UA desenvolve ferramenta de gestão dos problemas da erosão costeira
Para os responsáveis da UA, o futuro das praias portuguesas, a forma de intervir para proteger as zonas litorais e a eficácia da gestão costeira em Portugal são algumas das questões que surgem “após os eventos de temporal recorrentes na nossa costa”, que levaram também a equipa de investigadores a desenvolver ferramentas para apoiar a gestão costeira, contribuindo para a sua eficácia
Pedro Cristino
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Uma equipa de investigadores do Departamento de Engenharia Civil (DECivil) da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu uma ferramenta para gerir os problemas da erosão costeira.
Segundo a nota de imprensa da universidade, a COMASO (Coastal Management Solutions) visa “antecipar as zonas costeiras com maiores problemas, permitindo projectar diferentes cenários de evolução da posição da linha de costa e realizar um dimensionamento adequado das soluções de gestão e planeamento costeiro”.
Para os responsáveis da UA, o futuro das praias portuguesas, a forma de intervir para proteger as zonas litorais e a eficácia da gestão costeira em Portugal são algumas das questões que surgem “após os eventos de temporal recorrentes na nossa costa”, que levaram também a equipa de investigadores a desenvolver ferramentas para apoiar a gestão costeira, contribuindo para a sua eficácia.
“A tempestade que assolou Portugal nos últimos dias é o mais recente exemplo do potencial destrutivo do mar e do perigo que representa para as nossas zonas costeiras”, alerta Carlos Coelho, investigador do DECivil e responsável pelo desenvolvimento da COMASO. Nas suas palavras, a crescente pressão urbana nas zonas litorais e o continuado recuo da posição da linha de costa “permite antecipar cada vez mais frequentes alertas de perigo durante eventos de temporal e a necessidade de investimentos importantes para manter ou assegurar a protecção de pessoas e bens nas zonas costeiras”.
Esta ferramenta, que a UA prevê completamente operacional dentro de cerca de dois anos, resulta do trabalho coordenado por Carlos Coelho, com a participação de Pedro Navarra, Márcia Lima, de André Guimarães, Bárbara Marinho e Carla Pereira, do DECivil, bem como da respectiva unidade de investigação RISCO. A nota realça ainda a colaboração com os departamentos de ambiente e Ordenamento, Geociências e Física da UA, “e diferentes instituições nacionais e internacionais, ao longo de mais de 15 anos”.
Identificar, projectar e dimensionar
De acordo com Carlos Coelho, a ideia de base no desenvolvimento da ferramenta assenta na resposta a três fases principais de análise no processo de gestão costeira, e consistem na fácil identificação dos locais de maior risco de erosão costeira, “permitindo hierarquizar prioridades no que concerne às necessidades de intervenção (módulo CERA)”, na capacidade de projecção da linha de costa para diferentes cenários de intervenção de defesa costeira (módulo LTC), e no dimensionamento de estruturas de defesa costeira a adoptar na intervenção (módulo XD-Coast).
Neste cenário, o comunicado explica que as soluções que resultem da análise com a COMASO devem permitir identificar os custos e benefícios que as medidas de mitigação do problema de erosão representam, em horizontes temporais de dezenas de anos, “suportando as decisões futuras de engenheiros, gestores e planeadores do litoral”.
Com a integração dos três módulos, esta ferramenta propõe-se a ajudar as entidades que gerem o litoral – municípios ou agências nacionais – a identificar os locais de maior vulnerabilidade e risco, discutir os impactos de diferentes medidas de mitigação do problema de erosão e dimensionar a estrutura que se considere adequada para cada local. Em estudos de menor dimensão, cada um dos módulos pode também funcionar separadamente, em qualquer fase do planeamento e gestão.
Inovação distinguida
A Universidade de Aveiro destaca ainda que a COMASO marcou presença na Sea Call for Innovators, uma iniciativa inserida no projecto NOE – Noroeste Empreendedor, que esta universidade desenvolve, em parceria com a Universidade do Porto e a Associação Universidade-Empresas para o Desenvolvimento (TecMinho), cofinanciado pelo FEDER, através do Compete 2020.
Com a sua proposta, a equipa do DECivil foi premiada “e irá beneficiar de apoio (consultoria) para a elaboração de estudos de patenteabilidade e/ou vigilância tecnológica da ferramenta”.