Arquitectura regressa à normalidade mas em Portugal a retoma faz-se devagar
Estudo encomendado pelo CAE traça radiografia da profissão e do mercado
Ana Rita Sevilha
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A 5ª edição do estudo bianual sobre a profissão de arquitecto e o mercado da arquitectura, realizado pelo CAE | Conselho dos Arquitectos da Europa demonstra que a profissão pode estar a regressar à normalidade, após a crise económica de 2008. Contudo, nos países mais a Sul da Europa, nos quais Portugal está inserido, a retoma faz-se de uma forma mais lenta e as perspectivas são menos positivas.
O estudo, que pretende demonstrar os resultados de uma recolha e análise de dados estatísticos, sociológicos e económicos sobre os arquitectos europeus, o mercado de arquitectura a nível europeu e práticas profissionais de arquitectura também a nível europeu, foi realizado com base nas respostas de 27.000 arquitectos de 27 países europeus. Nesta última edição foram também acrescentadas novas áreas de investigação, o que torna o estudo mais abrangente e um instrumento de referência essencial para quem se possa interessar pela profissão de arquitecto e pelo ambiente construído.
Arquitectura em crescendo
Segundo o CAE, confirmado está que a arquitectura é uma profissão em crescimento – o número de arquitectos na Europa a 31 é estimado em cerca de 600.000, um aumento de 4% desde 2014. Ainda que exista algum caminho a percorrer até aos níveis pré 2008, o CAE sublinha que o registo foi de sinais de recuperação do mercado arquitectónico, assim como, perspectivas positivas para a profissão. Entre elas o estudo enuncia o valor do mercado de arquitectura, que aumentou; a receita média ligeiramente superior para a maioria dos escritórios/ateliers de arquitectura, independentemente da sua dimensão; o número de arquitectos independentes é inferior – sugerindo que os arquitectos estão a retomar ao género de contratos mais formais; e uma generalizada confiança por parte dos arquitectos na maior parte dos países quanto às perspectivas futuras de trabalho, prevendo a possibilidade de mais trabalho para 2017.
Contudo, embora exista uma tendência positiva a nível europeu, a situação é diferente de país para país no seio da própria Europa. Isto é, o crescimento continua a ser mais lento nos países a Sul e, não surpreendentemente, as previsões são mais pessimistas.
“Ao apoiar e orientar eficazmente a posição política do CAE com tratamento estatísticas, o Estudo contribui para aumentar a credibilidade da CAE no seu trabalho com os decisores políticos, tanto a nível da EU, como a nível nacional se assim desejarem os estados membros”, afirma Luciano Lazzari, Presidente do CAE. “O estudo também nos ajuda a entender melhor como a profissão foi afectada e transformada pela crise económica e apresenta uma imagem detalhada da nova realidade que a profissão de arquitecto enfrenta”, acrescenta.
Arquitectos na Europa
O estudo encomendado pelo CAE confirma que a arquitectura é uma profissão crescente na Europa-31 – é estimado em cerca de 600.000, um aumento de 4% desde 2014 -, sendo o perfil semelhante ao registado no estudo anterior: metade dos arquitectos, têm menos de 50 anos, 62% da profissão é do sexo masculino, verificando-se um ligeiro decréscimo no número de mulheres face ao estudo anterior. Pouco mais de três quartos da profissão trabalha a tempo inteiro.
De acordo com o CAE, os indicadores de mercado também estão a evoluir de forma positiva: “a construção está a aumentar em toda a Europa e o valor total do mercado de arquitectura, segundo os resultados do estudo, aumentou (+12 % desde 2014)”. Os próprios arquitectos olham para o futuro de uma forma mais positiva, sustentada na perspectiva de um aumento de trabalho ou alguma estabilidade. Em termos de trabalho, cerca de 59% está focado na reabilitação e 41% em nova construção. A habitação privada e, em particular a habitação única, ainda domina o mercado.
A prática
Uma quebra do número de trabalhadores independentes em favor de parcerias é outra das conclusões do estudo, assim como o número de arquitectos em nome individual diminuiu desde 2010, o que sugere a retoma de contratos de trabalho.
Em comparação com o inquérito anterior, a receita média também aumentou em escritórios/ateliers até 30 funcionários. Cerca de 4% da receita é gerada a partir de trabalho realizado fora do país em que a prática de arquitectura aumentou. Contudo, o número de horas de trabalho médio, de acordo com o estudo, são as mais altas em qualquer dos anos em que a pesquisa foi realizada.
Quanto a remunerações, a media global é 10%
maior do que em 2014 – esta é a primeira vez que aumentou desde que o inquérito começou em 2008.
Nota ainda para o facto de, nos últimos 12 meses, 5% dos arquitectos entrevistados trabalharam noutro país europeu – sendo a mesma proporção que no último inquérito. Quase metade dos entrevistados acha que as questões práticas, de relocalização ou pessoais são as principais preocupações sobre a possibilidade de trabalhar noutro país. Outras preocupações significativas são não ter conhecimento suficiente do planeamento urbano ou legislação de construção, assim como, não ter competências linguísticas suficientes.
Portugal
No caso específico de Portugal, o CAE sublinha que é preocupante verificar que o número de participação dos arquitectos na resposta à pesquisa diminuiu substancialmente. Por outro lado, embora o número de arquitectos a nível nacional continue a aumentar, 17 100 em 2012, 21 200 em 2014 e 22 200 em 2016, poder-se-á concluir que a percentagem de crescimento é inferior aos anos anteriores. Relativamente ao número de escritórios/ateliers, verifica-se, também, um aumento. Deste aumento há a destacar que, a tendência ainda se encontra contrária aos resultados genéricos do estudo, como por exemplo, o número de escritórios/ateliers com 2 pessoas aumentou, sendo que o número de escritórios/ateliers com 6 a 10 pessoas diminuiu; Poder-se-á concluir que em Portugal, assim como noutros países do sul da Europa, como Espanha e Itália, a retoma do crescimento ainda é baixa, muito embora se verifiquem alguns sinais positivos e de confiança.