos fortes e fracos, as opiniões dividem-se. Como explicou ao Construir o arquitecto Carlos Prata, autor entre outros do Edifício Transparente, no Porto, "quando comecei a usar CAD no escritório (1990) já utilizava o computador para processamento de texto, bases de dados e folhas de cálculo. E para mim computador sempre foi – e será – Mac (Apple). A utilização do ArchiCAD foi assim natural dado não existirem, na altura, muitos softwares que corressem no sistema operativo da Apple. Posteriormente verifiquei que esta opção foi muito ajustada pois só agora começam a existir algumas opções que se aproximam de muitas das capacidades deste software, nomeadamente da interactividade 2D/3D". Quanto às vantagens que a utilização do ArchiCAD trás para o seu trabalho, Carlos Prata refere "a possibilidade de se trabalhar com a globalidade da informação em teamwork, isto é, várias pessoas a trabalhar em simultâneo, em partes ou aspectos do mesmo ficheiro, e a interactividade entre elementos de projecto – o que altero em 3D ou num corte ou planta, indiferentemente, automaticamente é alterado nos outros elementos". Já para a AFAConsult a opção recai sobre as soluções da Autodesk. De acordo com Adolfo Ferreira, engenheiro da AFAConsult, "quando analisámos o software de modelos digitais existente no mercado considerámos que a proposta da Autodesk era de longe a melhor, com uma gama de produtos integrados, uma postura muito positiva em relação ao cliente e uma visão do futuro em tudo semelhante à nossa". Neste momento a empresa trabalha com Autodesk Revit Structural e Autodesk Revit MEP para a produção de modelos digitais e AutoCAD e Microstation V8 para desenhos 2D. Segundo Adolfo Ferreira, "o Revit representa uma melhoria considerável em relação às aplicações de desenho 2D, quer em termos de produção, quer em termos de integração da equipa com o modelo. Tudo passa para um novo patamar, onde a motivação por parte dos utilizadores é maior, assim como é significativa a redução de erros comuns de actualização e coordenação de desenhos". Quanto aos pontos fortes e fracos do software, o mesmo responsável avançou ao Construir que, "o maior ponto forte do Revit é a sua capacidade de elevar o projecto a um nível superior de detalhe e modelação, o seu ponto fraco é o facto de ainda ser uma criança quando comparado com os produtos 2D e por isso ter ainda um grande caminho pela frente". Para o arquitecto Gonçalo Araújo, do gabinete 16 ARQ – Arquitectura e Engenharia, a opção vai para o Revit. "Acreditamos que os ganhos no tempo de produção de projecto seja reduzido a 30%, o que nos dará mais tempo para aumentar a qualidade do projecto", refere Gonçalo Araújo para sustentar a opção do gabinete. Quanto à adaptação ao programa, o arquitecto diz que foi fácil: "as dificuldades básicas são adaptação ao novo ambiente de trabalho, atalhos, entre outros, mas que é uma questão de tempo", sublinhando que, "no geral estou bastante satisfeito, com o software". Em contraponto às opiniões de Gonçalo Araújo, para o arquitecto Rogério Cavaca, "o ArchiCAD é um programa de desenho específico para arquitectura ao contrário dos restantes programas de Cad que estavam disponíveis na altura, e estava assim melhor adaptado para dar continuidade à metodologia de trabalho de um escritório como o nosso". Para o arquitecto sedeado no Porto, "o ArchiCAD oferece uma curva de aprendizagem muito rápida permitindo a qualquer novo elemento da equipa uma integração quase imediata na mesma", para além de que é um programa muito completo, com "capacidades que vão desde a produção de imagens comerciais até listagens e medidas para obra". Numa corrida lado a lado pela solução que melhor se adapte ao mercado e às necessidades dos profissionais, Autodesk e Graphisoft prometem continuar a evoluir e a surpreender, através de uma constante actualização das suas soluções.