Painéis solares produziram 10% da energia da UE entre junho e julho
Novo record em Portugal, com o solar a assegurar seis por cento da produção total de eletricidade, revela a recente análise EMBER e ZERO
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Pela primeira vez, os painéis solares produziram um décimo da eletricidade da UE-27 durante os meses de pico de junho e julho deste ano, revela a mais recente análise do grupo de reflexão e investigação em energia EMBER, realizada em conjunto com a ZERO (para o caso de Portugal).
Portugal foi um dos oito países da EU que estabeleceram um novo recorde na quota de produção de energia solar durante o pico do verão deste ano, com o solar a assegurar 6% da produção. Para além de Portugal, também a Estónia, Alemanha, Hungria, Lituânia, Holanda, Polónia e Espanha, bateram os seus recordes de produção de energia solar.
Entre 2018 e 2021 Portugal triplicou a percentagem de contributo da eletricidade proveniente de origem solar. Segundo a EMBER em 2018 a produção de electricidade a partir de fonte solar atingiu 176 GWh no total de junho e julho em 2018, enquanto este ano atingiu 392 GWh. Porém, em termos de percentagem, enquanto em 2018 a fração de produção solar foi de 2%, este ano atingiu já 6%, isto é três vezes mais.
“Apesar dos elevados preços de eletricidade, serão as renováveis no médio prazo que assegurarão os menores custos para os consumidores. A expansão do solar é indispensável, devendo, no entanto, respeitar-se princípios de sustentabilidade no que respeita às áreas e locais selecionados no que respeita às grandes centrais que estão previstas e/ou em implementação”, sublinhou Francisco Ferreira, Presidente da ZERO.
A análise mostra que os picos de produção de eletricidade a partir de energia solar na Europa durante o verão, que acontecem em junho e julho, estão a crescer a cada ano. Os painéis solares produziram um recorde de 10% da eletricidade da UE (39 TWh) em junho-julho de 2021, comparativamente com os 28 TWh no mesmo período em 2018. E o crescimento está a acelerar: a UE viu a produção solar aumentar 5,1 TWh entre junho-julho de 2020 e 2021, uma mudança anual maior do que em 2020 (+3,1 TWh) ou 2019 (+2,6 TWh).
Contudo, e apesar dos ganhos recentes, a produção de electricidade na União Europeia a partir de painéis solares ainda é inferior à das centrais a carvão, que geraram 14% da eletricidade da UE em junho-julho de 2021 (58 TWh). A UE-27 tem adicionado cerca de 14 TWh de produção de energia solar em cada ano, em média, nos últimos dois anos. No entanto, e de acordo com a Comissão Europeia, o crescimento anual na próxima década deve duplicar para os 30 TWh, a fim de cumprir com as novas metas climáticas da UE para 2030.
Para o EMBER Europa o mercado solar está preparado para suportar o crescimento necessário. Produzir electricidade a partir de novos painéis solares custa agora metade do que produzi-la nas centrais de queima de combustíveis fósseis existentes nos principais mercados, incluindo Alemanha, Reino Unido, Itália, França e Espanha. O custo nivelado médio global de eletricidade (LCOEs) para energia solar fotovoltaica em escala de utilidade colapsou de $381 / MWh USD em 2010 para $57 / MWh em 2020.
“A Europa apresentou um verão recorde de energia solar, mas ainda não aproveitou todo o seu potencial. O custo da energia solar caiu na última década e estamos a presenciar os primeiros sinais da revolução solar da Europa em países como Espanha, Holanda, Hungria e até mesmo na Polónia, que ainda aposta fortemente na energia a carvão. Contudo, ainda há um longo caminho a percorrer antes que a energia solar forneça mais energia do que os combustíveis fósseis, mesmo no auge do sol de verão na Europa. Os eventos climáticos extremos, em toda a Europa neste verão, deram um alerta urgente aos governos que agora devem transformar as metas climáticas em ações climáticas, impulsionando o arranque da energia solar”, firmou Charles Moore, do EMBER Europa.