Estudo: Data Centres mantém-se como “solução eficaz” para as empresas
Savills indica que, em 2026, o mercado de data centres deverá atingir os 251 MM$. O novo HUB de Sines é um dos maiores exemplos de investimento em Portugal neste sector
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A ascensão da comunicação digital, nomeadamente com o aumento do teletrabalho e a transferência das dinâmicas laborais, tem levado as empresas a pensar em investir em centros de armazenamento de dados (data centres) para fazer face às necessidades em período de pandemia.
Segundo um estudo recente divulgado pela Savills, consultora imobiliária internacional, em 2020 o tráfego global da internet aumentou quase 40% entre Fevereiro e meados de Abril do mesmo ano, o que acompanha a tendência crescente de aumento da procura de serviços digitais.
Para dar resposta este crescimento exponencial que temos vindo a observar na comunicação digital, o número de data centres tem vindo a expandir-se de forma gradual em todo o mundo, em qualquer formato e tamanho necessário (hyperscale, cloud, edge, micro e modular).
O estudo da Savills indica também que, em 2026, o mercado de data centres deverá atingir os 251 mil milhões de dólares (cerca de 210 mil milhões de euros), com um crescimento a uma taxa anual média de 4.5% entre o ano 2020 e 2026.
Apesar das várias dinâmicas envolventes neste mercado, nos últimos três anos, existem instituições privadas não especializadas que têm conseguido entrar lentamente no mercado de investimento em data centres, incluindo REITs (Real Estate Investment Funds ou Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária) gerais, gestores de investimento, investidores institucionais, fundos soberanos e fundos de infraestrutura.
De modo a contornar a falta de transparência e o alto nível de especialização exigido pelo mercado, os investidores privados optam por realizar parcerias, aquisições de empreendimentos conjuntos e de entidades para poderem entrar no mercado. Devido ao desequilíbrio da oferta e da procura, os desenvolvimentos e conversões greenfield (desenvolvimento de projetos realizados a partir do zero, ou seja, geralmente dizem respeito a novos empreendimentos) continuarão a ser as melhores formas de apostar neste mercado.
Em geral, as yields são atractivas comparativamente a outros tipos de activos, com grandes diferenças em todo o mundo, refletindo o prémio de liquidez.
Nos Estados Unidos, o mercado com maior liquidez, os prime yields variam de 4% a 12%; uma variação substancial, que depende do tamanho, das condições e das diversas localizações no país.
No Japão, os rendimentos do data centre principal variam entre 4% e 5%, na Europa Ocidental entre 5% e 7%, em Singapura entre 6% e 7%, na Malásia entre 7% e 7,5% e na China entre 8% e 12 %.
Portugal tem procurado reforçar a sua posição no sector das altas tecnologias, incrementando a sua competitividade a nível mundial. Apesar de a realidade em Portugal ser ainda marcada por micro e pequenos data centres, ao longo dos últimos anos o investimento neste sector tem levado ao desenvolvimento de vários projetos importantes e com forte expressão.
O investimento em energias renováveis por parte de Portugal tem potenciado a atractividade do nosso País junto das grandes operadoras de data centres, dado o grande consumo energético que caracteriza estes projectos, permitindo o crescimento do sector e a redução da pegada ecológica nestas operações.
A localização geográfica de Portugal possibilita uma boa conexão, não só com a Europa, mas igualmente com o continente americano. Neste contexto, destaca-se o novo HUB de Sines (um dos maiores exemplos de investimento em Portugal neste sector) que irá permitir ligar por cabo de fibra ótica submarino e terrestre o Brasil e a Europa, aproveitando a tecnologia de última geração.
Paula Sequeira, director consultancy da Savills, refere que “apesar dos efeitos da pandemia de Covid-19, e à semelhança de outros países, não é expectável que o investimento no sector de data centres venha a sofrer uma redução. A necessária adaptação das empresas às novas tecnologias irá criar uma maior procura por este sector, a qual deverá ser acompanhada pela actividade de investimento”.
A utilização destes centros de armazenamento de dados, com infraestruturas em cloud, possibilitam negócios e possibilidade de candidaturas governamentais a soluções que oferecem respostas rápidas à pandemia.
De acordo com um inquérito realizado à escala global pela Snow Software, 82% dos 250 líderes na área da tecnologia de informação inquiridos afirmaram ter aumentado o seu uso da cloud, de forma a dar resposta às necessidades do teletrabalho. Além disso, 45% planeiam acelerar o ritmo de migração de dados para a cloud nos seus próximos projetos.
O aumento da procura por data e colocation services levou a um crescimento elevado da pegada global das empresas dentro da indústria, levando à concorrência feroz entre as empresas gigantes de IT e as que actuam em mercados mais pequenos. Esta concorrência tem levado à realização de negócios que consolidam a oferta deste tipo de serviços.
De acordo com a Synergy Research Group, durante os primeiros 11 meses de 2020, foram realizados 113 negócios de M&A (fusão e aquisição de empresas), avaliados em 30.9 mil milhões de dólares (cerca de 26.9 mil milhões de euros). A Digital Realty e a Equinix, actuais líderes de mercado na área, foram responsáveis por 35% do valor total dos negócios realizados desde 2015.
Apesar da covid-19 ter contribuído para um aumento do interesse em data centres, a verdade é que existem várias barreiras que poderão condicionar uma entrada forte no mercado ou a exposição do capital privado no sector, nomeadamente, os elevados custos em infraestruturas, na criação e desenvolvimento inicial dos data centres, a complexidade de gestão para empresas que não são especialistas na área, além de ser necessário uma economia de escala para existir lucro e a rápida evolução do desenvolvimento tecnológico poderá levar a uma situação de obsolescência, com elevadas despesas de manutenção e constantes custos no desenvolvimento de upgrades.