“Lisboa vale pelo conjunto das suas edificações”
“Lisboa oferece espaços púbicos de grande qualidade”. Uma visita à capital por Margarida Caldeira, arquitecta e Main Board Director da Broadway Malyan
Ana Rita Sevilha
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Margarida Caldeira, arquitecta e Main Board Director da Broadway Malyan, é uma “mulher do mundo”. Com uma actividade profissional que a faz viajar com frequência pelos diversos continentes é a Lisboa que sempre regressa e onde está sedeada. Ao CONSTRUIR “desenhou” um roteiro.
Por onde começar?
Um bom começo poderia ser um passeio no eléctrico nº 28. Dá uma bela perspectiva do que é a parte antiga da cidade. Subindo de eléctrico até ao castelo e regressando a pé para a baixa por Alfama, fica-se com uma boa ideia da Lisboa histórica. É um clássico.
Quais os edifícios que não se podem perder?
Mais do que por um espólio de edifícios que não se podem perder, Lisboa vale pelo conjunto das suas edificações espalhando-se pelas colinas, acompanhando as grandes avenidas ou formando estreitas ruelas. Vale pela sucessão dos planos dos telhados, pelas cores pastel das fachadas, pelos edifícios enquadrando nesgas de rio. Surpreende-nos, aqui, um palácio setecentista, ali, um edifício modernista dos anos vinte, mais adiante, uma frente urbana pombalina, ao virar de uma esquina uma igreja da década de sessenta; e é o conjunto que é harmonioso e que convida a desfrutar da cidade.
Isto não significa que Lisboa não tenha edifícios que não devem deixar de ser vistos. Existem muitos e bons exemplos de várias épocas. Claro que os edifícios anteriores ao terramoto de 1755 são poucos e são mais interessantes mais por esse aspecto do que propriamente pelo seu valor arquitectónico. Em todo o caso, vale a pena ver a fachada do grande edifício da Rua dos Bacalhoeiros, mesmo ao lado da Casa dos Bicos e, em passando por lá, o edifício da Rua dos Cegos, em Alfama, ou o do Largo do Menino Deus, na Mouraria.
Depois temos, claro, a Sé e o próprio Castelo de S. Jorge, ambos merecedores de uma visita. Há belas igrejas barrocas um pouco por toda a parte antiga da cidade, mas talvez valha a pena ver a Igreja de Santa Maria de Belém, dado que a visita ao Mosteiro dos Jerónimos é incontornável. Vale ainda bem a pena uma rápida visita à Igreja de S. Domingos, nas traseiras do Rossio, pelo efeito de surpresa e de inesperado que provoca.
Em Belém, é obrigatório visitar os Jerónimos e a Torre de Belém. Nessa zona, como edifícios modernos de qualidade temos o Centro Cultural de Belém, do arquitecto italiano Vittorio Gregotti , o recente Museu dos Coches do arquitecto brasileiro Mendes da Rocha e a torre VTS do Porto de Lisboa, do arquitecto Gonçalo Byrne.
Ao longo do rio há a Central Tejo, actualmente Museu da Electricidade – um belo edifício industrial do início do séc. XX – o novíssimo Museu MAAT, da autoria da arquitecta Amanda Levete e o edifício sede da EDP, de Manuel Mateus. Mesmo ao lado, o renovado Mercado da Ribeira também merece uma visita.
Passeando pela zona do Marquês de Pombal, vale a pena visitar a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, um projecto dos anos sessenta, de Teotónio Pereira, na Rua Camilo Castelo Branco e ver a fachada do Hotel Vitória, na Avenida da Liberdade. O “Franjinhas”, no gaveto entre a Rua Braancamp e a Rua Castilho, da autoria de Teotónio Pereira e João Braula Reis, foi também um edifício importante na história da arquitectura da cidade.
No Parque das Nações, pode apreciar-se o Pavilhão de Portugal, de Álvaro Siza – com a sua extraordinária pala – o Pavilhão do Conhecimento, de Carrilho da Graça, o Oceanário, de HYPERLINK “https://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Chermayeff” \o “Peter Chermayeff” Peter Chermayeff, e o Pavilhão Arena, de Regino Cruz e Skidmore, Owings & Merril. A visita ao edifício da Estação do Oriente, de Calatrava, é também obrigatória.
