“R2U Technologies | modular system” quer revolucionar a construção em Portugal
É uma das 53 Agendas Mobilizadoras do PRR e a única directamente relacionada com o sector da Construção. A construtora Domingos da Silva Teixeira, DST, é líder de um consórcio que envolve 30 outras empresas e 18 ENESII, e que pretende canalizar cerca de 215 milhões de euros para o desenvolvimento da construção modular, a realizar em 48 meses
Manuela Sousa Guerreiro
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No início do mês, o Governo apresentou as 50, de um total de 53, Agendas Mobilizadores do PRR para a Inovação Empresarial. Das 53 Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial seleccionadas, encontram-se agora contratualizadas 50, 30 Agendas Mobilizadoras e 20 Agendas Verdes, estando três a aguardar conclusão de procedimentos de notificação e negociação. As 53 Agendas Mobilizadoras envolvem um total de investimento de 7,8 mil M€, com incentivo público estimado na ordem dos 2,8 mil M€.
As Agendas Mobilizadoras, ou Agendas Verdes para a Inovação Empresarial, “visam consolidar e expandir sinergias entre o tecido empresarial e o sistema científico e tecnológico em Portugal, contribuindo para o incremento da competitividade e resiliência da economia portuguesa, com base em I&D, na inovação e na diversificação e especialização da estrutura produtiva”. Estão envolvidas, nestes projectos, 1247 entidades, a maioria, 941, são empresas e, de entre estas, cerca de 60% são pequenas e médias empresas, o que é um número a assinalar dada a composição do tecido empresarial nacional. Cerca 119 entidades do sistema de investigação e inovação estão ligadas às Agendas, bem como 87 associações empresariais e gestoras de clusters, 41 entidades administração pública (CIM, municípios, institutos, direcções-gerais, forças armadas, empresas públicas, centros de turismo regionais, centros hospitalares, escolas profissionais) e 88 outros parceiros.
Até Julho, encontravam-se com pagamento de adiantamento decidido 36 Agendas, 23 Agendas Mobilizadoras e 13 Agendas Verdes, estando pagos, respectivamente, 239 milhões de euros e 145 milhões de euros a estes projectos.
A construção do cluster da Construção Modular
Dos 53 projectos aprovados apenas um está, directamente, associado ao sector da Construção: o Pacto de Inovação “R2U Technologies | modular system”, que tem como líder a construtora Domingos da Silva Teixeira, DST. O projecto resulta da fusão das duas Manifestações de Interesse, apresentadas, numa primeira fase, por empresas do universo do grupo a “R2U Technologies”, pela dst, e “Glass Net”, liderado pela Bysteel, empresa do grupo responsável pela concepção, produção e instalação de estruturas e fachadas metálicas.
Se numa primeira fase a proposta “R2U Technologues”, tinha um investimento previsto de 177 milhões de euros, que compreendia um investimento do grupo no valor de 74,4 milhões de euros e um incentivo global de 95 milhões de euros, com a entrada de alguns dos pressupostos defendidos pela “Glass Net”, com a qual o grupo pretendia “capacitar o tecido empresarial português para a concepção, desenvolvimento e fabricação de fachadas de última geração”, o investimento a realizar sobe agora para 215 milhões de euros, a realizar em 48 meses.
O projecto tem como objectivo estratégico “a alteração profunda do perfil produtivo do sector da construção modular, promovendo a sua evolução de um paradigma produtivo intensivo em mão-de-obra para outro intensivo em conhecimento”. A intensão é “capacitará o tecido empresarial, o tecido académico e os próprios recursos humanos, com os meios, os conhecimentos e as competências-chave para criar, em solo nacional, um cluster para o abastecimento global do sector da construção modular”. Na síntese da proposta apresentada o grupo define como meta o lançamento de 18 novos produtos, processos ou serviços (PPS) “com perfil transaccionável e internacionalizável já no final do projecto”.
Envolvidos no projecto estão cerca de três dezenas de empresas, entre elas a Amorim Cork Insolation, a Cimpor, Ecosteel e a Conformetal, e 18 entidades não empresariais do sistema de I&I (ENESII) como as universidades do Minho, Nova de Lisboa, Coimbra, Porto, mas também o LNEG.
O Living lab que Norman Foster está a criar no campus da dst
A este projecto juntou-se ainda a Fundação Norman Foster, convidada a participar, ainda numa primeira fase, no projecto de pesquisa e criação de um cluster que quer “revolucionar a indústria da construção no país”. A ligação do arquitecto ao projecto foi anunciada ainda na fase de Manifestação de Interesse e irá tomar forma com a criação de um “Living Lab” destinado à investigação e testagem de soluções à escala real.
A dst justificou a parceria com a necessidade de “promover um pensamento e investigação interdisciplinares, focado na melhoria contínua das soluções e na capacidade de antecipar o futuro, colocando a arquitectura, o design, a tecnologia e as artes ao serviço da sociedade”. Nesta estratégia “a equipa da Fundação Norman Foster, liderada pelo próprio Lord Norman Foster, assumirá a posição de consultor de investigação e líder de design, trabalhando com outras entidades, que desenvolverá o design conceptual dos sistemas de construção e de soluções modulares e de pré-fabricação”, anunciou o grupo na ocasião.
O Living Lab terá cerca de 4.000m2 e conterá cerca de 100 unidades habitacionais que servirão quatro usos principais: residências de estudantes e seniores, unidades habitacionais, quartos de hotel e hospitais. O complexo assume-se como um laboratório de I&D para soluções de construção modular, um centro de pesquisa à escala real, que promoverá soluções técnicas e tecnológicas como resposta às boas práticas de economia circular e redução da pegada ecológica, libertando as cidades do seu estado de “estaleiro”. pela redução dos trabalhos in-situ e condensação dos prazos da construção, já que se sustenta na transferência de uma percentagem do tempo de construção para o ambiente controlado de fábrica, com benefícios inerentes na minimização dos desperdícios e no aumento do controlo e qualidade do produto.
“Queremos chamar a atenção do sector e mobilizá-lo no sentido de mudança de paradigma no contexto da construção em Portugal, com a captação de investimento e de parceiros de peso”, defendeu na altura José Teixeira, presidente do dstgroup.
Quando concluído, o Living Lab assumirá duas funções primordiais: ser uma montra viva das soluções desenvolvidas e dos resultados alcançados e um espaço para ser vivido e habitado pelos trabalhadores deslocados, designadamente refugiados e imigrantes, que o dstgroup tem vindo a integrar nos seus quadros.