Portugueses e espanhóis partilham receios e ansiedades
A Zaask, marketplace de serviços, lançou um inquérito aos profissionais da plataforma. Portugueses e espanhóis responderam e traçam um cenário comum.
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Num momento em que se vive uma crise de saúde e económica à escala global, em consequência da COVID-19, a Zaask, marketplace de serviços na Península Ibérica que liga profissionais dos mais diferentes sectores a clientes, lançou um questionário aos profissionais da plataforma. Este inquérito foi realizado em Portugal e Espanha e tem como finalidade perceber quais os sentimentos em relação à situação financeira actual e ao apoio essencial por parte do governo.
Em Portugal, a amostra é maioritariamente de profissionais liberais (69%), ou seja, aqueles que prestam serviços e que não pertencem a quadros de empresas, podendo ser empresários em nome individual ou trabalhadores independentes. Em Espanha a amostra também é semelhante, sendo a maioria trabalhadores independentes (86%). Das empresas que responderam ao inquérito em ambos os países, grande parte são microempresas (menos de 10 colaboradores). A média de tempo de actividade destas empresas e profissionais é de 10 anos em Portugal e 8 anos em Espanha.
Portugueses acreditam que há oportunidades que podem vir desta crise de COVID-19, apesar da quebra de rendimentos. Cerca de 76% dos inquiridos acreditam que podem surgir novas oportunidades para o seu negócio, o que parece mostrar que os portugueses podem estar dispostos a adaptar-se e a adaptar os seus negócios para uma nova realidade, mesmo em tempos de crise. Uma opinião que é partilhada pelos empresários do país vizinho. No entanto, apesar do optimismo, cerca de 87% dos profissionais dizem que os seus rendimentos diminuíram. Desta fatia, a maioria dos profissionais (64%) afirmam mesmo que os seus rendimentos caíram mais de 50 por cento. Em Espanha a situação é ainda um pouco mais grave, pois há uma percentagem ainda maior de profissionais que indicou uma quebra nos rendimentos (90%).
Tal como em Portugal, a maioria dos inquiridos também aponta que o impacto nos rendimentos foi superior a 50%. Estes números podem ser especialmente preocupantes porque, em Portugal, uma grande parte indicou que a tesouraria das suas empresas poderia durar, no máximo, até 1 mês (35%) ou entre 1 e 3 meses (45%).
Em Espanha há uma menor percentagem de profissionais a indicar que as suas finanças resistem menos de 1 mês (26%) ou entre 1 e 3 meses (40%). Isto significa que, sem um recomeço breve à actividade económica, linhas de apoio financeiro ou ajudas estatais em ambos os países, a situação pode ser especialmente delicada e as empresas podem ser obrigadas a parar a sua actividade.
Quando se perguntou se os profissionais consideravam fechar a actividade até ao fim do ano a maioria, 74%, disse que não. No entanto, mais de um quarto dos inquiridos pondera fechar a actividade, o que é uma percentagem relativamente alta. De acordo com o inquérito espanhol, os números são semelhantes.
Sublinha-se o descontentamento dos portugueses em relação às medidas de apoio para profissionais liberais, micro empresas e PMES adoptadas pelo governo. 76% expressou que as medidas são “insuficientes” e mais de um quarto refere que as medidas são “completamente insuficientes”. Esta opinião é bastante semelhante à dos profissionais em Espanha.
Mas se por um lado as medidas não são suficientes, a esmagadora maioria portuguesa não se candidatou a linhas de financiamento (80%) e, pelo menos metade (51%), não o fez porque não cumpre com os requisitos. Em Espanha, 68 por cento revelam que não tentaram aceder mas menos de metade (41%) foi porque não cumpriam os requisitos.
Dos que se candidataram a linhas de financiamento COVID-19, apenas 12% receberam o valor monetário de apoio das mesmas, à data de preenchimento do inquérito. O tempo médio para o receberem foi de 3 semanas e meia. Em Espanha, a fatia que recebeu a compensação económica já ascende a 30% e a média de semanas de espera reduz-se a 2 semanas e meia.
Profissionais liberais e microempresas encontram-se, assim, numa situação muito delicada: os seus rendimentos estão a diminuir acentuadamente e uma grande percentagem não está a conseguir aceder a apoios governamentais. Pode parecer que nem todas as realidades profissionais estão a ser cobertas pelas medidas económicas extraordinárias.
Em termos de percepção dos profissionais, em ambos os países a maioria acredita que a economia não voltará ao normal antes do próximo ano (80% em Portugal e 75% em Espanha). Mas quando se pergunta se defendem o regresso gradual à actividade económica (produção, consumo e circulação de pessoas). em Portugal, 68 % acreditam que se deve regressar já no mês de Maio. Já em Espanha, apenas 52 % dos profissionais acredita no mesmo. Uma reticência explicada pelas consequências da pandemia no país vizinho.