Focus Group muda-se para zona Oriental de Lisboa
Em entrevista ao CONSTRUIR, Nuno Malheiro falou da mudança, das instalações e das expectativas em relação a toda esta zona da cidade
Ana Rita Sevilha
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De frente para o rio e numa envolvente que, em breve, será alvo de grandes transformações, o novo escritório do Focus Group, na zona Oriental de Lisboa, manteve a organização mas ganhou espaço para crescer. Nuno Malheiro, Presidente do Conselho de Administração do Grupo, explicou a CONSTRUIR as razões desta mudança e as mais-valias do novo espaço.
O que motivou a saída da Avenida da Liberdade?
Duas razões principais: redução de custos e porque a Avenida da Liberdade passou a estar bastante mais concorrida, qualquer entrada ou saída do escritório, principalmente ao fim da tarde, representava pelo menos meia hora para subir a Avenida e mais meia hora para descer. O trânsito era imenso, daí decidimos por um sítio mais afastado do centro e próximo das principais saídas da cidade. Mas a redução de custos também foi muito importante. Nós mudámos para a Avenida da Liberdade em 2011, em plena crise e resgate da Troika. Nessa altura encontrar um bom espaço de escritórios era relativamente fácil porque havia muita oferta e pouca procura e encontramos o espaço na Avenida da Liberdade. Seis anos passados é precisamente o oposto e a subida dos preços e a pressão para que subissem ainda mais e vice-versa, o facto dos honorários da nossa actividade estarem cada vez mais desvalorizados, tornava-se imperativo para nós não aumentar os custos. De facto foi o que conseguimos estando num sítio fantástico, de frente para o rio e com as acessibilidades perto.
Mas quando pensarem em mudar, pensaram logo nesta zona?
Não. Inicialmente pensamos no centro de Lisboa, pela questão dos acessos de metro para os nossos colaboradores. Mas haviam poucas soluções e os preços eram os mesmos ou mais caros e muitas vezes ainda eram precisas obras e acabámos por alargar a zona e pensar em mudar de uma forma mais radical. Começamos então a ver o que estaria e qual a zona de Lisboa em expansão e que de futuro representasse um bom investimento. De facto, esta zona Oriental de Lisboa, começando logo no Terreiro do Paço com o arranjo do Campo das Cebolas – que nós participámos na fiscalização da obra -, quer com o Terminal de Cruzeiros – que nós também estamos a fazer a fiscalização da obra -, todo o arranjo da avenida Infante Dom Henrique, a intenção da Câmara de promover toda a zona de Marvila com hubs criativos, aqui mais perto, Marvila/Beato, outro espaço de coworking, o novo empreendimento do Braço de Prata que está já a crescer e que vai transformar toda esta zona numa zona mais residencial, mas também com um complemento de restaurantes e escritórios, etc, o arranjo da frente ribeirinha que finalmente vai avançar. Portanto, toda esta zona vai sofrer uma grande transformação e passa a ser uma zona bastante interessante para se estar no dia-a-dia. E importante foi que, pese embora a redução de custos, conseguimos manter a área necessária quer para a equipa que temos neste momento, quer para um eventual crescimento que possa acontecer.
Quando chegaram aqui, o que encontraram?
Aqui esteve uma empresa de design, de produção de publicidade e estava um espaço que não era adaptável às nossas necessidades, portanto na prática, voltamos a fazer tudo de novo. Felizmente que este era a única fracção que tinha já uma caixilharia nova e vidros duplos. Nós tapámos o primeiro nível das janelas (eram de cima até baixo) para reduzir a carga térmica e colocamos isolamento e aproveitámos para passar toda a infra-estrutura técnica nesta “parede”. Colocámos tecto falso e pavimento novo. A única coisa que fixou foi a bancada da copa, aliás essa foi uma das coisas que este espaço nos ofereceu melhor que o anterior. Ao longo dos anos os hábitos alteraram-se e mudou drasticamente a forma como as pessoas almoçam. Antigamente iam todos almoçar fora mas gradualmente começaram a trazer almoço de casa e no antigo escritório não tínhamos um espaço com dignidade e dimensão para servir de copa e passámos a ter aqui. Hoje temos um espaço que dá para confraternizar e com vista para o rio.
