“A batalha contra as alterações climáticas será ganha ou perdida nas cidades”*
A sustentar a afirmação de Eduardo Moreira, Country Leader da Signify está o facto dos edifícios públicos e de escritório serem os principais consumidores de energia a nível europeu, pelo que a conversão das cidades em smart cities e smart buildings ganha particular relevância. Nesse sentido, a melhoria da iluminação é a parte mais rápida e menos intrusiva da renovação de infra-estrutura
Manuela Sousa Guerreiro
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Quais são as principais tendências do mercado actual e que para vós são críticas?
O progresso em termos de eficiência é determinante e, no contexto em que nos encontramos, é até obrigatório. Por outro lado, a sociedade está a passar por um processo de digitalização. O crescente desenvolvimento da Internet das Coisas (IoT) leva à necessidade de conectar diferentes dispositivos para interagirem de forma combinada facilitando em muitos casos tarefas do dia a dia e simplificando as nossas vidas. Neste caso, a conectividade em iluminação permite funcionalidades e controlos adicionais são de grande importância, até para se conseguirem espaços mais versáteis, mais eficientes e sustentáveis. Por último, destacamos o crescimento populacional e a tendência exponencial de fixação de pessoas nas zonas urbanas. Prevê-se que, em 2050, dois terços da população viverão em grandes centros urbanos, o que representa um desafio para o nosso sector, pois a procura de iluminação será cada vez maior.
A inteligência artificial vai transformar o mercado e que novas soluções e produtos poderão surgir, ou já estão a ser desenvolvidos, e que deverão ser lançados em breve?
A inteligência artificial já está a transformar o mercado e a forma como as empresas desenvolvem os seus activos. Na Signify, tentamos planear os projectos de iluminação tendo em conta a conectividade, que permite que as luminárias sejam geridas remotamente de forma centralizada, recolhendo dados sobre a sua utilização e manutenção.
Todos os activos podem ser geridos a partir da plataforma Interact, um sistema aberto, modular, flexível extensível e conectado que combina a melhor iluminação e experiências baseadas em dados para criar espaços bem iluminados, reactivos e sustentáveis, optimizando o consumo de energia e a manutenção. As API permitem aos programadores desenvolver a gestão da iluminação de uma forma eficiente e intuitiva com as mais recentes ferramentas de big data, aprendizagem automática e inteligência artificial. Permitem também a integração com outras plataformas de gestão de activos, tais como climatização, ocupação ou segurança.
Como é que a questão da “sustentabilidade” se reflecte na vossa oferta, soluções e produtos?
A tecnologia desempenha um dos papéis mais importantes para atingir os objectivos de eficiência energética. Na Signify, investimos cerca de 4% das nossas vendas em I&D todos os anos, tentando melhorar aspectos do ponto de vista ambiental, social e tecnológico.
Um grande exemplo de tecnologias que visam a eficiência e a poupança de energia é o caso da iluminação conectada que estamos a desenvolver na Signify. Este compromisso com a inovação faz-nos liderar o nosso mercado com a nossa plataforma de IoT Interact que, juntamente com a tecnologia de iluminação LED, permite obter poupanças de energia, optimização na manutenção das instalações.
Quais os segmentos de mercado que mais influenciam o crescimento da domótica/ automação/ iluminação em Portugal?
As duas grandes áreas de crescimento estão em linha com a conversão das cidades e edifícios em Smart Cities e Smart Buildings. A melhoria da iluminação é a parte mais rápida e menos intrusiva da renovação de infra-estruturas e edifícios. Os edifícios públicos e de escritórios são o principal consumidor de energia a nível europeu, sendo responsáveis por 40% do consumo de energia e 36% das emissões de gases com efeito de estufa.
Neste sentido, a mudança da iluminação convencional para LED em ambientes interiores e na iluminação urbana pode reduzir os consumos de energia em cerca de 50%. Introduzir conectividade pode aumentar ainda mais as reduções do consumo de energia até aos 80%.
Paralelamente, e em termos de iluminação pública, Portugal têm 3 milhões de pontos de luz, dos quais cerca de 30% são de tecnologia LED e menos de 5% estão conectados. A batalha contra as alterações climáticas será ganha ou perdida nas cidades.
Qual a sua análise do mercado português? Como irá evoluir? E o que é que isso significa para a empresa?
Estima-se que 75% dos edifícios sejam energeticamente ineficientes. Para além disso, a taxa de renovação das tecnologias de eficiência energética existentes é muito baixa. A Signify pretende aumentar esta taxa de renovação para 3% por ano. Ao cumprir esta ambição, estaríamos no bom caminho para atingir a neutralidade carbónica até 2050.
No caso de Portugal, os edifícios de saúde e de ensino têm uma margem muito elevada para aumentar os seus níveis de eficiência energética. De facto, se todos estes edifícios mudassem para a tecnologia LED conectada, isso resultaria numa poupança de 53M€ por ano. Ao mesmo tempo, aumentaria a qualidade da iluminação e o bem-estar das pessoas que usufruem desses edifícios.
*Este trabalho integra o Especial Domótica, Material Eléctrico e Iluminação publicado na edição 501 do Jornal que está presente na Feira Light + Building, a decorrer até 8 de Março em Frankfurt.