“A nossa estratégia é a longo prazo, a pensar na próxima década”
Bobby O’Reilly, cofundador e sales & marketing director da Dynasty Homes, é o rosto da promotora em Portugal. Ao CONSTRUIR, falou sobre os próximos investimentos, as novas localizações onde estão […]
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Bobby O’Reilly, cofundador e sales & marketing director da Dynasty Homes, é o rosto da promotora em Portugal. Ao CONSTRUIR, falou sobre os próximos investimentos, as novas localizações onde estão a apostar, mas também, sobre o difícil caminho que o nosso País atravessa em termos de estabilidade política e legislativa. Além dos custos de construção e impostos elevados, o responsável receia que as recentes políticas nacionais possam assustar os investidores e levá-los a direccionar os seus projectos para outros países.
O empreendimento ‘Herdade do Meio’ é o primeiro investimento de maior dimensão em Portugal. Porque a aposta neste tipo de produto e porquê a escolha deste local?
Até agora, é o nosso maior investimento. É um produto diferenciado, pelo número de soluções inovadoras que aplica, como a qualidade dos materiais ou o sistema KNX, neste caso, o protocolo mundial para todas as aplicações de controlo de residências e edifícios. Sem esquecer a implementação de conceitos de eficiência energética, algo que o mercado exige cada vez mais, e que visa a produção de electricidade através de painéis solares e a integração de baterias acumuladoras, com o objectivo de realmente aproveitar a energia produzida.
Sentimos que a dimensão da Herdade do Meio responde àquilo que desejamos. Já estamos em Portugal há algum tempo e temos desenvolvido projectos mais pequenos. Mas aqui encontramo-nos em posição de fazer algo que vai mais ao encontro das nossas expectativas, por exemplo, através da criação de zonas de lazer ou áreas com dimensões superiores, nomeadamente, nas caves e garagens.
Por outro lado, acreditamos que esta é a localização perfeita. Desde logo, pela sua centralidade, por estar próximo da estação de comboios e de Lisboa. Mas também por ser uma ligação que não se cinge à cidade, pois está a apenas 10 minutos da praia. É também uma zona tranquila, próxima de escolas, supermercados e espaços comerciais. E, refira-se, em Portugal não é fácil encontrar uma localização com este perfil, já com um plano municipal para o espaço que não exija estarmos à espera mais de três anos.
Anunciaram outros dois novos projetos muito perto da ‘Herdade do Meio’. Trata-se também de empreendimentos pensados para o segmento alto?
Os próximos dois projectos serão reconhecidos pelos seus acabamentos de alto nível, com elevados índices de eficiência energética. E falo de um produto que não existe na área.
Acredito que quem queira viver nestas localizações, pelo seu valor de mercado e pelo perfil de construção, com um standard mais elevado, procure as nossas ofertas. O projecto na Aroeira divide-se em dois lotes. O primeiro, com um total de 7.800 m2 e um investimento de sete milhões de euros, integra 12 moradias geminadas e uma individual, as quais incluem cave piscina privada e jardim, sistema de casa inteligente. Pretendemos iniciar a construção e venda a partir de Outubro deste ano.
Já o segundo lote, num terreno de 5.050 m2, exige um investimento de 5 milhões de euros, em 8 moradias, todas geminadas, com 160 m2, cada. Tal como no outro lote, inclui cave, piscina privada e jardim, para além do sistema casa inteligente, e iniciará a respetiva edificação em Outubro.
Gostaríamos muito de apostar em habitações com preços a partir dos 350 mil euros. Mas o Governo também terá que dar sinais nesse sentido, através de incentivos ao sector. Ao aumentar os impostos, o IVA e os custos da construção, o Estado está a incrementar uma espiral inflaccionista no mercado
Anunciaram um montante de 82 M€ de investimentos em Portugal. Sendo que a ‘Herdade do Meio’ e os outros dois anunciados totalizam cerca de 42 M€ há ainda um valor considerável previsto para outros projetos. Quais as principais apostas da Dynasty Homes para os próximos anos?
O valor que aponta refere-se apenas ao que já temos em pipeline, entre lotes, apartamentos e prédios, seja em Lisboa, seja na Margem Sul. Além da Herdade do Meio e da Aroeira, por exemplo, em Lisboa, estamos a renovar um edifício na zona de S. Bento, que integra 11 apartamentos, num mix entre estúdios e apartamentos de um quarto. Já no Pátio do Tijolo encontramo-nos a trabalhar num edifício clássico, com oito apartamentos. Na Margem Sul destaco, ainda, uma casa que se encontra em fase de renovação, a Aroeira Beach & Golf Villa, com três pisos, um espaçoso piso térreo aberto no interior e jardim envolvente.
A curto prazo, temos em mente apostar na zona do Seixal, numa localização, uma vez mais, com boas acessibilidades, constituída por 127 villas e cerca de 200 apartamentos. Também estamos à procura de espaços com características similares em Fernão Ferro.
E além de Lisboa e margem sul que outras localizações poderão suscitar interesse?
Estamos interessados em analisar todas as zonas que façam sentido. Adoramos Lisboa e a Margem Sul, mas estamos abertos a outras zonas.