Em termos de organização de espaço e de equipa manteve-se como estava nas instalações anteriores?
Sim, manteve-se. Neste momento, fruto da realidade da nossa actividade, temos três tipos de pessoas na equipa: as que estão aqui, as que estão deslocadas nas obras e ainda as que estão fora de Portugal. Hoje temos 25 pessoas, já tivemos mais no passado, que se dividem assim: cerca de 17 pessoas no escritório, seis fora de Portugal e as outras nas fiscalizações. Mas conseguimos ter aqui, espaço para voltar a crescer.
Tem-se falado muito nas transformações dos espaços de trabalho, ao nível do desenho e na forma como potenciam a produtividade. Flexibilidade, mobilidade, espaços criativos e zonas de reuniões informais são os grandes chavões. Tendo isto em conta, quais são as grandes mais-valias que encontram aqui que sejam um motor para produzir?
A nossa actividade, na parte de projecto, é muito difícil de fazer na base do teletrabalho, pelo menos na minha concepção e na filosofia que temos aqui. Precisamos que as pessoas estejam aqui para potenciar o cruzamento de ideias e a interacção e integração das diferentes disciplinas de projecto para cada um dos projectos. Mas ao mesmo tempo, com a internacionalização, tivemos de ser capazes de ter pessoas que estão a gerir um projecto fora de Portugal e nós trabalharmos com elas em horários, diferentes, línguas diferentes, temos essa capacidade, essa aprendizagem, mas aqui dentro convém que as pessoas estejam presentes. Desde sempre que procuramos ter mesas de trabalho grandes, para que cada um possa tratar o espaço como sendo seu. Na nossa actividade, eu não partilho muito da ideia de mobilidade, porque apesar de tudo passamos aqui grande parte do nosso dia e temos de nos sentir confortáveis. Acho que as pessoas gostam de ter hábitos e de ter referências à sua vida. Por isso eu acho que as pessoas se sentem mais confortáveis num espaço que seja seu, por isso temos a lógica de ter um espaço generoso para cada um, mas fixo. Neste novo escritório optámos por as salas de reuniões não serem espaços preveligiados – essa foi a grande mudança -, porque o que acontece normalmente é a sala de reuniões estar num sítio privilegiado, mas na prática, quantas horas estamos lá durante um ano inteiro? Optámos por duas salas de reuniões interiores, simpáticas e que cumprem a função. Em termos de iluminação, é excelente, não só a natural como a artificial – colocamos umas luminárias com LED’s que ficou muito bom do ponto de vista da iluminação. Fruto deste espaço temos janelas em toda a volta, logo ventilação natural. Concluíndo, não sou muito favorável a espaços de trabalho muito flexíveis, do ponto de vista de onde fica cada colaborador, mas moldámo-nos à mobilidade do ponto de vista internacional e trabalhamos muitas vezes à distância em fusos horários diferentes.
Essa questão dos fusos horários faz-me lembrar os relógios que têm vindo sempre a acompanhar as vossas mudanças de instalação. São uma imagem de marca?
É uma marca sim e bastante importante, porque muito facilmente nós nos esquecemos que há outras pessoas, que estão fora do país e noutro fuso horário. Por exemplo, quando estamos a trabalhar em países do Médio Oriente, em que o fim-de-semana não coincide com o nosso, porque é à sexta-feira e ao sábado, às vezes esquecemo-nos que o arquitecto Miguel Marques Pereira, quando está na Argélia, à sexta-feira está no seu fim-de-semana e nós estamos a trocar emails com ele. Os relógios permitem que sem pensar muito, as pessoas possam olhar e lembrar-se que horas são em determinados locais. E os pufs coloridos também são uma imagem de marca. Não estavam terá tão visíveis como agora. Eles veem connosco desde a altura em que participávamos no SIL com stand. Na altura o Focus Group era um conjunto de empresas com um logo semelhante mas que se diferenciava na cor. Nessa altura usávamos os pufs com as cores das empresas e desde então andam sempre connosco, mas desta vez assumem um papel maior no open space, permitindo que as pessoas reúnam de uma forma informal.