Terceira Travessia do Bósforo é “desafio gratificante” para a Grid
Grid participa no projecto da “maior ponte suspensa e atirantada do mundo”, que envolveu um investimento de 1,3 mil milhões de euros
Pedro Cristino
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A Grid International está a trabalhar em parceria com a T-Engineering, da Suíça, e com a Greish, da Bélgica, no projecto da Ponte Yavuz Sultan Selim, em Istambul, na Turquia.
Desenhada pelo engenheiro francês Michel Virlogeux – responsável, a par de Armando Rito, pelo projecto da Ponte Vasco da Gama, em Lisboa – esta ponte, também denominada Terceira Ponte do Bósforo, tem um comprimento total de 2.408 metros e duas torres com mais de 320 metros. É a “maior ponte suspensa e atirantada do mundo” e envolveu um investimento de 1,3 mil milhões de euros.
Como já foi noticiado pelo Construir, a Grid ficou responsável pelo projecto do tabuleiro dos tramos laterias e da estrutura metálica de ligação das paredes do topo dos mastros. Um trabalho que Rui Reis, membro da comissão executiva da Grid International considerou “muito gratificante e um desafio” para a empresa.
10 anos de experiência
Ao Construir, Nuno Lopes sublinhou que, para participar num projecto “desta envergadura”, a “experiência internacional acumulada pela Grid International, fruto da participação, nos últimos 10 anos, quer individualmente, quer em consórcio com empresas da mesma área de actividade, em diversos projectos de elevada complexidade técnica”. “Esta nossa acção tem sido desenvolvida integrando equipas internacionais em diversos projectos em Portugal e fora de Portugal, na área das pontes e estruturas especiais, nomeadamente com um dos parceiros deste consórcio projectista”, continuou o gestor de projecto e membro da comissão executiva da Grid International.
Foi, na sua opinião, fruto dessa experiência passada “e da facilidade de trabalho em colaboração com empresas da mesma área de actividade”, que permitiu ao grupo português desenvolver este projecto “onde foi exigida uma estreita colaboração diária e uma troca de informações permanente entre os membros da equipa”. Assim, os maiores desafios foram constituídos com “a necessidade de recorrer a metodologias de análise pouco comuns, dada a complexidade do comportamento estrutural, e uma grande interacção entre as três equipas do consórcio, trabalhando em posições geográficas distintas, na troca e informações críticas para a prossecução das diferentes análises”.
Ponte “híbrida”
De acordo com Nuno Lopes, este projecto é inovador “a vários níveis”. “Desde logo na sua concepção – uma ponte híbrida, com um comportamento de ponte atirantada (tipo Ponte Vasco da Gama) e de ponte suspensa (tipo Ponte 25 de Abril), resultado de um sistema de cabos inédito”, explica o engenheiro. No tramo central, com uma extensão total de 640 metros, “as zonas mais próximas dos mastros são atirantadas, enquanto os 640 metros centrais são suspensos de pendurais a um par de cabos de suspensão longitudinal”. Assim, a zona atirantada “confere uma rigidez muito superior ao tabuleiro, comparado com a situação exclusivamente suspensa”. “Trata-se de uma ponte de função dupla – ferroviária e rodoviária, tendo as duas vias dispostas num só nível, o que lhe confere uma largura recorde de 59,5 metros, integrando quatro vias rodoviárias em cada sentido e duas vias ferroviárias ao centro, para além de vias laterais para veículos de manutenção e emergência”, continua Nuno Lopes, destacando que é ainda “a ponte com os mastros mais altos do mundo – 322 metros”, uma altura imposta “pela grande extensão da zona atirantada”. Segundo o responsável da Grid, os processos utilizados correspondem “ao que já foi adoptado em outras obras desta natureza, mas foi necessário articular provisoriamente o tabuleiro durante a montagem da parte central, suspensa”.
Oportunidades na Turquia
Questionado sobre se a presença de uma empresa portuguesa num projecto desta envergadura constitui um testemunho da competitividade da engenharia lusa no panorama internacional, Nuno Lopes não tem “dúvida nenhuma”. “A engenharia de estruturas portuguesa, em particular no domínio das pontes, tem sempre acompanhado a evolução mundial este tipo de obras, não só ao nível dos estudos, mas também ao nível da construção, como são testemunhas as inúmeras obras realizadas no nosso país apenas com recurso à engenharia nacional”. Para este engenheiro, a engenharia de estruturas nacional “tem capacidade para responder aos mais recentes desafios da engenharia de pontes, que sofreu uma evolução notável nas últimas décadas, com a construção continuada de muitas obras de grande envergadura em todo o mundo”. Relativamente às oportunidades do mercado turco, Nuno Lopes explica que este país tem “sustentadamente vindo a aumentar o investimento em obras públicos, tendo sido, logo a seguir ao Brasil, que se tem preparado para os Jogos Olímpicos, o país com maior investimento em infra-estruturas de transporte do mundo”. “Visitando a Turquia, é notório o enorme investimento privado em curso na construção”, complementa, reforçando que este país é, “hoje em dia, e continuará a sê-lo nos próximos anos, um dos países do mundo onde haverá maiores oportunidades para o sector da engenharia civil, em particular da construção”. Neste sentido, assegura ao Construir que a empresa “pretende continuar a sua aposta neste mercado, potenciando toda a sua experiência na participação no projecto da Ponte Yavuz Sultan Selim, a Terceira Travessia do Bósforo” e revela a existência de “contactos em curso” e ainda o assinalar de “diversos projectos na área das infra-estruturas de transportes”. Todavia, o responsável da comissão executiva da Grid salienta ainda a importância do contributo da AICEP neste domínio, “através da sua delegação em Ancara, que muito nos tem apoiado nesta matéria, especialmente neste caso concreto da Turquia”.