Indústria e Logística em Portugal regista aumento de absorção de 83% em 2021
A AML verificou o maior nível de take-up do país, com 418 mil m2, face aos 228 mil m2 de 2020 e 207 mil m2 de 2019. Com uma taxa de disponibilidade de 5%, correspondendo a cerca de 133 mil m2, só em meados de 2023 e 2024 deverão estar concluídos novos projectos
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O mercado nacional de Indústria e Logística registou, em 2021, um aumento de 83% do volume de take-up, com uma absorção de mais de 500 mil m2, de acordo com mais recente estudo da consultora internacional Savills em Portugal, a “A New Chapter Begins”.
O maior nível de take-up do País aconteceu na Área Metropolitana de Lisboa (AML), com 418 mil m2, face aos 228 mil m2 de 2020 e 207 mil m2 de 2019. Esta crescente procura deverá continuar sendo que se estima que se deva situar na ordem dos 354 mil m2. Por outro lado, AML conta actualmente com uma taxa de disponibilidade de 5%, correspondendo a cerca de 133 mil m2.
Também segundo um relatório da Savills, divulgado em Janeiro, Portugal encontra-se na lista dos países europeus mais atractivos para o investimento em I&L, ainda assim, só em meados de 2023 e 2024 deverão estar concluídos novos projectos capazes de absorver a procura.
Tal como se observa no panorama europeu, em Portugal o enorme potencial do mercado de I&L tem ficado retido por uma oferta escassa e que não é capaz de corresponder aos requisitos técnicos e aos padrões de qualidade exigidos actualmente.
Pedro Figueiras, associate director de Industrial & Logistics da Savills Portugal, explica que “Depois de um ano recorde de área ocupada em 2021, 2022 afigura-se promissor, uma vez que a procura de espaço logístico continua robusta e a superar a oferta prevista até 2024. Do lado da procura os vários elementos das cadeias de abastecimento mantêm a intenção de aumentar os níveis de stock, por um lado. Por outro, a atratividade de Portugal para o estabelecimento de operações logísticas continua alta, estando no top 5 europeu de destinos onde os ocupantes tencionam expandir operações. Do lado da oferta, a disponibilidade é extremamente baixa e a resposta não consegue ser imediata, pelo que o pipeline de oferta até 2024 corresponde sensivelmente à área que foi absorvida no ano transacto, ficando assim evidente que o desequilíbrio entre oferta e procura perdurará”.
O crescimento do segmento de I&L em Portugal tem sido impulsionado não só pelo aumento do comércio do e-commerce, mas também pela necessidade de as empresas aumentarem os seus stocks, de forma a poderem cumprir o normal funcionamento da sua cadeia de distribuição, e pela tendência do nearshoring, de aproximação das unidades produtivas aos seus mercados consumidores. Em 2021, foi verificado um aumento de 18,7% das compras feitas através da Internet, comparando com 2020, totalizando 4,2 mil milhões de euros. Tal traduz-se num gasto médio anual de 966 euros por consumidor online, uma subida de 11,9% face a 2020.
O desenvolvimento do segmento de I&L no país também é energizado pelo aumento do comércio transfronteiriço. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que as exportações e importações aumentaram 18,1% e 21,1% em 2021, face às quebras de -10,3% e 14,8% registadas em 2020. Países como Espanha, Alemanha, França e Reino Unido representam mais de 70% do total das exportações portuguesas em 2020 e 2021.
Analisando os meios de transporte, a via marítima representou, em 2021, 51,5% do total de toneladas exportadas, o transporte terrestre representou 43,2%, o transporte aéreo representou 1,7% e o transporte ferroviário foi responsável por 0,5% do total de exportações.
A par da escassez de produto disponível de qualidade, o sector de I&L em Portugal sofrerá ainda com a subida dos preços dos combustíveis. Também a inflação representa um risco, quer para o sector dos transportes, quer para o do armazenamento.
Numa perspetiva a longo prazo, o setor precisará de se adaptar à evolução tecnológica, que terá impactos ao nível da gestão dos negócios e dos serviços prestados aos clientes. Uma maior digitalização do setor permitirá potenciar a agilidade e eficiência dos processos e garantir uma monitorização permanente dos fluxos de mercadoria. Por outro lado, a transformação tecnológica da I&L exigirá mão-de-obra qualificada, implementação de modelos de gestão digital e mudanças na infraestrutura.
Em 2021, registou-se um investimento de 41 milhões de euros em I&L em Portugal, um decréscimo de 34% face a 2020. No que toca aos principais investimentos realizados entre os anos 2019 e 2021 destaca-se o portfolio vendido pela Imofundos à M7 Real Estate, a compra da Greenyard Riachos pela Square Asset Management no valor de 15 milhões de euros, a venda do Portfolio IBERIA por parte da Incus à M7 por 41 milhões de euros e a venda por parte do Fundo IBERIA à Bedrock|Europi Property Group de duas unidades industriais & logísticas no valor total de 14.5 milhões de euros.
Olhando para o futuro, os fundamentais do mercado de I&L deverão manter-se fortes em 2022, à medida que os operadores prosseguirem com os seus planos de expansão para maiores espaços de armazenamento, fruto do crescimento da vaga de e-commerce.
As maiores ocupações previstas para 2022 estarão já em fase de pre-let e existe um grande volume em pipeline que não deverá estar concluído antes de 2023. Desta forma, a escassez de oferta disponível deverá alimentar a tendência de adaptação dos espaços já existentes.