A irreverência do Design na resposta às urgências da Sociedade
Sob a designação de “Living Unity”, está a ser desenvolvido no norte da europa um conjunto de sete projectos habitacionais criados pelo designer Tom Dixon e o seu “Design Research Studio”. Um conceito criado para responder às necessidades actuais de habitação, um conceito que é, simultaneamente, uma reflexão da forma como vivemos e do íntimo desejo de estarmos e sermos comunidade
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Manuela Sousa Guerreiro
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Amplamente discutidos em Portugal, os problemas da Habitação são comuns um pouco por toda a Europa. Os altos preços praticados, o envelhecimento da população, as necessidades ditadas pela nova geração, que vive e trabalha de forma diferente, as diferenças impostas pela, cada vez mais presente, tecnologia e, também, pela maior consciência da emergência climática, tudo isto é uma realidade comum, independente dos idiomas praticados.
Em resposta a um desafio lançado pelos promotores do projecto, o designer britânico Tom Dixon e a sua equipa do “Design Research Studio”, DRS, conceberam uma série de espaços experimentais de convivência e trabalho conjunto, mas também de habitação, capaz de se adaptar a esta(s) nova(s) realidade(s). Da reflexão inicial, e que levou a analisar as necessidades de estudantes, trabalhadores freelancers, famílias e viajantes, nasceu “Unity”. “A DRS desenvolveu um novo conceito de vida compacto, que será replicada em sete localidades e que envolve a criação de estúdios e áreas comuns modulares, facilmente adaptáveis a uma ampla gama de inquilinos”, começa por explicar fonte do gabinete de comunicação do DRS em resposta às questões da TRAÇO. “O nosso objectivo era fornecer moradias contemporâneas, acessíveis, que promovessem um forte sentido de comunidade, facilmente adaptáveis e permeáveis a um uso multifuncional com interiores premium”, continua a mesma fonte.
Do discurso formal e polido destacamos desde logo a palavra/sentimento “comunidade”. Desejo expresso mais marcante do trabalho de análise feito inicialmente pelo designer e que acabou por dominar o projecto. O segundo grande influenciador é a necessidade de “flexibilidade”. Nesse sentido, “cada um dos espaços foi cuidadosamente projectado como uma biblioteca de peças, com vários layouts de salas disponíveis para acomodar os diferentes usos dos espaços residenciais. Cada estúdio possui uma palete de cores quentes e leves, que são acompanhados por acabamentos duráveis e robustos. Concebidos para serem discretos e compactos, todos os móveis de cozinha e arrumação são modulares e fáceis de adaptar às necessidades do utilizador”. Tom Dixon e a DRS criaram uma variedade de itens personalizados para garantir que o espaço é usado de forma inteligente.
Cor, forma e identidade
Cada um dos sete projectos contempla espaços comuns, de convivência e de trabalho e que oferecem uma variedade de oportunidades para os usuários criarem uma experiência social e comunitária, para além de estúdios que servem estudantes, viajantes, trabalhadores e, inclusive, famílias. “As paletes de cor usadas nos quartos foram mantidas neutras para permitir que os inquilinos colocassem a sua própria identidade e tornassem seus estes espaços. Cada quarto é fornecido com o essencial para viver, jantar e dormir. Móveis e iluminação têm a assinatura do designer Tom Dixon, e outros foram propositadamente projectados sob medida para o projecto”.
Outra das premissas do projecto “Unity” assenta no facto de uma proposta de valor mais baixa não significa menos valor de design ou de qualidade dos materiais usados. Antes pelo contrário e em nome da sustentabilidade. Assim, para as áreas comuns foram utilizados porcelanatos de grande formato no piso, paredes de betão à vista e pintadas, forro de painel acústico Troldekt aplicado na laje. “Têxteis macios naturais contrastam com os acabamentos brutos da arquitectura, para proporcionar suavidade táctil e propriedades acústicas. Painéis Eelgrass, um produto nativo da Dinamarca, são usados em painéis de parede sob medida para fornecer propriedades acústicas adicionais. Nos corredores, as carpetes são feitas com redes de pesca 100% recicladas”, descreve a equipa à TRAÇO.
Os edifícios “Unity”
Os sete projectos Unity estão pensados para o norte da Europa. O Unity localizado na Hammarby Sjöstad, em Estocolmo, foi o primeiro a abrir portas. Uma antiga fábrica transformada em 140 estúdios e que oferece 200 espaços de co-working. A capital da Suécia conta com mais duas unidades, com a oferta a estender-se também à cidade de Malmo. As cidades finlandesas de Helsinque e Tampere e de Aarhus, na Dinamarca, completam a lista. Aliás, o Unity Aarhus é o mais recente localizado no edifício La Tour, com os seus imponentes 28 andares, com espaços comerciais e residenciais. Com uma forte componente visual, o empreendimento compreende uma estrutura semicircular, transitando de uma torre baixa para uma torre alta, numa configuração em “terraço” para uma optimização da luz natural. Tem uma capacidade de 650 estúdios/quartos, destinados a servir quer estadias de curta duração para viajantes corporativos ou famílias que viajam de mochila às costas, quer estadias de longa duração para jovens profissionais e/ou estudantes.