Porém, na verdade, ainda não pesquisámos a fundo a Margem Norte. Isto, pois os valores de construção são mais elevados, com repercussões nos preços das habitações. O que leva a que as localizações onde nos encontramos actualmente sejam mais interessantes para investidores como nós, que queremos construir habitações com determinadas características e valores que possam ir ao encontro de determinado perfil.
Por exemplo, estamos agora especialmente atentos a alguns locais do concelho do Montijo, com o objectivo de respondermos a várias exigências do mercado nacional. Desde apartamentos a villas, a qualidade é fundamental para os projectos da Dynasty Homes, bem como a implementação de soluções de eficiência energética, numa óptica da maior rentabilidade possível para os compradores.
Sentimos que a dimensão da Herdade do Meio responde àquilo que desejamos. Aqui encontramo-nos em posição de fazer algo que vai mais ao encontro das nossas expectativas, por exemplo, através da criação de zonas de lazer ou áreas com dimensões superiores, nomeadamente, nas caves e garagens
Gostaria ou ponderam apostar, também, em projetos para outros segmentos, nomeadamente, para a chamada classe média, sendo um tipo de habitação com muita procura também?
Gostaríamos muito de apostar em habitações com preços a partir dos 350 mil euros. Mas o Governo também terá que dar sinais nesse sentido, através de incentivos ao sector. Por aquilo que verificamos, ao aumentar os impostos, o IVA e os custos da construção, o Estado está a incrementar uma espiral inflacionista no mercado, com as consequências que daí advêm.
Há que criar condições para que as pessoas adquiram casas. Claro que não é obrigar os bancos a dar empréstimos, antes a criar programas que facilitem todo o processo. Na Irlanda, por exemplo, estão a ser desenvolvidos incentivos que visam a diminuição dos impostos no decorrer da construção das casas, o que resulta em melhores oportunidades de aquisição junto dos compradores finais.
Em Portugal, os custos de construção e os impostos são elevadíssimos, o que torna quase impossível dinamizar o mercado local. Nesse sentido, os municípios também podem ajudar. Quando falam com os construtores e investidores, podem colocar em cima da mesa as suas necessidades, podem identificar zonas estratégicas para integrar no mercado de habitação. Têm muitas propriedades municipais, para as quais necessitam de um plano. Então, pode-se lançar uma parceria, na qual, os concelhos têm o espaço, enquanto os promotores constroem nesse espaço, com a possibilidade de vender a um determinado preço.
Não faltam ideias, e as pessoas, se se sentarem à mesa, poderão falar sobre isso. Actualmente, todos tentam atirar as culpar para outros, ao invés de encontrar soluções.
Portugal está em competição com Espanha, Grécia, Chipre ou Malta, outros países vistos como espaços de crescimento dentro do cenário europeu. E, estejamos cientes disso, eles preocupam-se acima de tudo em saber onde é que o seu dinheiro estará mais seguro. E as últimas medidas políticas assustaram-nos. Estão a desincentivar os grandes investidores a apostar em Portugal, em detrimento de outros locais
De que forma a instabilidade legislativa e as novas medidas anunciadas para a habitação poderão refletir-se ou levar a alterar a vossa estratégia em Portugal?
A nossa estratégia é a longo prazo, a pensar na próxima década. Mas tememos que, nos próximos dois anos, as medidas políticas deste Governo assustem investidores, com o inevitável aumento dos valores de mercado em algumas áreas. E quem sofrerá serão as pessoas, não esses investidores, que irão para outro sítio.
Portugal está em competição com Espanha, Grécia, Chipre ou Malta, outros países vistos como espaços de crescimento dentro do cenário europeu. E, estejamos cientes disso, eles preocupam-se acima de tudo em saber onde é que o seu dinheiro estará mais seguro.
E as últimas medidas políticas assustaram-nos. Estão a desincentivar os grandes investidores a apostar em Portugal, em detrimento de outros locais. Aquilo que mais procuram é estabilidade política, bem como um pensamento estruturado quanto ao seu papel no país. Actualmente, o que se verifica é que ninguém sabe o que fazer, com resultados muito maus. Ainda esta semana uma empresa anunciou que vai deixar cair um projecto de 495 milhões de euros, com a perda de 550 empresas, em face dos recentes anúncios. E acho que esta é só a ponta do icebergue.
Há uma tendência crescente na integração da construção modular ou de madeira em muitos projetos, em parte para ‘acelerar’ o tempo de obra e de forma a minimizar o impacto da mesma no local. Como encaram esta possibilidade nos vossos empreendimentos?
Procuramos conjugar o tradicional betão com a construção modular. Em todos os nossos projectos apresentamos as melhores e mais sustentáveis soluções. Por isso, sim, estamos sempre abertos a investir em novas soluções.
Mas tudo depende dos custos. Actualmente, a logística e o fornecimento passam por um período difícil em qualquer parte do mundo. Assim, temos de estar certos do que podemos realmente entregar, ao invés de tentarmos reformular conceitos, sem totais garantias. Ou seja, damos prioridade à preparação de um plano de construção que possamos cumprir, com o nosso estilo tradicional de cimento com módulos. No entanto, saliento não fechamos a porta a novas soluções.