Finalmente, na Avenida de Berna, a visita ao edifício do Museu da Gulbenkian é incontornável.
Onde almoçar?
Em Lisboa come-se boa comida tradicional portuguesa e assiste-se hoje a um boom de cozinha de alta gastronomia de nível internacional. Estas ofertas tão diferentes, convivem lado a lado nas zonas históricas da cidade e vão desde as nossa típicas tascas até aos restaurantes galardoados com estrelas michelin.
No Centro Histórico
Quando a oferta é tanta, tão diversificada e de qualidade, torna-se difícil responder sem deixar um mundo de opções de fora. Se o objectivo é desfrutar de uma boa refeição num espaço interessante fixem estes nomes: Palácio do Chiado, Mercado da Ribeira ou Mercado de Campo de Ourique. Estes três fazem parte de uma tendência crescente de reabilitação de edifícios históricos e antigos para restauração/bar. Se se quiser acompanhar um bom almoço com uma fantástica vista: Chapitô na encosta do Castelo, Topo no Martim Moniz ou o Tágide Wine Bar no Chiado. Se o que se pretende é uma experiência mais tradicional e informal então vale a pena o salto ao Zé da Mouraria, à Taberna na Casa do Alentejo ou uma bifana – imperdível – no Trevo, no Chiado. Ainda no Chiado recomendo o Cantinho do Avillez ou o Mini Bar . Este último vai com certeza surpreendê-los pela positiva.
Em Belém
Se houver tempo no roteiro para passar por Belém, a oferta não desilude e complicado é escolher. Aliando espaços, vistas e comida, as melhores experiências passam pelo Este Oeste no CCB, o Espelho de Água junto ao Padrão dos Descobrimentos ou o Darwin’s na Fundação Champalimaud. Mas não incluir na lista o famoso Pão Pão Queijo Queijo junto aos Pastéis de Belém não seria justo. Divirtam-se a ler os azulejos com famoso ditados populares enquanto apreciam um bom prato; rápido e nada inflacionado. Outro espaço que não se pode deixar de fora é o Bar À Margem, com uma vista fantástica sobre o rio e uma atmosfera luminosa.
No LX Factory
Na LX Factory vale a pena almoçar na Cantina LX, um espaço simples e acolhedor com boa comida e com um ambiente diferente do habitual. Ainda, o 1300 Taberna ou A Praça, com uma cozinha mais elaborada de inspiração tradicional e com um espaço que alia um design vintage ao edifício cru e industrial. Contudo, o corolário gastronómico e visual será o Rio Maravilha que se situa na cobertura do edifício mais alto do complexo fabril.
Que bairros/zonas são imperdíveis?
É obrigatório um passeio pela Baixa, Chiado e Príncipe Real e uma ida ao Castelo e a Alfama. Fora da zona central da cidade, não se pode perder Belém, no lado ocidental e o Parque das Nações – antigo local da Expo 98 – no extremo oriental. À noite o Bairro Alto e o Cais do Sodré são também visita obrigatória. Ao fim de semana, o LX Factory tem uma excelente oferta cultural, com um ambiente não convencional e eclético.
Que museus não se deve deixar de ver?
Lisboa tem um bom conjunto de museus, espalhados por toda a cidade. Muitos deles merecem a visita em se passando na sua área, outros são de visita indispensável. Destacam-se o Museu Calouste Gulbenkian, o Museu dos Coches, o Museu de Arte Antiga e o Centro cultural de Belém, todos a não perder. Não sendo um museu, o Oceanário de Lisboa oferece uma experiência que merece umas horas de visita.
Ao nível do espaço público, por onde passear e parar para descansar?
Para além das zonas já faladas, Lisboa oferece espaços púbicos de grande qualidade. Destacam-se os diversos miradouros espalhados pela cidade, como o de S. Pedro de Alcântara, o da Senhora do Monte ou o de Santa Catarina. Como espaços de intervenção paisagística, junto às zonas principais, temos o Parque Eduardo Sétimo, o Parque Ribeirinho do Oriente – no Parque das Nações – o Jardim Botânico, o Jardim da Estrela, o Jardim Botânico Tropical – ao lado dos Jerónimos – e a nova praia fluvial da Ribeira das Naus. Também a Gulbenkian tem um dos melhores jardins de Lisboa.