Investimento imobiliário com quebra perto dos 50% em 2023
Em 2023 a Cushman & Wakefield estima que o volume de transacções de investimento em imobiliário de rendimento se situe nos 1.730 milhões de euros, uma quebra homóloga expressiva de 42% face ,ao ano anterior e que teve particular expressão no segundo semestre. Sectores de hotelaria e retalho ajudaram a travar a queda do investimento
CONSTRUIR
Andreia Teixeira assume cargo de Project Management do Grupo Openbook
CE atribui 245M€ em subvenções a projecto de hidrogénio em Sines
Município de Paredes investe mais de 64,3 M€ em habitação com apoio do PRR
IP lança concurso de 77M€
Knauf apresenta nova identidade corporativa
Financiamento especializado atinge máximo histórico
Greens Vilamoura assinala cerimónia de Pau de Fileira com 70% já comercializado
Novo crédito à habitação regista crescimento de 26,1% até Fevereiro
Preços das casas aceleram nos primeiros meses de 2024
Sierra renova espaço de restauração no Centro Vasco da Gama
A Cushman & Wakefield (C&W) divulga o resumo da actividade do mercado imobiliário nacional em 2023 e as suas perspectivas para 2024. Segundo Eric van Leuven, director-geral da consultora em Portugal, “o ano de 2023 foi desafiante, num enquadramento de subidas das taxas de juro por forma a controlar o aumento da inflação e de aumento dos custos de financiamento, com consequente impacto no mercado imobiliário global. Em Portugal registou-se um abrandamento da actividade de investimento imobiliário comercial e, no mercado ocupacional, o sector de escritórios na Grande Lisboa atingiu inclusive o segundo valor mais baixo de absorção da última década. Não obstante, outros sectores demonstraram maior resiliência, mantendo a tendência de retoma moderada, como retalho e industrial & logística. O sector de hotelaria teve a melhor performance, atingindo inclusive valores homólogos acima dos registados em 2019 (pré-pandemia).”
Mercado de investimento imobiliário comercial
A actividade de investimento imobiliário comercial registou um abrandamento ao longo de 2023, com as previsões de fecho de ano a situarem-se actualmente nos 1.730 milhões de euros, representando uma quebra homóloga expressiva de 42% face ao ano anterior, ainda assim em linha com outros mercados europeus. Dada a menor disponibilidade do capital estrangeiro, os investidores domésticos aumentaram a sua quota de mercado para 31% do volume total investido.
A alocação de capital por sector demonstrou o maior interesse dos investidores nos sectores de hotelaria e retalho, que agregaram respectivamente 42% e 35% do volume total investido. Na hotelaria, o total de €730 milhões de euros foi particularmente influenciado pela compra pela Arrow do portfólio Dom Pedro à Saviotti por €250 milhões de euros. No retalho, entre um total de 600 milhões de euros investidos, as duas maiores transacções corresponderam à aquisição pela LCN Capital Partners à TREI do projecto Amália (um portfólio de 50 supermercados Pingo Doce e Continente) por 140-150 milhões de euros e à compra pelo First Retail Partners, um novo fundo da Partners Group a ser gerido pela Mitiska REIM, de um portfólio de 5 retail parks por um montante a rondar os 100 milhões de euros.
Por seu lado, o sector de escritórios atraiu somente 9% do valor investido, com 160 milhões de euros, tendo-se destacado a aquisição pelo BNP Paribas REIM do edifício Pier III à Períptero por 30-35 milhões de euros.
Seguiram-se os chamados activos alternativos, responsáveis por 9% do total investido, onde se inclui a compra pela Live Nation da Ritmos & Blues, incluindo o espaço de eventos Altice Arena, por um valor na ordem dos 50 milhões de euros. Finalmente, o mercado de industrial e logística representou somente 4% do valor investido, com predomínio da aquisição pela Corum Asset Management ao Grupo Vila Nova do edifício Logifam em Vila Nova de Famalicão por 26-28 milhões de euros.
No contexto actual, as taxas de rentabilidade reflectiram a exigência de maior retorno por parte dos investidores, com aumentos transversais nos principais sectores do mercado imobiliário comercial face a 2022, nomeadamente entre os 25 e 75 pontos base. Desta forma, no final de 2023 as yields prime corrigiram em alta para os 5,00% em escritórios, 4,75% no comércio de rua, 6,50% em centros comerciais e 5,75% em logística.
Relativamente à actividade de promoção e reabilitação urbana, estima-se que em 2023 se tenha registado uma diminuição de 54% face ao ano anterior, com um volume alocado a este tipo de operações na ordem dos 390 milhões de euros. Entre as operações de maior dimensão, destacam-se a compra da Quinta do Morgadinho (Loulé) pela Bondstone à Interfundos por um valor acima dos 50 milhões de euros e a aquisição pelo Grupo M Caetano à EDP de um terreno na Rua do (Porto) por um valor estimado em 45 milhões de euros.
Para 2024 a expectativa que o aumento das taxas de referência dos bancos centrais tenha atingido o seu pico em 2023, iniciando um movimento de contracção durante a segunda metade de 2024 deverá reflectir-se em “comportamentos distintos durante este ano, com o primeiro semestre a reflectir ainda contracção em alguns indicadores, particularmente nos sectores mais afectados em 2023, seguido de uma segunda metade do ano com uma retoma gradual generalizada. Desta forma, apesar das yields de referência de mercado poderem ainda sofrer alguma correcção em alta durante o início do ano, no final de 2024 deveremos estar a registar uma estabilidade homóloga, possivelmente com redução de yields, e consequente aumento de valor, entre as categorias mais resilientes. Em termos de valores de arrendamento, a escassez de oferta de qualidade deverá continuar a justificar aumentos pontuais das rendas brutas de referência para os melhores ativos”, comenta Eric van Leuven.
Ao nível do investimento imobiliário comercial, as estimativas actuais confirmam esta tendência, nomeadamente com um volume de investimento associado à transacções actualmente em diversas fases de negociação, e com conclusão prevista para 2024, na ordem dos 1.800 milhões de euros, o que reflectirá um crescimento homólogo acima dos 10%. Em termos de distribuição por classes de activos, estima-se uma recuperação de escritórios, agregando 46% do volume total, seguido de hotelaria com 30%. A este valor previsto poderão vir ainda acrescer 1.000 milhões de euros em transacções actualmente suspensas (mas com possibilidade de conclusão até ao final de ano), assim como as usuais operações off-market.