A consultora JLL prevê um 2025 positivo para o mercado imobiliário português, impulsionado pela sustentabilidade, inovação tecnológica e localização estratégica. Escritórios, retalho, logística, habitação e hotelaria deverão registar um desempenho sólido, com crescimento nas transacções e rendas.
Não obstante ser esperado um 2025 “melhor que o ano 2024”, permanecem desafios como os conflitos armados na Europa e as alterações que possam advir das políticas comerciais da administração Trump.
De acordo com o mais recente relatório Market 360º, o investimento comercial atingiu os 2,31 mil milhões de euros (+40% vs. 2023), e a hotelaria bateu recordes no que diz respeito ao número de hóspedes e receitas.
Já o sector residencial, mantém os preços em alta devido à escassez de oferta. A consultora destaca, ainda, o impacto favorável do ambiente macroeconómico e a necessidade de acelerar licenciamentos e novos projectos.
“O mercado está a evoluir muito rapidamente e estes são requisitos cada vez mais críticos para consumidores, ocupantes, proprietários, investidores e promotores imobiliários”, explica Carlos Cardoso, CEO da JLL Portugal. “São aspectos que influenciam as decisões de quem compra, vende ou arrenda imóveis, bem como para quem os detém ou desenvolve, e vão ter um impacto crescente sobre a dinâmica do mercado imobiliário em todos os segmentos. Isso está a acontecer já, neste momento”, diz ainda Carlos Cardoso.
De acordo com a JLL, nos escritórios serão a pressão para os proprietários modernizarem os seus activos para ir ao encontro dos padrões de sustentabilidade e descarbonização, assim como a crescente importância da componente híbrida dos escritórios, alinhada à localização estratégica que será mais crucial que nunca.
No retalho, um dos factores chave será a inovação tecnológica de forma a proporcionar uma experiência ao consumidor e promover a sua deslocação à loja física.
No imobiliário industrial & logístico, um dos segmentos de maior potencial de crescimento, os data centers, é impulsionado pelo crescente recurso aos sistemas de inteligência artificial, sendo igualmente um sector onde a procura é também bastante impactada pela necessidade de projectos com maior sustentabilidade, eficiência energética, e onde a localização estratégica é chave.
“Portugal continua a estar no radar internacional de investimento e das empresas que ocupam escritórios e áreas logísticas, além de beneficiar também da diversificação das fontes de procura externa quer a nível da habitação tradicional quer dos novos formatos de living, dos quais se destacam as residências de estudantes. Os preços e as rendas dos diversos segmentos deverão crescer devido a esta base sólida de procura, mas o seu ritmo de crescimento reflete sobretudo o facto de o mercado se manter deficitário de oferta”, diz Carlos Cardoso.
“Há muita vontade de lançar novos projetos, fazer novos investimentos nas mais diversas áreas, mas continuamos a esbarrar com obstáculos importantes a nível de licenciamento e fiscalidade, que temos, como país, de resolver”, nota o responsável da JLL Portugal.
Na sua análise ao mercado imobiliário, a consultora evidencia, ainda, o impacto positivo do ambiente macroeconómico sobre o desempenho esperado para o sector em 2025. Por um lado, a inflação deverá continuar a convergir com os objectivos do Banco Central, mantendo-se em torno dos 2,0%, enquanto a taxa de desemprego se mantém em níveis baixos (6,4%), e o PIB cresceu 1,9% em 2024 de acordo com as recentes estimativas do Governo, bastante acima da média da Zona Euro, com boa dinâmica do consumo privado e do turismo.