A Cushman & Wakefield (C&W), consultora líder global em serviços imobiliários, apresenta a 44ª edição do Marketbeat Portugal (Primavera 2025), onde analisa a evolução do mercado em 2024 e antecipa as principais tendências para este ano. As projecções para 2025 apontam para a continuidade do crescimento do investimento em imobiliário comercial, com um aumento estimado de 8% face a 2024.
“O mercado imobiliário demonstrou a sua resiliência em 2024, com um aumento significativo do volume transaccionado e um forte contributo do capital estrangeiro. Para 2025, antecipamos um crescimento mais sustentado, impulsionado por um contexto de maior estabilidade macroeconómica, nomeadamente pela redução gradual das taxas de juro, que favorecerá a retoma da actividade transaccional. A convergência entre as expectativas de compradores e vendedores deverá dinamizar o mercado, enquanto a compressão das yields prime, já observada no sector de retalho, poderá estender-se a outras classes de ativos, mantendo o interesse dos investidores internacionais”, comenta o director-geral da Cushman & Wakefield em Portugal, Eric van Leuven.
A distribuição do capital investido em 2024 (2.380 milhões de euros, segundo os dados apurados pela Cushman & Wakefield) confirmou a recuperação do sector de retalho, que representou metade do volume total transaccionado. Seguiram-se os sectores de hotelaria e escritórios, com um peso de 21% e 14%, respectivamente. Também os chamados activos alternativos consolidaram a sua presença no mercado em 2024, representando 11% do volume total do investimento, com destaque para o segmento de residências para estudantes.
O capital estrangeiro, que em 2024 representou mais de 70% do investimento total, deverá continuar a desempenhar um papel determinante, com os investidores internacionais a manterem um forte interesse no mercado imobiliário em Portugal. A maioria do capital internacional teve origem na Europa, com os mercados francês e espanhol a representarem, em conjunto, metade do volume estrangeiro.
De forma transversal a todos os sectores, o ano de 2024 foi também um ano de consolidação da sustentabilidade e da integração de critérios de Environmental, Social e Governance (ESG) nos processos de tomada de decisão do mercado imobiliário nacional. No mercado português, nomeadamente ao nível da banca, já se assiste à aplicação de diferentes taxas de juro aos financiamentos, de acordo com a sustentabilidade do investimento. Em 2025, as tendências ESG no sector imobiliário estarão focadas na descarbonização, adaptação climática, transparência financeira e preservação da biodiversidade.
“O sector imobiliário encontra-se no epicentro de uma profunda transformação, impulsionada por rigorosas exigências regulatórias e pela crescente procura por edifícios sustentáveis e alinhados com as práticas ESG. A integração desses critérios nas decisões de investimento tornou-se um imperativo estratégico para 2025, com fundos de investimento ESG a ganhar destaque e a atrair capital significativo. Estas tendências reflectem uma mudança estrutural no sector, onde a sustentabilidade não é mais uma opção, mas um requisito essencial para a competitividade e o sucesso económico a médio-longo prazo”, sublinha Eric van Leuven.
No âmbito dos certificados de edificação sustentável, nomeadamente BREEAM e LEED, o número de certificações emitidas em 2024 quase triplicou quando comparado com o número total de certificações emitidas durante o ano anterior, com prevalência dos setores de escritórios e retalho. Relativamente à certificação WELL, focada na utilização do edifício e bem-estar dos seus ocupantes, em 2024 foram emitidas cinco distinções a nível nacional, todas elas em edifícios de escritórios. Este setor continua a dominar a certificação futura, encontrando-se registados perto de 60 edifícios.
Principais tendências para 2025
De acordo com a Cushman, no Retalho a localização continuará a ser o factor decisivo na expansão das marcas, com um forte foco nos centros urbanos turísticos e empresariais. A competição por espaços privilegiados está a impulsionar o aumento das rendas, reflectindo a disposição das marcas para investir em posicionamento estratégico. Paralelamente, cresce a valorização de marcas com propósito, que integram práticas sustentáveis e responsabilidade social para fortalecer a ligação com os consumidores. As lojas flagship estão a apostar na automação e na integração entre os canais físicos e digitais, optimizando operações e melhorando a experiência do cliente. Já o segmento de athleisure mantém-se em forte crescimento, com as marcas a diversificarem a oferta para responder à procura por moda confortável e funcional.
O mercado de escritórios em 2025 continuará a ser moldado por critérios de bem-estar e ESG, com empresas a privilegiarem edifícios certificados. Flexibilidade na ocupação e a preferência por flex offices ganham destaque, enquanto as empresas procuram hubs mais atractivos para reter talento. A escassez de oferta qualificada em Lisboa e no Porto deverá pressionar as rendas prime, uma vez que só é esperada nova oferta significativa para 2027/2028. Contratos mais estruturados, com prazos longos e opções de saída intermédias, tornam-se uma tendência para garantir estabilidade e optimização de custos.
O sector hoteleiro continuará a expandir-se com a diversificação de operadores internacionais, especialmente nos segmentos full service e luxury, e o crescimento dos serviced apartments para estadias mais prolongadas. O turismo reforça a sua competitividade através de experiências focadas em natureza, gastronomia e cultura. O mercado norte-americano ganha relevância, enquanto o asiático mantém um elevado potencial de crescimento. No investimento, espera-se um aumento das transacções, incluindo vendas de portefólios e plataformas operativas, com investidores dispostos a pagar prémios por projectos alinhados com políticas ESG.
O sector industrial e logístico será impulsionado pela optimização operacional, com empresas a migrarem para espaços mais modernos e eficientes, antecipando o crescimento a médio/longo prazo. O nearshoring continuará a ganhar força, impulsionando a procura por unidades industriais e armazéns, sobretudo no sector das energias verdes. A escassez de oferta qualificada mantém a procura elevada por activos modernos e sustentáveis, com foco em eficiência, ESG e funcionalidades que melhorem a operação e retenção de talento. Os segmentos de self storage e data centres estão em expansão, beneficiando da adaptação de edifícios e terrenos existentes e ainda das vantagens estratégicas de Portugal no sector tecnológico.