Construção: Um plano a 10 anos e um investimento de 5MM€ para transformar o sector
A “Estratégia Transformadora para o Sector da Construção em Portugal” , elaborada pela EY Parthenon para a AICCOPN, aponta o caminho para “um sector resiliente, inovador, dinâmico e alinhado com valores ambientais e sociais”, capaz de responder aos desafios nacionais e oportunidades internacionais

Manuela Sousa Guerreiro
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Apresentado durante a conferência “Portugal 2030 Futuro Estratégico para o sector da Construção”, organizada pela AICCOPN, o plano elaborado pela EY Parthenon traça as linhas gerais da estratégia transformadora do sector da construção ao longo dos próximos dez anos, assente em quatro desígnios: “mais investimento em habitação e infraestruturas; maior valorização das empresas da cadeia de valor da construção; aumento da eficiência do mercado; intensificação da internacionalização da engenharia e construção”.
Quatro desígnios que estão alinhados com quatro objectos estratégicos do sector “associados a metas de impacto mensuráveis e ambiciosas reflectindo a transformação que se pretende imprimir até 2030. Desde logo um crescimento anual real do sector entre 3 a 5%; produtividade e rendibilidade, visando um aumento de 43% da produtividade aparente do trabalho; um sector alinhado com as preocupações de sustentabilidade ambiental que procura atingir 100% de certificação energética superior; e uma atractividade e reputação sectorial, com uma proporção de 15% de mulheres e 50% de jovens.
Anunciados os objectivos o caminho para o concretizar passa por um plano de acção composto por 20 projectos estruturantes, dos quais oito são considerados prioritários, que tem associado um investimento (indicativo) total de 5 366 mil milhões de euros. Os projectos estão organizados em vários eixos de intervenção, como sejam a inovação, a qualificação e transferência de conhecimento, a atracção e retenção de talento, internacionalização, concertação estratégica e financiamento. A concretização do plano tem por base não só o engajamento das empresas do sector, mas também de organismos e entidades parceiras, o sector público, associações e clusters, sem esquecer a área académica. Entre os projectos considerados prioritários estão aqueles focados no desenvolvimento de áreas urbanas sustentáveis e capacitação empresarial; transformação digital, descarbonização e transição circular, apoio nos processos de internacionalização, assim como o fomento à colaboração na cadeia de valor da construção.
Urgência na transformação
A urgência na transformação do sector reconhece “a sua elevada importância estratégica no contexto da economia nacional, caracterizando-se por uma elevada amplitude da sua cadeia de valor. Números referidos pelo estudo apontam para a existência de 132 mil empresas, a grande maioria de micro e pequena dimensão, que empregam 460 mil empregos, cerca de 10% do pessoal ao serviço nas empresas, e que gera um VAB de 11 mil milhões, um dos mais elevados da Europa (Portugal ocupa a 17ª posição no ranking do VAB do sector ao nível da União Europeia. Mas o estudo também lhe aponta as fraquezas, sobretudo ao nível da internacionalização, sem preparação e com retrocessos recentes, o baixo nível de produtividade inferiores a outros sectores de actividade e à média europeia, e a baixa orientação para a inovação das empresas quando comparadas com outros sectores em Portugal.